Língua púnica: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
J fndes (discussão | contribs)
Adicionei a seção "Ver também", uma imagem e um portal.
 
Linha 1: Linha 1:
{{Info/Língua
{{Info/Língua
|nome=Púnica
|nome=Púnica
|região=Norte da [[África]] - extinta
|região=Norte da [[África]] - extinta
|corfamília=Afro-asiática
|corfamília=Afro-asiática
|fam2=[[Línguas semíticas|Semítica]]
|fam2=[[Línguas semíticas|Semítica]]
|fam3=[[Línguas semíticas ocidentais|Oeste]]
|fam3=[[Línguas semíticas ocidentais|Oeste]]
|fam4=[[Línguas semíticas do centro|Central]]
|fam4=[[Línguas semíticas do centro|Central]]
|fam5=[[Línguas semíticas do noroeste|Noroeste]]
|fam5=[[Línguas semíticas do noroeste|Noroeste]]
|fam6=[[Canaanitas]]
|fam6=[[Canaanitas]] <br />[[Imagem:Idioma púnico.png|320px]]
|iso2=sem
|iso2=sem
|iso3=phn
|iso3=phn
}}
}}
O '''púnico''' é uma [[Línguas semíticas|língua semítica]] [[Língua extinta|extinta]], falada na região [[Mar Mediterrâneo|mediterrânea]] do norte da [[África]] e algumas ilhas do [[Mar Mediterrâneo]] pelos povos da cultura [[púnica]] (de origem [[fenícia]]) até por volta do século IV d.C.
O '''púnico''' é uma [[Línguas semíticas|língua semítica]] [[Língua extinta|extinta]], falada na região [[Mar Mediterrâneo|mediterrânea]] do norte da [[África]] e algumas ilhas do [[Mar Mediterrâneo]] pelos povos da cultura [[púnica]] (de origem [[fenícia]]) até por volta do século IV d.C.


== Características ==
== Características ==

A língua púnica é uma variante da [[língua fenícia]] falada no nas regiões ultramarinas da diáspora fenícia no [[norte da África]], incluindo [[Cartago]] e o [[Mediterrâneo]]. É conhecida hoje por inscrições e evidências de nomes pessoais. A peça teatral ''[[Poenulus]]'', de [[Plauto]], apresenta frases em púnico que foram objeto de pesquisas, pois, ao contrário das incrições, essas preservam muito as [[Vogal|vogais]].<ref>{{citar livro |título = Les passages punique en transcription latine dans le Poenulus de Plaute |autor = Sznycer, Maurice |ano = 1967 |editora = Librairie C. Klincksieck |local = Paris }}</ref>
A língua púnica é uma variante da [[língua fenícia]] falada no nas regiões ultramarinas da diáspora fenícia no [[norte da África]], incluindo [[Cartago]] e o [[Mediterrâneo]]. É conhecida hoje por inscrições e evidências de nomes pessoais. A [[peça teatral]] ''[[Poenulus]]'', de [[Plauto]], apresenta frases em púnico que foram objeto de pesquisas, pois, ao contrário das incrições, essas preservam muito as [[Vogal|vogais]].<ref>{{citar livro |título = Les passages punique en transcription latine dans le Poenulus de Plaute |autor = Sznycer, Maurice |ano = 1967 |editora = Librairie C. Klincksieck |local = Paris }}</ref>


== Alfabeto ==
== Alfabeto ==

Como nas demais [[línguas semíticas]], a escrita púnica usa um ''[[abjad]]'' (alfabeto sem vogais), escrito da direita para a esquerda. Tem 20 consoantes e 2 sinais gráficos.<ref>[http://www.omniglot.com/writing/punic.htm Omniglot - língua púnica]</ref>
{{Mais informações|Alfabeto fenício}}

Como nas demais [[línguas semíticas]], a escrita púnica usa um ''[[abjad]]'' ([[alfabeto]] sem vogais), escrito da direita para a esquerda. Tem 20 consoantes e 2 sinais gráficos.<ref>[http://www.omniglot.com/writing/punic.htm Omniglot - língua púnica]</ref>


