Luc Boltanski

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Luc Boltanski
Nascimento 4 de janeiro de 1940 (84 anos)
Paris, França
Nacionalidade francês
Ocupação Sociólogo
professor universitário
Prêmios Prêmio Pétrarque (2012)
Empregador(a) EHESS
Escola/tradição Sociologia pragmática, Sociologia econômica
Ideias notáveis economias da grandeza
regimes de ação
Página oficial
http://boltanski.chez-alice.fr/

Luc Boltanski (4 de janeiro de 1940) é um sociólogo francês, professor na École des hautes études en sciences sociales (EHESS) de Paris, onde foi um dos fundadores do Groupe de sociologie politique et morale.[1] É conhecido como a figura principal da escola "pragmática" da sociologia francesa,[2] corrente que iniciou com Laurent Thévenot e que também é chamada de teoria das "economias da grandeza" ou "sociologia dos regimes de ação". O trabalho de Boltanski influenciou significativamente a sociologia, a economia política e a história social e econômica.

Vida[editar | editar código-fonte]

Luc Boltanski nasceu na França em uma família russa, de pai judeu e mãe cristã. Seu pai, um médico, teve que se esconder durante a guerra "em um pequeno cômodo sob o chão" do apartamento da família.[3] A sua mãe, nascida numa “família burguesa sem um tostão”, tornou-se escritora depois da guerra e adotou as ideias do Partido Comunista.[3]

Durante a guerra da Argélia, Luc Boltanski foi um militante anticolonialista. Ele então apoiou “por um ou dois anos” a União da Esquerda Socialista, um grupo de ativistas de esquerda que tentou uma primeira experiência de unidade entre cristãos e marxistas.[4]

Realizações[editar | editar código-fonte]

Bolstanski inicialmente interessou-se pela sociologia nos anos 1960, em conexão com sua militância política da época, a meio caminho entre o catolicismo de esquerda e a extrema esquerda. [carece de fontes?]Como aluno dessa disciplina na Sorbonne, conhece Pierre Bourdieu, com quem começou a trabalhar como colaborador na pesquisa desenvolvida no Centro de Sociologia da Europa. Seus primeiros trabalhos foram elaborados sob a influência fundamental de Bourdieu e de seu coletivo, lidando com temas tão diversos quanto educação e classes sociais (sua tese, Puericultura e moral de classe, publicada em 1969), os usos sociais do corpo, do carro ou dos quadrinhos.

No início dos anos 1970, Boltanski tornou-se professor associado da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais. Naqueles anos, começou a trabalhar diretamente com Bourdieu e participou da fundação da revista Actes de la recherche en Sciences Sociales. Em meados da década de 1970 e início da seguinte, Boltanski foi desmarcado da revista e da equipe Bourdieu, iniciando uma pausa que em breve se refletiu em seus trabalhos e desenvolvimentos teóricos. No início dos anos 1980, publicou sua tese sobre a formação da categoria social de "cadres" (quadros) na França. Foi então orientado para a sociologia econômica, de sociologia das organizações e sociologia das profissões.

Em 1984, co-fundou o Groupe de sociologie politique et morale (GSPM) com alguns colaboradores que ele já havia conhecido no centro de Bourdieu e com quem trabalha há algum tempo: Alain Desrosières, Laurent Thévenot, Fanny Colonna, Nathalie Heinich, Jean-Louis Derouet, Nicolas Dodier, Elisabeth Claverie (sua esposa), 1 a quem vários estudantes se juntariam progressivamente (Claudette Lafaye, Francis Chateauraynaud, Philippe Corcuff, Cyril Lemieux, Damien de Blic).

Nos anos 1990, suas colaborações com Laurent Thévenot se destacaram no campo da sociologia da crítica (que se distingue da sociologia crítica), dos julgamentos e justificativas morais[5], que buscam dar maior importância às competências críticas dos atores sociais, bem como suas colaborações com Éve Chiapello sobre as recentes transformações do capitalismo e o papel que as críticas e as justificativas desempenham nelas. Boltanski elaborou nesses anos o que ele chama de "sociologia pragmática", com o qual ele tentará superar aqueles que considera os problemas da sociologia crítica francesa dos anos 1970, prolongando seu interesse em críticas, justificativas e competências morais de atores em vários campos.[6]

Paralelamente ao seu trabalho no campo das ciências sociais, Luc Boltanski também desenvolveu sua faceta como escritor, publicando várias obras de poesia e teatro.

