Soraya Soubhi Smaili

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Soraya Soubhi Smaili
Soraya Soubhi Smaili
Soraya Soubhi Smaili
6.º Reitora da Universidade Federal de São Paulo
Período 2013-2021
Antecessor(a) Walter Manna Albertoni
Sucessor(a) Nelson Sass
Dados pessoais
Nascimento 15 de novembro de 1962
Nacionalidade Brasileira
Alma mater Universidade de São Paulo
Profissão Docente

Soraya Soubhi Smaili (15 de novembro de 1962) é uma farmacêutica, pesquisadora e professora universitária brasileira. Foi a primeira reitora da Unifesp,[1] cargo que ocupou por dois mandatos e também como pro-tempore (8 anos e 3 meses). Ocupa a Cadeira 36 da Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil[2] (ACFB). É pesquisadora na área de neurociência, doenças neurodegenerativas e mais recentemente se destacou nos estudos sobre covid-19 e na divulgação sobre as vacinas.[3] Atualmente Coordena o Centro de Estudos SoU_Ciência da Unifesp, think tank que formula políticas públicas para a Educação Superior e a Ciência.

Formação[editar | editar código-fonte]

Soraya Soubhi Smaili é filha de libaneses que migraram ao Brasil no início dos anos 1950.[4] Soraya tem 3 irmãos, Rada Smaili, economista e advogado, Mohamad Smaili, advogado e Husen Smaili, comerciante. Soraya dedicou-se aos estudos e atuação acadêmica desde a sua formação na Universidade de São Paulo (USP), onde graduou-se como Farmaceutica-Bioquímica. Realizou estudos de mestrado e doutorado e livre-docência na Escola Paulista de Medicina, Unifesp, na área de Farmacologia. Iniciou a carreira docente na EPM em 1992, antes da criação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em 1994. Participou ativamente da criação e da expansão da Unifesp, bem como de formulação dos 4 estatutos da universidade aprovados neste período até o presente.

Vida acadêmica[editar | editar código-fonte]

Após seu ingresso na carreira docente, Soraya Smaili, dedicou-se aos estudos de fármacos que alteram a cadeia de sinalização celular. Em 1997 iniciou o seu primeiro pós-doutorado na Thomas Jefferson University, da Filadelfia, EUA, onde desenvolveu estudos em fluorescência de alta resolução em tempo real. Em seguida, realizou nova etapa dos estudos de pós-doutorado no National Institutes of Health (NIH), Bethesda, EUA, por 2 anos, onde realizou estudos na área de morte celular e neurociência, que se tornaram sua linha pesquisa. Posteriormente tornou-se pesquisadora visitante no NIH e fellow da Fogarty Foudation. Em 2001, a partir destes estudos de pós-doutorado, implantou o Laboratório de Morte Celular, no Instituto de Farmacologia e Biologia Molecular (Infar) da Unifesp. Coordenou a implantação dos Laboratórios de Microscopia em Tempo Real Confocal e Confocal Two-photon, pioneiras em nosso país. Foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da Escola Paulista de Medicina, fundado pelo Prof. Ribeiro do Valle e um primeiros programas de Pós-Graduação, com mais de 50 anos de existência. Orientou mais de 20 estudantes de Iniciação Científica, 20 mestrados, 15 doutorados e 9 pos-doutorados. Atualmente conta com mais de 100 artigos publicados nas áreas de morte celular, apontoes, autofagia na Doença de Parkinson e no Cancer. Desde 2004 integra o Comitê Diretor (Board of Directors) da Sociedade Internacional de Morte Celular (International Cell Death Society, ICDS, EUA).

Durante a sua vida acadêmica, Soraya Smaili atuou no Conselho Universitário por diversos mandatos e participou de todos os processos de reforma de Estatutos e Regimentos da Unifesp desde a criação da Unifesp em 1994. Foi Presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (1989), Presidente da Associação dos Docentes da Unifesp (Adunifesp, 2001-2002) e Secretária Regional (2004-2008) da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Foi membro do Diretorio Nacional da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) e do Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras (GCUB). Foi membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) do Ministério da Ciência e Tecnologia. Exerceu a Presidência do Conselho Curador da Fundação de Apoio da Unifesp entre 2013 e 2021.

