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Traffic calming

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Sinalização indicando ao motorista da proximidade de dispositivos de traffic calming.

Traffic calming, em tradução literal "tranquilização do tráfego", também conhecido como acalmia de tráfego[1] em Portugal e moderação do tráfego[2][3] no Brasil, é um conjunto de medidas de planejamento urbano e de tráfego que consiste na utilização de estruturas físicas como quebra-molas ou na mudança da geometria das vias, visando à redução da velocidade do tráfego de veículos motorizados a fim de aumentar a segurança dos deslocamentos de pedestres e ciclistas. Urbanistas e engenheiros de tráfego têm à disposição diversas estratégias de traffic calming. Esse tipo de medida é comum na Austrália e na Europa (especialmente na Europa setentrional), e em menor grau na América do Norte. Traffic calming é um termo comumente usado como jargão técnico não traduzido, e em inglês é considerado um calque da palavra alemã Verkehrsberuhigung.

No início de seu desenvolvimento no Reino Unido, na década de 1930, o traffic calming foi baseado na ideia de proteger as áreas residenciais do tráfego de passagem. Posteriormente, foi justificado principalmente em razão da segurança dos pedestres e da redução de ruído e da poluição produzida pelo tráfego. O tráfego de automóveis prejudica gravemente as funções sociais e de lazer desempenhadas pelo espaço público destinado às ruas. Um estudo de Donald Appleyard (1981)[4] observou que os moradores das ruas com tráfego mais leve tinham, em média, três vezes mais amigos e duas vezes mais conhecidos do que pessoas que moravam em ruas com com tráfego pesado, mas com outras caracteristicas semelhantes, como dimensões da via, renda dos moradores, etc.

Em grande parte do Século XX, as ruas foram projetadas por engenheiros tendo em mente apenas o objetivo de assegurar um bom fluxo do trânsito, esvaziando outras funções sociais das ruas. O cerne da ideia de traffic calming é a ampliação dessas outras funções antes relegadas a um plano menor com o uso de técnicas de engenharia de tráfego.

É importante que as medidas de traffic calming não estejam restritas apenas a soluções de engenharia. Educação e fiscalização também têm um papel importante no sucesso das medidas.

São inúmeras as medidas que podem ser tomadas, e por vezes elas dependem aplicabilidade daquela medida específica a uma determinada região ou país.

Medidas de Engenharia

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Medidas de engenharia envolvem a alteração física do layout da via ou medidas ativas ou passivas de desaceleração do tráfego, aumentando o esforço cognitivo da condução. Essas medidas incluem lombadas, chicanes, avanços de calçada, woonerven e espaços compartilhados. A cidade de Hilden, na Alemanha, conseguiu atingir um patamar de 24% dos deslocamentos feitos com bicicletas, principalmente através de traffic calming e o uso de Zonas 30.[5] Em 1999, a Holanda tinha mais de 6.000 woonerven, locais onde os ciclistas e os pedestres legalmente têm prioridade sobre carros e também onde um limite de velocidade "de caminhada" se aplica aos veículos automotores.[6] Entretanto, algumas ações de traffic calming no Reino Unido e na Irlanda, especialmente os voltados para estreitamento de via, foram considerados extremamente nocivos e têm sido associados diretamente a mortes e ferimentos de ciclistas e pedestres.[7][8]

Uma série de mudanças visuais são feitas a muitas ruas para reforçar a atenção à direção, promover a redução de velocidade e de acidentes, e encorajar uma maior ocorrência de preferência para pedestres. Mudanças visuais relacionadas a traffic calming incluem road diets (redução nas faixas de rodagem e outras intervenções), o uso de árvores margeando as ruas, faixas de estacionamento, e edifícios voltados para a rua, não em formato de condomínios.

Artefatos físicos incluem lombadas, travesseiros berlinenses, e speed tables sob medida para a velocidade desejada. Tais medidas, normalmente, reduzem a velocidade dos carros algo entre 15 e 40 quilômetros por hora . A maioria desses dispositivos são feitos de asfalto ou concreto, mas dispositivos de borracha de acalmia de tráfego produtos estão surgindo como uma alternativa eficaz com várias vantagens.

