Paula Montero

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Paula Montero
Nascimento 19 de novembro de 1951
Rio de Janeiro
Cidadania Brasil
Alma mater
Ocupação antropóloga
Empregador(a) Universidade de São Paulo, Centro Brasileiro de Análise e Planejamento

Paula Montero (Rio de Janeiro, 19 de novembro de 1951) é uma antropóloga brasileira, professora titular da Universidade de São Paulo e pesquisadora da área de Antropologia da Religião, na qual é referência.

Vida[editar | editar código-fonte]

Paula Montero nasceu no Rio de Janeiro. Fez sua formação superior na França: graduou-se em Ciências Sociais na Université de Paris VII - Vincennes em 1973 e em Psicologia na Université Réné Descartes Sorbonne em 1976. Concluiu o mestrado em Antropologia Social na Université de Paris VII em 1974, sob a orientação de Jean Claude Martinon. Doutorou-se em Antropologia pela Universidade de São Paulo, em 1983, sob a supervisão de Eunice Ribeiro Durham, defendendo o trabalho Da doença à desordem: a cura mágica na Umbanda.[1] Tornou-se Livre-Docente em 1992.

Foi casada com o cientista social Renato Ortiz.

Realizações[editar | editar código-fonte]

Em 1986, ingressou nos quadros docentes do Departamento de Antropologia da USP. No Programa de Pós-graduação em Antropologia Social consolidou os estudos na área de Antropologia da religião, orientando dezenas de pesquisadores[1]. Além das atividades docentes, também exerceu cargos de chefia, incluindo o da direção do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP e o de coordenadora do megaevento Brasil 50 mil Anos — uma Viagem ao Passado Pré-Colonial, [2][3][4] além do de editora da Revista de Antropologia.[5]

Dos estudos sobre magia e umbanda, religião que mobilizou seu interesse inicial, Montero passou aos sobre catolicismo, buscando compreender de que modo a cultura havia se tornado uma questão para a Igreja Católica. Com Ralph Della Cava desenvolveu uma extensa investigação sobre os meios de comunicação de massa e sua utilização pela Igreja Católica.[6] Na década de 2000 desenvolveu um projeto sobre as missões salesianas, tendo como norte o conceito de mediação cultural,[7] utilizado de modo a problematizar as relações entre missionários e indígenas, ampliando as reflexões sobre religião e cultura.[8][9]

A partir de 2010 passou a refletir sobre as relações entre religião e esfera pública, inicialmente inspirada pelas reflexões de Jurgen Habermas. Seu trabalho se desdobrou em considerações sobre os conceitos de religião civil e de religião pública.[10][11][12] De acordo com Carranza, religião pública é assumida por Montero como "a instituição religiosa que, enquanto ator organizado na sociedade civil, reorienta moralmente o poder do Estado com a legitimidade que a autoridade eclesiástica lhe empresta, mas à margem dela" .[13] Muitas das publicações mais recentes de Montero incluem observações sobre práticas e discursos difundidos em igrejas neopentecostais como, por exemplo, a Igreja Universal do Reino de Deus, e reflexões sobre a produção de gramáticas religiosas e seculares no Brasil contemporâneo.[14]

Desde 1997 é pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, tendo presidido a instituição entre os anos de 2008 e 2015. Também foi editora da revista publicada pelo Cebrap, a Novos Estudos[15]. No âmbito do Cebrap, produziu com Ronaldo Almeida um seminal estudo sobre trânsito religioso, mapeando fluxos e direções de mudanças nas filiações religiosas e propondo um padrão de migração de pessoas e crenças entre as religiões.[16]

Em 1996 assumiu a Coordenação Adjunta da área de Ciências Humanas e Sociais da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.[17]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

Em 2008 recebeu Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico.

Escritos[editar | editar código-fonte]

Livros e coletâneas

  • Religião e Controvérsias Públicas: experiências, práticas sociais e discursos. 2015.[18]
  • Selvagens, Civilizados Autênticos. A produção das Diferenças nas Etnografias Salesianas. 2012.[19]
  • Mão e Contramão. 2009.[20]
  • Retrato de Grupo. 2009.[21]
  • Deus na Aldeia: Missionários, Índios e Mediação Cultural. 2006.[22]
  • Entre o mito e a história. As comemorações em torno do V Centenário do Descobrimento da América. 1996.[23]
  • E o verbo se fez imagem: Igreja Católica e os meios de comunicação social. 1991.[24]
  • Da doença à desordem: a cura mágica na Umbanda. 1985.
  • Magia e pensamento mágico. 1985.[25]