Escritos[editar | editar código-fonte]

Livros selecionados[editar | editar código-fonte]

  • Enrichissement. Une critique de la marchandise (com Arnaud Esquerre), 2017
  • La condition foetale. Un sociologie de l'engendrement et l'ortortement, 2004
  • La souffrance à distância. Morale humanitaire, media et politique, 1993
  • L'amour et la justice comme compétences Trois essais de sociologie de l'action, 1990
  • Les cadres : La formation d'un groupe social, Paris, éditions de Minuit, 1982

Livros publicados em português[editar | editar código-fonte]

  • A justificação: sobre as economias da grandeza. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2020. (com Laurent Thévenot) ISBN 9788571084483
  • O novo espírito do capitalismo. São Paulo: Marins Fontes, 2009. (com Éve Chiapello) ISBN 9786586016154

Artigos publicados em português[editar | editar código-fonte]

Entrevistas[editar | editar código-fonte]

  • TAs ascensões da economia do enriquecimento e da extrema direita: uma entrevista com Luc Boltanski e Arnaud Esquerre. 2021[7]
  • Entrevista com Luc Boltanski, por Diogo Silva Corrêa, 2016. Blog do Labemus.
  • "Uma crítica para o presente": entrevista com Luc Boltanski.[8]
  • “Ser dominado é ser posto permanentemente à prova”. Entrevista com Luc Boltanski. 2013.[9]

Nota[editar | editar código-fonte]

As primeiras versões deste artigo incluíram trechos baseados na tradução dos artigos «Luc Boltanski» na Wikipédia em inglês (acessado nesta versão) e «Luc Boltanski» na Wikipédia em francês (acessado nesta versão).

Referências

  1. «Groupe de sociologie politique et morale» (em francês). L'École des hautes études en sciences sociales. Consultado em 20 de fevereiro de 2016. Cópia arquivada em 20 de fevereiro de 2016. Le Groupe de sociologie politique et morale (GSPM), fondé dans le milieu des années 1980 par Luc Boltanski, Michael Pollak et Laurent Thévenot, était une unité de recherche de l’École des hautes études en sciences sociales. 
  2. Vandenberghe, Frédéric (2006). «Construção e crítica na nova sociologia francesa». Brasília: Universidade de Brasília. Sociedade e Estado. 21 (2). ISSN 0102-6992. doi:10.1590/S0102-69922006000200003. Consultado em 20 de fevereiro de 2016  O artigo registra a palavra-chave "sociologia pragmática" para se referir à vertente de Luc Boltanski e Laurent Thévenot no âmbito das "novas sociologias francesas" encontradas a partir dos anos 1980.
  3. a b «Les Boltanski, le mythe de la caverne». Le Monde.fr (em francês). 16 de julho de 2008. Consultado em 18 de dezembro de 2021 
  4. «biographie». boltanski.chez-alice.fr. Consultado em 18 de dezembro de 2021 
  5. Boltanski, Luc (2020). A justificação: sobre as economias da grandeza. Rio de Janeiro: UFRJ. ISBN 9788571084483 
  6. Corrêa, Diogo Silva; Dias, Rodrigo de Castro (abril de 2016). «A CRÍTICA E OS MOMENTOS CRÍTICOS: DE LA JUSTIFICATION E A GUINADA PRAGMÁTICA NA SOCIOLOGIA FRANCESA». Mana: 067–99. ISSN 0104-9313. doi:10.1590/0104-93132016v22n1p067. Consultado em 18 de dezembro de 2021 
  7. Tomei, Francesco; Louro, Pedro Grunewald; Hey, Ana Paula (13 de setembro de 2021). «As ascensões da economia do enriquecimento e da extrema direita: uma entrevista com Luc Boltanski e Arnaud Esquerre». Sociedade e Estado: 591–610. ISSN 0102-6992. doi:10.1590/s0102-6992-202136020010. Consultado em 18 de dezembro de 2021 
  8. Rosatti, Camila Gui; Bonaldi, Eduardo Vilar; Ferreira, Mariana Toledo (18 de junho de 2014). «"Uma crítica para o presente": entrevista com Luc Boltanski». Plural - Revista de Ciências Sociais/USP (1): 217–230. ISSN 2176-8099. doi:10.11606/issn.2176-8099.pcso.2014.83629. Consultado em 18 de dezembro de 2021 
  9. André. «"Ser dominado é ser posto permanentemente à prova". Entrevista com Luc Boltanski». www.ihu.unisinos.br. Consultado em 18 de dezembro de 2021 
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