Marcelo Paixão de Araújo
Marcelo Paixão de Araújo | |
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Nascimento | 23 de outubro de 1947 |
Morte | 18 de março de 2009 |
Ocupação | empresário, militar |
Marcelo Paixão de Araújo (23 de outubro de 1947 - 18 de março de 2009) foi um empresário e militar brasileiro, que, como oficial do exército durante os Anos de Chumbo da ditadura militar, torturou confessadamente cerca de trinta presos políticos.[1]
Integrante de uma tradicional família mineira, dona do Banco Mercantil e da seguradora Minas-Brasil, Marcelo serviu como segundo-tenente do exército, entre 1968 e 1971, no 12º Regimento de Infantaria, em Belo Horizonte, Minas Gerais, conhecido centro militar de tortura mantido pela repressão política da época.[2] Foi condecorado pelo governo brasileiro em 1971 com a Medalha da Inconfidência por serviços prestados como militar do exército brasileiro. A medalha foi conferida em Ouro Preto(MG) durante a solenidade de 21 de abril por autoridades civis e militares.[carece de fontes]
Em entrevista à revista Veja, em 1998, Marcelo veio a tornar-se o primeiro torturador assumido e confesso da ditadura, tendo relatados contra si, textualmente, pelo livro Brasil: Nunca Mais, o total de 22 casos de torturas, denunciados oficialmente pelas vítimas, sendo o maior torturador conhecido - em número de acusações - da ditadura militar brasileira, de acordo com o ranking montado pela revista, baseada nos documentos apresentados pelo livro.[3]
O ex-tenente confessadamente declarou que as acusações feitas contra ele pelo livro eram verídicas e que os principais métodos de obter confissão de presos através da tortura eram o espancamento, o afogamento, a palmatória, o pau de arara e choques elétricos no corpo do interrogado.[1]
Na época das declarações do ex-tenente, seus atos foram defendidos pelo deputado Jair Bolsonaro, ex-capitão do exército e atual deputado federal do Partido Progressista.[4]
Em dezembro de 2008, já doente, com um câncer em estágio avançado, teve contra si um processo aberto por crimes contra a Humanidade, movido por deputados federais do PT e do PSB.[5]
Em março de 2009, dez anos depois da suposta confissão a revista, morreu[6] em um hospital da capital mineira aos 61 anos de idade.
O Supremo Tribunal Federal julgou em abril de 2010 que os crimes de tortura acontecidos durante a época do regime militar estão cobertos pela Lei da Anistia promulgada em 1979.[7] No entanto, em maio de 2014, o PSOL entrou com nova ADPF sobre a matéria.[8]
Referências
- ↑ a b Alexandre Oltramari (9 de dezembro de 1998). «Torturei uns trinta». Veja. Consultado em 8 de julho de 2009
- ↑ «Dossiê de Marcelo Paixão». Grupo Tortura Nunca Mais. 28 de junho de 2008. Consultado em 8 de julho de 2009. Cópia arquivada em 12 de novembro de 2009
- ↑ Matéria na revista Veja
- ↑ «José Gregori vai processar o ex-tenente Marcelo Paixão». JC online. 28 de junho de 2008
- ↑ Sérgio Pecci (5 de dezembro de 2008). «Deputados fazem representação contra torturador confesso». Portal Luis Nassif. Cópia arquivada em 21 de maio de 2014
- ↑ PC do B (20 de Março de 2009). «Ex- torturador da repressão morre em BH». Consultado em 21 de maio de 2014
- ↑ STF (29 de abril de 2010). «STF é contra revisão da Lei da Anistia por sete votos a dois». Consultado em 21 de maio de 2014
- ↑ STF (19 de maio de 2014). «PSOL questiona em ação os efeitos da Lei da Anistia». Consultado em 21 de maio de 2014