Galeto Lisboa

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Entrada do restaurante e snack-bar Galeto na Avenida da República 14, em Lisboa.

O Galeto é um tradicional snack-bar e restaurante localizado na Avenida da República, na cidade de Lisboa, em Portugal, cuja arquitetura e história contribuem à notoriedade do estabelecimento, pelo que é considerado um dos mais tradicionais da cidade.

História[editar | editar código-fonte]

O estabelecimento foi fundado em 29 de julho de 1966 por seis sócios originários do Norte do País e emigrados no Brasil, Arlindo Gonçalo, Isidro Moreira, Arlindo de Castro, António Ferreira, Manuel Gaspar e António de Oliveira.[1] Lá ganharam projeção com diversos restaurantes tradicionais no Rio de Janeiro, que decidiram regressar a Portugal e juntar-se na fundação e participação num negócio de restauração.

Arquitetos Victor Palla e Bento d’Almeida junto aos sócios do “Galeto”, no dia da inauguração, 29 de julho de 1966.

Além disso, a fim de estimular o turismo, a construção do Galeto estaria relacionada a um investimento da construção de um hotel, que nunca chegaria a acontecer.[2]

Dentre os trinta snack-bars projetados pelos arquitetos, Joaquim Bento d’Almeida (1918-1997) e Víctor Palla (1922-2006), o estabelecimento também se encontra nesta lista, ao passo que, atualmente, é o único cujo desenho permanece como o original e que se mantém em funcionamento.

O ambiente do salão conta com capacidade para 125 pessoas, e, na cave, o restaurante com 78 lugares, além duma média de 150 funcionários.

A arquitetura é composta por paredes de madeira maciça com formas talhadas, balcões de madeira envernizada com dezanove lugares, cadeiras de balcão giratórias e um letreiro iluminado à entrada com o nome do snack-bar e restaurante nas cores vermelho e azul.

Na altura da inauguração, estes detalhes arquitetónicos foram considerados modernos, pois havia um maior contacto entre os funcionários e os clientes que se encontravam diretamente, os clientes deixaram de ser divididos por mesas, mas abrigados paralelamente e não havia uma regra geométrica absoluta entre a disposição dos assentos.[2] Algo que, no contexto do Estado Novo, potenciou mutações socioculturais, pois reforçava uma ideia de unidade, devido à confluência entre pessoas de diversos tipos sociais, a uma convivência mais participativa e menos hierarquizada entre os clientes e os empregados e à intensa rotatividade do salão.

Propaganda da abertura do restaurante e snack-bar Galeto, em julho de 1966.

O horário de funcionamento d’O Galeto de 07:30h até 03:30h, pelo que as ementas abrangem desde o pequeno-almoço ao jantar, e os preços das refeições aumentam após às 22h.

Entretanto, o horário só foi estendido até às 3h30 por influência de Krus Abecassis, presidente da Câmara Municipal de Lisboa entre 1980 e 1989. Assim, a reputação do estabelecimento passa a estar associada às noites lisboetas.[1]

Ementas[editar | editar código-fonte]

O nome “Galeto” do estabelecimento, possivelmente atribuído por um dos fundadores, e um dos pratos principais das ementas disponíveis, refere-se a um prato típico da culinária italiana, embora seja especialmente popular na Região Sul do Brasil. Trata-se de frango jovem assado, geralmente temperado com ervas, e servido com acompanhamentos diversos.

As ementas subdividem-se em sobremesas, pratos e bebidas. A variedade de pratos encontra-se nos doze tipos diferentes de omeletas, a originalidade dos nomes dos gelados, como, por exemplo: Leviano, Capricho ou Monterosa e os combinados de hambúrgueres, tostas e batatas fritas acompanhadas de esparregado.

Gestão[editar | editar código-fonte]

Em 2007, após a morte do último sócio inicial do Galeto, António Oliveira, a gestão passou à sua filha, Romilda. Entretanto, devido à crise financeira e às obras do Metropolitano de Lisboa, a gestão do estabelecimento alterou-se novamente.

Atualmente, o único proprietário do Galeto é o empresário português Francisco Oliveira, descendente de um dos sócios iniciais, António de Oliveira.[1][3]

Legado[editar | editar código-fonte]

Dentre as personalidades da sociedade portuguesa que frequentaram o snack-bar e restaurante Galeto, destaca-se o atual presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, Mário Soares, ex-primeiro-ministro e ex-presidente da república portuguesa, o antigo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Krus Abecassi e Paulo Portas, político e jornalista português, quando dirigia o jornal O Independente.[4]

Em 2016, o Galeto recebeu a Distinção de Loja com História.

Em novembro de 2020, o Galeto teve um episódio na série Visita Guiada da RTP com a autoria da jornalista e apresentadora Paula Moura Pinheiro.[2]

Referências

  1. a b c Pires, Catarina (30 de agosto de 2023). «Galeto, 57 anos: "O que nós fazemos é utilidade pública".». Mensagem de Lisboa. Consultado em 17 de dezembro de 2023 
  2. a b c Moura Pinheiro, Paula (30 de novembro de 2020). «Snack-Bar Galeto, Lisboa - Visita Guiada - Magazines - RTP». Rádio e Televisão de Portugal. Consultado em 17 de dezembro de 2023 
  3. Le Mans, Patrícia (22 de fevereiro de 2023). «Uau! Fui ao Galeto e vim a sorrir de felicidade». Observador. Consultado em 18 de dezembro de 2023 
  4. Ferreira de Almeida, Cristina (26 de julho de 2016). «Anos 60 ao vivo no Galeto». Correio da Manhã. Consultado em 18 de dezembro de 2023