Ganerreçu

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Ganerreçu
Arroçu de Abomei (?)
Reinado século XVII
Antecessor(a) Dobagri-Donu
Sucessor(a) Dacodonu
 

Ganerreçu[a] (em fom: Gane(y)hesu), de acordo com a tradição fom do Reino de Daomé, foi um nobre de Abomei, no atual Benim, no século XVII. Era filho e herdeiro aparente do arroçu Dobagri-Donu. Com sua morte, Ganerreçu foi a Aladá, onde foi enterrado o corpo de seu pai junto dos ancestrais, para ser sagrado rei, buscar certas relíquias ou receber as escarificações faciais de Agassu. Em sua ausência, seu irmão mais novo Dacodonu tomou o trono.[1]

Símbolos e lema[editar | editar código-fonte]

Ganerreçu tinha um pássaro, um tambor e uma clava como símbolo. Seu lema era que ele era o maior pássaro e tambor sonoro, que ninguém pode impedi-lo.[2]

Instalação em Abomei[editar | editar código-fonte]

Segundo a tradição oral, os ajás foram conduzidos a Aladá pelo rei Agassu da cidade de Tadô. Agassu era filho de uma princesa de Tadô e de um leopardo (ou, em algumas versões, de um bravo caçador iorubá).[3] Quando Agassu tentou dominar Tado, ele foi derrotado e, em vez disso, mudou-se com seus seguidores para fundar a cidade de Aladá.

Por volta de 1600, três irmãos (dois em algumas versões) da linhagem de Agassu disputaram a sucessão ao trono e foi decidido que cada um estabeleceria um novo território. O acordo foi alcançado em Huebô de que Teabanlim fundaria um estado no que hoje é Porto-Novo, outro filho assumiria o controle em Aladá e Dô-Aclim se estabeleceria no planalto de Abomei ao norte.[4] Diz-se que Dô-Aclim trouxe presentes significativos para a população local e assim foi permitido viver entre eles, a mistura da população local com o Ajá de Aladá criou o novo grupo étnico, os fons.[3]

O filho de Dô-Aclim (ou neto em algumas versões) Dacodonu tornou-se o fundador do palácio e do reino de Daomé por volta de 1640 ao derrotar um chefe local. O antropólogo J. Cameron Monroe afirma que as conexões da linhagem com a realeza em Aladá são provavelmente uma criação posterior usada para legitimar a conquista de Aladá e outros aspectos como a rivalidade do Daomé com Porto-Novo.[4]

Notas[editar | editar código-fonte]

[a] ^ Nei Lopes equivale foneticamente /h/ com /rr/ e /s/ sucedido por vogal com /ç/ como em arroçu (ahosu).[5]

Referências

  1. Silva 2002, p. 597.
  2. Claffey, Patrick (2007). Christian Churches in Dahomey-Benin: A Study of Their Socio-Political Role (em inglês). [S.l.]: BRILL 
  3. a b Halcrow, Elizabeth M. (1982). Canes and Chains: A Study of Sugar and Slavery (em inglês). [S.l.]: Heinemann 
  4. a b Monroe, J. Cameron (2011). "In the Belly of Dan: Space, History, and Power in Precolonial Dahomey". Current Anthropology. 52 (6): 769–798
  5. Lopes 2005, p. 147.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Lopes, Nei (2005). Kitábu. O livro do saber e do espírito negro-africanos. Rio de Janeiro: Senac Rio 
  • Silva, Alberto da Costa e (2002). A Manilha e o Libambo - A África e a Escravidão, de 1500 a 1700. Rio de Janeiro: Nova Fronteira