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Periderme

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A periderme é um tecido de proteção e tecido de cicatrização que surge em estruturas de crescimento secundário, em primeiro caso, ocorre em caules e raízes e em segundo caso, em alguns frutos, catáfilos ou escamas que protegem as gemas do frio. Com a produção de tecido vascular secundário, ocasionando um aumento contínuo do diâmetro do caule, substituindo a epiderme que foi descamada por periderme. Tanto a periderme, quanto o tecido vascular secundário constituem o corpo secundário de plantas como gimnospermas, dicotiledôneas lenhosas e algumas herbáceas e trepadeiras.

Como dito acima, a periderme torna-se muito importante em regiões ou superfícies expostas após uma abscisão, em tecidos injuriados por ação mecânica ou também pela invasão de parasitas.

A periderme se origina através de um tecido meristemático denominado felogênio, de origem secundária. Em cortes transversais as células desse tecido apresentam formato retangular de arranjo compacto e em cortes longitudinais, elas podem ter aspecto retangular ou poligonal. Em caules é muito comum que o felogênio se diferencie de uma camada cortical ou subepidérmica, enquanto que nas raízes, é extremamente raro o felogênio originar-se de uma camada subepidérmica, sendo comum que o felogênio seja diferenciado de uma camada do córtex, próxima do câmbio vascular.

Este tecido se divide periclinalmente para originar fileiras seriadas de células; aquelas em direção do lado externo se diferenciam como felema ou denominado de súber e aquelas em direção ao lado interno, originarão a feloderma ou córtex secundário.[1]

Súber da raiz de Gossypium sp., sendo a camada mais externa.

Também chamado de felema, ou cortiça, localiza-se mais externamente ao felogêneo e é composto de células que variam em sua forma, podendo ser quadradas, arredondadas, retangulares, paliçadicas, irregulares ou achatadas. O arranjos das células é compacto, isto é , não há espaços intercelulares e as células do súber se caracterizam por possuírem suas paredes celulares suberificadas por suberina, uma substância com alto teor lipídico.[2]

Normalmente, as células do súber são desprovidas de conteúdo visível, mas em algumas espécies do gênero Cecropia, é muito comum encontrar compostos fenólicos ou resinosos.

A feloderme é constituida por células ativas semelhantes ao parênquima do córtex, porém distingue-se do córtex parenquimático pelo seu alinhamento com as células do felogêneo e consiste normalmente de uma a quatro camadas de células.

Podem desempenhar diversas funções, alguns contêm cloroplastos, portanto contribuem com a capacidade fotossintética da planta, outros produzem compostos fenólicos, formando estruturas secretoras, ou ainda, originam esclereídes.

Lenticelas de Sambucus nigra.

Devido a presença da suberina a periderme torna-se impermeável. Em resposta, as plantas desenvolveram extensões limitadas caracterizadas pelo aumento de espaços intercelulares, denominados de lenticelas, cuja principal função é promover a aeração de tecidos internos, como raízes aérias, caules e frutos.

São pequenos pontos de ruptura no tecido suberoso, a abertura pode ser arredonda ou alongada. Em plantas cuja primeira periderme permanece por um longo período, as lenticelas podem permanecer ativas por muitos anos e em plantas com peridermes sequências, as lenticelas têm curto tempo de atividade. Normalmente elas se formam a partir de células localizadas abaixo do estômato, ou de um grupo de estômatos da antiga epiderme.

Nas dicotiledôneas e eudicotiledôneas, foram descritos três tipos de lenticelas com diferentes graus de especialização. O mais simples apresenta um tecido de enchimento de células suberificadas e de arranjo frouxo e paredes delgadas com camadas de células com arranjo mais compacto e paredes espessas. O segundo tipo, possui em suas lenticelas uma massa de tecido de preenchimento, não suberificado e de arranjo frouxo, que no fim da estação é substituída por células suberizadas e de arranjo compacto. No terceiro tipo, apresenta o tecido de preenchimento estratificado, com várias camadas de tecido frouxo intercaladas com camadas de tecido suberizadas e de deposição mais compacta.

As lenticelas possuem estruturas que se expandem para contrabalançar a pequena quantidade de oxigênio disponível no ambiente ou de solo com grande taxa de umidade; então funciona como poro de respiração.[3]

Diferença de Periderme, Casca e Ritidoma

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Oakbark

Nunca se deve confundir periderme com casca ou ritidoma. O termo casca se refere ao conjunto de tecidos situados externamente ao câmbio, envolvendo tecidos de origem primária e/ou secundária. Quanto ao ritidoma, ele envolve o conjunto de tecidos mortos externos à última camada de periderme formada, consistindo de peridermes sequenciais e de tecidos por ela englobados. A periderme é constituída pela feloderme, felogêneo e súber.

