Cidade Maurícia: diferenças entre revisões
acrecentei complementos gramaticais melhores |
|||
Linha 10: | Linha 10: | ||
[[Imagem:Alcacer da Boa Vista em Pernambuco.jpg|thumb|right|250px|Vista do Palácio da Boa Vista e da ponte sobre o Capibaribe durante o período holandês. Gravura do {{séc|XVII}}.]] |
[[Imagem:Alcacer da Boa Vista em Pernambuco.jpg|thumb|right|250px|Vista do Palácio da Boa Vista e da ponte sobre o Capibaribe durante o período holandês. Gravura do {{séc|XVII}}.]] |
||
Para conectar o istmo do Recife com a Ilha de Antônio Vaz à altura do Grande alojamento, foi construída uma ponte de madeira, inaugurada em 1643, antecessora da atual [[Ponte Maurício de Nassau]] e considerada a primeira ponte de grande porte construída em território brasileiro.<ref name="nome">Machado, Regina Coeli Vieira. ''[http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=623&Itemid=195 Ponte Maurício de Nassau]''. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife</ref><ref name="ANPUR">Amorim, Luiz Manuel do; Loureiro, Claudia. ''[http://www.anpur.org.br/revistas/ANPUR_v3n2.pdf O mascate, o bispo, o juiz e os outros: sobre a gênese morfológica do Recife]'' in Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 2000, n.3.</ref> |
Para conectar o istmo do Recife com a Ilha de Antônio Vaz à altura do Grande alojamento, foi construída uma ponte de madeira, inaugurada em 1643, antecessora da atual [[Ponte Maurício de Nassau]] e considerada a primeira ponte de grande porte construída em território brasileiro.<ref name="nome">Machado, Regina Coeli Vieira. ''[http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=623&Itemid=195 Ponte Maurício de Nassau]''. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife</ref><ref name="ANPUR">Amorim, Luiz Manuel do; Loureiro, Claudia. ''[http://www.anpur.org.br/revistas/ANPUR_v3n2.pdf O mascate, o bispo, o juiz e os outros: sobre a gênese morfológica do Recife]'' in Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 2000, n.3.</ref> |
||
Na parte norte da Ilha de Santo Antônio, Maurício de Nassau mandou construir um palácio residencial, o [[Palácio de Friburgo]] , com uma fachada flanqueada por duas altas torres.<ref name="FRIBURGO">Gaspar, Lúcia. ''[http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=638&Itemid=1 Palácio de Friburgo (Recife, PE)]''. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.</ref> O palácio era residência e despacho do conde, e as torres serviram de [[farol]] e até [[observatório astronômico]]. Na área ao redor do palácio foi plantado um jardim com árvores frutíferas e foi instalado um zoológico com animais nativos.<ref name="FRIBURGO" /> Já o outro palácio de Nassau, chamado [[Palácio da Boa Vista (Recife)|da Boa Vista]], localizava-se a leste da Ilha, às margens do [[rio Capibaribe]], e era uma residência de descanso. Concluído em 1643, era um edifício de planta quadrada com quatro pequenas torres nos cantos e um alto torreão central com telhado a quatro águas.<ref name="BOAVISTA">Gaspar, Lúcia. ''[http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=639&Itemid=1 Palácio da Boa Vista (Recife, PE)]''. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.</ref> Junto ao palácio foi construída outra ponte, antecessora da atual [[Ponte da Boa Vista]], que ligava a Ilha de Santo Antônio com o atual [[Boa Vista (Recife)|bairro da Boa Vista]] do Recife.<ref name="PONTEBOAVISTA">Gaspar, Lúcia. ''[http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=625&Itemid=195 Ponte da Boa Vista]''. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.</ref> |
