Lúcio Cornélio Cipião Asiático Asiageno: diferenças entre revisões

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{{Ver desambig||Lúcio Cornélio Cipião}}
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'''Lúcio Cornélio Cipião Asiático Asiageno''' (em [[latim]]: ''Lucius Cornelius L. f. L. n. Scipio Asiaticus Asiagenus'') foi um político e militar da [[República Romana]].
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'''Lúcio Cornélio Cipião Asiático Asiageno''' ({{lang-la|''Lucius Cornelius Scipio Asiaticus Asiagenus''}}) foi um político da família dos [[Cipiões]] da [[gente (Roma Antiga)|gente]] [[Cornélios|Cornélia]] da [[República Romana]] eleito [[cônsul romano|cônsul]] em 83 a.C. com [[Caio Norbano Balbo]]. Asiageno era bisneto de [[Cipião Asiático]]<ref>(Lovano, 2002), pág. 112</ref>, cônsul em 193 a.C., e um dos mais proeminentes políticos da facção dos ''[[populares]]''.


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De linhagem nobre e irrepreensível, era bisneto do general que venceu [[Antíoco II Theos|Antíoco II]] na [[Batalha de Magnésia]], [[Lúcio Cornélio Cipião Asiático]].<ref>(Lovano, 2002), pág. 112</ref>
| header = [[Denario serrato]]
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| image = File:L Scipio Asiagenus 106 BC Serrate Denarius 866252.jpg
| caption_left = Testa Laureata di Giove
| caption_right = Giove che guida una quadriga. In esergo L. SCIP. ASIAG.
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| footer = AR 19mm, 4.01 g, 5h. Zecca di Roma.
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== Primeiros anos ==
É mencionado pela primeira vez em [[100 a.C.]], quando se alçou em armas com os demais membros do [[senado romano|Senado]] contra [[Lúcio Apuleio Saturnino]].<ref>[[Cícero]], pro Rabir. Perd. 7</ref> Em [[90 a.C.]], durante a [[Guerra Social (91–88 a.C.)|Guerra Social]], serviu como legado no [[exército romano]] escapando com dificuldade de Esérnia disfarçado de escravo durante o cerco da cidade efetuado pelo general italiano ''Vettius Scato''.<ref>[[Apiano]], De bellis civilibus, livro i. 41</ref> Em [[88 a.C.]], à morte do grande senador e [[príncipe do senado]], [[Marco Emílio Escauro]], sucedeu-o como [[áugure]]. Provavelmente desempenhou a [[pretor|pretura]] em [[86 a.C.]] e obteve a [[administração provincial romana|província]] [[propretor]]iana da [[Macedônia (província romana)|Macedônia]] ([[85 a.C.]]—[[84 a.C.]]) desde a qual combateu as tribos [[ilírios|ilírias]] e [[Trácia|trácias]]. Saqueou o [[Delfos|Santuário de Delfos]].
Asiático foi um magistrado monetário (''[[monetalis]]'' em 106 a.C. e, em 100 a.C., estava entre os senadores que lideraram o ataque ao [[tribuno da plebe|tribuno]] [[Lúcio Apuleio Saturnino]]<ref>[[Cícero]], ''Pro rabirio perduellionis reo''</ref>. Dez anos depois, serviu como [[legado]] na [[Guerra Social (91-88 a.C.)|Guerra Social]] e conseguiu escapar do [[cerco]] de [[Isérnia]] antes de ser capturado pelos [[sócio (Roma Antiga)|italianos]] rebelados contra Roma.


