Estilo Mar del Plata

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Um típico chalé marplatense

O Estilo Mar del Plata (em castelhano: Estilo Mar del Plata, chalet Mar del Plata ou chalet marplatense), é estilo arquitetônico argentino que foi muito popular entre 1935 e 1950, principalmente na cidade de Mar del Plata, mas também presente em outras cidades costeiras do país, como Miramar e Necochea.[1]

Origens[editar | editar código-fonte]

Exemplo precoce de Mar del Plata estilo

O estilo também é muitas vezes associado, na Argentina, com o californiano , outro tipo de casa vernacular parente do estilo das missões norte americanas.[2] As características marplatenses, no entanto, estão mais relacionadas com a arquitetura pitoresca, já popular entre a classe alta que costumava passar o verão nesta cidade entre os anos de 1910 e 1930, e com o estilo arts & crafts.[3][4] O precursor do estilo foi o engenheiro nascido na Itália Alula Baldassarini, que popularizou o uso da pedra nas fachadas em 1925. Alguns dos primeiros exemplares eram chamados de chalé inglês, um tipo de bangalô ou casa de campo, que floresceu entre 1925 e 1935.[5] Baldassarini também desenvolveu uma técnica conhecida como bastón roto (""graveto quebrado"), que consistia em tijolos de pedra retangulares dispostos irregularmente na vertical e horizontal.[6]

No início do século XX, a mobilidade social era muito mais dinâmica em Mar del Plata do que em Buenos Aires, permitindo o surgimento de uma forte classe média, com base em serviços turísticos, na indústria de construção e em um próspero comércio.[7] Durante este período surgiu um novo perfil urbano na cidade, não por um processo no qual as diretrizes eram projetados por tecnocratas, mas por um "democrático". Este é o ambiente no qual o estilo Mar del Plata surgiu.

O chalé marplatense tornou-se a materialização os ideais da classe média, ficando no meio termo entre as residências de praia da classe superior e a escala domética, tanto em relação ao sincretismo arquitetônico e social .[8] As casas também desenvolveram, entre os imigrantes, sentido de pertencimento ao seu novo país.[9]

A ascensão do estilo quebrou a hegemonia de Buenos Aires dentro cena arquitetônica da Argentina.

Características[editar | editar código-fonte]

Um chalé de dois andares, no estilo Mar del Plata, projetado por Raúl Camusso

Os chalés foram, primeiramente, produzidos por construtores que tinham uma grande experiência na construção de mansões de veraneio em estilo eclético, porém sem as habilidades de um verdadeiro técnico.[10] No entanto, a primeira geração de arquitetos de Mar del Plata, liderada por jovens profissionais como Auro Tiribelli, Alberto Córsico Piccolini, José V. Coll, Gabriel Barroso ou Raúl Camusso desempenhou um papel fundamental na consolidação do estilo.[11][12] Algumas fontes creditam Tiribelli como o criador deste tipo de casa.[13][14]

O chalé marplatense é uma tradução das principais características do ecletismo para um espaço doméstico: fachadas de pedra de quartzitotelhas de barro, telhados triangulares, lucarnas, janelas venezianas, chaminésquadros de madeira ornamentais, canteiros, jardins frontais, portas de ferro decoradas, beirais e varandas destacados.[15]

O arenito também é conhecido na Argentina como Piedra Mar del Plata,[16] devido tanto ao seu uso nas casas desse estilo quanto a abundância de pedreiras de arenito sudoeste da cidade.[17] Foi proposto que o arenito fosse indicado como Patrimônio Mundial de Recursos Mineirais.

Há a possibilidade de uma subcategorização dependendo do estilo principal no qual o chalé é baseado. Na verdade, Alberto Córsico Piccolini costumava caracterizar algumas de suas obras como normando simplificado, quando o projeto básico das casas apresentava algumas características da arquitetura normanda em escala residencial.[18]

O estilo levantou algumas críticas, principalmente porque sobrepunha quartos e espaços em um espaço reduzido.[19] Esta característica, no entanto, adiciona valor contextual para a paisagem urbana onde os chalés são agrupados de forma homogênea, geralmente como casas geminadas.[20]

