Maomé ibne Alaxate Alquindi

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Abu Alcácime Maomé ibne Alaxate ibne Cai Alquindi (em árabe: محمد بن الأشعث بن قيس الكندي; romaniz.:Abū al-Qāsim Muḥammad ibn al-Ash'ath ibn Qays al-Kindī; m. 686) foi o chefe dos quinditas em Cufa, sucedendo a seu pai Alaxate ibne Cais. Serviu como governador do Tabaristão sob o vice-rei omíada do Iraque Ubaide Alá ibne Ziade e mais tarde como governador de Moçul sob o califa anti-omíada Abedalá ibne Zobair. Morreu lutando pelo irmão deste último e governador do Iraque, Muçabe ibne Zobair, contra o governante pró-álida de Cufa, Almoquetar Atacafi, na Batalha de Harura em 686. Seu filho, Abederramão, mais tarde lideraria uma grande rebelião contra os omíadas em 700-703.

Vida[editar | editar código-fonte]

Maomé era filho de Alaxate ibne Cais, o líder dos quinditas em Cufa, e o sucedeu após sua morte em 661.[1] Seu irmão Cais também ocupou uma posição de liderança na tribo.[2] De acordo com um relato citado pelo historiador do século IX Atabari, o governador omíada recém-instalado de Cufa, Ubaide Alá ibne Ziade, acusou Maomé de convocar o homem que escondia o dissidente pró-álida Muslim ibne Aquil ao palácio do governador.[1] Ibne Aquil estava reunindo o apoio dos cufanos para Huceine ibne Ali, filho do califa Ali (r. 656–661) e neto do profeta Maomé, que se recusou a reconhecer o califa Iázide I (r. 680–683). Maomé mais tarde desempenhou um papel fundamental na defesa de ibne Ziade quando partidários de ibne Aquil cercaram o governador.[3] ao forçar o último a se render e concordou em enviar uma carta em nome dele notificando Huceine para não ir a Cufa, onde esperava um apoio significativo.[4]

Maomé casou sua filha com ibne Ziade. Este último o nomeou governador do Tabaristão, mas após a fuga de ibne Ziade à Síria após a morte de Iázide e o subsequente colapso da autoridade omíada, Maomé reconheceu o rival, o califa Abedalá ibne Zobair, que com base em Meca o nomeou governador de Moçul.[2] Em resposta à supressão da nobreza árabe de Cufa pelo líder pró-álida Almoquetar Atacafi em 686, Maomé, que na época residia numa de suas fortalezas perto de Cadésia, conhecida como Tizanabade, se aliou ao governador zubaírida de Baçorá Muçabe ibne Zobair.[5] Durante a Batalha de Harura, foi instalado como o líder das tropas cufanas, que haviam anteriormente desertado do líder pró-álida Almoquetar. Acabou sendo morto durante a batalha em circunstâncias pouco claras, com até quatro narrativas diferentes registradas na tradição muçulmana sobre a identidade de seu assassino.[6] Os zubaíridas ganharam a batalha, mas a morte de Maomé foi lamentada por Muçabe, que comentou com seu tenente comandante, Almoalabe ibne Abi Sufra, "que alegria teria sido, se Maomé ibne Alaxate não fosse morto!"[7]

Referências

  1. a b Howard 1990, p. 19.
  2. a b Crone 1980, p. 110.
  3. Howard 1990, p. 49–50.
  4. Howard 1990, p. 55–56.
  5. Fishbein 1990, p. 85–86.
  6. Fishbein 1990, p. 95.
  7. Fishbein 1990, p. 100.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Crone, Patricia (1980). Slaves on horses: the evolution of the Islamic polity. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-52940-9 
  • Fishbein, Michael (1990). The History of al-Ṭabarī, Volume XXI: The Victory of the Marwānids, A.D. 685–693/A.H. 66–73. SUNY Series in Near Eastern Studies. Albânia, Nova Iorque: Imprensa da Universidade Estadual de Nova Iorque. ISBN 978-0-7914-0221-4 
  • Howard, I. K. A. (1990). The History of al-Ṭabarī, Volume XIX: The Caliphate of Yazīd ibn Muʿāwiyah, A.D. 680–683/A.H. 60–64. SUNY Series in Near Eastern Studies. Albânia, Nova Iorque: Imprensa da Universidade Estadual de Nova Iorque. ISBN 978-0-7914-0040-1