Bacamarte: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m
Fiz ligações internas, adicionei a seção "Ver também" e três portais
Linha 1: Linha 1:
{{ver desambig|o grupo musical|Bacamarte (banda)}}
{{ver desambig|o grupo musical|Bacamarte (banda)}}

[[Ficheiro:Conselheiro Revista Ilustrada.jpg|thumb|250px|right|[[Caricatura]] na [[Revista Ilustrada]] retratando [[Antônio Conselheiro]] com um [[Comitiva|séquito]] de [[Bufão|bufões]] armados com antigos bacamartes tentando "barrar" a [[Proclamação da República do Brasil|república]].]]
[[Ficheiro:Conselheiro Revista Ilustrada.jpg|thumb|250px|right|[[Caricatura]] na [[Revista Ilustrada]] retratando [[Antônio Conselheiro]] com um [[Comitiva|séquito]] de [[Bufão|bufões]] armados com antigos bacamartes tentando "barrar" a [[Proclamação da República do Brasil|república]].]]


Um '''bacamarte''' (do [[Língua francesa|francês]] ''braquemart'') é uma [[arma de fogo]] de cano curto e largo, parecendo uma [[garrucha]] alongada, alargada na boca e reforçada na [[coronha]].<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo dicionário da língua portuguesa''. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 215.</ref> Embora os seus exemplares mais modernos sejam de cano longo.
Um '''bacamarte''' (do [[Língua francesa|francês]] ''braquemart'') é uma [[arma de fogo]] de cano curto e largo, parecendo uma [[garrucha]] alongada, alargada na boca e reforçada na [[coronha]].<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo dicionário da língua portuguesa''. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 215.</ref> Embora os seus exemplares mais modernos sejam [[Arma longa|armas longas]].

== História ==
== História ==

O "bacamarte de amurada" era uma das armas mais especializadas em uso nos [[século]]s [[século XVIII|XVIII]] e [[século XIX|XIX]]. Era de grande [[calibre]], pois seu objetivo era espalhar uma carga de [[chumbo]] grosso (de 20 a 40 [[Projétil|balas]] de cerca de 10 milímetros de [[diâmetro]]) contra massas de [[tropa]]s. Devido a esta poderosa carga, era uma arma muito pesada, havendo exemplares com 15 [[quilograma]]s ou mais de [[peso]]. Por causa desse peso, a arma chamava-se "de amurada", pois tinha um espigão central, sobre o qual ela era colocada na amurada de [[navio]]s, em furos existentes, pois o seu disparo do [[ombro]] do [[atirador]] era impossível.<ref name=Borga>{{citar web |url=https://books.google.com.br/books?id=tQNGBQAAQBAJ&pg=PA288&lpg=PA288&dq=bacamarte+de+amurada&source=bl&ots=L_VjXEW5wE&sig=ACfU3U2wbmgxlBNm2C3dgSo-cL4HxlKpjw&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwitzc3v6-nrAhV3E7kGHUohC7w4ChDoATADegQIARAB#v=onepage&q=bacamarte%20de%20amurada&f=false |título=QuestÕes Do Prata |publicado=Clube de Autores |autor=Ricardo Nunes Borga |data=20/01/2010 |página=287-288 |páginas=305 |acessodata=14/09/2020 |citacao=}}</ref>
O "bacamarte de amurada" era uma das armas mais especializadas em uso nos [[século]]s [[século XVIII|XVIII]] e [[século XIX|XIX]]. Era de grande [[calibre]], pois seu objetivo era espalhar uma carga de [[chumbo]] grosso (de 20 a 40 [[Projétil|balas]] de cerca de 10 milímetros de [[diâmetro]]) contra massas de [[tropa]]s. Devido a esta poderosa carga, era uma arma muito pesada, havendo exemplares com 15 [[quilograma]]s ou mais de [[peso]]. Por causa desse peso, a arma chamava-se "de amurada", pois tinha um espigão central, sobre o qual ela era colocada na amurada de [[navio]]s, em furos existentes, pois o seu disparo do [[ombro]] do [[atirador]] era impossível.<ref name=Borga>{{citar web |url=https://books.google.com.br/books?id=tQNGBQAAQBAJ&pg=PA288&lpg=PA288&dq=bacamarte+de+amurada&source=bl&ots=L_VjXEW5wE&sig=ACfU3U2wbmgxlBNm2C3dgSo-cL4HxlKpjw&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwitzc3v6-nrAhV3E7kGHUohC7w4ChDoATADegQIARAB#v=onepage&q=bacamarte%20de%20amurada&f=false |título=QuestÕes Do Prata |publicado=Clube de Autores |autor=Ricardo Nunes Borga |data=20/01/2010 |página=287-288 |páginas=305 |acessodata=14/09/2020 |citacao=}}</ref>


Apesar de a lenda popular atribuir a boca alargada do bacamarte à função de espalhar o tiro, isso é incorreto, pois a abertura maior ou menor da boca não fazia diferença na dispersão do fogo. Na verdade, a boca mais larga destinava-se a facilitar o carregamento da arma nas [[gávea]]s de um navio, locais problemáticos levando-se em conta o balanço do navio e a tensão do combate.<ref name=Borga/>
Apesar de a lenda popular atribuir a boca alargada do bacamarte à função de espalhar o [[tiro (balística)|tiro]], isso é incorreto, pois a abertura maior ou menor da boca não fazia diferença na dispersão do fogo. Na verdade, a boca mais larga destinava-se a facilitar o carregamento da arma nas [[gávea]]s de um navio, locais problemáticos levando-se em conta o balanço do navio e a tensão do combate.<ref name=Borga/>


[[Ficheiro:Flintlock Blunderbuss Tipoo Sahib Seringapatam 1793 1794.jpg|esquerda|thumb|500px|right|Um bacamarte em ótimo estado de conservação, datando entre 1793/1794.]]
[[Ficheiro:Flintlock Blunderbuss Tipoo Sahib Seringapatam 1793 1794.jpg|esquerda|thumb|500px|right|Um bacamarte em ótimo estado de conservação, datando entre 1793/1794.]]


