Jaime Lobo e Silva

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Jaime Lobo e Silva
Nascimento 9 de novembro de 1875
Ericeira, Portugal
Morte 11 de setembro de 1943 (68 anos)
Ocupação Músico, escritor

Jaime Lobo e Silva (Ericeira, 9 de novembro de 187511 de setembro de 1943) foi um músico e escritor português.[1]

Vida[editar | editar código-fonte]

Jaime Lobo e Silva passou a sua infância na Ericeira. A 6 de Maio de 1895 estava na recruta militar, onde foi ocupar o cargo de aprendiz de música no Regimento de Infantaria 5. A 3 de Novembro de 1898 estava no Regimento 2 de Caçadores da Rainha. A partir de 1900, e até à sua morte, em 1943, permaneceu na Ericeira, com exepção do período entre 1918 e 1925, em que trabalhou em Lisboa, na secretaria da Escola Académica e, a convite de Rafael Salinas Calado (1893-1962), trabalhou, pontualmente, na Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras. Jaime Lobo e Silva foi, até à sua morte, escrivão da Santa Casa da Misericórdia da Ericeira, sua terra natal. Exerceu várias actividades, entre outras, a de arquivista, arqueólogo, bibliógrafo, paliógrafo, e registava e vacinava crianças. Foi, desde 1900 até cerca de 1937, músico e colaborador das várias filarmónicas que existiram na Ericeira, nomeadamente, copiando e transcrevendo inúmeras partituras para o uso dos respectivos músicos filarmónicos.

Jaime Lobo e Silva escreveu vários artigos para a revista «O Arqueólogo Português» [2] [3] [4] [5] Escreveu um folheto sobre o mobiliário do século XVIII, cuja autoria omitiu aquando da sua impressão. [6]

Foi correspondente, entre 1909 e 1916, do jornal «Mala da Europa» [7] onde escreveu crónicas de usos e costumes, bem como destacados eventos e inaugurações que surgiam da Ericeira. Neste jornal também colaboraram Manuel Arriaga, Teófilo Braga, e ainda Tomás Ribeiro. Foi igualmente correspondente do jornal "Gazeta de Torres". Em «A Ericeira na gazeta de Torres», Lobo e Silva, juntamente com Luís Palhano, escreveu acerca das elites e das instituições e associações da história local, entre 1927 a 1933.[8]

Jaime Lobo e Silva trocou correspondência com várias personalidades da cultura da sua época, conforme nos chegou em documentação epistolar depositada no Arquivo-Museu da Santa Casa da Misericórdia da Ericeira. Entre eles constam as personalidades de Patrocínio Ribeiro (1882-1923), António Bento Franco (1890-1960), António Fidélis da Costa (1872-1955), que assinava sob o pseudónimo de Ericio, Carlos Galrão (1857-1953), Alberto Augusto de Sousa (1880-1961), António Duarte Resina, Rafael Salinas Calado (1893-1962), Félix Alves Pereira (1865-1936), José Maria Cordeiro de Sousa (1886-1968), Ludovico de Menezes (1860-1949), Joaquim de Carvalho (1892-1958), Carlos da Silva Lopes (1904-1978), Julião Palhano, Jorge Fino, e Horácio Rubim Gorjão, entre outros.

Em Julho de 1995 o seu nome foi dado a uma casa da cultura sita na Rua Mendes Leal na Ericeira.

Jaime Lobo e Silva era conhecido carinhosamente por Mestre Jaime, devido à sua actividade enquanto músico filarmónico. Mestre Jaime escreveu e publicou, em vida, o livro Anais da Vila da Ericeira. Primeiramente, os Anais foram publicados na revista O Instituto (1932),[9] [10] [11] e só depois, então, como separata (1933).[12]

Eis alguns dos principais escritos de Mestre Jaime:

  • «Anais da vila da Ericeira», 1933, onde o autor fez o registo cronológico dos acontecimentos referentes à vila da Ericeira entre 1229 e 1943.[13]
  • «Tia Maria Ásquinha», um conjunto de narrativas onde Lobo e Silva descreve com detalhe alguns personagens da época como é o caso de "o Boi Caraça", do Veloso, do Bibem, entre outros.[14]
  • «Na roda do ano» relata a Ericeira do século XIX. Mestre Jaime descreveu com minúcia os usos e costumes da vila pitoresca, passando pelas festas religiosas e profanas da Ericeira.[15]
  • «Na banda da minha terra», refere-se aos fundadores da filarmónica, sendo eles, Joaquim Elisário Ferreira, António da Costa Batalha e Frei Vicente de São Joaquim Rodrigues Costa. Deixou também registado os maestros (mestres) da banda, como foi o caso de «Parnau» de « Catolicão » e de «Pataco», entre outros. Registou também a fundação de várias filarmónicas, fanfarras e orquestras, descreveu os uniformes, e defendeu os músicos, enquanto classe mal-compreendida pelo público em geral.[16]
  • «A vida quotidiana nos começos da 1ª Républica» [17] inclui textos introdutórios e reúne breves noticias da vila. [18]
  • "A Ericeira na Gazeta de Torres: 1927-1933".[8]
  • "Memórias de Um Escrivão" que inclui um conjunto diversificado de textos de Mestre Jaime, desde contos regionais até aos elementos que se referem à História da Ericeira, sua população, igrejas e ermidas, alfândega e capitania do porto, comércio e indústria, sociedades recreativas, entre outros textos.[19]

