Mihnea, o Turco

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Mihnea II
Príncipe da Valáquia
Mihnea, o Turco
Mihnea num fresco de um Mosteiro em Târgovişte
Reinado 15 de Abril de 1577- 23 de Julho de 1583 (sob regência da mãe)
16 de Abril de 1585- 1 de Junho de 1591
Consorte Neaga de Cislau
Antecessor(a) Alexandre II Mircea (1º reinado)
Pedro II (2º reinado)
Sucessor(a) Pedro II (1º reinado)
Estêvão o Surdo (2º reinado)
Nascimento julho de 1564
  Pera
Morte outubro de 1601
  Istambul
Dinastia Bassarabe
Pai Alexandre II Mircea
Mãe Catarina Salvaresso
Filho(s) legítimos
Alexandre o Jovem
Radu
Vlad
ilegítimos
Radu Mihnea

Mihnea II, cognominado O Turco ou O Islamizado (em romeno: Mihnea Turcitul) (Julho de 1564 - Outubro de 1601 foi Príncipe da Valáquia por duas vezes: 15 de Abril de 1577- 23 de Julho de 1583 (sob regência da mãe, Catarina Salvaresso); e 16 de Abril de 1585 - 1 de Junho de 1591.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Ascendência e situação familiar[editar | editar código-fonte]

Mihnea era filho de Alexandre Mircea, futuro Príncipe da Valáquia e da sua esposa italiana Catarina Salvaresso, pertencendo assim ao ramo Drăculeşti da Dinastia Bassarabe. Nasceu em Julho de 1564, oito anos após o casamento dos pais (1558). A mãe, católica de nascimento, mudou para a fé ortodoxa após o casamento com Alexandre.

A família paterna vivia exilada na Transilvânia desde a deposição de Mircea IV da Valáquia (avô de Mihnea) em 1510. A materna, apesar de ser italiana, mais especificamente genovesa, vivia em Pera (atual Beyoğlu, em Istambul, Turquia).

Primeiros anos: o reinado do pai[editar | editar código-fonte]

A oportunidade do pai de subir ao trono valaquiano surgiu em 1568 (tinha Mihnea quatro anos), quando o sultão otomano Selim II, depôs Pedro I,[1] filho da Regente Chiajna da Moldávia, e decidiu eleger outro príncipe. O escolhido foi Alexandre, seu pai, que também era membro da família Bassarabe do ramo Drăculeşti.

O primeiro ato notável do pai consistiu num banho de sangue de boiardos, que foi contado por várias crónicas, por+em nehuma delas explica as razões deste massacre.

No Outono de 1570, há registos de uma primeira tentativa de usurpação do trono do pai, por um pretendente desconhecido, a que se seguiu uma nova onda de execuções e expropriação, e 17 dos que morreram eram fiéis ao Império Otomano.

Em 1573, os pais fundaram a primeira imprensa de Bucareste, no Mosteiro de Plumbuita, e também o Convento de Slătioarele.

No ano seguinte, o trono foi usurpado por Vintila da Valáquia, filho do malogrado príncipe Pătrașcu o Bom, mais precisamente a 14 de Abril, mas um mês depois, a 3 de Maio, Vintila foi preso e executado por Alexandre, que regressou ao trono.

Pouco após o seu regresso ao trono, em Junho de 1574, Alexandre associou Mihnea, na altura com 10 anos, ao trono valaquiano.

Em 1576, um grupo de 70-80 boiardos insatisfeitos vai à corte do sultão Murade III para solicitar um inquérito sobre os abusos de Alexandre. O sultão prendeu os boiardos.

No início do ano seguinte um outro pretendente, apoiado por sete boiardos, jura que o sultão é uma família de classe baixa. Mas este pretendente é também repelido.

Alexandre falece de forma inesperada a 15 de Abril de 1577 (25 de Julho segundo a opinião do historiador Nicolae Iorga), deixando Mihnea órfão de pai aos 13 anos. Como ainda era menor, o pai deixou-o a governar sob a regência da mãe, Catarina. A 12 de Agosto, o sultão Murade pediu a Pedro Șchiopul da Moldávia, tio do Príncipe, que o apoiasse quando necessário.[2]

O governo[editar | editar código-fonte]

A regência da mãe e a usurpação de Pedro II[editar | editar código-fonte]

Mihnea ascendeu ao trono após uma sucessão de eventos que contribuíram para o declínio no prestígio do poder principesco na Valáquia perante o seu suserano, o Império Otomano. Mihnea e a mãe tiveram de lidar ainda com um pretendente estrangeiro, um médico lombardo, que alegou ser descendente de um governante da Valáquia.[3] A vitóriafoi em grande parte conseguida graças ao apoio da influente Chiajna da Moldávia.

