Biófilo Panclasta: diferenças entre revisões

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'''Vicente Rojas Lizcano''' ([[Chinácota]], [[Colômbia]], [[1879]] – [[Pamplona]], Colômbia, [[1943]]), mais conhecido como '''Biófilo Panclasta''', foi um escritor, ativista político e [[anarcoindividualismo|anarcoindividualista]] colombiano. Em 1904, começou a utilizar o pseudônimo pelo qual ficaria conhecido: ''Biófilo'', "amante da vida", e ''Panclasta'', "inimigo de todos".<ref>PANCLASTA, Biófilo (1928): ''Comprimidos psicológicos de los revolucionarios criollos''. Periódico Claridad, Bogotá, Nº 52, 53, 54, 55 e 56.</ref> Ao longo de sua vida, esteve em mais de cinquenta países, propagando ideias anarquistas e participando de manifestações operárias e sindicais, nas quais teve contato com [[Piotr Kropotkin]], [[Máximo Gorki]] e [[Lênin]].
'''Vicente Rojas Lizcano''' ([[Chinácota]], [[Colômbia]], [[1879]] – [[Pamplona]], Colômbia, [[1943]]), mais conhecido como '''Biófilo Panclasta''', foi um escritor, ativista político e [[anarcoindividualismo|anarcoindividualista]] colombiano. Em 1904, começou a utilizar o pseudônimo pelo qual ficaria conhecido: ''Biófilo'', "amante da vida", e ''Panclasta'', "inimigo de todos".<ref>PANCLASTA, Biófilo (1928): ''Comprimidos psicológicos de los revolucionarios criollos''. Periódico Claridad, Bogotá, Nº 52, 53, 54, 55 e 56.</ref> Ao longo de sua vida, esteve em mais de cinquenta países, propagando ideias anarquistas e participando de manifestações operárias e sindicais, nas quais teve contato com personalidades ilustres como [[Piotr Kropotkin]], [[Máximo Gorki]] e [[Lênin]].


==Biografia==
==Biografia==

Revisão das 05h55min de 29 de março de 2015

Biófilo Panclasta
Biófilo Panclasta
Retrato de Biófilo Panclasta em 1940.
Nome completo Vicente Rojas Lizcano
Nascimento 26 de outubro de 1879
Chinácota, Colômbia
Morte 1 de março de 1940 (63 anos)
Pamplona, Colômbia
Nacionalidade Colombiano
Cônjuge Julia Ruiz
Ocupação Escritor
Assinatura

Vicente Rojas Lizcano (Chinácota, Colômbia, 1879Pamplona, Colômbia, 1943), mais conhecido como Biófilo Panclasta, foi um escritor, ativista político e anarcoindividualista colombiano. Em 1904, começou a utilizar o pseudônimo pelo qual ficaria conhecido: Biófilo, "amante da vida", e Panclasta, "inimigo de todos".[1] Ao longo de sua vida, esteve em mais de cinquenta países, propagando ideias anarquistas e participando de manifestações operárias e sindicais, nas quais teve contato com personalidades ilustres como Piotr Kropotkin, Máximo Gorki e Lênin.

Biografia

Primeiros anos

Filho de Bernardo Rojas e Simona Lizcano, uma mulher operária, Biófilo inicia seus estudos em Pamplona, cidade próxima a Chinácota. De 1897 até 1898 esteve matriculado na Escuela Normal de Bucaramanga, da qual foi expulso por publicar um pequeno periódico onde se manifestava contra a reeleição do então presidente Miguel Antonio Caro.[2]

Participação na Revolução Venezuelana

Em 1899 Biófilo deixa os estudos e viaja até a Venezuela, onde junto com Eleazar López Contreras, funda a primeira Escola Pública na cidade de Capacho Nuevo, capital do município Independencia, em Táchira. No mesmo ano alista-se no exército de Cipriano Castro em meio a Revolução Liberal Restauradora, que tinha como objetivo a derrubada do presidente Ignacio Andrade. Logo Biófilo começa a viajar pela Venezuela na companhia de outros grupos revolucionários que rondavam as cidades de Trujillo, Portuguesa, Cojedes e Carabobo.[3] Chega na cidade de Valencia em janeiro de 1900. Em novembro de 1904, chega na cidade colombiana de Barranquilla como coronel do exército de Cipriano Castro, onde oferece suporte às forças colombianas contra os separatistas panamenhos apoiados pelos Estados Unidos.[2]

