Olaf Bull

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Olaf Bull
Olaf Bull
Nascimento 10 de novembro de 1883
Christiania
Morte 29 de junho de 1933
Oslo
Sepultamento Cemitério de Nosso Salvador
Cidadania Noruega
Progenitores
Cônjuge Suzanne Bull
Filho(a)(s) Jan Bull
Alma mater
  • Oslo Cathedral School
Ocupação poeta, escritor, jornalista
Olaf Bull

Olaf Bull (Olaf Jacob Martin Luther Breda Bull) foi um poeta norueguês. Nasceu a 10 de Novembro de 1883 em Kristiania (atualmente Oslo), Noruega, e faleceu em 29 de Junho de 1933, também em Oslo.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Os pais de Olaf Bull foram o escritor Jacob Breda Bull e a sua segunda esposa, Maria Augusta Berglöf. Bull cresceu e foi criado principalmente em Kristiania. Com a idade de 13 anos viveu por algum tempo em Hurum, Buskerud, onde o seu pai trabalhava como escritor.

Iniciou o gymnasium em 1899 e nesse mesmo ano publicou o seu primeiro poema no jornal da escola. Depois de terminado o ginásio viveu com a sua família em Roma antes de retornar a Kristiania em 1903 para iniciar os seus estudos na Universidade. Olaf Bull pode ser considerado um pensador multifacetado porque, além de literatura moderna e clássica, dominava filosofia, história, política, arte e ciência. Era conhecido como o "poeta de Oslo", mas viveu períodos prolongados tanto em França, onde nasceu o seu filho, o poeta Jan Bull, como em Itália. Foi durante vários anos jornalista do Posten e do Dagbladet.

Olaf Bull está sepultado no cemitério Vår Frelsers em Oslo

A sua poesia[editar | editar código-fonte]

A colectânea de poesia Digte (Poemas) (1909) foi o fundamento para que Bull viesse a ser reconhecido como o maior poeta da Noruega. Olaf Bull compôs a sua poesia usando o que é chamado em norueguês de sentrallyrikk — poemas acerca de "temas centrais", tais como amor, tristeza e morte. Fixou-se em certos padrões de estrofe e era conhecido pelas suas representações fortes e emotivas. A sua poesia e obra transmitem uma sensação melancólica de que tudo é transitório. Apesar deste tom desconsolado, o seu uso recorrente e poderoso de humor, de uma forma irrepreensível e de uma sonoridade expressiva transmitem a sua crença de que, embora evanescente, a arte e a beleza são importantes.

Giovanni Bach descreveu a sua obra desta forma: “Os seus poemas revelam um poder masculino e uma forte afirmação da sua própria individualidade, não obstante o pessimismo extremo que muitas vezes os envolve num denso véu escuro. A sua poesia é profundamente sentida, rica em qualidade intelectual e imaginativa.." [1]

Bull utilizou os seus vastos conhecimentos e força artística, mas demonstrou um constante estado de medo e de depressão. Herdou uma disposição nervosa do seu pai e abusou do álcool. Olaf Bull era conhecido por ser anti-autoridade e foi considerado um "marginal" na sociedade, mas a sua poesia demonstrou que nunca cortou totalmente com a estrutura e a forma tradicionais. Muita da sua poesia mostrou um desejo poderoso para o eterno e o permanente. Este desejo ficou anda mais patente quando escreveu sobre motivos clássicos.

Bull e Joyce[editar | editar código-fonte]

Enquanto trabalhava em Finnegans Wake, James Joyce quis inserir referências a línguas e literatura da Escandinávia, para o que contratou cinco professores de norueguês. Bull foi o primeiro. Joyce queria ler obras norueguesas na língua original, incluindo Heltesagn Norrøne Gude-og (Contos nórdicos dos deuses e heróis) de Peter Andreas Munch. Joyce estava à procura de trocadilhos e associações estranhas saltando as barreiras da linguagem, o que Bull muito bem compreendia. Versos de poemas de Bull ecoam através de "esta teia de aranha de palavras", como o próprio Joyce designava Finnegans Wake, e o próprio Bull materializa sob o nome "Olaph the Oxman", um trocadilho com o seu apelido.

