Touro Farnésio

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Touro Farnésio
Touro Farnésio
Autor Atribuída a Apolônio de Trales e seu irmão Tauriscos
Data Original: século II a.C.
Cópia: século III d.C.
Género Escultura
Técnica Mármore
Altura 4 m
Localização Museu Arqueológico Nacional, Nápoles, Itália
Touro Farnésio

Touro Farnésio ou Touro Farnese (em italiano: Toro Farnese), antigamente parte da famosa Coleção Farnese em Roma, é uma enorme cópia romana de uma rebuscada escultura helenística. É a maior escultura individual já recuperada da Antiguidade. Juntamente com o resto da coleção, ela está desde 1826 na coleção do Museu Arqueológico Nacional de Nápoles (inv. nº 6002), aparecendo ocasionalmente em exibições temporárias em outros museus italianos. A escultura em si foi fortemente restaurada e inclui à volta da base uma criança, um cachorro e outros animais que aparentemente não faziam parte da composição original, conhecida a partir de várias versões e descrições em outras fontes.[1]

Plínio, o Velho, menciona o que presumivelmente era a versão primordial da obra como sendo de autoria dos artistas rodenses Apolônio de Trales e seu irmão Tauriscos e afirma que ela foi encomendada no final do século II para ser esculpida a partir de um único grande bloco de mármore. Ela foi importada de Rodes para ser incorporada à incrível e famosa coleção de obras de arte de Caio Asínio Polião, um político romano que viveu nos anos finais da República Romana e o começo do império.[2][1]

A escultura representa o mito de Dirce, a primeira esposa de Lico, rei de Tebas, que foi amarrada a um touro selvagem pelos filhos de Antíope, Anfião e Zeto, que queriam puni-la pelos maus-tratos infligidos à mãe deles.

Redescoberta e restauração[editar | editar código-fonte]

A estátua foi redescoberta em 1546 durante escavações realizadas no ginásio das Termas de Caracala, em Roma, encomendadas pelo papa Paulo III justamente para encontrar esculturas para adornar o Palazzo Farnese, o palácio da família Farnese em Roma. A obra foi datada na época como sendo uma cópia da época do reinado do imperador Alexandre Severo (r. 222-235).[3]

Ao contrário da descoberta do Hércules Farnésio, cuja localização foi minuciosamente documentada, a única referência ao Touro Farnésio está numa gravura de 1595 de Etienne du Perac das ruínas das termas, mostrando a extremidade da palestra oriental com os seguintes dizeres: "...na época de Paulo III, muitos belos fragmentos de estátuas e animais foram encontradas que eram todos uma única peça na Antiguidade ... e o cardeal Farnese ordenou que ela fosse erigida novamente em seu palazzo".[4]

O conjunto passou por uma substancial restauração no século XVI, quando Michelângelo planejou utilizá-la numa fonte a ser instalada no centro de um jardim entre o Palazzo Farnese e a Villa Farnesina.[3] É possível que a escultura tenha sido adaptada para este uso logo depois de ter sido encontrada, uma tese suportada por descrições do período renascentista.[5] Outras restaurações foram realizadas nos séculos XVIII e XIX. Em 1883, Domenico Monaco, curador do Museu Arqueológico Nacional em Nápoles determinou que o grupo teria sido esculpido a partir de um bloco de mármore medindo 3,66 m × 2,75 m.[6] Atualmente o grupo mede aproximadamente 3,3 m de cada lado e tem mais de 4 m de altura, pesando cerca de 21,8 toneladas.[7]

Já foi proposto que a escultura citada por Plínio em sua "História Natural" não pode ser o Touro Farnésio atualmente existente, que é uma versão do século III criada especificamente para decorar as Termas de Caracala.[7][8] Contudo, outros acadêmicos disputam esta afirmação, argumentando que como a obra citada por Plínio estava nos Jardins Asínios, que ficavam nas imediações e eram de propriedade dos Asínios, a família de Polião, a encomenda de uma cópia especificamente para as termas implicaria na exibição das duas obras muito próximas uma da outra.[9]

Referências

  1. a b Smith, 108
  2. Plínio, o Velho, História Natural, XXXVI, p.33-34
  3. a b De Caro, Stefano (2001). The National Archaeological Museum of Naples (em inglês). Napoli: Electa. p. 334 
  4. Lanciani, Rudolpho (1893–1901). Forma Urbis Romae (em inglês). II. [S.l.: s.n.] p. 201, fig. 129 
  5. Pozzi, E., ed. (1991). Il Toro Farnese; "La montagna di marmo" tra Roma e Napoli (em italiano). [S.l.: s.n.] p. 63 
  6. Monaco, Domenico (1883). A Complete Handbook to the National Museum in Naples, According to the New Arrangement (em inglês). Traduzido por Rolfe, Eustace Neville 3rd ed. [S.l.]: William Clowes and Sons. p. 27 
  7. a b Haskell, Francis; Penny, Nicholas (1981). Taste and the Antique: The Lure of Antique Sculpture 1500–1900 (em inglês). [S.l.]: Yale University Press. ISBN 978-0-300-02913-0 
  8. Marvin, Miranda (julho de 1983). «Freestanding Sculpture in the Baths of Caracalla». American Journal of Archaeology (em inglês). 87 (3): 380 
  9. La Rocca, E. (1998). «Artisti rodici negli horti romani». CIMA (em italiano): 203-274 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Smith, R.R.R. (1991). Hellenistic Sculpture, a handbook (em inglês). [S.l.]: Thames & Hudson. ISBN 0500202494 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]