== História ==
== História ==

[[Agostinho de Hipona]] é considerado o último grande escritor antigo a ter algum conhecimento do idioma púnico, sendo considerado "a principal fonte primária a atestar a sobrevivência [tardia] do púnico".<ref>{{citar livro |título = Late Punic Epigraphy |autor= Jongeling, Karel; & Kerr, Robert M. |ano = 2005 |editora = Mohr Siebeck |id = ISBN 3161487281 |pages= 4 }}</ref> Escrevendo por volta do ano 401, ele escreveu (em [[Latim]]):
[[Agostinho de Hipona]] é considerado o último grande escritor antigo a ter algum conhecimento do idioma púnico, sendo considerado "a principal fonte primária a atestar a sobrevivência [tardia] do púnico".<ref>{{citar livro |título = Late Punic Epigraphy |autor= Jongeling, Karel; & Kerr, Robert M. |ano = 2005 |editora = Mohr Siebeck |id = ISBN 3161487281 |pages= 4 }}</ref> Escrevendo por volta do ano 401, ele escreveu (em [[Latim]]):


{{clr}}
{{Quote|''Quae lingua si improbatur abs te, nega Punicis libris, ut a viris doctissimis proditur, multa sapienter esse mandata memoriae. Poeniteat te certe ibi natum, ubi huius linguae cunabula recalent.''
{| class="wikitable"

|-
E, se a língua púnica é rejeitada por vocês, vocês negam o que foi admitido pelos homens mais estudados, que muitas coisas foram preservadas sabiamente do ''oblivium'' (esquecimento) das obras escritas em língua púnica. Vocês deveriam ter vergonha de ter nascido num país no qual o berço dessa língua ainda está quente. (Ep. xvii)
!Latim
}}
!Português
|-
| ''Quae lingua si improbatur abs te, nega Punicis libris, ut a viris doctissimis proditur, multa sapienter esse mandata memoriae. Poeniteat te certe ibi natum, ubi huius linguae cunabula recalent.''
|E, se a língua púnica é rejeitada por vocês, vocês negam o que foi admitido pelos homens mais estudados, que muitas coisas foram preservadas sabiamente do ''oblivium'' (esquecimento) das obras escritas em língua púnica. Vocês deveriam ter vergonha de ter nascido num país no qual o berço dessa língua ainda está quente. (Ep. xvii)
|}{{clr}}


A ideia de que o idioma púnico tenha exercido influência sobre a moderna [[língua maltesa]] foi inicialmente sugerida em 1565 <ref>{{citar web | título ="The Maltese Language Academy" | url =http://www.akkademjatalmalti.com/page.asp?p=9023 | autor =[[L-Akkademja tal-Malti]] | acessodata =7 de junho de 2009 | arquivourl =https://web.archive.org/web/20150923054701/http://www.akkademjatalmalti.com/page.asp?p=9023# | arquivodata =23 de setembro de 2015 | urlmorta =yes }}</ref> Essa teoria veio a ficar desacreditada, com a maior parte das teorias indicando que o maltês seria derivada do [[árabe sículo]], tendo, porém, muitas palavras de origem [[Língua italiana|italiana]].<ref>{{citar livro |título = Aspects of Multilingualism in European Language History |autor = Vella, Alexandr; Kurt Braunmüller e Gisella Ferraresi (ed.) |série = Hamburg Studies on Multiculturalism |ano = 2004 |editora = John Benjamins Publishing Company |local = |id = ISBN 9027219222 |páginas = 263 |capítulo = Language contact and Maltese intonation: Some parallels with other language varieties }}</ref> A língua púnica certamente foi falada em [[Malta]] durante um certo período da história, conforme evidenciaram a decifração da dita estela funerária de [[Melqart]] (mítico herói [[Fenícia|fenício]], protetor de [[Tiro]]) e de outras inscrições encontradas nas ilhas do [[Mar Mediterrâneo]] depois da extinção da língua.
A ideia de que o idioma púnico tenha exercido influência sobre a moderna [[língua maltesa]] foi inicialmente sugerida em 1565 <ref>{{citar web | título ="The Maltese Language Academy" | url =http://www.akkademjatalmalti.com/page.asp?p=9023 | autor =[[L-Akkademja tal-Malti]] | acessodata =7 de junho de 2009 | arquivourl =https://web.archive.org/web/20150923054701/http://www.akkademjatalmalti.com/page.asp?p=9023# | arquivodata =23 de setembro de 2015 | urlmorta =yes }}</ref> Essa teoria veio a ficar desacreditada, com a maior parte das teorias indicando que o maltês seria derivada do [[árabe sículo]], tendo, porém, muitas palavras de origem [[Língua italiana|italiana]].<ref>{{citar livro |título = Aspects of Multilingualism in European Language History |autor = Vella, Alexandr; Kurt Braunmüller e Gisella Ferraresi (ed.) |série = Hamburg Studies on Multiculturalism |ano = 2004 |editora = John Benjamins Publishing Company |local = |id = ISBN 9027219222 |páginas = 263 |capítulo = Language contact and Maltese intonation: Some parallels with other language varieties }}</ref> A língua púnica certamente foi falada em [[Malta]] durante um certo período da história, conforme evidenciaram a decifração da dita estela funerária de [[Melqart]] (mítico herói [[Fenícia|fenício]], protetor de [[Tiro]]) e de outras inscrições encontradas nas ilhas do [[Mar Mediterrâneo]] depois da extinção da língua.

