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== Biografia==
== Biografia ==
Estudou em vários colégios em Santos, e, enquanto secundarista (cursando o ensino médio), participou do [[Centro Popular de Cultura|Centro Popular de Cultura (CPC)]] da [[UNE|União Nacional dos Estudantes (UNE)]]. Com 17 anos, mudou-se para
Estudou em vários colégios em Santos, e, enquanto secundarista (cursando o ensino médio), participou do [[Centro Popular de Cultura|Centro Popular de Cultura (CPC)]] da [[UNE|União Nacional dos Estudantes (UNE)]]. Com dezessete anos, mudou-se para
São Paulo e, em 1966, fez parte da primeira equipe de jornalistas do recém-fundado
São Paulo e, em 1966, fez parte da primeira equipe de jornalistas do recém-fundado
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''[[Jornal da Tarde (São Paulo)|Jornal da Tarde]]'' (1966), do grupo ''O Estado de S. Paulo''. Nesse período, escreveu algumas reportagens que tiveram grande repercussão, como a que denunciava as atividades do “mau patrão” Abdala, da Fábrica de Cimento Perus/SP (''Jornal da Tarde''
reportagens que tiveram grande repercussão, como a que denunciava as
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de 24 de abril de 1967) e as que descreviam a vida dos [[índios Xavantes]] no [[Mato Grosso (estado)|Mato Grosso]] (''Jornal da Tarde,'' 12/08/67 e 26/08/67).
de 24 de abril de 1967) e as que descreviam a vida dos [[índios Xavantes]] no [[Mato Grosso (estado)|Mato Grosso]] (''Jornal da Tarde,'' 12/08/67 e 26/08/67).


Continuou a trabalhar como jornalista na ''Folha da Tarde'' (1968) e depois no
Continuou a trabalhar como jornalista na ''Folha da Tarde'' (1968) e depois no
''Jornal do Bairro'' (1969-1970). Participou ainda ativamente da equipe do jornal alternativo
''Jornal do Bairro'' (1969-1970). Participou ainda ativamente da equipe do jornal alternativo
''Amanhã''.
''Amanhã''.


Estudante de História da [[USP|Universidade de São Paulo (USP)]], cobriu, em setembro de
Estudante de História da [[USP|Universidade de São Paulo (USP)]], cobriu, em setembro de
1968, o 30º Congresso da [[UNE]], em Ibiúna
1968, o 30º Congresso da UNE, em Ibiúna
(SP), para a ''Folha da Tarde''. Como jornalista, foi um dos poucos
(SP), para a ''Folha da Tarde''. Como jornalista, foi um dos poucos presentes que escaparam da prisão e puderam relatar tudo o que realmente tinha acontecido. Nessa época, já havia ingressado no [[Partido_Operário_Comunista|Partido Operário Comunista (POC)]].
presentes que escaparam da prisão e puderam relatar tudo o que realmente tinha acontecido. Nessa época, já havia ingressado no [[Partido_Operário_Comunista|Partido Operário Comunista (POC)]].


A partir de 1968, com o [[Ato Institucional n°5]] (AI-5) e o endurecimento da ditadura, passou a participar de atividades clandestinas de combate ao regime militar, sem deixar de exercer a profissão de jornalista e cursar a faculdade de História. Nesse também manifestou contra a visita de [[Nelson Rockfeller]] ao Brasil.
A partir de 1968, com o [[Ato Institucional n°5]] (AI-5) e o endurecimento da ditadura, passou a participar de atividades clandestinas de combate ao regime militar, sem deixar de exercer a profissão de jornalista e cursar a faculdade de História. Nesse também manifestou contra a visita de [[Nelson Rockfeller]] ao Brasil.


