Terra Nova (Castro)

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Terra Nova
  Bairro do Brasil  
Igreja de Santa Terezinha, na comunidade de Terra Nova.
Igreja de Santa Terezinha, na comunidade de Terra Nova.
Igreja de Santa Terezinha, na comunidade de Terra Nova.
Localização
Unidade federativa Paraná
História
Criado em 1933

Terra Nova é um bairro rural situado no município de Castro, no estado do Paraná, que originou a partir da colônia fundada por imigrantes alemães em 1933.[1][2][3][4]

História[editar | editar código-fonte]

Arquitetura típica da colônia Terra Nova.
Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), em Terra Nova.

Em 18 de julho de 1933 a Fazenda Marilândia, com 1300 alqueires, que pertencia a Jerônimo Cabral Pereira do Amaral, foi vendida para a Sociedade de Colonização no Estrangeiro (Gesellschaft für Siedlung im Auslande). Essa negociação teve apoio do cônsul alemão em Curitiba, que ajudou a formar um núcleo colonial no município de Castro.[1]

Após a Primeira Guerra Mundial muitos alemães passavam dificuldades financeiras e, por iniciativa da Sociedade de Colonização no Estrangeiro, foram convidados a tentarem uma nova vida no Brasil. Os imigrantes vinham de diversas regiões da Alemanha, com dialetos e costumes diferentes. Alguns eram luteranos e outros católicos.[2]

A fazenda localizada aproximadamente a 10 quilômetros da cidade de Castro,[2] foi batizada pelos colonos com o nome de Terra Nova. A colônia foi subdividida em duas partes: Terra Nova Garcez e Terra Nova Maracanã. A primeira subdivisão ficou para receber os imigrantes que buscavam sair da Alemanha, devido ao cenário econômico alemão e também por questões políticas derivadas da ascensão do partido nazista liderado por Adolf Hitler. Já a segunda área foi destinada para imigrantes alemães que já estavam no Brasil.[1]

Alguns alemães enfrentaram dificuldades ao chegar na colônia, pois não eram agricultores e tinham que se dedicar à agricultura pelo período mínimo de dois anos.[1] A colônia chegou a ter 116 famílias e cada família recebeu um lote de 12 alqueires de terra, dividido em terras para cultivo, pasto e aldeamento. As famílias receberam uma casa provisória, sementes e algumas ferramentas necessárias para a agricultura.[1] Com o tempo foram abrindo novas estradas, construindo novas casas, diversificando as lavouras e também se dedicando a pecuária leiteira. Algumas famílias aderiram ao cooperativismo se associando a Cooperativa Castrolanda e a Cooperativa Batavo.[2][5]

Com o passar dos anos muitos filhos de colonos acabaram deixando a comunidade, indo morar em cidades e em outras regiões do Paraná. Nos últimos anos cerca de 60 famílias ainda permaneciam na colônia.[2]

Cultura[editar | editar código-fonte]

Clube Recreativo e Cultural 25 de Julho.

Os descendentes que residem em Terra Nova buscam preservar traços da cultura germânica, mantendo a língua materna, a culinária, as festividades e a valorização de ritos religiosos, católicos ou luteranos.[1]

A comunidade mantém uma escola para a educação dos filhos, o Clube Recreativo Cultural 25 de julho para festas e eventos, uma igreja católica fundada em 1937 (Igreja de Santa Terezinha) e uma igreja luterana. Há também o Grupo Folclórico Alemão de Terra Nova, o Sonnenstrahl[6][7][8] e o Museu Das Kolonistenhaus, administrado pela Associação Cultural de Preservação da História e Ecologia de Terra Nova. O museu retrata a vida do imigrante alemão, com fotos, documentos, móveis, utensílios e objetos da época da colonização.[9]

Museu do Imigrante Alemão (Das Kolonistenhaus).

Muitas famílias mantêm festividades e buscam reunir a comunidade em datas comemorativas. Os eventos são marcados com muita música, cantos, danças e comidas típicas com receitas de famílias e pratos como o eisbein (joelho de porco) e o braten mit sosse (carne assada ao molho). No aniversário da colônia há até desfile de tratores e charretes.[2]

A culinária da comunidade é marcada pela tradição germânica, com bastante elementos coloniais. Há grande presença de massas e da carne suína. No café da manhã é comum servirem broa, pão, waffle, bolos, geleias, requeijão, queijo, presunto, café, chá e leite. O café reforçado é conhecido como "café colonial". Já nos almoços é comum encontrar nas casas das famílias o arroz, a spätzle, o purê de batata, a mandioca, o chucrute, refogados, legumes e verduras cozidas, saladas e sucos. Possuem hábitos de consumir carnes, a exemplo da carne de porco e o goulash preparado com carne bovina cozida.[3]

Referências

  1. a b c d e f William Vinicius Vasco (2 de novembro de 2018). «Colônia Terra Nova, Castro». Dicionário Histórico dos Campos Gerais. Universidade Estadual de Ponta Grossa. Consultado em 16 de setembro de 2021 
  2. a b c d e f Maria Gizele da Silva (11 de julho de 2013). «Festa alemã comemora 80 anos da colônia Terra Nova». Gazeta do Povo. Consultado em 16 de setembro de 2021 
  3. a b «Caminhada de 12 km por colônia alemã de Castro recebe inscrições». G1 Paraná. 17 de setembro de 2015. Consultado em 16 de setembro de 2021 
  4. «Pedalada celebra 85 anos da Colônia Terra Nova». Correio dos Campos. 20 de julho de 2018. Consultado em 16 de setembro de 2021 
  5. Stefhani Silva (20 de janeiro de 2020). «Dia de Campo reúne produtores de milho silagem no Museu Terra Nova, em Castro». Frísia em Foco. Consultado em 16 de setembro de 2021 
  6. «Prefeitura divulga a agenda oficial da MunchenFest2018». Prefeitura Municipal de Ponta Grossa. 13 de novembro de 2018. Consultado em 16 de setembro de 2021 
  7. «Castro recebe show do cantor Daniel em outubro». A Rede. 13 de setembro de 2018. Consultado em 16 de setembro de 2021 
  8. «2ª Castro Cidade Alegria começa nesta sexta-feira». Doc.com. 2018. Consultado em 16 de setembro de 2021 
  9. Governo do Estado do Paraná. «Museus na Associação dos Municípios da Região dos Campos Gerais - AMCG». Coordenação do Sistema Estadual de Museus. Consultado em 16 de setembro de 2021 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Terra Nova (Castro)