Medidas de traffic calming podem incluir::[9]

  • Estreitamento: O estreitamento das vias de tráfego difere de outros alterações viárias por fazer velocidades mais lentas parecerem mais naturais para os motoristas, ao invés de uma imposição artificial. Outros tipos de alteração viária, via de regra, força fisicamente velocidades inferiores ou restringem a escolha de rota. Tais meios incluem:
    • Menos espaço para faixas de trânsito — ruas podem ser estreitadas através do alargamento da calçada, do uso de fradinhos ou jardins nas margens da pista, ou a implementação de uma ciclofaixa ou uma faixa de estacionamento.
    • Avanços de calçada, que servem para estreitar a largura da faixa de rodagem nas faixas de pedestres;
    • Estranguladores, que são extensões da calçada que reduzem a largura da pista a uma faixa apenas, em um determinado ponto;[10]
    • Road diets, modificações na configuração da via, dando outros usos a parte do espaço até então ocupado pelo tráfego de veículos;
    • Permissão de estacionamento em um ou ambos os lados de uma rua para reduzir o número de pistas;
    • Refúgios para pedestres ou ilhas de mediana;
    • Conversão de ruas de mão única, em duas vias ruas.
Aplicação de argamassa polimérica para alterar a textura e a cor do asfalto de modo a ficar semelhante à de tijolos, para indicar local de travessia com alto tráfego de pedestres
  • Uso equipamentos de deflexão vertical:
    • Quebra-molas / lombas, às vezes divididos ou espaçados no meio para não atrapalhar a passagem de veículos de emergência;
    • Redutores de velocidade, dispositivos parabólicos menos agressivos do que os quebra-molas / lombas, usados em ruas residenciais.
    • Travesseiros berlinenses, dois ou três pequenos redutores de velocidade alinhados cruzando a via, que forçam a diminuição da velocidade dos carros de passeio, ao passo que permitem que veículos de emergência, que usualmente possuem maior largura de eixo, evitem-nos, de modo a não afetar seu tempo de resposta.
    • Speed tables, redutores de velocidade com superfície superior plana, que reduz de forma mais gradual a velocidade dos carros;
    • Intersecções elevadas, para forçar a redução de velocidade em cruzamentos;
    • Faixas elevadas para travessia de pedestres, que funcionam como speed tables, mas com sinalização especial para a travessia de pedestres, normalmente localizadas em esquinas;
    • Alterar o pavimento da via ou sua textura (por exemplo, com o uso de tijolos ou de paralelepípedos). A mudança na textura pode também incluir mudança na cor para chamar a atenção dos motoristas de que eles estão em uma zona prioritária para pedestres.
  • Equipamentos de deflexão horizontal, isto é, que fazem o veículo se desviar um pouco de sua trajetória inicial. Estes incluem:
    • Chicanes, que criam uma deflexão horizontal que faz com que os veículos diminuam a velocidade como se fossem fazer uma curva;
    • Rotatórias / rotundas em substituição de cruzamentos quando possível;
    • Refúgios para pedestres, que podem também ser usados para provocar a deflexão horizontal dos veículos, como as extensões de calçada e estranguladores.
  • Bloqueio ou restrição do acesso. Tais medidas incluem:
    • Bloqueios de mediana para evitar curvas à esquerda ou tráfego de passagem em uma área residencial.
    • A conversão de uma interseção em um cul-de-sac ou beco sem saída.
    • Cancelas, restringindo o acesso apenas a veículos autorizados;
    • O fechamento de ruas ao tráfego para criar zonas de pedestres ou voonerven.
  • E outras medidas.

Medidas Educativas e de Enforcement

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Medidas educativas e de enforcement incluem:

  • A redução de velocidade em áreas próximas a escolar e hospitais;
  • Sinalização ativada por veículos, que reage com uma mensagem em caso de detecção de algum veículo próximo trafegando acima da velocidade permitida, podendo ou não ser usada para aplicação de penalidades;
  • Watchman, sistema de traffic calming usado no Reino Unido;
  • Campanhas publicitárias ou ou treinamento direcionado a um grupo de usuários.

Limites de velocidade

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A redução de velocidade tradicionalmente foi buscada através da imposição de limites de velocidade. Velocidades de tráfego de 30 km/h e inferiores são mais desejáveis em vias urbanas de tráfego misto.[11] A cidade austríaca de Graz, que atingiu um crescimento regular no uso de bicicletas para deslocamentos, estabeleceu o limite de 30 km/h em 75% de suas vias desde 1994.[12] Zonas 30 estão ganhando popularidade [13] à medida que vêm provando ser efetivas na redução de acidentes e no aumento da coesão comunal.[14]

Limites de velocidade estabelecidos abaixo da velocidade que muitos motoristas entendem como adequada para uma via demandam medidas adicionais de fiscalização para aumentar a observância destes limites. Isto normalmente é feito por ações educativas, de fiscalização ou de engenharia de tráfego, como as acima elencadas.

Técnicas de fiscalização dos limites de velocidade incluem: ação policial direta, sistemas automatizados, tais como radares com câmeras, placas de sinalização ativada por veículos, ou sinal de trânsito acionado pelo tráfego acima do limite de velocidade permitido. Há cicloativistas que defendem a colocação de restrições diretas de aceleração e desempenho em veículos a motor.[15] Um relatório da União Europeia sobre a promoção de pedestrianismo e uso de bicicleta propõe como uma das principais medidas o uso abrangente de câmeras de controle de velocidade usando principalmente a equipamentos móveis em pontos aleatórios.[16] A Holanda tem cerca de 1.500 câmeras de fiscalização de velocidade e avanço de sinal e estabeleceu uma meta de 30 km/h como limite de velocidade para 70% de suas vias urbanas.

