Trudruá Dorrico
Trudruá Dorrico | |
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Nascimento | Guajará-Mirim |
Cidadania | Brasil |
Etnia | Macuxis |
Ocupação | escritora |
Trudruá Dorrico (nascida Julie Dorrico, em Guajará-Mirim-RO) é uma escritora indígena brasileira, de etnia Macuxi. Doutora em Teoria da Literatura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e Mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal de Rondônia.
Infância e educação[editar | editar código-fonte]
Julie Dorrico nasceu em Guajará-Mirim-RO, filha de uma guianense e de um peruano[1][2][3] que era minerador de ouro. Ela passou a infância no distrito do Abunã,[1] que, em 2010, tinha uma população de 1.648 habitantes, e um total de 702 domicílios particulares.[4][5]
Desde a infância, Julie era apaixonada por livros, se debruçando sobre a literatura brasileira. Ela conta que não havia nenhum livro indígena em sua escola.[1]
"No chão da minha memória/ corre a menina com as árvores. /As gentes são tudo aquilo que conversam com o seu coração."— Julie Dorrico, em "Eu sou Macuxi e outras Histórias"
Julie tem diploma de doutorado em Teoria da Literatura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e de mestrado em Estudos Literários pela Universidade Federal de Rondônia.[6] Em seu Doutorado, ela estudou o livro "A queda do céu", do xamã yanomami Davi Kopenawa em parceria com o antropólogo francês Bruce Albert, tendo sido aprovada em primeiro lugar no processo seletivo da PUC-RS.[1]
Ativismo[editar | editar código-fonte]
Julie Dorrico tem atuado para difundir as culturas indígenas brasileiras, em especial escritoras e escritores das diversas etnias que habitam o Brasil. Para isso, ela está engajada em dois perfis do Instagram "Leia mulheres indígenas" e "Leia autores indígenas", e é administradora do canal no YouTube Literatura Indígena Contemporânea. Durante a pandemia de COVID-19, ela fez muitas lives-entrevistas com escritores e artistas indígenas, como Eliane Potiguara, Daniel Munduruku e Kunumi MC.[1]
Ela também escreve para uma coluna do portal ECOA/UOL, onde assina com o nome Trudruá Dorrico;[7] apresentou uma plaestra no TEDxUnisinos intitulada "A literatura indígena: conhecendo outros brasis";[8] foi uma das curadoras da "I Mostra de Literatura Indígena: território de palavras ancestrais", no Museu do Índio (UFU),[9][10] e da Balada Literária 2021;[11] e foi uma das juradas do Prêmio São Paulo de Literatura em 2022.[12]
Além da publicação literária, ela publicou também diversos estudos, artigos em revistas e eventos acadêmicos.[6][13] Ela também vem ministrando diversas palestras sobre literatura indígena ao redor do Brasil.[2][3][14][15][16][17]
Vida pessoal[editar | editar código-fonte]
Durante os estudos do Doutorado, na cidade de Porto Alegre-RS, após um evento com palestras de Daniel Munduruku e Kaka Werá, ela perguntou para a mãe, ao telefone, se tinha ascendência indígena e soube que sua bisavó era da etnia Macuxi.[1]
Reconhecimento[editar | editar código-fonte]
Em 2019, seu livro “Eu sou Macuxi e outras histórias” recebeu o prêmio FNLIJ/UKA Tamoios de Textos de Escritores Indígenas.[9][14][18][19]
Obras[editar | editar código-fonte]
Poesia e conto[editar | editar código-fonte]
Organização e co-autoria[editar | editar código-fonte]
- Poesia indígena hoje: resiliência. [organização Beatriz Azevedo e Julie Dorrico]. Dossiês 1. Revista p-o-e-s-i-a, n. 1; Campinas: Editora Unicamp, 2020.
- Literatura indígena brasileira contemporânea: autoria, autonomia e ativismo. [organização Julie Dorrico, Fernando Danner, Leno Francisco Danner]. Porto Alegre/RS: Editora Fi, 2020.
- Literatura indígena brasileira contemporânea: criação, crítica e recepção. [organização Julie Dorrico, Leno Francisco Danner, Heloisa Helena Siqueira Correia e Fernando Danner; prefácio Ana Lúcia Liberato Tettamanzy]. Porto Alegre/RS: Editora FI, 2018.[23]
- Direitos humanos às bordas do abismo: interlocuções entre direito, filosofia e artes. [organização Julie Dorrico, Leno Francisco Danner, Fernando Danner, Marcus Vinícius Xavier de Oliveira e Vitor Cei] 1ª ed., Vila Velha: Praia Editora, 2018.
