Lago do Crocodilo

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Lago Timsah
Lago do Crocodilo
Mapa do Delta do Nilo mostrando o Lago Timsah no centro à direita..
Localização
Coordenadas 30° 34' 0.01" N 32° 16' 59.99" E
Localização Província de Ismaília, Egito
Características
Tipo Hidrográfico
Área * 14 km2 (5,4 sq mi) km²
Volume * 80 000 000 m3 (2,8×109 cu ft) km³
* Os valores do perímetro, área e volume podem ser imprecisos devido às estimativas envolvidas, podendo não estar normalizadas.

O Lago Timsah, também conhecido como Lago do Crocodilo, é um lago no Egito, no delta do Nilo. Encontra-se em uma bacia desenvolvida ao longo de uma falha que se estende desde o Mar Mediterrâneo até o Golfo de Suez, através da região dos Lagos Amargos.[1] Em 1800, uma enchente encheu o Uádi Tumilate, que causou a transbordamento das margens do Timsah e levou a água ao sul para os Lagos Amargos, a cerca de (14 km) de distância.[2] Em 1862, o lago estava cheio de águas do Mar Vermelho.[3]

Geografia[editar | editar código-fonte]

O Lago Timsah está dentro de uma depressão que atravessa o istmo entre o Mar Vermelho e o Mar Mediterrâneo.[4] Os pontos mais baixos da depressão formam lagos naturais rasos, dos quais Timsah é um deles.[4] A área de superfície do lago Timsah cobre 5,4 milhas quadradas.[5] A maior parte do lago é pantanosa e a profundidade raramente excede 3 pés (1 metro).[6]

Tem sido afirmado que, nos tempos antigos, o Lago Timsah era o terminal norte do Mar Vermelho.[7][8]

Em 4 de Março de 1863, a cidade de Ismaília, batizada em homenagem ao vice-rei Ismail Paxá, surgiu na margem norte do Lago Timsah.[9] Várias praias têm vista para o lago, incluindo Moslem Youth, Fayrouz, Melaha, Bahary, Taawen e algumas praias da Autoridade do Canal de Suez.[5]

Canais[editar | editar código-fonte]

O Canal de Suez em Ismaília da margem norte do Lago Timsah, c. 1860. Conclusão do segmento que trouxe águas do Lago Manzaleh para o Lago Timsah

O Lago Timsah possivelmente primeiro tornou-se a junção da construção do canal há aproximadamente 4.000 anos durante o Médio Império no Egito,[10] e foi expandido por Dario I.[11] A construção do Canal de Suez nas proximidades do Lago Timsah começou em 1861 no segmento norte do lago.[12] Os preparativos iniciais incluíam a construção de galpões para abrigar 10.000 trabalhadores, serrarias a vapor e importação de grandes quantidades de carrinhos de mão e pranchas de madeira.[12] 3.000 trabalhadores cavaram um canal do Nilo até oo Lago Timsah em 1861 e 1862, o que trouxe um suprimento de água potável para a região.[12][13] Também foi proposto construir um porto de meia passagem neste ponto ao longo do canal.[14]

A secção Ismaília do Canal de Suez, que ligava o Lago Manzala ao Lago Timsah, foi concluída em Novembro de 1862.[13] A construção do segmento foi concluída com trabalho forçado, que expandiu a força de trabalho para 18.000 homens.[12][13] A trincheira mediu 15 m de largura por quatro a seis pés de profundidade e ligou o Lago Timsah ao Mar Mediterrâneo.[12] O trabalho começou a sul do Lago Timsah em 1862-1863, enquanto a expansão continuava no segmento norte.[12] Trabalho forçado foi usado durante a construção do canal de Março de 1862 até que Ismail Paxá proibiu a prática em 1864.[13] Como resultado do canal, as águas do Lago Manzaleh fluíram para o Lago Timsah.[13] A expansão continuou no segmento norte até 1867 e no segmento sul até 1876.[12]

Meio Ambiente[editar | editar código-fonte]

