Maximiano de Aragão
Maximiano Pereira da Fonseca e Aragão (Fagilde, 29 de Maio de 1853 - 2 de Julho de 1929) foi um estudioso da cidade e do distrito de Viseu.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nasceu na quinta de Fagilde, em Fornos de Maceira Dão, freguesia do concelho de Mangualde, filho António Agostinho da Fonseca e Aragão, cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa (14 de Fevereiro de 1868), e de sua segunda mulher D. Albina Augusta Pereira de Figueiredo. António Agostinho da Fonseca e Aragão era já
viúvo, sem geração, D. Maria Tereza das Dores de Soveral Tavares, irmã do Dr. Luís António de Soveral Tavares, advogado e conhecido liberal da região.
Aos doze anos mudou-se para Viseu, onde faz a instrução primária e o curso trienal do Seminário, e, mais tarde, para Coimbra onde se licencia em Direito e tira o bacharelato em
Teologia. Passou então a exercer a profissão de advogado. Foi ainda administrador de alguns concelhos, professor e reitor do Liceu de Viseu, várias vezes vereador da Câmara Municipal de Viseu, provedor da Santa Casa da Misericórdia, primeiro vice-presidente da Associação dos Bombeiros Voluntários de Viseu, presidente da Junta Liberal e um dos sócios fundadores e presidente do Instituto Etnológico da Beira. Em 1914 foi viver para Lisboa onde leccionou no Liceu Camões e trabalhou no Ministério da Instrução. Pertenceu ainda à Junta Geral do Distrito de Viseu e foi um dos fundadores do Asilo da Infância Desvalida. Era considerado um homem bom e um incansável investigador.
Algumas das suas obras
[editar | editar código-fonte]- Vizeu (Apontamentos históricos), 2 vols., Viseu, 1894-1895;
- Grão Vasco ou Vasco Fernandes. Pintor Vizeense Príncipe dos Pintores Portugueses, Viseu, 1900;
- A Imprensa no Districto de Vizeu. Fragmento Histórico, 2.ª ed. Viseu, 1900;
- Viseu (Província da Beira). Subsídios para a sua história desde os fins do século XV, 2 vols., Porto, 1928
- Viseu. Letras e letrados viseenses, Lisboa, 1934;
- Viseu. Instituições Sociais, Lisboa, 1936.
O investigador
[editar | editar código-fonte]- Grão Vasco
Maximiano de Aragão teve o mérito de iniciar a investigação sobre Grão Vasco, pintor viseense do século XVI e figura tutelar da cidade e da região, apresentando a primeira prova documental da sua existência. Encontrou um documento do início do século XVII em que se diz que a pintura de S. Pedro foi feita «por mao de Vasco Frz» (pela mão de Vasco Fernandes) e que os pintores dessa época «confessão que não se fará outra tamboa tamperfeita ebem acabada», ou seja, com Maximiano de Aragão a figura lendária de Grão Vasco torna-se figura histórica. Maximiano de Aragão apresenta provas da actividade artística de Vasco Fernandes (vulgo Grão Vasco) em Viseu a partir de 1512 até 1542, data provável do falecimento do pintor. Mais... revela a existência de outros pintores como António Vaz, Gaspar Vaz, Manuel Vaz e João Dinis. Grão Vasco é o nome do museu de Viseu, Museu Grão Vasco,onde é possível ver algumas das suas obras mais importantes.
- Viseu
Maximiano de Aragão dedicou 6 volumes a Viseu, os dois últimos editados postumamente por iniciativa do escritor Aquilino Ribeiro. Os objectivos desta obra são enunciados pelo autor: «procurar a matéria-prima em documentos ou autores antigos, tomar nota do que podia aproveitar no meu preconcebido plano de transmitir aos vindouros os mais importantes factos», sempre norteado pela «verdade dos acontecimentos e a sua rigorosa apreciação», uma vez que «a História não permite invenções, aliás deixaria de o ser, para se transformar em devaneios ou romance». É pois, graças a estes princípios e à vastidão da temática abordada nesta obra, que "Viseu" permanece imprescindível para os estudiosos da cidade e da região.
- Letras e letrados viseenses
Maximiano de Aragão faz a biografia de 124 personalidade. Na análise a esta obra efectuada por Artur V. da Cruz mostra-se que Maximiano de Aragão biografou: "3 ministros do reino, 1 consul, 25 bacharéis e licenciados em Direito e 3 escrivães, 19 médicos e um farmacêutico, 2 engenheiros, 6 músicos de renome, 12 oficiais do exército, 13 sacerdotes e 2 bispos, 3 pintores de renome, 10 deputados e dirigentes políticos, 9 autarcas, 5 professores do ensino primário, 9 professores do ensino secundário, 3 reitores (do liceu, seminário e escola normal primária), 6 benfeitores públicos e 3 bibliotecários", destacando-se " 17 prosadores (entre os quais Silva Gaio com o seu valioso Mário e Tomás Ribeiro), 19 poetas (entre os quais Tomás Ribeiro e Augusto Hilário), 13 especialistas de ciências diversas, 14 historiadores (entre os quais 2 colaboradores de Alexandre Herculano no seu deambular por terras de Viseu), 30 jornalistas e colaboradores da imprensa local, regional e local e ... 21 teatrólogos". Esta obra só foi possível graças a um trabalho incansável de consulta dos arquivos públicos, de documentos particulares e de compilação de outros trabalhos já publicados.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- ALVES, Alexandre (1979) - "O cinquentenário da morte de Maximiano de Aragão", in Beira Alta, vol. XXXVIII, n.º 4, p. 933-934, Assembleia Distrital de Viseu, Viseu.
- CRUZ, António João de C.(1981) - "Viseu - Roteiro Bibliográfico", in Beira Alta, vol. XL, n.º 2, p. 395-426, Assembleia Distrital de Viseu, Viseu.
- CRUZ, Artur Valente da (2001) - "A propósito do Centenário da morte de... AUGUSTA CRUZ - Cantora Lírica Viseense - (Viseu 13.08.1869 – Lisboa 06.01.1901)", in Millenium on-line, n.º 22, Revista do ISPV, Viseu.
- RODRIGUES, Dalila (1992) - "Vasco Fernandes, ou a contemporaneidade do diverso" in Grão Vasco e a pintura europeia do renascimento (Catálogo), coord. Dalila Rodrigues, CNCDescobrimentos Portugueses, Lisboa
- Pereira, J.M. Campos (2017) - "Maximiano Aragão, Advogado e Biógrafo de Grão Vasco" - Viseu : Delegação de Viseu da Ordem dos Advogados
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Estudos históricos sobre pintura, Vizeu, 1897, na Biblioteca Nacional de Portugal