==Prisão e morte==
== Prisão e morte ==
Com 23 anos, depois de regressar de uma viagem à França feita para estreitar contatos com a [[IV_Internacional|IV Internacional]], foi preso sem acusações dos órgãos repressivos na casa de sua mãe, em Santos, no dia 15 de julho de 1971. Levado para o [[DOI-CODI]] de São Paulo, na Rua Tutóia, foi,
Com 23 anos, depois de regressar de uma viagem à França feita para estreitar contatos com a [[IV_Internacional|IV Internacional]], foi preso sem acusações dos órgãos repressivos na casa de sua mãe, em Santos, no dia 15 de julho de 1971. Levado para o [[DOI-CODI]] de São Paulo, na Rua Tutóia, foi, conforme o livro Direito à Memória e à Verdade, editado pela Comissão Especial de Mortos e
Desaparecidos do Ministério da Justiça, “torturado por cerca de 24 horas ininterruptas e abandonado sem tratamento médico numa solitária, a chamada ‘cela-forte’, ou ‘x-zero’ “ (Brasília, 2007, pp. 169-170).
conforme o livro Direito à Memória e à Verdade, editado pela Comissão Especial de Mortos e
Desaparecidos do Ministério da Justiça, “torturado por cerca de 24 horas ininterruptas e
abandonado sem tratamento médico numa solitária, a chamada ‘cela-forte’, ou ‘x-zero’ “ (Brasília, 2007, pp. 169-170).


De acordo com presos políticos companheiros que viram seu estado após as torturas, como Eleonora de Oliveira Soares, Ricardo Prata Soares, Lauriberto Junqueira Filho e principalmente Guido Rocha, que esteve com ele na cela, Merlino sofreu fortes lesões e gangrena generalizada. Depois de ter seu estado agravado, foi levado ao Hospital Geral do Exército, onde veio a morrer em 19 de Julho de 1971.
De acordo com presos políticos companheiros que viram seu estado após as torturas, como Eleonora de Oliveira Soares, Ricardo Prata Soares, Lauriberto Junqueira Filho e principalmente Guido Rocha, que esteve com ele na cela, Merlino sofreu fortes lesões e gangrena generalizada. Depois de ter seu estado agravado, foi levado ao Hospital Geral do Exército, onde veio a morrer em 19 de Julho de 1971.


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20 de julho a família recebeu a notícia de que ele tinha se suicidado, jogando-se embaixo de um carro na BR-116, na altura de [[Jacupiranga,]] quando estaria sendo conduzido ao [[Rio Grande do Sul]]
para “reconhecer” companheiros. O laudo necroscópico atestando essa versão foi assinado pelos médicos legistas Isaac Abramovitc e Abeylard de Queiroz Orsini. Uma segunda versão dada pelos órgãos repressivos é a de que ele teria morrido por "auto-atropelamento". Porém, seus familiares localizaram o corpo, após uma longa espera, no [[IML]] de São Paulo, com marcas de tortura, em uma gaveta, sem nome.
carro na BR-116, na altura de [[Jacupiranga,]] quando estaria sendo conduzido ao [[Rio Grande do Sul]]
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Depois disso o caixão foi entregue à família lacrado. Diversos
Depois disso o caixão foi entregue à família lacrado. Diversos militantes denunciaram, na Justiça Militar e em várias ocasiões, sua tortura e seu abandono, particularmente Guido Rocha.
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particularmente Guido Rocha.


== Ver também ==
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3. http://www.desaparecidospoliticos.org.br/pessoa.php?id=138&m=3
3. http://www.desaparecidospoliticos.org.br/pessoa.php?id=138&m=3

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[[Categoria:Mortos e desaparecidos no combate à ditadura militar no Brasil (1964-1985)]]
[[Categoria:Mortos e desaparecidos no combate à ditadura militar no Brasil (1964-1985)]]

Revisão das 00h31min de 7 de maio de 2015

Luiz Eduardo da Rocha Merlino
Nascimento 18 de outubro de 1948
Santos, Brasil
Morte 19 de julho de 1971 (22 anos)
São Paulo, Brasil
Nacionalidade Brasil brasileira
Cônjuge Ângela Mendes de Almeida
Ocupação Jornalista
Filiação Zeno Merlino e Iracema Rocha da Silva Merlino

Luiz Eduardo da Rocha Merlino (Santos, SP, Brasil, 18 de outubro de 1948São Paulo, SP, Brasil, 19 de julho de 1971) é filho de Zeno Merlino e Iracema Rocha da Silva Merlino e foi um jornalista e militante morto após torturas na Ditadura Militar no Brasil. Seu caso é investigado pela Comissão Nacional da Verdade.

