Poecilochaetidae
[1] Poecilochaetidae | |||||||||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||||||||
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Resumo dos táxons reconhecidos | |||||||||||||||||||||||
Gênero Poecilochaetus Claparède in Ehlers, 1875[1][3]
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Poecilochaetidae (poikílos em grego significa diverso e chaeta é um termo para cerda, ou seja, cerdas diversas) é uma família de animais anelídeos poliquetas espioniformes marinhos[6] tubícolas.[7] Estes organismos são caracterizados por terem um par palpos sulcados, cerdas dos segmentos anteriores dirigidas para a frente, formando uma "gaiola", protegendo a cabeça, diferentes tipos de cerdas ao longo do corpo e uma projeção cefálica mediana.[6][8][3]
Morfologia
[editar | editar código-fonte]Os peciloquetídeos são vermes com até 90 mm de comprimento e muito finos, com menos de 2 mm de largura.[9] São translúcidos, de forma que a região anterior pode ser avermelhada, devido ao sangue circulante, e a anterior é escura, devido à coloração do intestino.[9]
Sendo do grupo dos anelídeos poliquetas, seu corpo possui três regiões principais: a cabeça, o tronco e o pigídio.[9][10] A cabeça é formada por duas partes o prostômio, que é a mais anterior, e o peristômio, a mais posterior, onde fica a boca.[9][10] O tronco é formado por vários segmentos repetidos.[9][10] E o pigídio é a extremidade posterior, onde fica o ânus.[9][10]
A cabeça é pequena e as cerdas dos primeiros segmentos se projetam em direção anterior, formando uma "gaiola" cefálica.[6][8][3] O prostômio é um lobo esférico pequeno ou alongado.[3] Dele saem os órgãos nucais que, em geral, são três lobos alongados, em sentido posterior.[6][8][3] Além disso, geralmente, há dois pares de olhos no prostômio.[6][8][3] O peristômio é constituído, basicamente, pelos lábios[6][8] e dele sai um par de palpos sulcados bastante longos.[6][8][3] Há uma projeção peristomial mediana ventral, chamada de tentáculo ventral ou tubérculo facial, que pode ser considerada uma característica única deste grupo.[9]
No tronco, os segmentos são mais largos do que longos.[3] Seus parapódios são birremes.[6][8] Estes possuem lobos com a forma de um ou de um pino de boliche, mais largos na base, com ponta digitiforme.[6] As cerdas são todas simples[6][8] e a sua variedade de formas ao longo do corpo é o que dá nome ao grupo:[9] poikílos significa diverso e chaeta é um termo para cerda, ou seja, cerdas diversas. Já foram classificados 14 tipos de cerdas, divididos em formas espinhosas e capilares, por exemplo, cerdas espinhosas ocorrem entre os segmentos 2 e 7, enquanto que cerdas plumosas capilares ocorrem entre o 13 e 23.[9]
As brânquias, se presentes, são estruturas parapodiais, na forma de lobos filiformes ou ramificados, ocorrendo, aproximadamente, a partir do segmento 17.[9]
Sua excreção é feita por estruturas chamadas metanefrídios, as quais, a partir do segmento 16, também apresentam a função de liberar gametas, sendo chamadas, então, de mixonefrídeos.[9]
O pigídio apresenta muitos cirros,[6][8][3] o ânus é dorsal.[9]
Diversidade
[editar | editar código-fonte]São conhecidas ao menos 32 espécies de peciloquetídeos ao redor do mundo.[8][3][4]
Sua maioria vive em ambientes marinhos quentes e rasos, em profundidades menores que 150 m. Entretanto, algumas espécies foram encontradas abaixo de 500 m.[3] Há registros de animais da espécie Poecilocaethus vitjazi a mais de 10 mil metros de profundidade.[3]
No Brasil, há registro de animais da família nos estados do Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.[11] As espécies identificadas foram: Poecilochaetus australis, P. perequensis, P. polycirratus e P. serpens,[11] sendo as três primeiras foram descritas a partir de animais brasileiros.[12][13]
Não são conhecidos fósseis de Peocilochaetidae.[9]
Hábitos
[editar | editar código-fonte]São animais bentônicos encontrados em sedimentos finos e moles (não consolidados).[8]
Vivem entocados[3] dentro de tubos escavados no substrato, que podem ter forma de U ou ser ramificados.[7] Esses tubos são recobertos por muco e há um fluxo interno de água, mantido pelo movimento dos parapódios.[7]
Alimentam-se com o auxílio de seus palpos.[14] Podem ser suspensívoros, consumindo pequenas algas e diatomáceas, ou comedores de depósito, selecionando a matéria sobre o substrato.[14]
São animais dioicos, ou seja, há machos e fêmeas.[8][9] Pressupõe-se que sua fertilização seja externa, mas tal evento ainda não foi observado diretamente.[8][9] Os óvulos apresentam envelopes alveolados e os espermatozoides possuem a cabeça esférica.[8][9] O estágio larval é planctônico e de longa duração.[8][9]
Taxonomia & Filogenia
[editar | editar código-fonte]Poecilochaetidae é uma família que possui apenas um gênero, Poecilochaetus,[3][15][1] do qual são reconhecidas 31 espécies e uma subespécie.[3] No entanto, muitas espécies foram descritas baseadas em fragmentos anteriores apenas.[6]
Anteriormente, Poecilochaetus, o único gênero atual de Poecilochaetidae, estava incluso na família Disomidae (atual Trochochaetidae) junto de Disoma (atual Trochochaeta).[3] Esta classificação foi aceita por muito tempo.[3]
No entanto, mais tarde, descreveu-se a família Poecilochaetidae baseado em estudos comparativos das larvas dos dois gêneros citados, Poecilochaetus e "Disoma".[3][16] O status de família foi mantido pela maioria dos estudos posteriores.[3]
Estudos morfológicos indicam que Poecilochaetidae é um grupo monofilético. Algumas evidências morfológicas de sua monofilia seriam os lobos parapodiais com formato de pinos de boliche e as cerdas plumadas.[6] Esse estudos morfológicos também indicam Trochochaetidae como seu grupo-irmão.[3] Estudos moleculares sugerem o mesmo.[3]
Referências
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- ↑ Read, G.; Fauchald, K. (Ed.) (2020). World Polychaeta database. «Spionida». World Register of Marine Species. Consultado em 26 de junho de 2020
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac ad ae af ag ah ai aj ak al am an ao ap aq ar as at au av aw ax ay az ba Purschke, Günter; Schmidt-Rhaesa, Andreas; Böggemann, Markus; Westheide, Wilfried (24 de fevereiro de 2020). «Seção 7.4.2 Poecilochaetidae Hannerz, 1956». Pleistoannelida, Sedentaria II (em inglês). [S.l.]: Walter de Gruyter GmbH & Co KG
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- ↑ a b c Allen, E J (1904). «The anatomy of Poecilochaetus, Claparède». Londres: J. and A. Churchill. Quarterly journal of microscopical science. Series: new (48): 83 – via BioStor
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