Aspectos Taxonômicos

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A textura externa da periderme pode apresentar diferentes padrões característicos dentro de determinados grupos e famílias, podendo variar também de espécie para espécie em determinados grupos e variar de indivíduo para indivíduo dentro da mesma espécie dependendo do habitat, região do órgão e idade do espécime. Tanto os aspectos externos, quantos os aspectos internos, sejam macroscopicamente ou microscopicamente, contribuem de modo significativo para os estudos taxonômicos e do lenho.

Importância econômica

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A cortiça utilizada no mercado é obtida do sobreiro (Quercus suber), planta da família Fagaceae e nativa da região mediterrânea, quando completa 20 anos, a periderme original é retirada, ocasionando o crescimento de um novo felogênio mais ativo, levando metade do tempo, aproximadamente 10 anos para igualar a quantidade cortiça produzida antes da primeira coleta. A cortiça ideal, a com melhor valor de mercado é obtida após o terceiro descortiçamento, sendo áspera e desigual. A cada coleta de cortiça, o felogênio surge em uma camada cortical mais profundo e quando a planta está perto de completar cerca de 150 anos, são células do floema secundário que originam o felogênio.

Em muitas plantas arbóreas nativas do Brasil, não possui o desenvolvimento do súber semelhante e se comparado ao do sobreiro, quantitativamente é muito inferior. Nesses casos, é produzido o compensado de cortiça, obtido da moagem da cortiça bruta, cujo produto é misturado com substâncias resinosas ou plastificadoras. Algumas plantas como o mangue-vermelho, armazenam grandes quantidades de taninos nas camadas mais profundas da peridermes (feloderme), do que nas mais externas.

Algumas árvores da família Lauraceae, produzem e armazenam em suas cascas, um aldeído cinâmico que é responsável pelo cheiro característico, como por exemplo a canela. Os canais laticíferos da seringueira, encontram-se em toda extensão da casca, exigindo muita habilidade do seringueiro, que ao extrair o látex, deve-se fazer incisões finas e oblíquas e tomar cuidado para não injuriar o câmbio vascular.

Propriedades Fisiológicas e Ecológicas

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A periderme possui diferentes propriedades físico-químicas e estruturais dependendo do grau de adaptação das plantas ao ambiente em que encontra.

A ausência das lenticelas reduz a perda de água por transpiração, sendo uma adaptação de plantas de ambientes com condições xéricas. Plantas, em que parte de seu corpo está submerso, apresenta hipertrofia de suas lenticelas, e enquanto que as lenticelas localizadas em órgãos acima da coluna d'água, possui lenticelas maiores e com mais espaços intercelulares, consequentemente, aumentando a aeração.

A periderme pode criar um microclima no tronco, fazendo com que a produção de compostos químicos hidrossolúveis na superfície externa, bem como sua rugosidade, normalmente favorece o desenvolvimento de plantas epífitas. Também, é um excelente isolante térmico, protegendo as estruturas mais internas de radiação solar, temperaturas extremas e da oscilação térmica, sendo que o isolamento torna-se proporcional a espessura da casca. Nas árvores do Cerrado, a proteção que a casca confere não é diretamente proporcional a sua espessura, também depende das irregularidades da superfície da casca e/ou dos compostos químicos que possam ocorrer externamente ou internamnete a casca

A cor da casca também é muito importante na reflexão da luz, as cores mais claras confere a planta maior grau de adaptação às condições tropicais, por refletirem a luz e evitando o superaquecimento dos tecidos vegetais.

Apezzato-da-Glória, Beatriz (2006). Anatomia Vegetal. Viçosa. pg. 237-247

  1. Cutter, Elizabeth (1986). Anatomia vegetal Parte I. São Paulo, SP: Roca. pp. 258–264 
  2. Álvaro, Maria Fernanda (20 de dezembro de 2015). «Tecidos e Órgão Vegetais». Maria Fernanda Barreiro Álvaro. Consultado em 20 de dezembro de 2016 
  3. Cutter, Elizabeth (1986). Anatomia Vegetal Parte II. São Paulo, SP: Roca. pp. 118–121