- As diferenças no ensino de filosofia: reflexões sobre filosofia e/da educação. [organização Julie Dorrico, Leno Francisco Danner, Fernando Danner, Marcus Vinícius Xavier de Oliveira]. 1ª ed., Porto Alegre: Editora Fi, 2017.
Participações em antologias[editar | editar código-fonte]
- Geração 2010 – O sertão é o mundo. [organização Fred Di Giacomo; orelhas do livro Marçal Aquino; editor Marcelo Nocelli]. São Paulo: Editora Reformatório, 2020.
- De repente adolescente - antologia de contos. São Paulo: Seguinte / Companhia das Letras, 2021.
- Jenipapos: Diálogos sobre viver. [organização Daniel Munduruku, Darlene Yaminalo Taukane, Isabella Rosado Nunes e Mauricio Negro; arte Mauricio Negro]. São Paulo: Itaú Social /Mina Comunicação e Arte, 2022.
Veja também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ a b c d e f Di Giacomo, Fred. "Quando me descobri indígena", conheça a escritora Julie Dorrico. UOL. 04-06-2020. Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/arte-fora-dos-centros/2020/06/04/quando-me-descobri-indigena-conheca-a-escritora-julie-dorrico.htm. Acesso em: 01-04-2023.
- ↑ a b «Bate-papo: A literatura de autoria indígena, com Julie Dorrico e Amanda Crispim». Bate-papo: A literatura de autoria indígena, com Julie Dorrico e Amanda Crispim - Sesc Paraná. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ a b «MULHERES INDÍGENAS NA LITERATURA | Artigos de Julie Dorrico e Paolla Vilela». Sesc São Paulo. 30 de abril de 2022. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (16 de novembro de 2011). «Sinopse por setores». Consultado em 30 de setembro de 2013
- ↑ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (9 de setembro de 2013). «Porto Velho - Unidades territoriais do nível Distrito». Consultado em 30 de setembro de 2013
- ↑ a b FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção, edição e organização). Julie Dorrico - nas trilhas da literatura indígena. In: Templo Cultural Delfos, março/2023. Acessado em 01-04-2023.
- ↑ «Trudruá Dorrico». www.uol.com.br. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ Dorrico, Julie (2 de outubro de 2019), A literatura indígena: conhecendo outros brasis, consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ a b Interactive, Webcore. «Julie Dorrico | diversos22 - Sesc». diversos 22 - Sesc. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ «Literatura Indígena». Museu do Índio UFU. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ Literária, Balada (30 de agosto de 2021). «Julie Dorrico é a curadora convidada para a Balada Literária 2021». Balada Literária. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ «Julie Dorrico e Cidinha da Silva entre os jurados do Prêmio São Paulo de Literatura». Estadão. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ «Julie Dorrico | Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR) - Academia.edu». nir.academia.edu. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ a b «Casa Mario de Andrade». www.casamariodeandrade.org.br. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ «[Podcast] Eu sou Macuxi e outras histórias, de Julie Dorrico». Portal do IFSC. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ Agenda, Arte &. «Literatura indígena com Julie Dorrico e Roni Wasiry Guara». Correio do Povo. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ «Minha história: Julie Dorrico | Secretaria Municipal de Cultura | Prefeitura da Cidade de São Paulo». www.prefeitura.sp.gov.br. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ Cruz, Fundação Oswaldo. «Ciência e Letras - Julie Dorrico». Canal Saúde - Fiocruz. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ Dorrico, Julie. «Vô Madeira – Poema de Julie Dorrico». Revista Acrobata. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ «Eu sou macuxi e outras histórias - Julie Dorrico». Livraria Maracá. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ Negri, Paolo. «Comunica na FLIM – Julie Dorrico – Comunica UEM». Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ Neto, Arman (7 de abril de 2021). «A importância da memória e a busca por si em "Eu sou macuxi e outras histórias", de Julie Dorrico». Impressões de Maria. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ Dorrico, Julie. «Literatura Indígena Brasileira Contemporânea: criação, crítica e recepção». Revista Acrobata. Consultado em 1 de abril de 2023