Framadar

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Framadar ou framatar foi um título administrativo iraniano utilizado durante o Império Aquemênida, Império Arsácida e Império Sassânida.

História[editar | editar código-fonte]

O título tem sua origem no substantivo framātar (fra + tema = farman/framan "ordem" + sufixo de agente tar "que mantém"), que era utilizado em persa antigo nos títulos reais e era sempre acompanhado pela palavra paru-, "numerosos, muitos", o que levou os estudiosos a traduzirem-o como "mestre, senhor [de muitos]".[1] O título era usado como fórmula padrão pelos reis aquemênidas.[2] O termo passou para o parta na forma prmtr de modo a designar um ofício, provavelmente do diretor dos suprimentos públicos (vinho cevada, etc.) Esse título aparece num dos óstracos de Coxa-Tepe com datação para a primeira metade do século I.[3]

A evidência mais precoce deste títulos sob os sassânidas data do terceiro ano do Sapor I (r. 240–270) numa pequena inscrição ao lado de um altar em Barm-e Delak, próximo de Xiraz, na qual se menciona dois dignitários, o segundo dos quais é o framadar Vanames (Wahnām) (whn’m ZY prmtr).[4] Na inscrição trilíngue do Cubo de Zaratustra, gravada após a vitória de Sapor sob o imperador Valeriano (260), dois framadares são mencionados na lista de dignitários: Vonones (Wahunām), que é associado ao Vanames, e Sapor. Como a inscrição do cubo indica, havia dois titulares do mesmo ofício, e pode ser que havia mais, ao mesmo tempo.[5]

Este título é também encontrado num selo sassânida não datado que menciona um framadar vaspuragã (wāspuhragān). O termo pálavi vaspuragã foi utilizado para denotar a alta nobreza do Império Sassânida, as sete grandes famílias de origem parta. Valendo-se disso, Heinrich Hübschmann associou essa informação a "vaspuracã hamaracar" (em armênio/arménio: ւապւհրականհամանակար; romaniz.:wāspuhrakānhamanakar, em persa médio: wāspuhragān āmārgar, "coletor de impostos da alta nobreza"), um título citado pelo historiador armênio Sebeos.[6] Além disso, no centro do mesmo selo há a inscrição sphʾn (Ispaã), o que indica que esta era a sede do framadar e que, caso Hübschmann esteja certo, o oficial amargar era seu assistente.[5]

Segundo certos textos pálavis, ele também reteve importante posição dentro do clero zoroastrista.[7][8] Cita-se o "diretor (framadar) da comunidade de sacerdotes de Fars"[9] que parece ter sido um funcionário do alto-escalão do clero zoroastrista e provavelmente também alguns certos funcionários civis e sacerdotes mazdeístas que administravam os benefícios.[5]

Referências

  1. Kent 1950, p. 198.
  2. Kent 1950, p. 142, 147-148, 150.
  3. Livshits 1977, p. 179.
  4. Skjærvø 1992, p. 159.
  5. a b c Chaumont 2000, p. 125-126.
  6. Hübschmann 1897, p. 80.
  7. Hübschmann 1897, p. 183.
  8. West 1882, p. 152 e 276.
  9. West 1882, p. 152.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Hübschmann, Johann Heinrich (1897). Armenische Grammatik I. Armenische Etymologie. Lípsia: Druck und Verlag von Breitkpf & Hartel 
  • Kent, Roland Grubb (1950). Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Heaven, Connecticut: American Oriental Society 
  • Livshits, V. A. (1977). «New Parthian Documents from South Turkmenistan». AAASH: 157-85 
  • Skjærvø, P. O. (1992). «L'Inscription d'Abnūn et l'imparfait en moyen-perse». Stud .Ir. 21: 153-60 
  • West, E. W. Sacred Books of the East Vol. 18. Pahlavi Texts II. Oxford: Oxford University Press