Primeiros contatos com o anarquismo

Em 1906 viaja até Buenos Aires, na Argentina, onde tem seus primeiros contatos com o pensamento anarquista e socialista, assistindo reuniões e escrevendo em periódicos especializados. No mesmo ano, parte para a Europa como delegado da Federação Operária Regional Argentina (FORA) para um congresso operário em Amsterdã.[2]

Atividade revolucionária na Colômbia

Em 1908, Biófilo é extraditado da Espanha a pedido do presidente colombiano Rafael Reyes. Chega ao Puerto Colombia com planos de seguir para Bogotá, entretanto, decide refugiar-se no Panamá, onde novamente é extradidato a pedido de Rafael Reyes. Foi aprisionado e entregue às autoridades colombianas.[2] Primeiro foi preso em Cartagena das Índias (1909) e depois transferido para Barranquilla (1910) e por fim para Bogotá (1911). Alguns periódicos colombianos, como o Maquetas, pediam pena de morte para Biófilo, por considerá-lo como um perigo para a ordem pública.

Retorno à Venezuela e prisão em Valencia

"Os presos que me viram entrar na cela foram cuidadosos para não tropeçar em meu corpo frio e fraco. Um deles bateu com a mão em minha carne, que não tremeu, pois eu já havia sofrido muita dor, e ao observar que eu não me movia e nem falava, exclamou, tristemente e baixinho, 'Eles penduraram este na Delegacia de Polícia e trouxeram-o para morrer aqui'."[3]

Biófilo retorna à cidade venezuelana de Valencia em 1914. Lá, é novamente aprisionado por realizar um discurso em praça pública exaltando os franceses, logo depois do início da Primeira Guerra Mundial. Na realidade, Biófilo foi preso por ordens de pessoas ligadas ao presidente Juan Vicente Gómez, que havia sucedido Cipriano Castro, amigo de Panclasta, após um golpe de Estado. Durante os sete anos que esteve preso em Valencia, Biófilo esteve nas mãos dos carcereiros, que fizeram-o passar por diversas privações, fome, e sujeitaram-o a trabalhos forçados. Compartilhou seus anos na prisão com diversos presos políticos venezuelanos, muitos dos quais morreram na prisão. Em 1921, graças a um carcereiro nomeado pelo novo governador do estado de Carabobo, José Antonio Baldó, Biófilo foi transferido para Castillo Libertador, aonde foi tratado de maneira mais humana e solto após alguns poucos meses.[3]

Atividades revolucionárias ao redor do mundo

Em 1923, dois anos após sua saída da prisão de Valencia, Biófilo é nomeado delegado da Associação Anarquista Mexicana para um congresso em Barcelona. Lá, propõe um projeto de cunho ilegalista denominado Operación Europa, que consistia na "formação de um comitê internacional encarregado de ordenar, planejar e executar em um mesmo dia o assassinato do czar da Bulgária, dos reis da Inglaterra, da Itália e do Egito, do Arcebispo do México, do Cardial Arcebispo de Toledo e de Léon Daudet".[4]

No ano seguinte, viaja para São Paulo a fim de organizar uma greve dos plantadores de café, porém novamente é preso e mandado para a cidade de Cayena, de onde escapa. A Liga dos Direitos do Homem envia-o para a ilha de Martinica; e após visitar cinquenta e dois países, retorna para a Colômbia. Lá é novamenta preso junto com o sindicalista Raúl Mahecha, na cidade de San Gil.[5] No ano seguinte, em Bogotá, Biófilo funda o Centro de União e Ação Revolucionária, cujo lema era: "Revolucionários de todos os ideias, uni-vos!".