Em 2012 foi eleita para o primeiro mandado como Reitora da Unifesp para o período 2013-2017[5] e foi reeleita em 2016 para o mandato 2017-2021.[6]

Atualmente, integra o Comitê Diretor (Board of Directors) da Sociedade Internacional de Morte Celular (International Cell Death Society, ICDS); do Conselho Administrativo Superior da Câmara do Comércio Árabe Brasileira (CCAB) e é uma das coordenadoras do projeto Ciência na Saúde do Grupo Mulheres do Brasil.

Gestão da Unifesp[editar | editar código-fonte]

Neste período da sua gestão consolidou a expansão de mais de 1000 % realizada entre 2006 e 2014, tornando a Unifesp uma das universidades mais bem avaliadas do sistema, estando no último ranking THE em 4º lugar e a 1ª universidade federal, entre outros, bem como entre a 7 primeiras da América Latina. Destaca-se também a inserção da Unifesp na Inovação Social, sendo a 1ª universidade brasileira no ODS número 5 (igualdade de gênero) e estando entre as 10 em todos os ODS. Neste período atuou fortemente para equilibrar os orçamentos e continuar conduzindo a universidade, realizou parcerias, e foi liderança na resistência entre os reitores devido ao com o corte de mais de 50% nos orçamentos nos últimos 4 anos do governo de governo Bolsonaro.

Durante a pandemia criou um o Comitê de Enfrentamento da Covid reunindo toda equipe e alta gestão da universidade e Hospital São Paulo, um dos maiores hospitais da cidade de SP e que recebeu forte impacto com os casos graves de Covid-19. Participou ativamente da gestão durante os estudos da vacina de Oxford-Astra Zeneca, dando suporte e buscando financiamento, tendo sido o CRIE Unifesp o coordenador dos estudos de fase 3 em todo país. Neste período realizou importante parceria com a Fiocruz. Além da vacina, a Unifesp se destacou com mais de 300 estudos sobre covid, o que levou a universidade a receber o Prêmio CAPES Elsevier em 2022, como a universidade que mais se destacou na pesquisa sobre Covid-19. Por conta de sua atuação nas pesquisas e também na divulgação científica e contra o negacionismo recebeu a indicação FORBES em 2021, como uma das mulheres que mais se destacaram no combate à pandemia.

O registro histórico de sua trajetória na gestão da Unifesp foi documentado no Livro "Por dentro da gestão plural e democrática da Unifesp".

Atividades na ciência e cultura[editar | editar código-fonte]

Soraya Smaili foi fundadora e primeira presidente do Instituto da Cultura Árabe,[4] onde também realizou e fez a direção cultural das Mostras Imagens e Paisagens Mundo Árabe e o Brasil de Aziz Ab`Saber, coordenou cursos e o Programa de Estudos sobre Imigração Árabe no Brasil (Al Mahjar), idealizado por Aziz Ab`Saber. Idealizou a Mostra Mundo Árabe de Cinema, tendo feito a direção cultural e curadoria por 5 anos.[7] Em conjunto com professores da Unifesp da área de Filosofia e Ciências Sociais, criou a Cátedra Edward Said da Unifesp de estudos da contemporaneidade, ao qual é presidente de honra.

Na ciência tem se dedicado a estudar o financiamento da ciência, os indicadores e os impactos no desenvolvimento científico, cultural e econômico de nosso país. Além de atuar pelo direito e maior atuação das mulheres cientistas e das meninas na ciência.

