Teofilantropia

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A Teofilantropia foi um culto cívico surgido durante os anos finais da Revolução Francesa que pretendia encontrar uma alternativa à descristianização da França, propondo o culto de uma religião "natural". Seus adeptos se organizavam sob o título de "Amigos de Deus e do Homem".

Uma cerimônia teofilantrópica (ou "cerimônia natural") em 1797.

Contexto[editar | editar código-fonte]

Seus fundadores foram o seminarista Jean-Baptiste Chemin-Dupontes e o pedagogo Valentin Haüy, partidários moderados da Revolução. Em setembro de 1796, inauguraram um culto familiar, deísta e humanitário, que chamaram de "Teofilantropia".

O novo culto cívico encontrou rápido apoio em alguns políticos e empresários, como o pintor Jacques-Louis David e o intelectual Thomas Paine. Contudo, foi o apoio dado por um dos membros do Diretório, La Révellière-Lépeaux, que deu notoriedade de fato a nova religião. O político pretendia fortalecer a República, substituindo o catolicismo por outra crença, embora a Constituição de 1795 (Ano III) já tivesse estabelecido a liberdade de cultos no país.

O culto assumiu uma conotação cada vez mais anticatólica e conseguiu muitos adeptos, principalmente em Paris. O crescimento da Teofilantropia, porém, foi travado pelo desejo de François de Neufchâteau, outro membro do Diretório, em fortalecer o Culto Decadário, uma religião cívica baseada no Calendário Republicano Francês. Perdendo apoio, por fim, as reuniões teofilantrópicas foram proibidas por decreto de 12 de Vendemiário do Ano X (1801), sendo o culto totalmente proibido em Ventoso do Ano XII (1803).[1]

Princípios[editar | editar código-fonte]

Trajes cerimoniais de um teofilantropo.

A Teofilantropia foi definida por seus criadores como uma religião “razoável”, tendo as vantagens das religiões antigas sem seus inconvenientes, sendo uma religião inata ao homem. O culto permitiria a reconciliação entre homens e igrejas, já que toda discussão metafísica ou teológica era proibida. Apenas dois dogmas “socialmente úteis” foram adotados: a existência de Deus e a imortalidade da alma. A moralidade deste novo culto baseava-se nas leis naturais, na consciência que julgava o Bem e o Mal, bem como nos deveres do homem para com os seus semelhantes e o seu país.[2]

A religião era praticada sob a forma de culto familiar e cerimônias públicas, festas religiosas, em templos decorados com inscrições morais e altares, exames de consciência, hinos, leituras, etc.[3]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • LOPES, Marcos Felipe de Brum. “A árvore proibida do sacerdócio”: razão e religião segundo Tom Paine. Rio de Janeiro: Universidade Federal Fluminense (UFF), 2009.
  • SABORIT, Ignasi. Religiosidade na Revolução Francesa. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2009.
  • SOARES, José Miguel Nanni. Joseph de Maistre: intérprete da Revolução Francesa e da Modernidade. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2014.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. MATHIEZ, Albert (1904). La Théophilanthropie et le Culte Décadaire 1796-1801. Paris: Félix Alcan 
  2. CHEMIN-DUPONTÉS, Jean Baptiste (1797). Rituel des Théophilantropes. [S.l.: s.n.] 
  3. VOEGELIN, Eric (1982). From Enlightenment to Revolution. Durham: Duke University Press 

Ver também[editar | editar código-fonte]