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Podcast[editar | editar código-fonte]

O podcasting, em essência, é conceituado como o processo de criação, captação, edição e disponibilização de programas ou episódios digitais e sonoros - denominados “podcasts” - na internet, através de hospedagem em sites, aplicativos de streaming, blogs, portais e afins. Dessa forma, o podcast é o resultado final do processo podcasting; a unidade de arquivo que é disponibilizada para o consumo.

Tal processo é compreendido não apenas como uma prática isolada ou individual diante do conteúdo abordado por seus produtores (os podcasters) e convidados, mas também um serviço com potencial informacional e democrático[1] que amplia a horizontalização das relações interpessoais em rede, bem como o acesso à informação e cultura[2]. Os podcasters, ao expressarem posturas mais políticas e sociais, por exemplo, assumem papel que pode atender a "anseios de organizações não-governamentais, movimentos sociais e ativistas de minorias étnicas, religiosas, sexuais…"[2] e mais através do podcast, uma mídia distanciada do condicionamento de empresas e veículos de massa já consolidados e comprometidos com determinada conduta ideológica.

Assim como múltiplos são os temas que podem ser abordados em um podcast, múltipla é a autoria deste, contemplando eixos acerca das artes, entretenimento, esportes, economia, áudio-dramas, entrevistas, resenhas literárias e etc. Não obstante, variadas organizações e instituições em tipologias jornalísticas, educativas, culturais, ativistas e políticas apropriam-se do podcast como um meio de expressão e comunicação.

O podcast, então, é uma via dinâmica para informar, explorar e discutir conteúdos que atendem ao interesse de determinado público alvo ou nicho[3], configurando-se como um suporte midiático moderno e já consolidado de forma cibercultural[4].

Aplicabilidade[editar | editar código-fonte]

Diante da diversidade na autoria e nos assuntos que podem ser abordados, é possível identificar eixos temáticos que figuram com predominância em determinados podcasts - o que não impede que este mesmo podcast explore outros eixos em seus programas e em relação aos possíveis convidados. Dessa forma, a aplicabilidade mostra-se plural, tramitando entre as tipologias que atendem ao interesse ou objetivo de seus produtores e também de seu público. Alguns exemplos nacionais apresentam exclusividade sob um eixo ou são  mais gerais diante deles, tais quais:

  • Caixa de Histórias: objetiva proporcionar uma experiência diferenciada com a literatura, abordando diversos títulos, narrando e comentando alguns de seus trechos e, assim, servindo de introdução para novos leitores. É apresentado por Paulo Carvalho desde 2015[5].
  • Coisa de Criança: voltado para o público infantil (e para adultos curiosos), procura trabalhar a ludicidade das crianças ao contar histórias sobre o mundo animal e a natureza de maneira didática e dotada de efeitos sonoros. É produzido por Thiago Queiroz (produção e vozes), Anne Brumana (vozes), Samuel Gambini (edição de som, sonorização e mixagem), Hugo Benchimol (produção), Alexandre Cardoso (roteiro), Vinícius Zanini (vozes e consultoria em biologia) e Nei Costa (arte das vitrines) desde 2018[6].
  • Contador de Histórias: é um projeto de drama e storytelling no formato de áudio, narrando histórias independentes com sofisticação sonora e efeitos. Foi criado por Danilo Battistini em 2014[7].
  • Dibradoras: gravado exclusivamente por mulheres, lança perspectivas e comentários sobre o esporte, de forma geral, através da figura e da participação feminina, contando sempre com uma convidada. É apresentado por Roberta Nina e Angélica Souza desde 2019[8].
  • Durma com essa (Nexo Jornal): é produzido com revezamento entre os contribuidores do Nexo Jornal (independente) desde 2018, gravado de segunda a quinta-feira, com comentários das notícias mais instigantes de cada dia[9].
  • Dragões de Garagem: discute e divulga temáticas científicas (como biologia, química, matemática, ciência política, filosofia e mais, além de realizar entrevistas) através de uma conversa coloquial e descontraída, incentivando a curiosidade e pensamento crítico. É produzido por Lucas Camargos, Patrick Simões, Bárbara Paes, Matheus Cortezi, Gabriela Sobral, Natália Aguiar, André Thieme, Tabata Bohlen, Marina Monteiro, Pedro Taucce e Luciano Queiroz desde 2012[10].
  • História no Cast: criado em 2019 por Leandro Marin, graduando em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e criador do História no Paint (mídia que compartilha memes sob legendas de contextos históricos), este podcast discute temas vinculados à História e também a relaciona com produtos culturais, como séries de TV e mangás[11].
  • Nerdcast: trata, predominantemente, temas da cultura pop (histórias em quadrinho, filmes e séries, animes, RPG de mesa, jogos eletrônicos), mas não é restrito a eles - literatura, História, tecnologia, empreendedorismo e profissões são outros exemplos. Cada episódio possui três ou mais convidados, que estão relacionados ao tema abordado. É apresentado por Alexandre Ottoni e Deive Pazos desde 2006[12].
  • Podcrastinadores: comenta produções audiovisuais em média ou larga escala (filmes e séries de TV). É apresentado por Fernando Caruso, Gustavo Guimarães, Helvecio Parente, Nadja Lírio e Tibério Velasquez desde 2013[13].
  • Podcast Theatro Municipal: destaca a programação do Theatro Municipal, bem como realiza entrevistas e comenta temas que vão do erudito ao popular. É apresentado por Ligiana Costa desde 2019[14].
  • Xadrez Verbal: criado pelos historiadores Filipe Figueiredo e Matias Pinto, trata temas geopolíticos e históricos desde 2015. Possui episódios que ultrapassam a marca de 4 horas, além de realizarem entrevistas[15].