Mestre Jaime tinha muitos amigos, um deles era Alberto de Sousa, o pintor jagoz que mais tarde pintou o amigo. A aguarela está exposta na Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva.

Obra de Jaime Lobo e Silva[editar | editar código-fonte]

1- Anais da Vila da Ericeira

2- Memórias de Um Escrivão (Na Roda do Ano, A Filarmónica, Tia Maria Asquinha...)

3- Artigos de O Arqueólogo Português (1909, 1914-1915, 1918)

4- Mobiliário do Século XVIII (1943, sem indicação de autoria)

5- Colecção de Textos de Imprensa da Mala da Europa (1909-1916)

6- Colecção de Textos de Imprensa da Gazeta de Torres (1929-1931)

7- Textos de Imprensa Avulsos (1924; 1933)

8- Cópia de Fragmentos do Diário do professor Joaquim Elisiário Ferreira (1915)

9- Biografias da Ericeira (1940)

10- Correspondência (ca. 50 cartas)

11- Transcrições Paleográficas

12- Transcrições Musicais (Arquivo-Museu SCME e Filarmónica Cultural da Ericeira)

Bibliografia Impressa de Jaime Lobo e Silva[editar | editar código-fonte]

  • Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1909), “Das eleições dos officios de justiça no século XVI”, O Arqueólogo Português, vol. XIV, pp. 320-324, Set.-Dez., Imprensa Nacional.
  • Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1914), “Extractos do arquivo da Paróquia de S. Pedro da Ericeira”, O Arqueólogo Português, vol. XIX, pp. 362-365, Imprensa Nacional.
  • Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1915/1914), “Extractos do arquivo da Paróquia de S. Pedro da Ericeira”, O Arqueólogo Português, vol. XX, pp. 271-274, Julho a Dezembro, nº 7 a nº 12, Imprensa Nacional.
  • Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1918), “Documentos da Ericeira”, O Arqueólogo Português, vol. XXIII, pp. 76-77, Imprensa Nacional.
  • Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1924), “O Grande Casino da Ericeira”, Diário de Notícias, 19 de Agosto.
  • Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1931), “O Tenente Gomes da Costa”, in Carlos Gomes da Costa (compl.), A Vida Agitada do Marechal Gomes da Costa: Documentário da Vida do Grande Soldado, prefácio de H. Paiva Couceiro, 2 Volumes, Volume I, pp. 17-21, Lisboa, Francisco Franco.
  • Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1933), “Suplemento Noticioso”, in O Filarmónico: Quinzenário Musical, Janeiro, director: João P. Mineiro, Fundado em 1909.
  • Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1985/1933), Anais da Vila da Ericeira, 2ª edição, Câmara Municipal de Mafra.
  • [Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e] (1943), Mobiliário do Século XVIII, Lisboa, Sociedade Industrial de Tipografia.
  • Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1946), “Filarmónicas de Portugal: Ericeira”, in Freitas, Pedro de, História da Música Popular em Portugal, pp. 428-432, Lisboa, Tipografia da Liga dos Combatentes da Grande Guerra.
  • Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1989), Na Roda do Ano, Edição O acontecimento.
  • Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1993), A Banda da Minha Terra, Acontecimento. [pp. 9-42].
  • Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1995), Tia Maria Ásquinha, Acontecimento.
  • Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1996), A Vida Quotidiana na Ericeira nos Começos da I República, Mar de Letras Editora.
  • Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e Palhano, Luís (2006), A Ericeira na Gazeta de Torres 1927-1933, Mar de Letras Editora.
  • Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (2016), Memórias de Um Escrivão, Mar de Letras Editora. [20]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Franco, António Bento (1943), "Jayme de Oliveira Lobo e Silva", O Concelho de Mafra, 19 de Dezembro, Ano XI, n.º 380, p. 1 e 4.
  • Franco, António Bento (1944), Jayme de Oliveira Lobo e Silva, Boletim da Comissão de Arte e Arqueologia, Fascículo 2, Câmara Municipal de Mafra.
  • Gorjão, Horácio Rubim (1943), "Jayme d' Oliveira Lobo e Silva", in A Voz, 21 de Outubro.
  • Gorjão, Horácio Rubim (1944), “A Ericeira prestou Homenagem à Memória de Jayme de Oliveira Lobo e Silva”, in A Voz, 12 de Setembro.
  • Gorjão, Horácio Rubim (1948), “Jayme d'Oliveira Lobo e Silva: Uma Figura Inesquecível”, in O Concelho de Mafra, 17 de Outubro, Ano XVI, nº 496, p. 1 e p. 4
  • Gorjão, Horácio Rubim (1956), "Mestre Jayme", in O Concelho de Mafra, Dezembro, Ano XXIV, n.º 620.
  • Marrão, Joaquim (1995), "Biografia de Jaime de Oliveira Lobo e Silva", in Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva, Câmara Municipal de Mafra, pp. 121-124.
  • Marrão, Joaquim (2009), "Jaime de Oliveira Lobo e Silva: Biografia", in Pedras Soltas, Mar de Letras Editora, pp. 46-50.
  • Pereira, Amadeu Duarte (1996), "Aviso ao Leitor e Breve Nota Biográfica de Jaime d' Oliveira Lobo e Silva", in A Vida Quotidiana na Ericeira nos Começos da I República, Mar de Letras Editora, pp. 17-22.
  • Pereira, Amadeu Duarte (2016), "Palavras Minhas", in Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (2016), Memórias de Um Escrivão, Mar de Letras Editora, pp. 9-11.

