Revolta do dia 8888
Revolta do dia 8888 | |||||||||||||
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Parte de Conflitos armados em Myanmar | |||||||||||||
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A Revolta do dia 8888 (birmanês: ၈-၄လုံး ou ရှစ်လေးလုံး; também conhecido como a Revolta do Poder Popular[1]) foi uma série de marchas, manifestações, protestos[2] e motins[3] pró-democracia na República Socialista da União da Birmânia (atualmente conhecida como Mianmar). Os eventos importantes ocorreram em 8 de agosto de 1988, e devido a esta data (08/08/1988), é conhecida como a "Revolta do dia 8888".[4]
Desde 1962, o país havia sido governado pelo regime do Partido do Programa Socialista da Birmânia como um estado de partido único, liderado pelo general Ne Win. A catastrófica via birmanesa para o socialismo tinha transformado a Birmânia em um dos países mais pobres do mundo.[5][6][7] Quase tudo foi nacionalizado e o governo misturou o estilo soviético de planejamento central com crenças supersticiosas.[7] Em um artigo publicado em uma edição de fevereiro de 1974, a Revista Newsweek, descreveu o regime como "uma amálgama ilógica de budismo e marxismo".[8]
A revolta foi iniciada por exatamente 8 888 alunos em Yangon durante o dia 8 de agosto de 1988. Protestos estudantis espalharam-se por todo o país.[5][9] Centenas de milhares de monges vestidos de ocre, crianças, estudantes universitários, donas de casa e médicos protestaram contra o regime.[10][11] A revolta terminou em 18 de setembro depois de um sangrento golpe militar pela Conselho de Estado para Restauração da Lei e da Ordem (SLORC). Milhares de mortes foram atribuídas aos militares durante esta revolta,[9][12][13] enquanto as autoridades de Mianmar apresentam a cifra de cerca de 350 pessoas mortas.[14][15]
Durante a crise, Aung San Suu Kyi surgiu como um ícone nacional. Quando a junta militar organizou uma eleição em 1990, seu partido, a Liga Nacional para a Democracia, venceu 80% das assentos no governo (392 de 447).[16] No entanto, a junta militar se recusou a reconhecer os resultados e colocou Aung San Suu Kyi em prisão domiciliar. O Conselho de Estado para Restauração da Lei e da Ordem teria uma mudança cosmética do Partido Programa do Socialista da Birmânia.[10]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Yawnghwe (1995), pp. 170
- ↑ Ferrara 302–3
- ↑ "Hunger for food, leadership sparked Burma riots". Houston Chronicle. August 11, 1988.
- ↑ Tweedie, Penny. (2008). Junta oppression remembered. Reuters.
- ↑ a b Burma Watcher (1989)
- ↑ *Tallentire, Mark (September 28, 2007). The Burma road to ruin. The Guardian.
- ↑ a b Woodsome, Kate. (October 7, 2007). 'Burmese Way to Socialism' Drives Country into Poverty Arquivado em 2012-12-08 na Archive.today. Voice of America.
- ↑ Smith (1991)
- ↑ a b Ferrara (2003), pp. 313
- ↑ a b Steinberg (2002)
- ↑ Aung-Thwin, Maureen. (1989). Burmese Days Arquivado em 23 de fevereiro de 2006, no Wayback Machine.. Foreign Affairs.
- ↑ Fogarty, Phillipa (August 7, 2008). Was Burma's 1988 uprising worth it?. BBC News.
- ↑ Wintle (2007)
- ↑ Ottawa Citizen. September 24, 1988. pg. A.16
- ↑ Associated Press. Chicago Tribune. September 26, 1988.
- ↑ Wintle, p. 338.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]Livros e jornais
- Boudreau, Vincent. (2004). Resisting Dictatorship: Repression and Protest in Southeast Asia. Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-83989-1.
- Burma Watcher. (1989). Burma in 1988: There Came a Whirlwind. Asian Survey, 29(2). A Survey of Asia in 1988: Part II pp. 174–180.
- Callahan, Mary. (1999). Civil-military relations in Burma: Soldiers as state-builders in the postcolonial era. Preparation for the State and the Soldier in Asia Conference.
