Oposição à imigração

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A oposição à imigração, também conhecida como política anti-imigração, é uma importante ideologia política em muitos países. A imigração no sentido moderno refere-se ao movimento de pessoas de um Estado ou território para outro Estado ou território onde não são cidadãos. A chamada imigração ilegal é a imigração que ocorre quando uma pessoa se instala em um país sem ter permissão oficial para fazê-lo.[1] A oposição à imigração vai desde pedidos de reformas nas políticas migratórias, até propostas para restringir completamente a imigração.

Argumentos anti-imigração[editar | editar código-fonte]

De acordo com o professor de ciências políticas estado-unidense Joel S. Fetzer, a oposição à imigração geralmente surge em muitos países devido a questões de identidade nacional, cultural e religiosa. O fenômeno tem sido estudado especialmente na Austrália, Canadá, EUA, Nova Zelândia e Reino Unido, bem como na Europa continental. Assim, a oposição à imigração baseia-se no medo de que os imigrantes arruínem os valores culturais existentes.[2] Opositores contemporâneos da imigração a culpam por problemas como desemprego, criminalidade, danos ao meio ambiente, falta de habitação e aumento nos custos de serviços sociais.

Comumente associado ao nativismo,[3][4][5][6][7] o sentimento restrição da imigração é muitas vezes justificado com um ou mais dos seguintes argumentos e afirmações sobre os imigrantes:

  • Econômicos
    • Gastos públicos: Os gastos do governo podem exceder as receitas públicas relacionadas aos novos imigrantes. Ou seja, eles não pagam impostos suficientes para cobrir o custo dos serviços de que necessitam.
    • Emprego: Eles assumem empregos que poderiam estar disponíveis para cidadãos nativos; Eles criam um excesso de oferta de mão de obra, acompanhado de baixos salários.
    • Bem-estar: Eles fazem uso forte e intensivo dos sistemas de bem-estar social.
    • Habitação: Aumento dos preços da habitação, uma vez que as famílias imigrantes reduzem o número de vagas e provocam aumento no preço dos aluguéis.
  • Culturais
    • Patriotismo: Eles prejudicam um senso de comunidade e nacionalidade, com base na etnia ou cultura.
    • Idioma: Eles se isolam em suas próprias comunidades e se recusam a aprender o idioma local.
    • Cultura: Eles podem superar a população nativa e substituir a cultura dela pela sua.
    • Integração: Devido a diferenças religiosas ou culturais, os imigrantes podem rejeitar a cultura nativa e não se integrar, criando problemas de convivência ou tensões sociais com a população nativa.
  • Ambientais
    • Meio Ambiente: Aumento do consumo de recursos escassos; além disso, sua mudança de economias de baixa para alta poluição aumenta a poluição.
    • Superpopulação: Eles podem superpovoar países.

Causas da oposição à imigração[editar | editar código-fonte]

Um artigo da National Bureau of Economic Research publicado em 2018 afirmou que um influxo de imigração altamente qualificada estava associado a declínios no voto nacionalista, mas que um influxo de imigração pouco qualificada estava associado a aumentos no voto nacionalista nas eleições europeias entre 2007 e 2016.[8] A percepção de que os imigrantes são pouco qualificados também provocou mais oposição (embora os imigrantes altamente qualificados sejam mais bem-vindos).[9] Um artigo de 2019 da Universidade de Tel Aviv identificou a competição econômica, a competição cultural, as atitudes raciais e o medo do crime como alguns dos fatores mais importantes que levam ao ponto de vista anti-imigração.[10]