Potencial Educativo[editar | editar código-fonte]

Novas formas tecnológicas e seus aparatos materiais tendem a intervir e alterar a maneira na qual lidamos com o âmbito pessoal, profissional e educativo em nossas vidas. Neste último caso, em especial, elas modificam o ambiente de incidência de forma notável e podem ser utilizadas de maneira eficiente para a transmissão e apreensão de conhecimentos, quando adequadamente apropriadas pelas instituições e centros de formação, modificando assim a via pela qual os indivíduos ensinam e aprendem. Faz parte do processo educacional, inclusive, explorar novas formas tecnológicas e delas fazer uso, tendo em vista que a formação educativa é algo em constante transformação, tanto para aquele que a propõe quanto para aquele que a recebe[16].

Com base nas características do podcast e de seu processo de produção, nota-se um potencial educativo que extrapola o ambiente escolar, de maneira dinâmica e veloz, como os tempos atuais demandam. Para tanto, e para além dos fatores técnicos, seus produtores devem formar articulação pedagógica e interdisciplinar junto à instituição em que atuam, trabalhando coletivamente e atentando para a linguagem, as informações que estão sendo transmitidas e suas significações diante do público receptor, tendo em vista sua faixa etária e contexto social, priorizando-as no momento de produzir e disponibilizar conteúdos no formato de podcast[17]. Tal formato permite ao indivíduo em fase de formação autogerenciar seu tempo e espaço de aprendizado, podendo consumir o conteúdo em pauta no momento mais favorável para si, com possibilidade de pausas e repetições e, assim, assumindo protagonismo ao aprender ativamente, sem a obrigatoriedade amena que parece ser inerente às salas de aula das escolas públicas, por exemplo.

O podcast pode ser enquadrado tanto em um modo a auxiliar as disciplinas, servindo como material adicional ou complementar, ou até mesmo assumindo formato de material principal ao registrar a exposição teórica, tendo em vista o contexto de incidência e objetivos (pode-se traçar um paralelo com o estado mundial de pandemia em 2020, devido ao Coronavírus, e a adequação ao ensino à distância) quanto em critério de avaliações disciplinares, envolvendo sua produção sobre determinado conteúdo em maneira lúdica, ou  projetos modais, em formato extracurricular ou não, a tratar oficinas de narração, discussão acerca de um tema ou livro, declamação de poesia ou textos autorais, interpretações musicais, descrições acerca da comunidade ao redor e a história do bairro ou da cidade na qual vivem, seus pontos culturais e assim por diante[18] - múltiplas são as possibilidades, que tendem a exercitar ativamente seus envolvidos, colocando-os para trabalhar coletivamente e desenvolver a linguagem, criticidade e criatividade, ou seja, o protagonismo diante da própria realidade, além de incentivá-los à produção de conteúdo diverso através de uma via experimental, livre de condicionamentos e rigidez.