== Ver também ==

* [[Línguas do Império Romano]]
* [[Literatura fenício-púnica]]


{{Referências}}
{{Referências}}

{{Portal3|Linguística}}


{{DEFAULTSORT:Lingua Punica}}
{{DEFAULTSORT:Lingua Punica}}

Edição atual tal como às 02h40min de 12 de fevereiro de 2022

Púnica
Falado(a) em: Norte da África - extinta
Total de falantes:
Família: Afro-asiática
 Semítica
  Oeste
   Central
    Noroeste
     Canaanitas

      Púnica
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: sem
ISO 639-3: phn

O púnico é uma língua semítica extinta, falada na região mediterrânea do norte da África e algumas ilhas do Mar Mediterrâneo pelos povos da cultura púnica (de origem fenícia) até por volta do século IV d.C.

Características[editar | editar código-fonte]

A língua púnica é uma variante da língua fenícia falada no nas regiões ultramarinas da diáspora fenícia no norte da África, incluindo Cartago e o Mediterrâneo. É conhecida hoje por inscrições e evidências de nomes pessoais. A peça teatral Poenulus, de Plauto, apresenta frases em púnico que foram objeto de pesquisas, pois, ao contrário das incrições, essas preservam muito as vogais.[1]

Alfabeto[editar | editar código-fonte]

Como nas demais línguas semíticas, a escrita púnica usa um abjad (alfabeto sem vogais), escrito da direita para a esquerda. Tem 20 consoantes e 2 sinais gráficos.[2]

História[editar | editar código-fonte]

Agostinho de Hipona é considerado o último grande escritor antigo a ter algum conhecimento do idioma púnico, sendo considerado "a principal fonte primária a atestar a sobrevivência [tardia] do púnico".[3] Escrevendo por volta do ano 401, ele escreveu (em Latim):

Latim Português
Quae lingua si improbatur abs te, nega Punicis libris, ut a viris doctissimis proditur, multa sapienter esse mandata memoriae. Poeniteat te certe ibi natum, ubi huius linguae cunabula recalent. E, se a língua púnica é rejeitada por vocês, vocês negam o que foi admitido pelos homens mais estudados, que muitas coisas foram preservadas sabiamente do oblivium (esquecimento) das obras escritas em língua púnica. Vocês deveriam ter vergonha de ter nascido num país no qual o berço dessa língua ainda está quente. (Ep. xvii)

A ideia de que o idioma púnico tenha exercido influência sobre a moderna língua maltesa foi inicialmente sugerida em 1565 [4] Essa teoria veio a ficar desacreditada, com a maior parte das teorias indicando que o maltês seria derivada do árabe sículo, tendo, porém, muitas palavras de origem italiana.[5] A língua púnica certamente foi falada em Malta durante um certo período da história, conforme evidenciaram a decifração da dita estela funerária de Melqart (mítico herói fenício, protetor de Tiro) e de outras inscrições encontradas nas ilhas do Mar Mediterrâneo depois da extinção da língua.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Sznycer, Maurice (1967). Les passages punique en transcription latine dans le Poenulus de Plaute. Paris: Librairie C. Klincksieck 
  2. Omniglot - língua púnica
  3. Jongeling, Karel; & Kerr, Robert M. (2005). Late Punic Epigraphy. [S.l.]: Mohr Siebeck. 4 páginas. ISBN 3161487281 
  4. L-Akkademja tal-Malti. «"The Maltese Language Academy"». Consultado em 7 de junho de 2009. Arquivado do original em 23 de setembro de 2015 
  5. Vella, Alexandr; Kurt Braunmüller e Gisella Ferraresi (ed.) (2004). «Language contact and Maltese intonation: Some parallels with other language varieties». Aspects of Multilingualism in European Language History. Col: Hamburg Studies on Multiculturalism. [S.l.]: John Benjamins Publishing Company. 263 páginas. ISBN 9027219222