Jorge Jardim

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Jorge Jardim
Nascimento 13 de novembro de 1919
Lisboa
Morte 1 de dezembro de 1982 (63 anos)
Libreville
Cidadania Portugal
Alma mater
Ocupação empreendedor, diplomata, político
Prêmios
  • Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo
  • Grande-Oficial da Ordem do Império

Jorge Pereira Jardim GOCGOI (Lisboa, 13 de Novembro de 19191 de Dezembro de 1982) foi um engenheiro agrónomo, empresário, político e agente secreto português. Foi ex‑Secretário de Estado de Salazar e administrador de várias empresas do grupo Champalimaud, em Moçambique, tendo construído um império económico[1].

Biografia[editar | editar código-fonte]

Licenciado pelo Instituto Superior de Agronomia e elemento ativo dos Escuteiros, foi presidente da Associação dos Escuteiros de Portugal e a seguir presidente da Juventude Agrária e Rural Católica[2]

Começou por ser um apoiante incondicional do Estado Novo e da sua política ultramarina, da qual mais tarde se viria a demarcar, já que na década de 1970 admitia a desvinculação de Moçambique de Portugal.

Subsecretário de Estado do Comércio e Indústria aos 29 anos, Jardim parecia talhado para uma carreira governativa no regime salazarista. Apesar, de no primeiro contacto com Salazar, este o ter exortado a usar chapéu - «Vá, tenha Juízo, compre um chapéu», contou Baltasar Rebelo de Sousa a Freire Antunes - e do desgaste provocado pelo duelo com o ministro Ulisses Cortez, ele estava bem cotado junto do chefe do Governo e não lhe faltariam oportunidades no quadro do regime. Mas quando abandonou o Governo, em 1952, com quatro filhos e a mulher grávida do quinto, operou um corte radical na sua vida, aceitando um convite do empresário Raul Abecasis para dirigir a fábrica da Lusalite no Dondo, em Moçambique[3].

Foi amigo pessoal de Ian Smith, primeiro-ministro da Rodésia (hoje Zimbabwe), e do presidente Hastings Kamuzu Banda, do Malawi. Ainda antes do 25 de Abril de 1974, tentou pela via diplomática resolver a independência de Moçambique, apresentando o seu "Plano de Lusaka", posteriormente substituído pelo Acordo de Lusaka, a seguir a conversações entre o governo português e a Frelimo, movimento que lutava pela independência[4].

Originalmente, o Plano de Lusaka previa a independência de Moçambique sem a entrega unilateral do poder à Frelimo. Joaquim Chissano, na altura responsável pelos serviços de segurança da Frelimo, soube em Lusaka dos planos de Jardim. Contudo, desconfiava que este estivesse envolvido no massacre de Wiriyamu: Jardim visitara o local para se aperceber da dimensão da tragédia e julga-se que terá sido precisamente devido a posterior contacto com Marcello Caetano que este, na posse de informações de Jardim, terá dado fim à carreira do general Kaúlza de Arriaga, comandante militar das forças coloniais em Moçambique.[carece de fontes?]

Jorge Jardim passaria os seus últimos anos no Gabão como banqueiro associado do Presidente Omar Bongo. Já viúvo de Teresa, vivia num apartamento luxuoso no mesmo edifício da sede do Interbanque com Palmira Barral, a sua segunda mulher, que fora candidata a Miss Moçambique e também servira de espia em alguns dos seus esquemas. Num fio que levava ao peito mantinha a aliança do primeiro casamento e uma medalha de Nossa Senhora de Fátima[5].

Mas o banco tinha alguns problemas de capitalização e, talvez por isso, o seu médico e amigo Carlos Graça sentia-o angustiado. Um dia ligaram-lhe: Jardim estava numa reunião com o filho Carlos Frederico e caiu com a cabeça sobre a mesa. Levaram-no para um hospital a 100 metros de distância mas não conseguiram reanimá-lo[5].

Carlos Graça acha que lhe deviam ter feito uma autópsia. O médico, que foi primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, diz que foi uma morte natural mas não se esquece que este lhe pedia sempre para a investigarem porque tinha receio. “Andava sempre com uma cápsula de cianeto para não cair nas mãos dos inimigos[5].

Condecorações[editar | editar código-fonte]

Obras publicadas[editar | editar código-fonte]

  • Como defender-se dum ataque aéreo : instruções à população. (co-autor), 1937.
  • A agricultura meio educativo. 1942.
  • Apontamento sobre o Ultramar : comentários sobre o Parecer relativo às Contas Gerais do Estado de 1954. Imp. Nacional, 1956.
  • Comentário ao II Plano de Fomento. Lisboa, 1958.
  • Para servir Moçambique. Lisboa, 1959.
  • Moçambique : terra queimada. Lisboa, Intervenção, 1976.
  • Rodésia, o escândalo das sanções. Lisboa, Intervenção, 1978.[7]
  • Sanctions double-cross. Oil to Rhodesia. Bulawayo, Books of Rhodesia, 1979.
  • O programa de Lusaca e a descolonização. (co-autor).

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Jorge Jardim: agente secreto. José Freire Antunes. Bertrand Editora, 1996.

Referências

  1. Meneses, Maria Paula, Gomes, Catarina (2013). Regressos? Os retornados na (des)colonização portuguesa, Universidade de Coimbra.
  2. Parlamento
  3. História. Google Sites
  4. Fac-simile do livro "Moçambique Terra Queimada"
  5. a b c «Sábado». Consultado em 22 de dezembro de 2016. Arquivado do original em 22 de dezembro de 2016 
  6. a b http://www.ordens.presidencia.pt/
  7. «Jardim, Jorge, 1919-1982». Biblioteca Nacional de Portugal. Consultado em 13 de agosto de 2012 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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