Últimos anos

Em 1934, Biófilo Panclasta casa-se com Julia Ruiz, uma conhecida cartomante que trabalhava em Bogotá. Dedica seu tempo para escrever periódicos e conceder entrevistas, assim como enviar cartas para diversos presidentes da América Latina. Em janeiro de 1939, morre sua companheira. Um ano depois, Biófilo tenta suicidar-se em Barranquilla eletrocutando-se com cabos de luz e degolando-se com uma navalha.[4] Em dezembro do mesmo ano, a polícia de Bucaramanga expulsa Biófilo da cidade, por vadiagem e alcoolismo. Em 1 de março de 1943, Biófilo Panclasta morre no asilo de Pamplona, vítima de um ataque cardíaco.

Pensamento anarquista

As ideias de Biófilo Panclasta acerca do anarquismo foram muito particulares. Suas ideias oscilavam entre o anarquismo individualista e o anarquismo social, o que pode ser visto em uma série de cartas que Biófilo escreveu na prisão de Barranquilla em 1910. Em um primeiro momento, Biófilo considerou-se um individualista radical, fortemente influenciado por Max Stirner e Friedrich Nietzsche. Para Panclasta, a luta social que levava a cabo não era pelos outros, e sim para si mesmo, para sentir-se vivo. A luta pelos outros, segundo ele, servia-lhe para mostrar todas as suas capacidades de ação, de amor e de ódio.[6]

Apesar de sua postura anarcoindividualista, Biófilo chegou a identificar-se com o anarquismo social. As opiniões de Biófilo sobre ambas as vertentes do anarquismo são coerentes com a sua filosofia, a de alguém que detestava extremos absolutos, que considerava o homem não um ser totalmente social ou individual. Biófilo procurava distanciar-se de qualquer forma de militância política, até mesmo de organizações anarquistas. Em uma conversa registrada com Piotr Kropotkin, Biófilo afirma: "Eu não sou um anarquista, eu sou eu. Eu não deixo uma religião por outra, um partido por outro, um sacrifício por outro. Eu sou um espírito livre, egoísta. Eu faço o que sinto. Eu não tenho nenhuma causa a não ser a minha".[7]

O modo de pensar de Biófilo Panclasta demonstra que, mais do que um homem de ideias, era um homem de ação. Biófilo valia-se da necessidade que tinham os homens de libertar-se da opressão para poder atuar a partir daí; para ele, as organizações eram efetivas somente na prática, não em aspectos programáticos. Para Biófiolo, qualquer organização funcionava baseada em interesses humanos, que ele chamava de "interesses de situação".[6]

Referências

  1. PANCLASTA, Biófilo (1928): Comprimidos psicológicos de los revolucionarios criollos. Periódico Claridad, Bogotá, Nº 52, 53, 54, 55 e 56.
  2. a b c d VILLANUEVA, Orlando; VEGA, Renán; GAMBOA, Juan, CLAVIJO, Amadeo; FAJARDO, Luis (1992): Biófilo Panclasta, el eterno prisionero. Edições Alas de Xue. Visitado em 29 de março de 2015.
  3. a b c PANCLASTA, Biófilo (1932): Siete años enterrado vivo en una de las mazmorras de Gomezuela. Tipografia la Libertad, Bogotá.
  4. a b PERIÓDICO EL DEBER. Bucaramanga. Nº 4830, 31 de janeiro de 1940, pág 1.
  5. «Recuerdo y olvido de un anarquista colombiano» (em espanhol). Alasbarricadas.org. Consultado em visitado em 29 de março de 2015  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  6. a b VILLANUEVA, Orlando; VEGA, Renán; GAMBOA, Juan, CLAVIJO, Amadeo; FAJARDO, Luis (1992): Biófilo Panclasta, el eterno prisionero. Bogotá: Ediciones Alas de Xue.
  7. PANCLASTA, Biófilo (1910): Datos autobiográficos de Panclasta. Carta para Aurelio de Castro, publicada no periódico El Pueblo, N° 219

Ligações externas

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