Em 88 a.C., foi admitido no [[Colégio dos Áugures]] no lugar de [[Marco Emílio Escauro (cônsul em 115 a.C.)|Marco Emílio Escauro]], o [[príncipe do senado]] morto no ano anterior. Em 85 a.C., serviu como [[propretor]] na [[província romana|província]] da [[Macedônia (província romana)|Macedônia]], lutando contra diversas tribos [[ilírios|ilírias]] e [[trácios|trácias]]. Saqueou o [[Templo de Apolo (Delfos)|Santuário de Delfos]].
Pertencente ao partido de Caio Mário durante a guerra civil, em [[83 a.C.]] foi designado [[cônsul romano|cônsul]] junto a [[Caio Norbano Balbo]]. Quando [[Lúcio Cornélio Sula]] regressou à [[Itália]], Asiageno foi enviado a sul da península para o conter. Contudo, Asiageno foi derrotado, as suas tropas mudaram ao bando de Sula, e ele próprio foi capturado junto ao seu filho Lúcio, embora foi liberto por Sula pouco depois; contudo, em [[82 a.C.]] foi banido, após o qual fugiu para [[Marselha|Massilia]], onde passou o resto de vida.


== Consulado (83 a.C.) ==
Teve também uma filha que se casou com Públio Séstio.<ref>Apiano, De bellis civilibus livro i. 82, 85, 86; [[Plutarco]] Sula 28, Sertório 6, [[Tito Lívio]], Epítome 85; [[Floro]] iii 21; [[Orósio]], Histórias livro v. 21, Cícero; Philippicae livro xii. 11, livro xiii. 1; Cícero pro Sextus 3</ref> Cícero fala favoravelmente dos dotes de oratória de Asiageno.<ref>Cícero, Epistulae ad Brutum 47</ref>
Em 83 a.C., Asiático foi eleito cônsul com [[Caio Norbano]] e os dois organizaram um exército para tentar impedir a marcha de [[Sula]], que havia acabado de desembarcar em [[Brundísio]] com seus veteranos e estava tentando reunir seus aliados da facção dos ''[[optimates]]'', contra a capital romana, sob o comando dos ''populares'' desde o final de 87 a.C..


Nesta campanha, os dois cônsules decidiram liderar seus próprios exércitos na [[Campânia]]. Assim, enquanto Cipião montou seu acampamento perto de [[Teano]], Norbano seguiu para [[Cápua antiga|Cápua]]. Sula atacou primeiro o exército de Norbano, que, às custas de cerca de {{fmtn|7000}} homens, conseguiu se refugiar no interior da muralha de Cápua. Sula em seguida marchou até Teano, propondo uma trégua a Cipião, que rapidamente aceitou na esperança de ganhar tempo para coordenar suas forças com as de Norbano e de [[Quinto Sertório]]. Contudo, quando Cipião acreditou estar pronto para romper a trégua com Sula, seu exército, que já vinha se confraternizando com os veteranos dele, se revoltou alegando que seu próprio general havia rompido um armistício ilegalmente<ref name="Theodor Mommsen p. 9">''Theodor Mommsen, ''Storia di Roma Vol. VI'', Cap. 9, Par. 17 ''</ref> e desertou em massa para o campo de Sula.
{{Referências}}
{{citação2|...neste ínterim, os soldados dos dois campos se misturaram; os de Sula, premiados por seu general com bastante dinheiro, convenceram os recrutas, já sem muita convicção de combater, em meio às [[libação|libações]], que melhor seria se fossem companheiros e não inimigos. Sertório, em vão, exortou o general para que ele encerrasse esta perigosa reunião. Contudo, o acordo, que parecia próximo, não aconteceu; Cipião denunciou a trégua. Mas Sula defendeu que era tarde demais e que o tratado já estava firmado; e, por isto, os soldados de Cipião, sob o pretexto de que seu general havia rompido ilegalmente uma trégua, passaram em massa para as fileiras inimigas. A cena terminou com um abraço geral, que contou com o apoio dos oficiais do exército revolucionário.|[[Theodor Mommsen]], ''Storia di Roma Vol. VI'', Cap. 9, Par. 17}}
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Sula então obrigou Cipião a se render, a renunciar ao seu próprio cargo de cônsul e o deixou seguir livre. No momento em que seu viu livre, Cipião renegou todas as suas promessas, reassumiu as [[insígnia]]s de seu consulado e tentou, sem sucesso, reconstruir seu exército<ref name="Theodor Mommsen p. 9"/>. No ano seguinte, Cipião estava entre os [[Sula#Proscrição|proscritos]] de Sula, mas, em virtude do poder de sua própria família, conseguiu se salvar seguindo para um exílio em [[Massília]], onde morreu em data desconhecida.
== Bibliografia ==

