Manfred Gnädinger

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Manfred Gnädinger
Manfred Gnädinger
Fotografía del artista Man (1936-2002).
Nascimento 27 de janeiro de 1936
Radolfzell
Morte 28 de dezembro de 2002
Camelle, Camariñas
Cidadania Alemanha, Espanha
Ocupação escultor

Manfred Gnädinger (Radolfzell, 27 de janeiro de 1936Camariñas, 28 de dezembro de 2002) mais conhecido como Man ou O Alemán foi um eremita e escultor alemão que morou em Camelle, vila pertencente ao município de Camariñas, na Galiza. Passou grande parte de sua vida de forma simples e natural, construindo esculturas e cuidando de uma pequena horta na praia onde morava.[1]

Man em julho de 1998.

Morreu em dezembro de 2002, um mês depois que a maré negra do navio petroleiro Prestige destruiu suas esculturas e o ecossistema da praia de Camelle. Desde então passou a habitar no imaginário popular que sua morte, em decorrência de problemas circulatórios e respiratórios, havia sido provocada pela tristeza e melancolia com a tragédia, o que o transformou no símbolo da destruição causada pelo derramamento de petróleo naquela região.[1][2][3]

Eremita e escultor[editar | editar código-fonte]

Uma das esculturas de Man.

Man desembarcou na pequena vila de Camelle em 1962, vindo de Boehringen, no sul da Alemanha. Sua trajetória anterior a este período é obscura, embora ele tenha sido descrito como bem vestido e educado ao chegar. Supõe-se que ele teria enlouquecido após apaixonar-se por uma professora local e ser rejeitado. Anos depois, ao sensibilizar-se por questões ecológicas, ele construiu, próximo ao Oceano Atlântico, uma pequena cabana na praia da vila.

Os moradores referiam-se a ele em galego como O Alemán ("O Alemão"), ou simplesmente "Man", alcunha que ele adotou resolutamente devido a seu simbolismo, sendo "man" o significado de "homem" em inglês. Alto, barbudo e vestido somente com uma tanga, ele costumava mergulhar no oceano diariamente. Não possuía luz elétrica ou sistema de saneamento em sua moradia e era estritamente vegetariano, alimentando-se apenas da pequena horta que cultivava e de algas e mariscos que ele mesmo colhia.[4]

Man produziu uma variedade de esculturas feitas de pedra, madeira, restos mortais de animais e outros objetos trazidos pelo mar, com um estilo que lembrava o de Gaudí. Ele criou um museu a céu aberto, onde suas obras integravam-se à paisagem natural. Era sua única fonte de renda, a partir de uma pequena taxa cobrada dos turistas que visitavam o Museo de Man.[2][4]

Naufrágio do Prestige[editar | editar código-fonte]

Em 17 de novembro de 2002, após sofrer uma imensa rachadura em um de seus tanques, o navio petroleiro Prestige partiu ao meio e afundou no Oceano Atlântico. Poucos dias depois, Man acordou para descobrir sua vida arruinada por uma maré negra. Toneladas de petróleo invadiram a praia de Camelle, danificando irremediavelmente a maioria de suas esculturas e chegando à porta de sua casa. Ele ficou completamente devastado ao ver o trabalho de sua vida destruído diante de seus olhos, e o meio ambiente onde vivia sufocado por uma onda de poluição.[3][5]

Um mês depois, Man foi encontrado morto em sua cabana. Ele enfrentava problemas de respiração e circulação, mas a maioria dos moradores locais acreditam que sua morte foi provocada pela melancolia e tristeza ante a visão do total e completo aniquilamento de seu modo de vida. As autoridades de Camelle organizaram e pagaram por seu funeral, que foi presenciado por dezenas de pessoas.[5]

Legado[editar | editar código-fonte]

Meses antes de morrer, Man havia designado as autoridades de Camelle como curadoras de sua obra. Após sua morte e a limpeza da praia, o Museo de Man, abrangendo a casa e esculturas remanescentes, passou um longo tempo abandonado, sujeito à ação do tempo e alvo de vândalos. Em dezembro de 2008 foi finalmente protocolado o registro de uma fundação para cuidar das obras do artista. Um demorado trâmite burocrático enfim deu origem em 2010 à Fundación Man, com o propósito de conservar e promover o trabalho de Manfred Gnädinger.[6]

A fundação, no entanto, não foi capaz de reverter a situação de abandono em que se encontravam as obras de Man. Ao descaso somou-se a fúria da natureza quando, em 9 de novembro de 2010, uma forte tempestade destruiu a maioria das esculturas restantes.[7]

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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