- Callahan, Mary. (2001). Burma: Soldiers as State Builders. ch. 17. cited in Alagappa, Muthiah. (2001). Coercion and Governance: The Declining Political Role of the Military in Asia. Stanford University Press. ISBN 978-0-8047-4227-6
- Clements, Ann. (1992). Burma: The Next Killing Fields? Odonian Press. ISBN 978-1-878825-21-6
- Delang, Claudio. (2000). Suffering in Silence, the Human Rights Nightmare of the Karen People of Burma. Parkland: Universal Press.
- Europa Publications Staff. (2002). The Far East and Australasia 2003. Routledge. ISBN 978-1-85743-133-9.
- Ferrara, Federico. (2003). Why Regimes Create Disorder: Hobbes's Dilemma during a Rangoon Summer. The Journal of Conflict Resolution, 47(3), pp. 302–325.
- Fink, Christina. (2001). Living Silence: Burma Under Military Rule. Zed Books. ISBN 978-1-85649-926-2
- Fong, Jack. (2008). Revolution as Development: The Karen Self-determination Struggle Against Ethnocracy (1949–2004). Universal-Publishers. ISBN 978-1-59942-994-6
- Ghosh, Amitav. (2001). The Kenyon Review, New Series. Cultures of Creativity: The Centennial Celebration of the Nobel Prizes. 23(2), pp. 158–165.
- Hlaing, Kyaw Yin. (1996). Skirting the regime's rules.
- Lintner, Bertil. (1989). Outrage: Burma's Struggle for Democracy. Hong Kong: Review Publishing Co.
- Lintner, Bertil. (1990). The Rise and Fall of the Communist Party of Burma (CPB). SEAP Publications. ISBN 978-0-87727-123-9.
- Lwin, Nyi Nyi. (1992). Refugee Student Interviews. A Burma-India Situation Report.
- Maung, Maung. (1999). The 1988 Uprising in Burma. Yale University Southeast Asia Studies. ISBN 978-0-938692-71-3
- Silverstein, Josef. (1996). The Idea of Freedom in Burma and the Political Thought of Daw Aung San Suu Kyi. Pacific Affairs, 69(2), pp. 211–228.
- Smith, Martin. (1999). Burma - Insurgency and the Politics of Ethnicity. Zed Books. ISBN 978-1-85649-660-5
- Steinberg, David. (2002). Burma: State of Myanmar. Georgetown University Press. ISBN 978-0-87840-893-1
- Tucker, Shelby. (2001). Burma: The Curse of Independence. Pluto Press. ISBN 978-0-7453-1541-6
- Wintle, Justin. (2007). Perfect Hostage: a life of Aung San Suu Kyi, Burma’s prisoner of conscience. New York: Skyhorse Publishing. ISBN 978-0-09-179681-5
- Yawnghwe, Chao-Tzang. Burma: Depoliticization of the Political. cited in Alagappa, Muthiah. (1995). Political Legitimacy in Southeast Asia: The Quest for Moral Authority. Stanford University Press. ISBN 978-0-8047-2560-6
- Yitri, Moksha. (1989). The Crisis in Burma: Back from the Heart of Darkness? University of California Press.
Fontes Adicionais
[editar | editar código-fonte]- AP. (1988). Burma Imposes Martial Law In the Capital After a Protest, New York Times, August 4, 1988.
- AP. (1988). Road To Upheaval In Politics For Burmese, New York Times, September 11, 1988.
- Cumming-Bruce, Nick. (1988). Burma's new leader imposes martial law, The Guardian, August 4, 1988.
- Faulder, Dominic. (2008). Memories of 8.8.88 The Irrawaddy, August 2008.
- Kamm, Henry. (1988). Tension Reported High In Burma After Clashes, New York Times, July 2, 1988.
- Mydans, Seth. (1988). A Burmese Power Shift; Though Government Schedules Election, Decision Rests With People in the Streets, New York Times, September 12, 1988.
- Mydans, Seth. (1988). Defections Strain Burmese Military, New York Times, September 10, 1988.
- Mydans, Seth. (1988). Many in Burma Say Ne Win Continues to Pull the Strings, New York Times, September 13, 1988.
- Richburg, Keith. (1988). Youths, Monks Fight Troops in Burma; Post-Coup Deaths Reported in Hundreds. Washington Post, September 20, 1988.
- Stewart, William. (1988). Burma The Armed Forces Seize Power, TIME, September 26, 1988.
- Protests mark Burma anniversary, BBC News, August 8, 2003.
- Burma's 1988 Protests, BBC News, September 25, 2007.
- Partial list of 8888 Uprising victims, The Irrawaddy, January 1, 2003.