Na parte norte da Ilha de Santo Antônio, Maurício de Nassau mandou construir um palácio residencial, o [[Palácio de Friburgo]] , com uma fachada flanqueada por duas altas torres.<ref name="FRIBURGO">Gaspar, Lúcia. ''[http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=638&Itemid=1 Palácio de Friburgo (Recife, PE)]''. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.</ref> O palácio era residência e despacho do conde, e as torres serviram de [[farol]] e até [[observatório astronômico]]. Na área ao redor do palácio foi plantado um jardim com árvores frutíferas e foi instalado um zoológico com animais nativos.<ref name="FRIBURGO" /> Já o outro palácio de Nassau, chamado [[Palácio da Boa Vista (Recife)|da Boa Vista]], localizava-se a leste da Ilha, às margens do [[rio Capibaribe]], e era uma residência de descanso. Concluído em 1643, era um edifício de planta quadrada com quatro pequenas torres nos cantos e um alto torreão central com telhado a quatro águas.<ref name="BOAVISTA">Gaspar, Lúcia. ''[http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=639&Itemid=1 Palácio da Boa Vista (Recife, PE)]''. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.</ref> Junto ao palácio foi construída outra ponte, antecessora da atual [[Ponte da Boa Vista]], que ligava a Ilha de Santo Antônio com o atual [[Boa Vista (Recife)|bairro da Boa Vista]] do Recife.<ref name="PONTEBOAVISTA">Gaspar, Lúcia. ''[http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=625&Itemid=195 Ponte da Boa Vista]''. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.</ref> |
Revisão das 19h00min de 21 de setembro de 2016
Cidade Maurícia, também Mauriciópolis ou, em neerlandês, Mauritsstad, foi o nome de uma parte da cidade do Recife durante o período do Brasil holandês. Maurícia foi construída a partir de 1638 na Ilha de Antônio Vaz pelo conde João Maurício de Nassau-Siegen, à época governador colonial de Pernambuco. A designação "Cidade Maurícia" que persistiu até 1654, ano da expulsão dos holandeses pelos luso-brasileiros.[1]
História
Após a conquista de Oliveira nda (1790), os holandeses decidiram queimar a vila e instalar-se no istmo do Recife, que funcionava como porto de Olinda e tinha melhores condições para a defesa e comércio.[2] A administração da região ficou a cargo da Companhia das Índias Ocidentais, que passou a controlar o lucrativo comércio do açúcar produzido pelos engenhos de Pernambuco.
Com o súbito aumento da população do Povo do Arrecife, como era chamado o povoado do istmo, os holandeses planejaram ocupar a Ilha de Antônio Vaz, localizada nas cercanias. À época da invasão, a Ilha de Antônio Vaz abrigava apenas o Convento de Santo Antônio e umas poucas casas ao redor. Na década de 1630 os holandeses construíram duas fortalezas na ilha: o Forte Ernesto, levantado no lugar do antigo convento, e o Forte Frederico Henrique , ou Forte das Cinco Pontas, localizado mais ao sul. Ao lado do Forte Ernesto havia uma área fortificada referida como Grande alojamento , que mais tarde daria origem à atual Praça Independência.[1][2] As muralhas eram feitas de terra e madeira, com alguns trechos reforçados com pedras.[2]
Em 1637, chegou a Pernambuco João Maurício de Nassau, que tomou a decisão de urbanizar a área da Ilha de Antônio Vaz entre os dois fortes. Um mapa datado de 1639, do chamado Atlas Vingboons, mostra os planos para a nova Cidade Maurícia, projeto atribuído ao arquiteto Pieter Post. Maurícia teria um traçado regular e um sistema de canais, fossos, trincheiras e fortificações, incorporando conceitos modernos de urbanismo e defesa como os que haviam sido aplicados nas reformas urbanas de Amsterdã no início do século XVII.[2] "Nova Maurícia" era chamada essa área planejada, localizada hoje no bairro de São José, para diferenciá-la da "Velha Maurícia", que correspondia à zona do antigo convento, hoje bairro de Santo Antônio. Não se sabe com exatidão quanto da Nova Maurícia chegou a ser efetivamente construída.[1] Um inventário urbano de 1654 realizado pelos portugueses mostra que, naquele ano, a maioria das edificações da cidade localizava-se na Velha Maurícia.[1]