Biografia

Estudou em vários colégios em Santos, e, enquanto secundarista (cursando o ensino médio), participou do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE). Com dezessete anos, mudou-se para São Paulo e, em 1966, fez parte da primeira equipe de jornalistas do recém-fundado Jornal da Tarde (1966), do grupo O Estado de S. Paulo. Nesse período, escreveu algumas reportagens que tiveram grande repercussão, como a que denunciava as atividades do “mau patrão” Abdala, da Fábrica de Cimento Perus/SP (Jornal da Tarde de 24 de abril de 1967) e as que descreviam a vida dos índios Xavantes no Mato Grosso (Jornal da Tarde, 12/08/67 e 26/08/67).

Continuou a trabalhar como jornalista na Folha da Tarde (1968) e depois no Jornal do Bairro (1969-1970). Participou ainda ativamente da equipe do jornal alternativo Amanhã.

Estudante de História da Universidade de São Paulo (USP), cobriu, em setembro de 1968, o 30º Congresso da UNE, em Ibiúna (SP), para a Folha da Tarde. Como jornalista, foi um dos poucos presentes que escaparam da prisão e puderam relatar tudo o que realmente tinha acontecido. Nessa época, já havia ingressado no Partido Operário Comunista (POC).

A partir de 1968, com o Ato Institucional n°5 (AI-5) e o endurecimento da ditadura, passou a participar de atividades clandestinas de combate ao regime militar, sem deixar de exercer a profissão de jornalista e cursar a faculdade de História. Nesse também manifestou contra a visita de Nelson Rockfeller ao Brasil.

Prisão e morte

Com 23 anos, depois de regressar de uma viagem à França feita para estreitar contatos com a IV Internacional, foi preso sem acusações dos órgãos repressivos na casa de sua mãe, em Santos, no dia 15 de julho de 1971. Levado para o DOI-CODI de São Paulo, na Rua Tutóia, foi, conforme o livro Direito à Memória e à Verdade, editado pela Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos do Ministério da Justiça, “torturado por cerca de 24 horas ininterruptas e abandonado sem tratamento médico numa solitária, a chamada ‘cela-forte’, ou ‘x-zero’ “ (Brasília, 2007, pp. 169-170).

De acordo com presos políticos companheiros que viram seu estado após as torturas, como Eleonora de Oliveira Soares, Ricardo Prata Soares, Lauriberto Junqueira Filho e principalmente Guido Rocha, que esteve com ele na cela, Merlino sofreu fortes lesões e gangrena generalizada. Depois de ter seu estado agravado, foi levado ao Hospital Geral do Exército, onde veio a morrer em 19 de Julho de 1971.

Em 20 de julho a família recebeu a notícia de que ele tinha se suicidado, jogando-se embaixo de um carro na BR-116, na altura de Jacupiranga, quando estaria sendo conduzido ao Rio Grande do Sul para “reconhecer” companheiros. O laudo necroscópico atestando essa versão foi assinado pelos médicos legistas Isaac Abramovitc e Abeylard de Queiroz Orsini. Uma segunda versão dada pelos órgãos repressivos é a de que ele teria morrido por "auto-atropelamento". Porém, seus familiares localizaram o corpo, após uma longa espera, no IML de São Paulo, com marcas de tortura, em uma gaveta, sem nome.

Depois disso o caixão foi entregue à família lacrado. Diversos militantes denunciaram, na Justiça Militar e em várias ocasiões, sua tortura e seu abandono, particularmente Guido Rocha.

Ver também

Referências

1. Livro "Direito à Memória e à Verdade"

2. Caderno de Combate pela Memória: Merlino presente!

3. http://www.desaparecidospoliticos.org.br/pessoa.php?id=138&m=3