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Hans Staden foi feito prisioneiro por uma tribo [[tupinambá]] que conduziu-o a [[Ubatuba]]. Desde o início ficou claro que a intenção dos seus captores era devorá-lo. Pouco tempo depois os [[tupiniquins]] aliados dos portugueses atacaram a aldeia onde ele era mantido prisioneiro. Mesmo cativo, não tendo escolha lutou ao lado dos tupinambás. Seu desejo era tentar fugir para unir-se aos atacantes. Mas estes vendo que a luta era inútil logo desistiram.
Hans Staden foi feito prisioneiro por uma tribo [[tupinambá]] que conduziu-o a [[Ubatuba]]. Desde o início ficou claro que a intenção dos seus captores era devorá-lo. Pouco tempo depois os [[tupiniquins]] aliados dos portugueses atacaram a aldeia onde ele era mantido prisioneiro. Mesmo cativo, não tendo escolha lutou ao lado dos tupinambás. Seu desejo era tentar fugir para unir-se aos atacantes. Mas estes vendo que a luta era inútil logo desistiram.


Enquanto esteve aprisionado, apesar de todo o tempo estar sob ameaça de morte, Hans Staden observou atentamente os costumes dos índios. Sua formação européia era frontalmente oposta aos hábitos dos tupinabás.
Enquanto esteve aprisionado, apesar de todo o tempo estar sob ameaça de morte, Hans Staden observou atentamente os costumes dos índios. Sua formação européia era frontalmente oposta aos hábitos dos tupinambás. Ainda assim em seus relatos posteriores não demonstrou qualquer sinal de reprovação ou de ter ficado chocado. Surpreendentemente sua visão e descrição dos fatos é livre de preconceitos.

==Trechos de Duas viagens ao Brasil==

===A partida para o novo mundo===

"''Eu, Hans Staden de Homberg-em-Hessen, resolvi visitar a Índia. Saí de Bremem para a Holanda e achei em Campon, navios que pretendiam tomar carga de sal em Portugal. Embarquei e a 29 de Abril de 1547 chegávamos a Setúbal''."

===Costumes indígenas===

"''Formaram um círculo ao redor de mim, ficando eu no centro com duas mulheres, amarraram-me numa perna um chocalho e na nuca penas de pássaros. Depois começaram as mulheres a cantar e, conforme um som dado, tinha eu de bater no chão o pé onde estavam atados os chocalhos''.

''As mulheres fazem bebidas. Tomam as raízes de mandioca, que deixam ferver em grandes potes. Quando bem fervidas tiram-nas (...) e deixam esfriar (...) Então as moças assentam-se ao pé, e mastigam as raízes, e o que fica mastigado é posto numa vasilha à parte''.

''Acreditam na imortalidade da alma''" (...)

===A antropofagia===

"''Voltando da guerra, troxeram prisioneiros. Levaram-nos para sua cabana: mas a muitos feridos desembarcaram e os mataram logo, cortarm-nos em pedaços e assaram a carne (...) Um era português (...) O outro chamava-se Hyeronimus; este foi assado de noite''. "



Revisão das 00h32min de 10 de novembro de 2007

 Nota: Se procura filme com esse nome, veja Hans Staden (filme).
Hans Staden (de barba, ao fundo) observando uma tribo indígena no Brasil praticando antropofagia

Hans Staden (Homberg, c. 1525Wolfhagen, c. 1579) foi um aventureiro mercenário alemão.

Por duas vezes Staden passou pela América Portuguesa no início do século XVI, onde teve oportunidade de participar de combates na Capitania de Pernambuco e na Capitania de São Vicente, contra corsários franceses e seus aliados indígenas. Aprisionado pelos Tupinambás no litoral da Bertioga (atual Estado de São Paulo), quase foi executado e devorado por eles.

Conta-se que, em certa ocasião, as crianças de uma tribo em que ele ensinava música foram assassinadas e usadas em uma sopa dada a ele sem seu conhecimento; Hans Staden só acabou por descobrir que a sopa fora feita a partir de seus alunos porque viu seus mini-crânios na panela.


A primeira viagem ao Brasil

Partindo de Bremen (Alemanha) e depois de passar por Holanda e Portugal, Hans Staden chega à Capitania de Pernambuco em 28 de Janeiro de 1548. Dirijiam-se ao Brasil para traficar ( negociar ) pau-brasil, deveriam tambem atacar navios franceses que negociavam com os nativos do Brasil e transportar degredados enviados para habitar a colônia.