Durante os sete anos seguintes (1577-1583), Mihnea, Catarina e Chiajna estabeleceram um governo que se revelaria altamente impopular, que seguia à risca os planos traçados por Alexandre II Mircea, que incluís um aumento das taxas. Consequentemente, por volta de 1583, a pressão forçava o povo a fugir para a Transilvânia, abandonando as suas terras. Para piorar a situação, o país passava por um período conturbado, pois estava repleto de intrigas e pretendentes ao trono, e encontrava-se sob suserania otomana, ao ponto de uma das principais razões de um governante de se encontrar sentado no trono valaquiano se prendia com a vontade da Sublime Porta.

A 23 de Julho de 1583, Catarina e Mihnea foram depostos, devido algumas intrigas por parte de Pedro, um outro filho de Pătrașcu o Bom, contra a regente junto do sultão. Para melhor convencer o governante otomano, Pedro deu-lhe todo o seu apoio diplomático e também 80 000 ducados, sendo 1/4 dessa quantia paga naquele momento. Assim, Mihnea e Catarina foram forçados ao exílio em Trípoli.

O regresso de Mihnea[editar | editar código-fonte]

Este exílio não durou muito. Catarina, inteligente e astuta, oferece vários presentes aos oficiais do sultão para que estes o convencessem a devolver o trono a Mihnea. Este, após pagar 700 000 scudi para ter Pedro II removido do trono, teve de aumentar a receita fiscal e especialmente o aluguer, que chegou a níveis bastante altos, na sua chegada a Bucareste.[4] Mihnea prometeu ainda ao Grão-Vizir tantas moedas de ouro quantas aquelas que 600 cavalos poderiam carregar, em troca de ter Pedro morto, pedido esse que foi concretizado pelo sultão, que matou Pedro em 1590. [5]

Deposição e morte[editar | editar código-fonte]

Um ano após a morte da mãe, Mihnea foi novamente retirado do trono pelos turcos, e substituíram-no por Estêvão o Surdo (alegadamente fabricante de arreios e cortador de couro), pertencente à Casa de Bodano da Moldávia. Depois de se mudar com a família para a Anatólia, tentou, embora sem sucesso, conseguir para si o trono da Moldávia.

Numa tentativa desesperada de reconquistar o trono, Mihnea e o seu filho, Radu, converteram-se ao Islão. Foi graças a este acontecimento que Mihnea ficou conhecido pelo seu cognome (O Turco ou O Islamizado).

Esta estratégia levou Mihnea a desempenhar cargos de administração turca: foi nomeado sanjuk de Nicópolis (na atual Bulgária) sob nome de Maomé Bei.[6]

Entretanto, Miguel, o Valente conseguia o que muitos governantes ambicionaram: por um breve período de seis meses em 1600, conseguiu unificar a Valáquia, a Moldávia e a Transilvânia.

A ação de Mihnea não impediu o filho ilegítimo, Radu Mihnea, de aceder ao trono em 1601. Mihnea faleceu em Outubro desse ano, em Istambul, e foi sepultado numa campa não identificada.

Casamento e descendência[editar | editar código-fonte]

Mihnea casou-se, em Junho de 1582, com Neaga de Cislau, filha de Vlaicu Jupan de Cislau, de quem teve:

Mihnea teve uma relação for do casamento com Voica, de quem teve:

  • Radu Mihnea (c. 1585- 13 de Janeiro de 1626), Príncipe da Valáquia e da Moldávia, governou no Período de Usurpação, tendo o seu governo sido interrompido várias vezes.

Referências

  1. Para mais detalhes ver Pedro I da Valáquia
  2. „As Crónicas dos Principados otomanos do Danúbio”, vol.I, Bucareste, 1966, p.128
  3. Xenopol, p.14-15
  4. Letopisețul Cantacuzinesc; Xenopol, p.25, 33
  5. Xenopol, p.32
  6. Ştefănescu, p.164

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • (romeno

) Letopisețul Cantacuzinesc

  • Ştefan Ştefănescu, Istoria medie a României, Bucareste, v. I, 1991.
  • Constantin C. Giurescu e Dinu C. Giurescu, Istoria Romanilor: volume II (1352-1606), Bucareste, 1976.
  • A. D. Xenopol, Istoria romînilor din Dacia Traiană, v. V, cap. 3, Iaşi, 1896.

Precedido por
Alexandre II Mircea
Príncipe da Valáquia

1577–1583 (sob regência de Catarina Salvaresso)
Sucedido por
Pedro II
Precedido por
Pedro II
Príncipe da Valáquia

1585–1591
Sucedido por
Estêvão o Surdo