No que diz respeito ao processo técnico de produção, identifica-se dois desafios principais: a captação e edição do podcast, e a via pela qual os consumidores o acessarão. No primeiro caso, faz-se necessário uma aparelhagem, mesmo que básica, que contenha um microfone e um computador pessoal ou notebook com programas que permitam o tratamento das gravações, tais quais o Audacity, GarageBand (gratuitos) e Adobe Audition, e, consequentemente, sua disponibilização, que deve ser feita através de hospedagem na internet, em blog, plataformas de streaming, site ou afim, ou então enviada diretamente para o público consumidor através de e-mail, por exemplo. Tendo em vista que, hoje em dia, todos carregam consigo um smartphone[16] e têm possibilidade de conexão de internet através de um ponto gratuito de wi-fi, como em praças ou bibliotecas públicas, faz-se dinâmico o download e armazenamento dos podcasts em aparelhos pessoais, permitindo assim seu consumo.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. CARVALHO, Kelly M.; SALDANHA, Gustavo Silva (2018). «O som que o documento tem: o podcast e o princípio monográfico». Brazilian Journal of Information Studies: p. 36-44. Consultado em 26 de nov. de 2020 
  2. a b HERCHMANN, Micael; KISCHINHEVSKY, Marcelo (2008). «A geração podcasting e os novos usos do rádio na sociedade do espetáculo e do entretenimento». Porto Alegre. Famecos (n. 37). Consultado em 26 de nov. de 2020 
  3. CASTRO, Gisela G. S. (2005). «Podcasting e o consumo cultural». E-Compós. Consultado em 25 de nov. de 2020 
  4. LÉVY, Pierre (1999). Cibercultura. São Paulo: Editora 34 
  5. «Caixa de Histórias». B9 Company. Consultado em 11 de dez. de 2020 
  6. «Coisa de Criança». Consultado em 11 de dez. de 2020 
  7. «Sobre». Contador de Historinhas. Consultado em 11 de dez. de 2020 
  8. «Dibradoras». B9 Company. Consultado em 11 de dez. de 2020 
  9. «Durma com essa». Nexo Jornal. Consultado em 11 de dez. de 2020 
  10. «Sobre». Dragões de Garagem. Consultado em 11 de dez. de 2020 
  11. «História no Cast». Spotify. Consultado em 11 de dez. de 2020 
  12. «Quem somos». Jovem Nerd. Consultado em 11 de dez. de 2020 
  13. «Quem somos». Podcrastinadores. Consultado em 11 de dez. de 2020 
  14. «Podcast Theatro Municipal». Theatro Municipal. Consultado em 11 de dez. de 2020 
  15. «Xadrez Verbal». Wikipédia. Consultado em 11 de dez. de 2020 
  16. a b LEZME, Jean Roque Santos; QUAGLIA, Isabela (2014). «Conceitos Tecnológicos Voltados à Educação: as novas formas de aprender e ensinar». Mato Grosso do Sul. Revista EAD & Tecnologias Digitais na Educação (n. 3, v. 2). Consultado em 12 de dez. de 2020 
  17. FREIRE, Eugênio Paccelli Aguiar (2013). «Conceito educativo do podcast: um olhar para além do foco técnico». Educação, Formação & Tecnologias (n. 6). Consultado em 12 de dez. de 2020 
  18. BARROS, Gílian C.; MENTA, Ezequiel (2007). «Podcast: produções de áudio para educação de forma crítica, criativa e cidadã». Revista de Economía Política de las Tecnologías de la Información y Comunicación (v. 9, n.1). Consultado em 12 de dez. de 2020