Referências

  1. Memória Portuguesa Biografia de Jaime Lobo e Silva
  2. Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1909), “Das eleições dos officios de justiça no século XVI”, O Arqueólogo Português, vol. XIV, pp. 320-324, Set.-Dez., Imprensa Nacional.
  3. Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1914), “Extractos do arquivo da Paróquia de S. Pedro da Ericeira”, O Arqueólogo Português, vol. XIX, pp. 362-365, Imprensa Nacional.
  4. Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1915/1914), “Extractos do arquivo da Paróquia de S. Pedro da Ericeira”, O Arqueólogo Português, vol. XX, pp. 271-274, Julho a Dezembro, n.º 7 a n.º 12, Imprensa Nacional.
  5. Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1918), “Documentos da Ericeira”, O Arqueólogo Português, vol. XXIII, pp. 76-77, Imprensa Nacional.
  6. [Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e] (1943), Mobiliário do Século XVIII, Lisboa, Sociedade Industrial de Tipografia.
  7. Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1996), A Vida Quotidiana na Ericeira nos Começos da I República, Mar de Letras Editora.
  8. a b Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e Palhano, Luís (2006), A Ericeira na Gazeta de Torres 1927-1933, Mar de Letras Editora.
  9. Silva, Jaime Lobo e (1932), “Anais da Vila da Ericeira”, In O Instituto, Vol. 84, 4ª Série, Coimbra, Imprensa da Universidade, pp. 301-317, pp. 503-517.
  10. Silva, Jaime Lobo e (1933), “Anais da Vila da Ericeira”, In O Instituto, Vol. 85, 4ª Série, Coimbra, Imprensa da Universidade, pp. 56-70, pp. 200-215, pp. 433-450.
  11. Silva, Jaime Lobo e (1933), “Anais da Vila da Ericeira”, In O Instituto, Vol. 86, 4ª Série, Coimbra, Imprensa da Universidade, pp. 81-94, pp. 366-377, pp. 440-455.
  12. Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1985/1933), Anais da Vila da Ericeira, 2ª edição, Câmara Municipal de Mafra.
  13. http://www.cm-mafra.pt/sites/default/files/anaisericeira.pdf
  14. Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1995), Tia Maria Ásquinha, Acontecimento.
  15. Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1989), Na Roda do Ano, Edição O acontecimento.
  16. Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1993), A Banda da Minha Terra, Acontecimento, pp. 9-44.
  17. Colecção "Lugares de Memória" da editora Mar de Letras
  18. Silva, Jaime D' Oliveira Lobo e (1996), A Vida Quotidiana na Ericeira nos Começos da I República, Mar de Letras Editora.
  19. Silva, Jaime d'Oliveira Lobo e (2016), Memórias de Um Escrivão, Mar de Letras Editora.
  20. http://biblioteca.cm-mafra.pt/Opac/Pages/Search/Results.aspx?SearchText=Silva,%20Jaime%20de%20Oliveira%20Lobo%20e,%201875-1943&Operator=&Profile=Default&DataBase=10112_FUSAOII

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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