Em 2022 tomou posse da Cadeira 34 da Academia de Líbano Brasileira de Letras, Artes e Ciência.[8]

Atuação na disseminação da ciência e contra o negacionismo científico[editar | editar código-fonte]

  • Um legado de perdas e danos. Le Monde Diplomatique, São Paulo, 01 set. 2022[9]
  • Ricos, brancos e bolsonaristas são grupos que menos tomaram vacina contra Covid. Folha de São Paulo, São Paulo, 25 ago. 2022[10]
  • A Ciência é um Farol. Folha de São Paulo, São Paulo, 06 jul. 2022.[11]
  • Confiança de brasileiros em cientistas cresceu na pandemia, indica estudo. Folha de São Paulo, Sao Paulo, 15 mar. 2022[12]
  • Valorizar a Ciência e os Pesquisadores, O Estado de São Paulo, 15 março 2022[13]
  • Orçamentos para investir em educação e ciência voltam a níveis dos anos 2000. O Estado de São Paulo, São Paulo, 13 fev. 2022[14]
  • Vacina sem patentes e sem fins lucrativos: um orgulho para a ciência e uma esperança para a humanidade. O Estado de São Paulo, São Paulo, 07 jan. 2022[15]
  • Passando a Boiada na Educação Superior. Folha de São Paulo, São Paulo, p. 3, 17 dez. 2021[16]
  • A Constituição e a escolha de reitores. O Estado de São Paulo, São Paulo, p. A8, 20 out. 2021[17]
  • Hospital Universitário da Unifesp, uma conquista para o SUS. Folha de São Paulo, 12 ago. 2021.
  • Ciência brasileira perde US$ 3,40 por vacina a cada ano. Estado de Minas, Belo Horizonte, 20 jul. 2021[18]
  • Dia Nacional da Ciência, o que comemorar: O Estado de São Paulo, São Paulo, 08 jul. 2021[19]
  • Direito na Unifesp: a serviço da democracia e do interesse público. Folha de São Paulo, Sao Paulo, 17 maio 2021[20]
  • A Urgente Flexibilização das Patentes. Folha de São Paulo, São Paulo, 21 abr. 2021[21]
  • Advocacy pela vida e o combate a Covid-19. O Estado de São Paulo, São Paulo, 13 abr. 2021[22]
  • A Ciência e a Saúde Precisam do FNDCT. O Estado de São Paulo, São Paulo, 02 mar. 2021[23]
  • Universidades Públicas de São Paulo juntas no combate à Covid-19. O Estado de São Paulo, São Paulo, 08 maio 2020[24]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

  • 2022 Membro Titular da Academia Líbano Brasileira de Letras, Artes e Ciência.
  • 2021 Destaque FORBES como uma das mulheres que se destacaram no combate à pandemia.
  • 2021 Ordem do Mérito Farmacêutico, Conselho Regional de Farmácia de São Paulo.
  • 2020 Membro Titular da Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil.
  • 2020 Prêmio ERIC ROGER WROCLAWSKI - 1o lugar Ciências Básicas, Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein
  • 2019 Homenagem pelos relevantes serviços prestados, Conscre - Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
  • 2016 Menção Honrosa do 1º Prêmio de Direito à Memória e à Verdade Alceri Maria Gomes da Silva, Secretaria Municipal de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo.
  • 2015 Homenagem por serviços prestados na divulgação da Cultura, SESC-SP, Prefeitura de SP e Instituto da Cultura Árabe.
  • 2014 Medalha do Jubilei de Ouro à Personalidades das Ciências Farmacêuticas, Academia Nacional de Farmácia.
  • 2011 Homenagem por Serviços em Prestados à Comunidade na Divulgação da Ciência e Cultural Árabe, Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
  • 2011 Homenagem da Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo, Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo.
  • 2011 Premio Pereira Barreto (finalista Fernanda Antunes), DCC - EPM.
  • 2010 Melhor Trabalho de Mestrado para Gustavo J.S. Pereira, Congresso da Sociedade Brasileira de Biologia Celular.
  • 2010 Patronesse da Turma de Ciências Biológicas Modalidade Médica 2010, Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina.
  • 2010 Premio Pereira Barreto (finalista Karen T. Oseki), Escola Paulista de Medicina.
  • 2008 Menção Honrosa Posteres FESBE 2008, FESBE.
  • 2007 Menção Honrosa ao Poster de Rodrigo Portes Ureshino, Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental (SBFTE).
  • 2006 Honor of the International Cell Death Society, Sociedade Internacional de Morte Celular (International Cell Death Society).
  • 2005 Premio Pereira Barreto (finalista Ana Paula Morales), DCC - EPM.
  • 2004 Prêmio José Ribeiro do Valle (finalista Tatiana R. Rosenstock), Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental.
  • 2004 Premio da EMBO (finalista Tatiana R. Rosenstock), European Molecular Biology Organization.
  • 2002 Menção Honrosa Posters do XXXIV Congresso de Farmacologia, Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental.
  • 2002 Menção Honrosa Posters do XXXIV Congresso de Farmacologia e Terapêutica Experimental, Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica.
  • 2002 Premio Pereira Barreto (finalista Ana Paula Morales), Escola Paulista de Medicina.
  • 2002 Premio Pereira Barreto (finalista Roberta M. Correa), Escola Paulista de Medicina.
  • 2001 Premio Pereira Barreto (finalista Ana Carolina P. Carvalho), Escola Paulista de Medicina.