Outros fatores incluem o desemprego,[11] o baixo nível de educação,[12][13][14] o nacionalismo religioso, a proximidade geográfica com o lugar de origem dos imigrantes[15][16][17] e elementos sociopsicológicos como a islamofobia.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Kozak, Krystof (20 de setembro de 2009). «Are Immigrants Disloyal? The Case of Mexicans in the U.S.». European journal of American studies (em inglês). 4 (4-2). ISSN 1991-9336. doi:10.4000/ejas.7629. Consultado em 15 de fevereiro de 2022 
  2. Fetzer, S. Joel (2000). «Economic self-interest or cultural marginality? Anti-immigration sentiment and nativist political movements in France, Germany and the USA». Journal of Ethnic and Migration Studies (em inglês). 26 (1): 5-23. Consultado em 15 de fevereiro de 2022 
  3. Barkan, Elliott R. (4 de janeiro de 2016). «Return of the Nativists? California Public Opinion and Immigration in the 1980s and 1990s». Universidade de Cambridge (em inglês). 27 (2): 229-283. Consultado em 15 de fevereiro de 2022 
  4. Rivkin, Ellis (1957). «Review of STRANGERS IN THE LAND: PATTERNS OF AMERICAN NATIVISM 1860–1925». Studies in Bibliography and Booklore (em inglês). 3 (1): 43-45. Consultado em 15 de fevereiro de 2022 
  5. Lucassen, Leo (2005). «The immigrant threat: the integration of old and new migrants in western Europe since 1850». Universidade de Illinois (em inglês). ISBN 978-0-252-03046-8. OCLC 58546391. Consultado em 15 de fevereiro de 2022 
  6. Troper, Harold (1985). «Review of Patterns of Prejudice: A History of Nativism in Alberta». The International Migration Review (em inglês). 19 (1): 161-162. Consultado em 1 de fevereiro de 2022 
  7. Shrag, Peter (2010). «Not fit for our society: nativism and immigration». Berkeley: Universidade da Califórnia (em inglês). ISBN 978-0-520-25978-2. Consultado em 15 de fevereiro de 2022 
  8. Moriconi, Simone; Peri, Giovanni; Turati, Riccardo (2018). «Skill of the Immigrants and Vote of the Natives: Immigration and Nationalism in European Elections 2007-2016». National Bureau of Economic Research (NBER) (em inglês). Consultado em 15 de fevereiro de 2022 
  9. Igarashi, Akira; Ono, Yoshikuni (2019). «Neoliberalism and Negative Attitudes toward Immigrants». Research Institute of Economy, Trade and Industry (RIETI) (em inglês) 
  10. Gorodzeisky, Anastasia; Semyonov, Moshe (12 de abril de 2019). «Unwelcome Immigrants: Sources of Opposition to Different Immigrant Groups Among Europeans» (em inglês). 4 (24). ISSN 2297-7775. doi:10.3389/fsoc.2019.00024 
  11. Hainmueller, Jens; Hopkins, Daniel J. (11 de maio de 2014). «Public Attitudes Toward Immigration». Annual Review of Political Science (em inglês). 17 (1): 225–249. ISSN 1094-2939. doi:10.1146/annurev-polisci-102512-194818. Consultado em 15 de fevereiro de 2022 
  12. Robinson, Duncan (2 de março de 2017). «How education level is the biggest predictor of support for Geert Wilders». Financial Times (em inglês). Consultado em 15 de fevereiro de 2022 
  13. Ehrenberg-Shannon, Billy (7 de maio de 2017). «French election results: Macron's victory in charts». Financial Times (em inglês). Consultado em 15 de fevereiro de 2022 
  14. d׳Hombres, Béatrice; Nunziata, Luca (1 de novembro de 2016). «Wish you were here? Quasi-experimental evidence on the effect of education on self-reported attitude toward immigrants». European Economic Review. Social identity and discrimination (em inglês). 90: 201–224. ISSN 0014-2921. doi:10.1016/j.euroecorev.2016.02.007. Consultado em 15 de fevereiro de 2022 
  15. Halla, Martin (29 de novembro de 2015). «Immigration and far-right voting: New evidence». VoxEU.org (em inglês). Consultado em 15 de fevereiro de 2022 
  16. Hangartner, Dominik; Dinas, Elias; Marbach, Moritz; Matakos, Konstantinos; Xefteris, Dimitrios (maio de 2019). «Does Exposure to the Refugee Crisis Make Natives More Hostile?». American Political Science Review (em inglês). 113 (2): 442–455. ISSN 0003-0554. doi:10.1017/S0003055418000813. Consultado em 15 de fevereiro de 2022 
  17. «Immigration Ethnic Diversity and Political Outcomes: Evidence from Denmark». curis.ku.dk (em inglês). Consultado em 15 de fevereiro de 2022