Rosalina Coelho Lisboa

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Rosalina Coelho Lisboa
Principais trabalhos Rito Pagão, publicado em 1921.
Área Escritora, ativista política, jornalista.
Movimento(s) Direito das Mulheres

Rosalina Coelho Lisbôa de Larragoiti (Rio de Janeiro, 1900 -1975) foi uma escritora, jornalista, ativista política e poetisa; conhecida por ter publicado artigos nos jornais, O Globo, O Jornal do Brasil, Correios da Manhã e A Nação. Tornou-se a primeira delegada mulher, título esse concedido pelo ex-presidente Getúlio Vargas, além de defender fortemente a igualdade entre os sexos e o direito trabalhista das mulheres.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascida no Rio de Janeiro, em 1900. Filha de Luzia Gabizo e João Gonçalves Coelho Lisboa, um deputado e senador federal da Paraíba; a qual ministrou aulas no Colégio Pedro II e na Faculdade de Direito do RJ. Rosalina cresceu em um influente lar, já que sua família era detentora de exímios recursos, obteve aulas particulares com professoras estrangeiras, tornando-se um prodígio aos seus 14 anos, pois havia publicado um poema na Revista Fon-Fon, através de sua paixão pela escrita, virou uma colaboradora frequente da Revista Careta, um ano após publicar o poema.[1]

Durante a sua juventude, Rosalina foi uma assídua participante da vida pública, saindo em favor de causas femininas e igualitárias, tudo isso era registrado em suas matérias, publicadas nos grandes jornais cariocas. O ápice de sua vida foi marcado por suas cooperações internas e externas no meio político, a partir da década de 30 e 40, além de ser correspondente do então, presidente da época; Getúlio Vargas, ambos mantinham um relacionamento amigável, sendo ela a principal responsável em aconselhá-lo através de suas cartas, acerca de melhorias a serem adotadas no país, Comunismo e Imperialismo americano sob o Brasil.

Rosalina deixou sua marca por sua luta em conseguir direitos para as mulheres como, o divórcio e participação na política. A sua luta e defesa ao tema, reflete bastante em sua vida privada, seu segundo casamento houve anulação e separação, para em seguida, casar-se pela terceira vez, com o empresário Antônio Sanchez de Larragoiti.

A Constituição de 1937, acerca do divórcio:[editar | editar código-fonte]

Art. 124 - A família, constituída pelo casamento indissolúvel, está sob proteção especial do Estado. Às famílias numerosas serão atribuídas compensações na proporção dos seus encargos. [2]

O divórcio era assunto de tabu para época, sendo até uma forma de preconceito para aqueles que passavam por isso. Através da Proclamação da República, o ideal era garantir o direito individual de cada um, sem a interferência direta do estado na vida privada. Essa era a motivação de Rosalina, ajudar na construção de um país que fosse favorável aos direitos das mulheres, seja no meio trabalhista, onde a igualdade entre os sexos deve ser implementada, ou no rompimento do matrimônio.

Obras[editar | editar código-fonte]

A jornalista ao longo de sua vida publicou algumas obras e artigos em jornais de prestígio, reconhecidos internacionalmente na América Latina e Europa.

  • Em 1921, publicou seu primeiro livro de poema, Rito Pagão, rendendo vitória no concurso orquestrado pela ABL.[3]
  • Publicou em 1927, os livros: O desencantado encantamento e Conferências.
  • Em 1932, publicou o livro Passos no Caminho, traduzido para o espanhol pelas edições Diana.
  • O romance A seara de Caim, foi publicado no Brasil em 1952, pela editora José Olympio.

A Seara de Caim foi outro livro, que gerou bastante sucesso e reconhecimento internacional para a autora, sendo traduzido para o francês, como Les moissons de Cain, publicado pela Editora Livraria Plon, ganhando prefácio de André Maurois; membro da Academia Francesa, a qual comparou a obra com o livro Guerra e Paz, de Liev Tolstói, já que a história é sobre revolução brasileira.[1]

Presença imponente na política brasileira[editar | editar código-fonte]

A sua presença no meio político brasileiro vem desde a sua juventude, logo mostrando suas contravenções ao Comunismo e atenta as ameaças internacionais de instalação do movimento no Brasil. Na década de 20, apoiou a insatisfação de militares contra o sistema de Oligarquias, utilizando os meios de comunicação, onde era influente para espalhar a sua mensagem.

Rosalina apoiou a candidatura de Vargas, durante os movimentos sócio-políticos da década de 30, que o levaram ao poder. Através de suas manifestações em apoio ao presidente, logo tornou-se alguém de confiança, nomeando-a: primeira delegada a representar o Brasil no exterior, convidada a participar da conferência em Montevidéu, em 1932.[4]

Quando as eleições de 1938, começaram a ser disputadas, Rosalina mostrou-se em prol de Plínio Salgado e apoiadora da Ação Integralista Brasileira; movimento de extrema direita, porém as eleições foram interrompidas pelo golpe de Vargas, em 1937. Durante esse período, a jornalista tornou-se uma intermediaria dos conflitos entre o presidente e AIB, apesar de discordar do autoritarismo de Getúlio, e conspirar contra ele em diversos momentos, manteve bem alicerçada a sua amizade, logo sendo, perspicaz ao alertá-lo sobre notícias de cunho duvidoso, publicados pela impressa americana, a qual duvidava da autonomia brasileira, sob a administração e autoridade dele.

Morte[editar | editar código-fonte]

Rosalina manteve-se atuante em seu trabalho como, jornalista; um trabalho que a possibilitou viver muitos anos fora do Brasil, residindo por doze anos na Argentina. Esse período fora do país, fez com que a sua visão sobre política internacional crescesse, tornando-a mais observadora e próxima dos ciclos políticos dos países da América do Sul.

Entre as décadas de sessenta a setenta, Rosalina afastou-se dos holofotes da vida pública e política, vindo a falecer em 13 de novembro de 1975, no Rio de Janeiro.

Referências

  1. a b c Silva, Luzia Gabriele (26 de julho de 2013). «Vida e obra de Rosalina Coelho Lisboa: desafios limiares do método biográfico» (PDF). ANPUH Brasil. Conhecimento histórico e diálogo social, Simpósio Nacional de História. (1-10): 10. Consultado em 16 de outubro de 2023 
  2. Medina, José Miguel (2022). «Artigo 124 da Constituição Federal de 10 de novembro de 1937». Jusbrasil. Consultado em 16 de outubro de 2023. Cópia arquivada em 16 de outubro de 2023 
  3. «ROSALINA COELHO LISBOA – POESIA IBEROAMERICANA – BRASIL – POESIA - BRASILEÑA EN ESPAÑOL - www.antoniomiranda.com.br». www.antoniomiranda.com.br. Consultado em 16 de outubro de 2023 
  4. «Rosalina Lisbôa representou o Brasil na Assembleia da ONU e a Paraíba em Congresso Internacional». Portal FGV. 24 de março de 2022. Consultado em 16 de outubro de 2023