Referências

  1. «Unifesp pode ter primeira mulher na reitoria». Estadão. Consultado em 14 de janeiro de 2023 
  2. «Assista na íntegra – Solenidade de Posse – Profa. Dra. Soraya Soubhi Smaili, Acadêmica Titular da Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil – Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil». Consultado em 14 de janeiro de 2023 
  3. «Com quebra de patente distante, país tem outras opções para ampliar vacinação». CNN Brasil. Consultado em 14 de janeiro de 2023 
  4. a b Fonseca, Bruna Garcia (27 de novembro de 2020). «Uma filha de árabes no combate à covid-19». Agência de Notícias Brasil-Árabe. Consultado em 15 de setembro de 2021 
  5. «'Infraestrutura é o nosso gargalo', diz primeira reitora mulher da Unifesp». 25 de fevereiro de 2013. Consultado em 25 de novembro de 2020 
  6. «Soraya Smaili é nomeada reitora pro tempore da Unifesp - Economia». Estadão. Consultado em 14 de março de 2021 
  7. «Mostra Mundo Árabe resgata 1º filme exibido há 15 anos». Agência de Notícias Brasil-Árabe. 29 de agosto de 2020. Consultado em 12 de abril de 2021 
  8. «SORAYA SOUBHI SMAILI». Consultado em 14 de janeiro de 2023 
  9. «Um legado de perdas e danos - Le Monde Diplomatique». diplomatique.org.br. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  10. «Ricos, brancos e bolsonaristas são grupos que menos tomaram vacina contra Covid». Folha de S.Paulo. 25 de agosto de 2022. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  11. «Conrado Hübner Mendes: A ciência é um farol». Folha de S.Paulo. 6 de julho de 2022. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  12. «Confiança de brasileiros em cientistas cresceu na pandemia, indica estudo». Folha de S.Paulo. 15 de março de 2022. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  13. «Valorizar a ciência e os pesquisadores - Estadão». Estadão. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  14. «Orçamentos para investir em educação e ciência voltam a níveis dos anos 2000». Estadão. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  15. «Vacina sem patentes e sem fins lucrativos: um orgulho para a ciência e uma esperança para a humanidade». Estadão. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  16. «Opinião - Soraya Smaili, Maria Angélica Minhoto e Pedro Arantes: Passando a boiada na educação superior». Folha de S.Paulo. 16 de dezembro de 2021. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  17. «A Constituição e a escolha de reitores». Estadão. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  18. Minas, Estado de; Minas, Estado de (20 de julho de 2021). «Ciência brasileira perde US$ 3,40 por vacina a cada ano». Estado de Minas. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  19. «Dia Nacional da Ciência, o que comemorar?». Estadão. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  20. «Opinião - Renan Quinalha e Soraya Smaili: Direito na Unifesp: a serviço da democracia e do interesse público». Folha de S.Paulo. 17 de maio de 2021. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  21. «A urgente flexibilização de patentes, pela reitora da Unifesp à Folha de São Paulo » ICTP.Br». ICTP.Br. 23 de abril de 2021. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  22. «Advocacy pela vida e o combate ao Covid-19». Estadão. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  23. «A ciência e a saúde precisam do FNDCT». Estadão. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  24. «Universidades públicas de São Paulo juntas no combate à covid-19». Jornal da USP. 8 de maio de 2020. Consultado em 9 de janeiro de 2023