O Lago Timsah é um lago salgado que experimenta variações significativas na salinidade.[6] Projetos de engenharia humana afetaram a salinidade, com mudanças resultantes na biota do lago.[6] As diminuições na salinidade foram notadas já em 1871, após a construção do Canal de Suez, e o subsequente aumento do canal do Nilo e outros projetos de construção aumentaram o influxo de água doce para o lago.[6] A tomada El-Gamil serve como principal fonte de água salgada do Lago Timsah.[6] A principal fonte de água doce de Timsah era a inundação anual do Nilo até que a represa de Assuã interrompeu esses fluxos em 1966, embora as águas subterrâneas também sejam responsáveis por grande parte do suprimento de água doce do lago.[6] O Lago Timsah experimenta tanto variações de estratificação na salinidade quanto variações sazonais na salinidade, e nas últimas décadas a taxa de água doce tem ultrapassado a taxa salobra.[6]

Em 2002, foi realizado um estudo para verificar as concentrações de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs) em peixes e moluscos que os habitantes locais consomem do lago.[15] As amostras incluíram tilápia, caranguejos, bivalves, amêijoas e gastrópodes.[15] Os resultados mostraram que os caranguejos continham "concentrações significativamente mais altas de PAHs totais e carcinogênicas do que outras espécies, enquanto os moluscos continham níveis significativamente mais baixos de HPAs".[15]

Em 2003, vários grupos tentaram aliviar a poluição do lago.[16] Foi um evento significativo para a comunidade local, já que o lago tem importância económica para a cidade e os seus pescadores.[16]

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Gmirkin, Russell E. (2006). Berossus and Genesis, Manetho and Exodus. [S.l.]: Continuum International Publishing Group. 231 páginas. ISBN 0-567-02592-6 
  2. Hoffmeier, p.43
  3. Stanley, p.32
  4. a b Jerry R. Rogers, Glenn Owen (2004). Water Resources and Environmental History. [S.l.]: ASCE Publications. 124 páginas. ISBN 9780784475508. Consultado em 10 de abril de 2009 
  5. a b «Ismailia». Consultado em 9 de abril de 2009 
  6. a b c d e f g Stephan Gollasch, Andrew N. Cohen (2006). Bridging Divides: Maritime Canals as Invasion Corridors. [S.l.]: Springer. 229 páginas. Consultado em 10 de abril de 2009 
  7. The Columbia Encyclopedia, Sixth Edition, s.v. "Suez Canal". Accessado a 26 de Abril de 2018.
  8. Naville, Édouard. "Map of the Wadi Tumilat" (plate image), in The Store-City of Pithom and the Route of the Exodus (1885). Londres: Trubner and Company.
  9. Nourse, p.54
  10. Shea, William H. "A Date for the Recently Discovered Eastern Canal of Egypt" Bulletin of the American Schools of Oriental Research, N. 226 (Apr., 1977), p. 31-38
  11. Paice, Patricia "Persians" in Kathryn A. Bard and Steven Blake Shubert, eds. Encyclopedia of the Archeology of Ancient Egypt(Nova Iorque: Routledge, 1999),
  12. a b c d e f g Royal Statistical Society (Great Britain), Statistical Society (Great Britain). (1887). Journal of the Royal Statistical Society. [S.l.]: Royal Statistical Society. pp. 503–509. Consultado em 10 de abril de 2009 
  13. a b c d e W.O. Henderson (2006). The Industrial Revolution on the Continent: Germany, France, Russia 1800-1914. [S.l.]: W.O. Henderson. 151 páginas. Consultado em 10 de abril de 2009 
  14. Rogers, Jerry R.; Brown, Glenn Owen; Garbrecht, Jürgen (2004). Water Resources and Environmental History. [S.l.]: ASCE Publications. 124 páginas. ISBN 0-7844-0738-X 
  15. a b c «US EPA». Consultado em 26 de abril de 2018. Arquivado do original em 11 de abril de 2009 
  16. a b Yasmine El-Rashidi. «Making a city livable». Al-Ahram News. Consultado em 26 de abril de 2018. Arquivado do original em 18 de outubro de 2012 

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Hoffmeier, James Karl (2005). Ancient Israel in Sinai. [S.l.]: Oxford University Press US. ISBN 0-19-515546-7 
  • Stanley, Henry Morton (1895). My Early Travels and Adventures in America and Asia. [S.l.]: New York, C. Scribner's sons 
  • Nourse, Joseph Everett (1869). The Maritime Canal of Suez. [S.l.]: Washington City, Philp & Solomons 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]