A maior parte dos exemplares existentes em [[museu]]s brasileiros são do [[século XVIII]], mas os manuais da [[Marinha Brasileira]] ainda determinavam, em 1857, que cada navio, dependendo da classe, fosse equipado com bacamartes, indo de 8 para cada [[nau]] até dois nas [[Barca (náutica)|barca]]s. Seu uso continuou até a década de 1870, sendo que, posteriormente, foram substituídos pelas [[metralhadora]]s na mesma função.
A maior parte dos exemplares existentes em [[museu]]s brasileiros são do [[século XVIII]], mas os manuais da [[Armada Imperial Brasileira]] ainda determinavam, em 1857, que cada navio, dependendo da classe, fosse equipado com bacamartes, indo de 8 para cada [[nau]] até dois nas [[Barca (náutica)|barca]]s. Seu uso continuou até a década de 1870, sendo que, posteriormente, foram substituídos pelas [[metralhadora]]s na mesma função.


Os bacamartes de amurada, apesar de sua origem e nome, também eram usados em terra, nas fortificações, para a defesa de flanco. Nessas posições, em caso de assaltos contra as muralhas, o seu fogo concentrado era mortal contra os atacantes.
Os bacamartes de amurada, apesar de sua origem e nome, também eram usados em terra, nas fortificações, para a defesa de flanco. Nessas posições, em caso de assaltos contra as muralhas, o seu fogo concentrado era mortal contra os atacantes.
Linha 23: Linha 24:
Ficheiro:English flintlock blunderbuss.jpeg|Bacamarte inglês.
Ficheiro:English flintlock blunderbuss.jpeg|Bacamarte inglês.
</gallery>
</gallery>

== Ver também ==

* [[Arcabuz]]
* [[Mosquete]]
* [[Wall gun]]


{{Referências}}
{{Referências}}
Linha 29: Linha 36:
{{Commons|Category:Blunderbuss}}
{{Commons|Category:Blunderbuss}}


{{Portal3|Armas}}
{{esboço-arma de fogo}}
{{esboço-arma de fogo}}



Revisão das 03h24min de 29 de junho de 2021

 Nota: Para o grupo musical, veja Bacamarte (banda).
Caricatura na Revista Ilustrada retratando Antônio Conselheiro com um séquito de bufões armados com antigos bacamartes tentando "barrar" a república.

Um bacamarte (do francês braquemart) é uma arma de fogo de cano curto e largo, parecendo uma garrucha alongada, alargada na boca e reforçada na coronha.[1] Embora os seus exemplares mais modernos sejam armas longas.

História

O "bacamarte de amurada" era uma das armas mais especializadas em uso nos séculos XVIII e XIX. Era de grande calibre, pois seu objetivo era espalhar uma carga de chumbo grosso (de 20 a 40 balas de cerca de 10 milímetros de diâmetro) contra massas de tropas. Devido a esta poderosa carga, era uma arma muito pesada, havendo exemplares com 15 quilogramas ou mais de peso. Por causa desse peso, a arma chamava-se "de amurada", pois tinha um espigão central, sobre o qual ela era colocada na amurada de navios, em furos existentes, pois o seu disparo do ombro do atirador era impossível.[2]

Apesar de a lenda popular atribuir a boca alargada do bacamarte à função de espalhar o tiro, isso é incorreto, pois a abertura maior ou menor da boca não fazia diferença na dispersão do fogo. Na verdade, a boca mais larga destinava-se a facilitar o carregamento da arma nas gáveas de um navio, locais problemáticos levando-se em conta o balanço do navio e a tensão do combate.[2]

Um bacamarte em ótimo estado de conservação, datando entre 1793/1794.

A maior parte dos exemplares existentes em museus brasileiros são do século XVIII, mas os manuais da Armada Imperial Brasileira ainda determinavam, em 1857, que cada navio, dependendo da classe, fosse equipado com bacamartes, indo de 8 para cada nau até dois nas barcas. Seu uso continuou até a década de 1870, sendo que, posteriormente, foram substituídos pelas metralhadoras na mesma função.

Os bacamartes de amurada, apesar de sua origem e nome, também eram usados em terra, nas fortificações, para a defesa de flanco. Nessas posições, em caso de assaltos contra as muralhas, o seu fogo concentrado era mortal contra os atacantes.

Da análise dos exemplares existentes em museus, não é possível se estabelecer um tipo padrão, pois o calibre, peso, comprimento e até os detalhes decorativos variam muito.

Galeria

Ver também

Referências

  1. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 215.
  2. a b Ricardo Nunes Borga (20 de janeiro de 2010). «QuestÕes Do Prata». Clube de Autores. p. 287-288. 305 páginas. Consultado em 14 de setembro de 2020 

Ligações externas

Commons
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Bacamarte
Este artigo relativo a armas de fogo é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.