Exemplos ao redor do mundo

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O traffic calming vem sendo utilizado com sucesso há décadas, em cidades de toda a Europa. Por exemplo, as woonerven, conceito criado a partir do final da década de 1960, inicialmente, em Delft, é um tipo de via em que as necessidades dos motoristas de carros são secundárias às necessidades dos usuários de rua como um todo; princípios de traffic calming são integrados ao seu projeto. Da Holanda, o conceito espalhou-se rapidamente para a Alemanha, começando em Renânia do Norte-Vestefália, em 1976, tornando-se muito difundida no início da década de 1980. As idéias e técnicas também se espalharam para o Reino Unido no final da década de 1980, e a prática foi defendida por acadêmicos como Tim Pharaoh e Carmen Hass-Klau. As orientações publicadas pelo Conselho do Condado de Devon (do qual Tim Pharaoh foi o autor principal), em 1991, foram particularmente bem recebidas.[17]

Recepção e avaliação

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Uma Revisão de Cochrane de estudos concluíram que há evidências que demonstram a eficácia de medidas de traffic calming na redução de lesões relacionadas ao trânsito e até mesmo a redução da mortalidade. A análise, no entanto, sugeriu que mais pesquisas são necessárias a fim de demonstrar a sua eficácia em países de baixa renda.[18]

De Acordo planejador urbano sediado na Flórida Dom Nozzi "o congestionamento é um poderoso desincentivo para o espraiamento dos centros urbanos; a espraiamento que arrasa ecossistemas do entorno dos centros urbanos. Com o congestionamento, esse espraiamento tende a diminuir."[19]

  1. Singularidades do caso português Público
  2. Pavimento intertravado como ferramenta de moderação do tráfego nos centros comerciais de travessias urbanas - estudo de caso Guaiúba, CE Repositório Institucional da UFC
  3. Moderação de tráfego e sua importância na construção de cidades mais humanas e inclusivas Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP)
  4. Appleyard, Donald (1981). Livable Streets. CA USA: University of California Berkeley 
  5. Learning from Hilden’s Successes Arquivado em 29 de outubro de 2008, no Wayback Machine., Rod King, Warrington Cycle Campaign, August 2004 (Accessed 24 January 2007)
  6. Home Zones briefing sheet, Robert Huxford, Proceedings, Institution of Civil Engineers, Transport, 135, 45-46, February 1999
  7. Road Narrowings and Pinch Points Arquivado em 6 de dezembro de 2007, no Wayback Machine. An Information Sheet, Galway Cycling Campaign, February 2001
  8. Cyclists at Road Narrowings, by Howard Peel, The Bike Zone.
  9. Fitzgerald & Halliday, Inc. Traffic Calming Resource Guide (PDF). [S.l.]: South Central Regional Council of Governments 
  10. single lane choker Arquivado em 26 de fevereiro de 2010, no Wayback Machine. ITE
  11. Speed reduction, traffic calming or cycling facilities: a question of what best achieves the goals?, Michael Yeates, Convenor, Cyclists Urban Speed limit Taskforce, Bicycle Federation of Australia, Velomondial Conference Proceedings, Amsterdam 2000
  12. The Graz traffic calming model and its consequences for cyclists, Manfred Hoenig, Department of transportation, City Council Graz, Velomondial Conference Proceedings, Amsterdam 2000
  13. «No Need for Speed: 20s Plenty for Us». Streetfilms. 30 de agosto de 2010. Consultado em 9 de setembro de 2013 
  14. «Cópia arquivada» (PDF). Consultado em 10 de maio de 2016. Arquivado do original (PDF) em 26 de abril de 2012 
  15. Enabling and encouraging people to cycle, John Franklin, Paper presented to the Cambridge Cycling Campaign AGM, 5 October 1999
  16. How to enhance WALking and CYcliNG instead of shorter car trips and to make these modes safer, Deliverable D6 WALCYNG Contract No: UR-96-SC.099, Department of Traffic Planning and Engineering, University of Lund, Sweden 1999
  17. Devon County Council, 1991, "Traffic Calming Guidelines
  18. Bunn, F; Collier, T; Frost, C; Ker, K; Steinbach, R; Roberts, I; Wentz, R (2003). «Area-wide traffic calming for preventing traffic related injuries». Cochrane Database of Systematic Reviews (1): CD003110. doi:10.1002/14651858.CD003110 
  19. "Congestion is our friend" Gainesville Sun, 10 February 2008. http://www.walkablestreets.com/congestionfriend.htm

Ligações externas

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Media relacionados com Traffic calming no Wikimedia Commons