Referências

  1. ↑ a b MONTERO, Paula (25 de julho de 2020). «CV Lattes». buscatextual.cnpq.br. Consultado em 19 de dezembro de 2020 
  2. ↑ «Notícias - Povos Indígenas no Brasil». pib.socioambiental.org. Consultado em 20 de dezembro de 2020 
  3. ↑ «Disputa entre cenógrafo e museu vai à Justiça - Cultura». Estadão. Consultado em 20 de dezembro de 2020 
  4. ↑ «Muito antes de Cabral». ISTOÉ Independente. 12 de setembro de 2001. Consultado em 20 de dezembro de 2020 
  5. ↑ Montero, Paula (2003). «Revista de Antropologia,a marca da tradição» (PDF). Revista de Antropologia. 46 (2): 411-422. Consultado em 20 de dezembro de 2020 
  6. ↑ Ramos, José Mario. «... E o verbo se fez imagem - Igreja católica e os meios decomunicação no Brasil: 1962-1989, de Ralph Delia Cava e Paula Monteiro. Petrópolis, Vozes, 1991.» (PDF). Revista Brasileira de Ciências Sociais. Consultado em 20 de dezembro de 2020 
  7. ↑ Fachin, Patrícia. «Um aprendizado sobre a convivência das diferenças». www.ihuonline.unisinos.br. Consultado em 19 de dezembro de 2020 
  8. ↑ Dullo, Eduardo (dezembro de 2006). «Deus na aldeia: missionários, índios e mediação cultural». Revista de Antropologia (2): 789–795. ISSN 0034-7701. doi:10.1590/S0034-77012006000200010. Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  9. ↑ Sáez, Oscar Calavia (outubro de 2007). «Deus na fronteira». Revista Brasileira de Ciências Sociais (65): 149–152. ISSN 0102-6909. doi:10.1590/S0102-69092007000300013. Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  10. ↑ Camurça, Marcelo (9 de novembro de 2018). «O debate conceitual sobre religiões "cívica", "civil" e "pública" proposto por Paula Montero e uma remissão para o caso do Brasil a partir de reflexões anteriores da autora». Debates do NER (33): 42–57. ISSN 1982-8136. doi:10.22456/1982-8136.88038. Consultado em 20 de dezembro de 2020 
  11. ↑ Machado, Carly (9 de novembro de 2018). «Evangélicos, mídias e periferias urbanas: questões para um diálogo sobre religião, cidade, nação e sociedade civil no Brasil contemporâneo». Debates do NER (33): 58–80. ISSN 1982-8136. doi:10.22456/1982-8136.88039. Consultado em 20 de dezembro de 2020 
  12. ↑ Giumbelli, Emerson (9 de novembro de 2018). «A religião fora da igreja: comentário ao texto de Paula Montero». Debates do NER (33): 81–89. ISSN 1982-8136. doi:10.22456/1982-8136.88040. Consultado em 20 de dezembro de 2020 
  13. ↑ Guadalupe, José Luiz; Carranza, Brenda (2020). Novo ativismo político no Brasil : os evangélicos do século XXI (PDF). Rio de Janeiro: Konrad Adenauer Stiftung. p. 187 
  14. ↑ «Fé pública». revistapesquisa.fapesp.br. Consultado em 19 de dezembro de 2020 
  15. ↑ «Cebrap lança centésima edição de revista - 25/04/2015 - Poder». Folha de S.Paulo. Consultado em 20 de dezembro de 2020 
  16. ↑ «O catolicismo no Brasil». Rede Brasil Atual. 4 de abril de 2013. Consultado em 20 de dezembro de 2020 
  17. ↑ FAPESP. «Paula Montero». fapesp.br. Consultado em 19 de dezembro de 2020 
  18. ↑ Montero, Paula,. Religiões e controvérsias públicas : experiências, práticas sociais e discursos. São Paulo: [s.n.] OCLC 932127392 
  19. ↑ Montero, Paula. (2012). Selvagens, civilizados, autênticos : a produção das diferenças nas etnografias salesianas, 1920-1970. São Paulo, SP, Brasil: EDUSP. OCLC 849800883 
  20. ↑ Montero, Paula.; Comin, Alvaro A.; Araújo, Cícero.; Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. (2009). Mão e contramão : e outros ensaios contemporâneos 1a ed ed. São Paulo: Editora Globo. OCLC 701333203 
  21. ↑ Moura, Flávio, 1978-; Montero, Paula,. Retrato de grupo : 40 anos do CEBRAP. São Paulo, SP: [s.n.] OCLC 690237606 
  22. ↑ Montero, Paula. (2006). Deus na aldeia : missionários, índios e mediação cultural 1a ed ed. São Paulo: Editora Globo. OCLC 85787675 
  23. ↑ Simioni, Ana Paula.; Montero, Paula. (1996). Entre o mito e a história : o V centenário do descobrimento da América. Petrópolis: Vozes. OCLC 35578065 
  24. ↑ Della Cava, Ralph. (1991). --e o verbo se faz imagem : Igreja Católica e os meios de comunicação no Brasil, 1962-1989. Petrópolis: Vozes. OCLC 24507206 
  25. ↑ Montero, Paula. (1986). Magia e pensamento mágico. São Paulo: Editora Ática. OCLC 17856384 
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