Para conectar o istmo do Recife com a Ilha de Antônio Vaz à altura do Grande alojamento, foi construída uma ponte de madeira, inaugurada em 1643, antecessora da atual Ponte Maurício de Nassau e considerada a primeira ponte de grande porte construída em território brasileiro.[3][4]
Na parte norte da Ilha de Santo Antônio, Maurício de Nassau mandou construir um palácio residencial, o Palácio de Friburgo , com uma fachada flanqueada por duas altas torres.[5] O palácio era residência e despacho do conde, e as torres serviram de farol e até observatório astronômico. Na área ao redor do palácio foi plantado um jardim com árvores frutíferas e foi instalado um zoológico com animais nativos.[5] Já o outro palácio de Nassau, chamado da Boa Vista, localizava-se a leste da Ilha, às margens do rio Capibaribe, e era uma residência de descanso. Concluído em 1643, era um edifício de planta quadrada com quatro pequenas torres nos cantos e um alto torreão central com telhado a quatro águas.[6] Junto ao palácio foi construída outra ponte, antecessora da atual Ponte da Boa Vista, que ligava a Ilha de Santo Antônio com o atual bairro da Boa Vista do Recife.[7]
Após a expulsão dos holandeses, em 1654, o nome de "Cidade Maurícia" foi abandonado e a Ilha passou a ser chamada "Povoado de Santo Antônio".[1] Muitas terras e bens foram restituídos aos antigos donos luso-brasileiros. O Convento de Santo Antônio, por exemplo, foi devolvido aos franciscanos e os baluartes do Forte Ernesto, que o cercavam, foram demolidos.[1] A igreja dos calvinistas foi doada à Companhia de Jesus[1] e o Palácio da Boa Vista foi doado aos frades carmelitas, que ali edificaram seu convento. O desenvolvimento urbano posterior do Povoado de Santo Antônio alterou a traça regular projetada pelos holandeses, progredindo de maneira mais espontânea e organizada ao redor das edificações religiosas. Um total de 14 edifícios religiosos foram levantados na Ilha entre a segunda metade do século XVII e o início do século seguinte, edifícios estes que ajudaram a organizar a malha urbana com seus adros e pátios.[1]
Referências
- ↑ a b c d e f g h Neves, A.L.; Mendonça Júnior, J.L. Os edifícios religiosos e a estrutura urbana dos bairros de Santo Antônio e São José – 1654-1800. Humanae, v.1, n.1, 2007.
- ↑ a b c d Mota Menezes, J.L. O Urbanismo Holandês no Recife - Permanências no Urbanismo Brasileiro. Urbanismo de origem portuguesa. n.4, 2000.
- ↑ Machado, Regina Coeli Vieira. Ponte Maurício de Nassau. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife
- ↑ Amorim, Luiz Manuel do; Loureiro, Claudia. O mascate, o bispo, o juiz e os outros: sobre a gênese morfológica do Recife in Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 2000, n.3.
- ↑ a b Gaspar, Lúcia. Palácio de Friburgo (Recife, PE). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.
- ↑ Gaspar, Lúcia. Palácio da Boa Vista (Recife, PE). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.
- ↑ Gaspar, Lúcia. Ponte da Boa Vista. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.
Bibliografia
- Neves, A.L.; Mendonça Júnior, J.L. Os edifícios religiosos e a estrutura urbana dos bairros de Santo Antônio e São José – 1654-1800. Humanae, v.1, n.1, p. 1-13, Set 2007.
- José Luiz Mota Menezes. O Urbanismo Holandês no Recife - Permanências no Urbanismo Brasileiro. Urbanismo de origem portuguesa. n.4, 2000.
- Amorim, Luiz Manuel do; Loureiro, Claudia. O mascate, o bispo, o juiz e os outros: sobre a gênese morfológica do Recife in Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 2000, n.3, nov., p. 19-38.