* {{Citar livro
Teve uma filha que se casou com [[Públio Séstio]]<ref>[[Apiano]], ''[[De Bellis Civilibus]] I 82, 85, 86; [[Plutarco]], ''Sulla'' 28; ''Sertorius'' 6; [[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'' ''Epit. 85; [[Floro]] III 21; [[Paulo Orósio|Orósio]], ''Histórias'' V 21; [[Cícero]], ''Philippicae'' XII 11, XIII 1; ''Pro Sextus'' 3.</ref>. [[Cícero]] elogiou sua habilidade [[oratória]]<ref>[[Cícero]], ''Epistulae ad Brutum'' 47.</ref>.
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== Ver também ==
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== Bibliografia ==
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[[Categoria:Cornelii Scipiones]]
* {{citar livro| nome=T. Robert S.| sobrenome=Broughton| título=The Magistrates of the Roman Republic| subtítulo=Volume II, 99 B.C. - 31 B.C.| ano=1952| editora=The American Philological Association| número = | local=Nova Iorque |páginas=578| língua = inglês}}
* {{Citar livro| título=Sulla: The Last Republican | sobrenome=Keaveney | nome=Arthur | autorlink=Arthur Keaveney | outros=2ª edição revisada| situação=[[Londres]]| editorial=[[Routledge]] | ano=1982| isbn=978-04-153-3660-0}}
* {{Citar livro|sobrenome=Lovano |nome=Michael |autorlink=Michael Lovano |ano=2002|título=The Age of Cinna : Cruciable of Late Republican Rome |situação=[[Sttutgart]]|editorial=[[ Franz Steiner Veralg ]] |isbn=978-35-150-7948-3}}
* {{smithDGRBM|artigo=Lucius Cornelius Scipio Asiaticus|url=http://www.ancientlibrary.com/smith-bio/3081.html }}
* {{DNP|9|290||[I 9] P. Carbo, Cn.|Carolus Ludovicus Elvers}}
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[[Categoria:Cônsules da República Romana]]
[[Categoria:Cônsules da República Romana]]
[[Categoria:Propretores da República Romana]]
[[Categoria:Ano de nascimento desconhecido]]
[[Categoria:Magistrados monetários da Roma Antiga]]
[[Categoria:Ano de morte desconhecido]]
[[Categoria:Nascidos no século II a.C.]]
[[Categoria:Mortos no século I a.C.]]
[[Categoria:Romanos antigos do século II a.C.]]
[[Categoria:Romanos antigos do século I a.C.]]
[[Categoria:Primeira Guerra Civil de Sula]]
[[Categoria:Segunda Guerra Civil de Sula]]
[[Categoria:Populares (facção)]]
[[Categoria:Procônsules da Macedônia]]
[[Categoria:Procônsules da Macedônia]]
[[Categoria:Tribunos da plebe]]
[[Categoria:Áugures romanos]]
[[Categoria:Magistrados monetários da Roma Antiga]]
[[Categoria:Cornelii Scipiones]]
[[Categoria:Propretores da República Romana]]

Revisão das 01h57min de 26 de abril de 2016

 Nota: Para outros significados, veja Lúcio Cornélio Cipião.
Lúcio Cornélio Cipião Asiático Asiageno
Cônsul da República Romana
Consulado 83 a.C.

Lúcio Cornélio Cipião Asiático Asiageno (em latim: Lucius Cornelius Scipio Asiaticus Asiagenus) foi um político da família dos Cipiões da gente Cornélia da República Romana eleito cônsul em 83 a.C. com Caio Norbano Balbo. Asiageno era bisneto de Cipião Asiático[1], cônsul em 193 a.C., e um dos mais proeminentes políticos da facção dos populares.

Predefinição:Coin image box 1 double

Primeiros anos

Asiático foi um magistrado monetário (monetalis em 106 a.C. e, em 100 a.C., estava entre os senadores que lideraram o ataque ao tribuno Lúcio Apuleio Saturnino[2]. Dez anos depois, serviu como legado na Guerra Social e conseguiu escapar do cerco de Isérnia antes de ser capturado pelos italianos rebelados contra Roma.

