Tibúrcio António Craveiro

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Tibúrcio António Craveiro
Nascimento 4 de maio de 1800
Angra do Heroísmo
Morte 23 de maio de 1844 (44 anos)
Velas
Cidadania Reino de Portugal
Ocupação escritor, bibliotecário, poeta, historiador
Empregador(a) Colégio Pedro II, Real Gabinete Português de Leitura

Tibúrcio António Craveiro (Angra, 4 de Maio de 1800Velas, 23 de Maio de 1844[1]), por vezes António Craveiro, foi um poeta, historiador e teórico da literatura,[2] com uma obra que inclui temáticas de história, teoria da literatura e poesia, campo em que aderiu à corrente da Arcádia Lusitana. Também se dedicou à tradução de obras de autores franceses e ingleses. Ficou conhecido pela morbidez da sua poesia e pelo seu gosto pelo horror e pela magia negra.[3]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu em Angra do Heroísmo, cidade onde frequentou as aulas de Teologia Moral, revelando-se um aluno estudioso e aplicado.[2] Terminados os estudos empregou-se como professor régio da instrução primária na cidade de Angra.

Em consequência da sua adesão ao liberalismo, após a Abrilada de 1824 exilou-se em Londres. Em 1826 fixou-se na cidade do Rio de Janeiro, onde encontrou emprego como professor de Retórica.

No Rio de Janeiro, cidade onde permaneceria até 1842, foi um fundadores e bibliotecário do Real Gabinete Português de Leitura, envolvendo-se activamente na vida literária e política da cidade.[2] Durante este período produziu a maior parte da sua obra publicada. Foi lente do Imperial Colégio de Pedro II, do Rio de Janeiro.

Considerado um árcade tardio, dedicou-se à poesia, à historiografia, ao ensaios e à tradução, tendo publicado uma versão lusófona das obras Mérope de Voltaire (1826), Mitrídates de Jean Racine (1828) e Lara de Byron (1837). Foi autor da primeira tradução de Byron no Brasil. Deixou alguns textos publicados na imprensa brasileira e no periódico lisboeta O Panorama[4] (1837-1868).

Em 1842 deixou o Brasil e durante algum tempo viveu em Lisboa. Em 1844 voltou aos Açores. Morreu nesse ano a bordo de um navio, aparentemente vítima de suicídio, em condições que nunca ficaram esclarecidas. O seu cadáver foi desembarcado nas Velas, São Jorge, onde foi sepultado.

Segundo os relatos da época, o escritor teria a sua sala de trabalho decorada com aparelhos de tortura, múmias e gravuras macabras. As paredes seriam salpicadas de sangue e a sua mesa de trabalho, uma lousa de mármore negro, roubada da sepultura de uma donzela.

Foi sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil e do Conservatório Real de Lisboa.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Mérope (tradução de uma tragédia de Voltaire), 1826.
  • Mitrídates (tradução de uma tragédia de João Racine), 1828.
  • Ermenonville ou o túmulo (tradução da obra de Jean Jacques Rousseau), 1833.
  • Compêndio de história portuguesa (6 volumes). Rio de Janeiro, Tipografia de R. Ogier, 1833.
  • Apêndice ou compendio da historia portuguesa, Rio de Janeiro, Tip. Americana de G. P. da Costa, 1834.
  • Lara (tradução do romance homónimo de Lord Byron), 1837.
  • Discursos acerca da retórica, Rio de Janeiro, Tip. de J. Villeneuve & C.ª, 1842.
  • Ensaio acerca da tragédia, Lisboa, Tip. da Sociedade Propagadora de Conhecimentos Úteis, 1843.

Notas

  1. Ter-se-á suicidado a bordo do navio em que viajava, sendo desembarcada na vila de Velas, ilha de São Jorge, para aí ser sepultado. Existem diferentes versões sobre as causas da morte.
  2. a b c Tibúrcio Craveiro na Enciclopédia Açoriana.
  3. Francisco Lourenço Valadão Júnior, "Mais "Avisos Régios". O Poeta constitucional Tibúrcio António Craveiro. Inauguração do Retrato de D. João VI no Palácio" in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. II (1944), pp. 40-52. Angra do Heroísmo, IHIT, 1945.
  4. Rita Correia (23 de Novembro de 2012). «Ficha histórica: O Panorama, jornal literário e instrutivo da sociedade propagadora dos conhecimentos úteis.» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 13 de Maio de 2014 

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Alfredo Luís Campos, Memória da Visita Régia à Ilha Terceira. Imprensa Municipal, Angra do Heroísmo, 1903.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]