Tratado Anglo-Iraquiano

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O Tratado Anglo-Iraquiano de 1922 foi um acordo assinado entre os governos do Reino Unido e do Iraque. O tratado foi planejado para permitir aos habitantes locais uma participação limitada na divisão do poder, dando aos britânicos o controle da política militar e exterior. Tinha a intenção de concluir um acordo feito na Conferência do Cairo para estabelecer um governo haxemita no Iraque.[1]

Ao final da Primeira Guerra Mundial, as possessões do Império Otomano foram divididas entre França e Reino Unido, com o restante tornando-se a Turquia.[2] As ex-províncias otomanas de Bagdá, Mossul e Baçorá tornaram-se um mandato Classe A da Sociedade das Nações, sob direto governo britânico, conhecido como Mandato Britânico da Mesopotâmia. Em 23 de Agosto de 1921, Faiçal ibn Hasayn foi coroado Faiçal I, rei do Iraque. O novo reino continuou a operar como um Mandato da Sociedade das Nações. A idéia de ser um "mandato" foi vista com ceticismo entre muitos iraquianos como uma tentativa velada de colonização.

Paralelamente, o Iraque estava passando por um período de turbulência política. Nacionalistas que acreditavam que a expulsão dos otomanos levaria a uma maior independência ficaram decepcionados com o sistema de governo formado pelo Mandato britânico. Longe de os Iraquianos ganharem um novo senso de identidade nacional através do auto-governo, os britânicos importaram funcionários civís da Índia, que já tinham conhecimento e experiência em como uma colônia deveria ser governada.

O Tratado Anglo-Iraquiano de 1922 serviu para regular levantes populares iraquianos, dando à Grã-Bretanha o controle da economia, da política e do exército do Iraque.

Interesses franceses no Oriente Médio em azul, britânicos em vermelho, sobrepondo o atual território de Israel

O acordo de Sykes-Picot[editar | editar código-fonte]

Durante a Primeira Guerra Mundial, um acordo foi feito entre os ministros do exterior do Reino Unido e da França em benefício de seus respectivos governos, seguindo a visão pós-guerra de divisão do Império Otomano, na qual as províncias árabes do Império (sul e oeste da Anatólia) seriam divididas em esferas de influência dos franceses e dos britânicos.

França e Grã-Bretanha estão preparadas para reconhecer e proteger um estado árabe independente ou uma confederação de estados árabes (a) e (b) marcados no mapa anexado, sob a soberania de um chefe árabe. Que na área (a) - França, e na área (b) - Grã-Bretanha, a prioridade ao direito empresarial e de empréstimos deve ser desses dois países. Que na área (a) - França, e na área (b) Grã-Bretanha, devem apenas ser fornecidos consultores ou funcionários estrangeiros a pedido do Estado árabe ou confederação de estados árabes.

Insurreição[editar | editar código-fonte]

O Tratado Anglo-Iraquiano foi assinado principalmente devido aos esforços revolucionários dos cidadãos do Iraque, uma coligação de ambos os árabes, xiitas e sunitas. Os maiores centros de insurreição durante a Grande Revolução Iraquiana de 1920 incluíram Moçul, Bagdá, Najafe e Carbala. O esforço de rebelião em Carbala foi inflamado por uma fatwa emitida pelo grande mujtahid Imame Xirazi. A fatwa fazia uma observação que era anti-islâmico ser governado pelos britânicos, que não praticavam o islamismo. A fatwa ordenou um Jihad contra a ocupação britânica.

Os curdos do norte do Iraque também travaram guerra com os britânicos nos anos de assinatura e ratificação do tratado. Os curdos procuraram forçar o Iraque a ceder um lar para o seu povo. Os esforços revolucionários foram atenuados pelos britânicos em grande parte por ataques aéreos conduzidos pela Força Aérea Real, mas a ajuda dos curdos para derrotar a revolta foi de consequências significativas. Seria a primeira revolta realizada pelos curdos contra os britânicos na tentativa de criar um lar para o seu povo, e mais tarde contra o governo do Iraque.

A Conferência do Cairo[editar | editar código-fonte]

A Conferência do Cairo de 1921 preparou o palco para uma maior autonomia iraquiana. Os britânico indicaram Faiçal ibn Hasayn para liderar o país como o primeiro Rei do Iraque. Faiçal foi visto como um compromisso entre os interesses britânicos no país e os nacionalistas revolucionários; ele podia traçar sua árvore genealógica até o profeta Maomé, além de ter participado na revolta árabe de 1916 contra os Otomanos. De qualquer forma, os britânicos ainda viam um Faiçal dependente o suficiente de seu suporte para poder mantê-lo sob pressão.

A Assinatura[editar | editar código-fonte]

O tratado foi assinado em nome dos britânicos por Sir Percy Cox em 10 de outubro de 1922. Não foi ratificado pelo governo iraquiano até 1924, quando o Alto Comissário Britânico ameaçou impor sua autoridade para desfazer a constituição, elaborada pela assembleia constituinte do Iraque. Foi visto com desdém por muitos iraquianos, tanto xiitas quanto sunitas. De qualquer forma, foi o primeiro passo para um Iraque mais independente.

Suspensão[editar | editar código-fonte]

O Tratado acabou sendo suspenso após a assinatura do Tratado Anglo-Iraquiano de 1930.

Veja também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Este artigo contém material da Biblioteca de Estudos do Congresso Nacional, que são publicações do Governo Americano de domínio público.
  2. Encyclopædia Britannica [1] (em inglês)

Fontes[editar | editar código-fonte]

  • The History Guy [2] acessado em 13 de Abril de 2008. (em inglês)
  • Encyclopaedia of the Orient [3] acessada em 9 de Agosto de 2007. (em inglês)
  • Chronological Table of Middle East History [4] acessado em 9 de setembro de 2007. (em inglês)

Este artigo contém uma imagem reproduzida de http://www.passia.org com permissão(Mahmoud Abu Rumieleh, Webmaster). (em inglês)

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Anglo-Iraqi Treaty».