Em 88 a.C., foi admitido no Colégio dos Áugures no lugar de Marco Emílio Escauro, o príncipe do senado morto no ano anterior. Em 85 a.C., serviu como propretor na província da Macedônia, lutando contra diversas tribos ilírias e trácias. Saqueou o Santuário de Delfos.

Consulado (83 a.C.)

Em 83 a.C., Asiático foi eleito cônsul com Caio Norbano e os dois organizaram um exército para tentar impedir a marcha de Sula, que havia acabado de desembarcar em Brundísio com seus veteranos e estava tentando reunir seus aliados da facção dos optimates, contra a capital romana, sob o comando dos populares desde o final de 87 a.C..

Nesta campanha, os dois cônsules decidiram liderar seus próprios exércitos na Campânia. Assim, enquanto Cipião montou seu acampamento perto de Teano, Norbano seguiu para Cápua. Sula atacou primeiro o exército de Norbano, que, às custas de cerca de 7 000 homens, conseguiu se refugiar no interior da muralha de Cápua. Sula em seguida marchou até Teano, propondo uma trégua a Cipião, que rapidamente aceitou na esperança de ganhar tempo para coordenar suas forças com as de Norbano e de Quinto Sertório. Contudo, quando Cipião acreditou estar pronto para romper a trégua com Sula, seu exército, que já vinha se confraternizando com os veteranos dele, se revoltou alegando que seu próprio general havia rompido um armistício ilegalmente[3] e desertou em massa para o campo de Sula.

...neste ínterim, os soldados dos dois campos se misturaram; os de Sula, premiados por seu general com bastante dinheiro, convenceram os recrutas, já sem muita convicção de combater, em meio às libações, que melhor seria se fossem companheiros e não inimigos. Sertório, em vão, exortou o general para que ele encerrasse esta perigosa reunião. Contudo, o acordo, que parecia próximo, não aconteceu; Cipião denunciou a trégua. Mas Sula defendeu que era tarde demais e que o tratado já estava firmado; e, por isto, os soldados de Cipião, sob o pretexto de que seu general havia rompido ilegalmente uma trégua, passaram em massa para as fileiras inimigas. A cena terminou com um abraço geral, que contou com o apoio dos oficiais do exército revolucionário.
 
Theodor Mommsen, Storia di Roma Vol. VI, Cap. 9, Par. 17.

Sula então obrigou Cipião a se render, a renunciar ao seu próprio cargo de cônsul e o deixou seguir livre. No momento em que seu viu livre, Cipião renegou todas as suas promessas, reassumiu as insígnias de seu consulado e tentou, sem sucesso, reconstruir seu exército[3]. No ano seguinte, Cipião estava entre os proscritos de Sula, mas, em virtude do poder de sua própria família, conseguiu se salvar seguindo para um exílio em Massília, onde morreu em data desconhecida.

Teve uma filha que se casou com Públio Séstio[4]. Cícero elogiou sua habilidade oratória[5].

Ver também

Cônsul da República Romana
Precedido por:
Lúcio Cornélio Cina IV

com Cneu Papírio Carbão II

Caio Norbano
83 a.C.

com Lúcio Cornélio Cipião Asiático Asiageno

Sucedido por:
Caio Mário, o Jovem

com Cneu Papírio Carbão III


Referências

  1. (Lovano, 2002), pág. 112
  2. Cícero, Pro rabirio perduellionis reo
  3. a b Theodor Mommsen, Storia di Roma Vol. VI, Cap. 9, Par. 17
  4. Apiano, De Bellis Civilibus I 82, 85, 86; Plutarco, Sulla 28; Sertorius 6; Lívio, Ab Urbe Condita Epit. 85; Floro III 21; Orósio, Histórias V 21; Cícero, Philippicae XII 11, XIII 1; Pro Sextus 3.
  5. Cícero, Epistulae ad Brutum 47.

Bibliografia