O governador de Pernambuco,Duarte da Costa que enfrentava uma revolta indígena pediu ajuda aos europeus recém-chegados. Hans Staden e os demais europeus rumaram para Igaraçú próxima a Olinda em um navio para auxiliar na luta contra os índios. Igaraçú era defendida por aproximadamente 120 pessoas aos quais uniram-se mais 40 europeus incluindo Hans Staden. Enfrentaram 8 mil índios. Depois de uma renhida luta, um cerco prolongado e falta de provisões os defensores conseguiram enfim vencer os indígenas. O governador Duarte da Costa ficou muito agradecido a eles.

Dias depois enfrentaram um navio francês e logo depois retornaram a Europa, chegando à Lisboa no dia 8 de Outubro.


O retorno ao Brasil

Partiu de Castela rumo ao Novo Mundo. Chegou ao Brasil em 24 de Novembro.

Depois de violentos enfrentamentos com indígenas e passar por fortes tempestades, seu navio naufragou próximo a São Vicente.

Hans Staden foi feito prisioneiro por uma tribo tupinambá que conduziu-o a Ubatuba. Desde o início ficou claro que a intenção dos seus captores era devorá-lo. Pouco tempo depois os tupiniquins aliados dos portugueses atacaram a aldeia onde ele era mantido prisioneiro. Mesmo cativo, não tendo escolha lutou ao lado dos tupinambás. Seu desejo era tentar fugir para unir-se aos atacantes. Mas estes vendo que a luta era inútil logo desistiram.

Enquanto esteve aprisionado, apesar de todo o tempo estar sob ameaça de morte, Hans Staden observou atentamente os costumes dos índios. Sua formação européia era frontalmente oposta aos hábitos dos tupinambás. Ainda assim em seus relatos posteriores não demonstrou qualquer sinal de reprovação ou de ter ficado chocado. Surpreendentemente sua visão e descrição dos fatos é livre de preconceitos.

Trechos de Duas viagens ao Brasil

A partida para o novo mundo

"Eu, Hans Staden de Homberg-em-Hessen, resolvi visitar a Índia. Saí de Bremem para a Holanda e achei em Campon, navios que pretendiam tomar carga de sal em Portugal. Embarquei e a 29 de Abril de 1547 chegávamos a Setúbal."

Costumes indígenas

"Formaram um círculo ao redor de mim, ficando eu no centro com duas mulheres, amarraram-me numa perna um chocalho e na nuca penas de pássaros. Depois começaram as mulheres a cantar e, conforme um som dado, tinha eu de bater no chão o pé onde estavam atados os chocalhos.

As mulheres fazem bebidas. Tomam as raízes de mandioca, que deixam ferver em grandes potes. Quando bem fervidas tiram-nas (...) e deixam esfriar (...) Então as moças assentam-se ao pé, e mastigam as raízes, e o que fica mastigado é posto numa vasilha à parte.

Acreditam na imortalidade da alma" (...)

A antropofagia

"Voltando da guerra, troxeram prisioneiros. Levaram-nos para sua cabana: mas a muitos feridos desembarcaram e os mataram logo, cortarm-nos em pedaços e assaram a carne (...) Um era português (...) O outro chamava-se Hyeronimus; este foi assado de noite. "


Resgatado por um navio corsário francês, conseguiu retornar à Europa, onde redigiu um relato sobre as peripécias de suas viagens e aventuras no Novo Mundo, uma das primeiras descrições para o grande público acerca dos costumes dos nativos americanos. O livro é intitulado "Warhaftige Historia und Beschreibung eyner Landtschafft der wilden, nacketen, grimmigen Menschfresser Leuthen in der Newenwelt America gelegen" e foi publicado em Marburgo, Alemanha, por Andres Colben em 1557. Chama-se comumente "Duas viagens ao Brasil".

Conheceu sucessivas edições, constituindo-se num sucesso editorial devido às suas ilustrações, descrições de rituais antropofágicos, animais, plantas e costumes exóticos.

Segundo a "Brasiliana da Biblioteca Nacional", de 2001:

"A sua influência no meio culto da época ajudou a criar, no imaginário europeu quinhentista, a idéia da terra brasílica como o país dos canibais, devido às ilustrações com cenas de antropofagia."


Para o estudioso, a obra contém informações de interesse antropológico, sociológico, linguístico e cultural sobre a vida, os costumes e as crenças dos indígenas do litoral brasileiro na primeira metade do século XVI.

  • STADEN, Hans. Duas viagens ao Brasil. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1974. 218 p. il.

Ver também

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