O arquiteto e pesquisador Javier Sáez descreve este tipo de casa como uma "ostentação doméstica" da "casa dos seus sonhos". Ele cunhou a expressão "obscenidade doméstica".[21][22] Saéz também destacou que, em vez de um sincretismo, há um conflito entre a pretensão burguesas das fachadas e as plantas baixas obviamente feitas em escalas industriais.[23]

Preservação[editar | editar código-fonte]

Os bairros de La Perla, Stella Maris, Playa Grande, Punta Mogotes e Alfar hoje concentram a maioria das casa de estilo Mar del Plata. Estas áreas à beira-mar atraem muitos turistas da classe média, especialmente La Perla, assim, os chalés desempenhavam o duplo papel de casa no inverno e de casa de praia para aluguel na temporada de verão.[24] As residências mais antigas construídas em Sierra de los Padres, uma área montanhosa a 20 quilômetros da cidade, também são chalés em estilo Mar del Plata.[25] O crescimento do turismo desde a década de 1950, no entanto, coloca em risco a sobrevivência da tradicional arquitetura pitoresca em Mar del Plata, preterindo o chalé marplatense em favor de condomínios.[26]

Há uma agência municipal que fornece dedução do imposto de renda para os proprietários, tentando garantir a manutenção ou recuperação das casas e um manual com diretrizes de preservação, criado pelo arquiteto Lorena Marina Sánchez.[27]

O estilo dá uma identidade única para o ambiente urbano de Mar del Plata, e marca a sua evolução desde de um resort sazonal para uma cidade permanente.

Galeria[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Sáez, p. 273
  2. La ciudad que el Peronismo imaginó Arquivado em 1 de janeiro de 2017, no Wayback Machine. by Matilde Sánchez. Clarín, 1 October 2005 (em castelhano)
  3. Crespo & Cova, p. 91
  4. Aliata, Fernando (2004). Diccionario de arquitectura en la Argentina: Estilos, obras, biografías, instituciones, ciudades. Diario de Arquitectura de Clarín, p. 69. ISBN 950-782-422-7 (em castelhano)
  5. Sáez, p. 281
  6. Tandil y Mar del Plata: dos historias, dos ciudades, dos tipos de patrimonio modesto, by Lorena Marina Sánchez and Fernando Cacopardo. Arquitextos, May 2012 (em castelhano)
  7. Haumont, p. 169
  8. Haumont, p. 167
  9. Sáez, pp. 285-286
  10. Sáez, p. 274
  11. Patrimonio en riesgo Colegio de Arquitectos de la Provincia de Buenos Aires - issue #9, October 2005 (em castelhano)
  12. Crespo & Cova, p. 110
  13. Tiribelli's obituary, 5 May 2006 (em castelhano)
  14. «Arquitectura marplatense – ARQA». ARQA (em espanhol). Consultado em 10 de abril de 2016. Arquivado do original em 24 de abril de 2016 
  15. Sáez, p. 294
  16. Cravero, Fernanda et alia (8 de julho de 2014). «'Piedra Mar del Plata': An Argentine orthoquartzite worthy of being considered as a 'Global Heritage Stone Resource'». Geological Society, London. Consultado em 3 de abril de 2015 
  17. Quintas y canteras en Mar del Plata Mar del Plata.com (em castelhano)
  18. Patrimonio Arquitectónico Marplatense Arquivado em 6 de abril de 2016, no Wayback Machine. (em castelhano)
  19. Sáez, p. 301
  20. Una parte en el todo ciudadano: El Contextualismo La Nación, 25 April 2001 (em castelhano)
  21. Anales del Instituto de Arte Americano e Investigaciones (1992), Issues 29-32, p. 124 (em castelhano)
  22. Sáez, p. 293
  23. Sáez, p. 295
  24. Zuppa, Graciela (2001). Construcciones y representaciones en los nuevos escenarios de la naturaleza costera: Mar del Plata norte en sus orígenes. Londrina, Universidade Estadual de Londrina, p. 77. (em castelhano)
  25. «Paseo Sierra de los Padres de Mar del Plata». www.puntomardelplata.com.ar (em Spanish) 
  26. Sánchez (2008)
  27. Sánchez, Lorena Marina: Chaleterapia. Estructura administrativa municipal para la preservación de los chalecitos "estilo Mar del Plata" (em castelhano)

Ver também[editar | editar código-fonte]