Lado oculto da Lua

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Lado oculto da Lua fotografado pela missão Apollo 16.

O lado oculto da Lua (também chamado de lado negro da Lua ou lado escuro da Lua) é o hemisfério lunar que não pode ser visto da Terra em decorrência da Lua estar em rotação sincronizada com a Terra.

Toda a superfície da Lua recebe iluminação do Sol durante duas semanas, seguida de duas semanas de noite, sendo que o por muitos denominado lado escuro recebe luz durante a fase da lua nova. A Lua fica totalmente escura apenas em períodos de eclipse total lunar, quando a sombra da Terra impede que os raios solares iluminem o satélite.

Coloca-se, desta maneira, que a Lua na verdade é toda escura, uma vez que não tem luz própria. Toda face iluminada se deve à luz solar. O "lado escuro" é, na verdade, um lado não visível da Lua, o "lado oculto", quando observada da superfície terrestre. Cerca de 18% deste hemisfério é visível da terra em determinados períodos devido ao fenômeno de libração.[1][2][3][4]

Definição[editar | editar código-fonte]

Devido ao fenômeno da rotação sincronizada, os habitantes do planeta principal (a Terra) jamais poderão ver a parte em verde do seu satélite (a Lua).

As forças de maré da Terra abrandaram a rotação da Lua até o ponto em que o mesmo lado está sempre voltado para a Terra - um fenômeno chamado rotação sincronizada. A outra face, a maior parte da qual nunca é visível da Terra, é portanto chamada de "o lado oculto da Lua". Com o tempo, algumas partes do lado mais distante podem ser vistas devido à libração.[5] No total, 59% da superfície da Lua é visível da Terra em um momento ou outro. A observação do lado oculto da Lua, ocasionalmente visível da Terra, é difícil por causa do baixo ângulo de visão a partir da Terra.[1][2][3][4]

A frase "lado escuro da Lua" não se refere ao "escuro" como ausência de luz, mas sim "escuro" como algo desconhecido: até que os humanos pudessem enviar espaçonaves ao redor da Lua, essa área nunca havia sido vista.[1][2][3][4] Enquanto muitos interpretam erroneamente isto ao pensar que o "lado escuro" recebe pouca ou nenhuma luz solar, na realidade, tanto os lados próximos quanto distantes recebem (em média) quantidades quase iguais de luz diretamente do Sol. No entanto, o lado visível também recebe a luz do sol refletida da Terra, conhecida como luz cinérea, que não alcança a área do lado distante que não pode ser vista. Somente durante a Lua Cheia (vista da Terra) é que o lado mais distante da Lua fica escuro. A palavra "escuro" expandiu-se para se referir também ao fato de que a comunicação com espaçonaves pode ser bloqueada enquanto ela estiver do outro lado da Lua, durante missões espaciais do Programa Apollo, por exemplo.[6]

Exploração[editar | editar código-fonte]

Primeira fotografia do lado oculto da Lua, tirada pela sonda soviética Luna 3.

Este hemisfério lunar foi fotografado pela primeira vez pela sonda espacial soviética Luna 3, em 1959,[7] e primeiramente observado por olhos humanos durante a missão Apollo 8, na órbita da Lua, em 1968.[8] O hemisfério possui diversas crateras, resultado de vários impactos na sua superfície, inclusive uma das maiores do sistema solar, a Bacia do Polo Sul-Aitken. Astronautas nunca pousaram no lado oculto da Lua, embora uma das missões Apollo canceladas chegou a ser planejada para realizar um pouso nesta região. A possibilidade de realização de um pouso tripulado nesta região nunca agradou os responsáveis pelo programa espacial americano, visto que a tripulação ficaria incomunicável com a Terra, enquanto estivesse no solo lunar.[9]

Chang'e 4[editar | editar código-fonte]

Em 2019, a chinesa Chang'e 4 foi a primeira sonda a pousar no lado oculto da Lua.

A primeira sonda a pousar no lado oculto da lua foi a Chang'e 4 em 3 de janeiro de 2019. A nave transportou um veículo o Rover Jade Rabbit 2 com seis rodas, todas com potência para que possa continuar a operar mesmo que uma delas falhe. Pode subir uma colina de 20 graus ou obstáculos de até 20 centímetros de altura. A velocidade máxima é de 200 metros por hora.[10] Para enviar informações à Terra, o veículo no solo as transmite ao veículo orbitante e este as retransmite ao centro espacial.

Referências na cultura[editar | editar código-fonte]

  • Este acontecimento inspirou o grupo inglês de rock Pink Floyd a compor um álbum intitulado Dark Side of the Moon (Lado escuro da Lua em português), um trabalho conceptual cujo título metaforiza o lado escuro do ser humano.
  • No filme Transformers: Dark of the Moon, em português: Transformers: O Lado Oculto da Lua, também refere o fenômeno juntamente com um acontecimento fictício de que uma nave espacial extraterrestre chocou contra o lado oculto da Lua em 1964, cinco anos antes da ida do homem à Lua. O objectivo seria apenas servir de fachada para a missão supersecreta de investigação do local antes do avanço dos soviéticos.
  • No filme 2001: Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick, baseado no livro de mesmo nome de Arthur C. Clarke, um monólito é encontrado enterrado no lado oculto da Lua. A peça tem sua data calculada desde muito antes da humanidade existir e é um mistério para os astronautas. Ela envia sinais para além de Júpiter, e assim começa a missão até o planeta.
  • No romance Autour de la Lune, de Júlio Verne, os protagonistas estudam o lado oculto da lua e o autor tece hipóteses acerca de sua orografia.[11]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c Sigurdsson, Steinn (9 de junho de 2014). «The Dark Side of the Moon: a Short History». Consultado em 16 de setembro de 2017 
  2. a b c O'Conner, Patricia T.; Kellerman, Stewart (6 de setembro de 2011). «The Dark Side of the Moon». Consultado em 16 de setembro de 2017 
  3. a b c Messer, A'ndrea Elyse (9 de junho de 2014). «55-year-old dark side of the moon mystery solved». Penn State News. Consultado em 16 de setembro de 2017 
  4. a b c Falin, Lee (5 de janeiro de 2015). «What's on the Dark Side of the Moon?». Consultado em 16 de setembro de 2017 
  5. NASA. «Libration of the Moon» [ligação inativa] [ligação inativa]
  6. «Dark No More: Exploring the Far Side of the Moon». 29 de abril de 2013 
  7. «NASA - NSSDCA - Spacecraft - Details». nssdc.gsfc.nasa.gov 
  8. «Sonda Russa Luna 3 fotografa pela primeira vez o lado escuro da lua». Consultado em 16 de setembro de 2013. Arquivado do original em 24 de dezembro de 2013 
  9. CHERTOK, Boris. Rockets and People: creating a rocket industry, Volume II. Houston, TX: NASA, 2006.
  10. «Rover chinês já circula no lado oculto da Lua» 
  11. Viagem ao redor da Lua, Júlio Verne. Companhia distribuidora de livros de São Paulo, 1970.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]