Nth Room

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Caso Nth Room ou simplesmente Nth Room (coreano: n번방, literalmente: Enésimo Quarto),[1] é um caso de crimes de cunho sexual digital da Coreia do Sul, ocorrido em grupos do serviço de mensagens criptografadas Telegram, entre 2018 a 2020.[2] Nestes grupos nomeados por números a partir de "1st room" (em português: "1º quarto") até o de número oito, os usuários pagavam para ver mulheres, algumas das quais menores de idade, realizando atos sexuais humilhantes sob coerção.[3]

Em 20 de março de 2020, Cho Joo-bin,[4][5] responsável por administrar os grupos foi preso e sua identidade revelada.[6][7][8][9] Estima-se que cerca de 74 vítimas foram chantageadas por Cho para enviar imagens e vídeos para as conversas em grupo, dos quais 16 seriam menores de idade, além disso, as autoridades policiais estimam que cerca de 260.000 pessoas faziam parte dos grupos de Cho no Telegram.[10][11]

Investigação[editar | editar código-fonte]

Quando os grupos do Telegram se tornaram conhecidos nas comunidades online, o caso foi denunciado a polícia por uma pessoa que não teve sua identidade revelada, porém a polícia não considerou um relatório confiável e o ignorou. Em janeiro de 2019, o The Seoulshinmun Daily descobriu por meio de jornalismo investigativo, que havia um grupo secreto do Telegram que distribuía pornografia infantil. Da mesma maneira, em abril de 2019, o Sisa Journal informou que o Telegram estava sendo utilizado como plataforma de crimes, onde se realizava compartilhamento de fotos e vídeos ilegais.

Entretanto, foram duas estudantes de jornalismo, que trouxeram o caso dos grupos de Cho à atenção da polícia em julho de 2019, quando o descobriram como parte de um trabalho acadêmico de investigação de crimes sexuais online.[3] Embora os grupos fossem privados, seus acessos foram facilmente encontrados usando pesquisas de palavras-chave. Embora a dupla tivesse encontrado outros administradores de grupos semelhantes no Telegram, resolveram se concentrar em Cho, que utilizava o codinome "Baksa", que significa doutor ou guru em coreano e possuía oito grupos, alguns dos quais com mais de nove mil membros ao mesmo tempo.[3]

A investigação policial levou a prisão de Cho em 20 de março de 2020, sob acusações que incluíram produção e distribuição de pornografia infantil, abuso sexual, chantagem, coerção, fraude, distribuição ilegal de informações privadas e agressão sexual por meio de filmagens ilegais.[3] Em 23 de março, a emissora SBS divulgou pela primeira vez a sua identidade, revelando seu nome e sua idade de 24 anos.[4] Geralmente, a identidade dos acusados ​​nesses casos são ocultas,[12] porém, em 24 de março, após uma decisão do Comitê de Revisão de Divulgação de Informações Pessoais da Agência de Polícia Metropolitana de Seul, foi tomada uma medida oficial de divulgação de identidade, com base no artigo 25 da Lei sobre Casos Especiais Relativos à Punição de Crimes Sexuais.

Reações[editar | editar código-fonte]

Políticas[editar | editar código-fonte]

  • O presidente Moon Jae-in solicitou que a polícia investigasse todos os membros dos grupos, não apenas Cho.[3]
  • Lee In-young, o líder parlamentar do Partido Democrático da Coreia, prometeu que o partido levaria o caso à legislação parlamentar.[13]
  • O principal partido de oposição condenou o caso e alegou que encaminhará o mesmo à legislação parlamentar que proíbe qualquer tipo de pornografia infantil.[14] Além disso, solicitou uma cooperação conjunta para um projeto de lei.[14]

Sociedade[editar | editar código-fonte]

  • A divulgação do caso provocou fúria pública, levando as pessoas a assinarem petições presidenciais e compartilharem hashtags nas mídias sociais exigindo punições severas contra os autores. Uma delas se referiu a divulgação da identidade de Cho e a outra que os nomes e rostos de todos os envolvidos sejam divulgados com punições severas aos envolvidos. As petições atingiram mais de quatro milhões de assinaturas.[3][11]

Referências

  1. «Telegram Nth room suspect to stand in 'photo line'». koreatimes (em inglês). 24 de março de 2020. Consultado em 24 de março de 2020 
  2. «성착취물 제작‧유포 텔레그램 「박사방」 운영자 검거» (Nota de imprensa) (em coreano). Seoul: Seoul Metropolitan Police Agency. 20 de março de 2020. Consultado em 24 de março de 2020 
  3. a b c d e f Yoonjung, Seo (28 de março de 2020). «Dozens of young women in South Korea were allegedly forced into sexual slavery on an encrypted messaging app». CNN. Consultado em 28 de março de 2020 
  4. a b Kim Sang-min (23 de março de 2020). «[단독] '박사방' 운영자 신상 공개…25살 조주빈» (em coreano). Consultado em 24 de março de 2020 
  5. «Face of notorious child porn suspect revealed». The Korea Times. Yonhap News Agency. 24 de março de 2020. Consultado em 28 de março de 2020 
  6. Laura Bicker (25 de março de 2020). «Cho Ju-bin: South Korea chatroom sex abuse suspect named after outcry». BBC News 
  7. Min Joo Kim (25 de março de 2020). «South Korea identifies suspected leader of sexual blackmail ring after uproar». The Washington Post. Seul. Consultado em 28 de março de 2020 
  8. Justin McCurry (25 de março de 2020). «Outrage in South Korea over Telegram sexual abuse ring blackmailing women and girls». Guardian. Tóquio. Consultado em 28 de março de 2020 
  9. Choe Sang-Hun (25 de março de 2020). «Suspect Held in South Korean Crackdown on Sexually Explicit Videos». The New York Times. Seul. Consultado em 28 de março de 2020 
  10. «[Newsmaker] Public anger grows over Telegram underage sexual abuse ring» (em inglês). Consultado em 24 de março de 2020 
  11. a b «Sex crime chat room ignites public fury». Yonhap News Agency. 23 de março de 2020. Consultado em 28 de março de 2020 
  12. Parry, Richard Lloyd (26 de março de 2020). «Korean sex 'demon' thanks police for his arrest». The Sunday Times. The Times. Consultado em 28 de março de 2020 
  13. HA Ellena (하정연) (11 de fevereiro de 2020). «민주당 "텔레그램 N번방 사건 입법, 국민께 약속"». Seoul Economic Daily (em coreano). Consultado em 24 de março de 2020 
  14. a b Hong Suhyeong (20 de março de 2020). «[포토] "성착취 N번방 처벌 미래통합당이 앞장"». The Women's News (em coreano). Consultado em 24 de março de 2020