Nas suas cartas para casa, Bull nunca mencionou Joyce, muito provavelmente porque pedia constantemente à sua família dinheiro, o que seria pouco convincente sendo ele então professor de um escritor mundialmente famoso. Não se sabe como Joyce entrou em contacto com Bull, mas ambos frequentavam a livraria Shakespeare and Company em Paris, que era gerida por Sylvia Beach, que os pode ter posto em contacto. Em 1926 houve uma edição pirata do romance Ulisses nos EUA, o que significou que Joyce não recebeu nenhum dinheiro pela edição. Escreveu com Beach uma carta de protesto com a intenção de ser assinada pelos escritores mais conhecidos de toda a Europa. Beach menciona nas suas memórias que Joyce estava particularmente ansioso para que Bull a assinasse. Beach descobriu Bull que havia saído de Paris para viver no campo em França. Em nome de Joyce, ela mandou um homem lá para ter o protesto assinado. A esposa de Bull Suzanne deu-lhe uma cópia da assinatura de Bull.[2]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Obras publicadas em vida[editar | editar código-fonte]

  • Digte (Poemas), Gyldendal, 1909.
  • Nye Digte (Novos Poemas), Gyldendal, 1913.
  • Mitt navn er Knoph (O meu nome é Knoph), Narveson, 1914 - o primeiro livro norueguês a ser traduzido para dinamarquês.
  • Digte og noveller (Poemas e Contos), Gyldendal, 1916
  • Samlede digte 1909–1919 (Colectânea de Poemas), Gyldendal, 1919.
  • Stjernerne (As Estrelas), Gyldendal, 1924.
  • Metope, Gyldendal, 1927.
  • De hundrede aar (Os Cem Anos), Gyldendal, 1928.
  • Kjærlighet (Amor), Gyldendal, 1929.
  • Oinos og Eros (Oinos e Eros), Gyldendal, 1930.
  • Ignis ardens, Gyldendal, 1932.

Peça de Teatro[editar | editar código-fonte]

  • Kjærlighetens farse:tre akter (Farsa do Amor: Três Actos), Aschehoug, 1919, publicada em 1948. Escrita em conjunto com Helge Krog.

Obras publicadas postumamente[editar | editar código-fonte]

  • Ekko og regnbue: notater fra en dikters verksted (Echo e arco-íris: Notas do lugar de trabalho de um Poeta), Gyldendal, 1987. Editado por Frans Lasson.
  • Olaf Bull: brev fra en dikters liv (Olaf Bull: Cartas da vida de um Poeta), 2 vols., Gyldendal, 1989. Editado por Frans Lasson.
  • Ild og skygger: spredte notater fra et dikterliv (Fogo e Sombras: Notas dispersas da vida de um Poeta), Nørhaven, Viborg, 1991. Editado por Frans Lasson.

Literatura acerca de Bull[editar | editar código-fonte]

  • Suzanne Bull, Ni år: mitt liv med Olaf Bull (Nove anos: A minha vida com Olaf Bull), Aschehoug, 1974.
  • Petter Næss, Olaf Bull, um gigante desgraçado da literatura escandinava (artigo não publicado, 1990)
  • Nete Smith, Olaf Bull, in: Twentieth Century Norwegian Writers, vol. 297, Gale Dictionary of Literary Biography, 2004
  • Fredrik Wandrup, En uro som aldri dør. Olaf Bull og hans samtid (Um Inquieto Nunca Morre. Olaf Bull e o seu tempo), Gyldendal, 1995.

Referências

  1. The History of the Scandinavian Literatures, Edited by Giovanni Bach, Dial Press, Inc., New York.
  2. Fredrik Wandrup: "Norsklærer Bull", Dagbladet, June 22, 2004