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Usuário(a):Mariana Ramos Crivelente/Testes

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Rosângela Berman Bieler
Rosângela Berman Bieler

Rosângela Berman Bieler em 2022
Assessora Global e Chefe da Área de Deficiência no Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)
Período 2011 a 2022
Consultora para o Banco Mundial
Período 2004 a 2010
Consultora para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
Período 2004 a 2010
Membro da Ashoka Empreendedores Sociais
Período 1989 à atualidade
Representante do Brasil da Disabled People's International (DPI)
Período Década de 1980 à Década de 1990
Vice-Presidente para América Latina da Rehabilitation International (RI)
Período Década de 1980 à Década de 1990
Fundadora e Diretora do Instituto Interamericano sobre Deficiência e Desenvolvimento Inclusivo (iiDi)
Período 2001
Fundadora do Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro (CVI-Rio)
Período 1988
Dados pessoais
Nascimento 31 de outubro de 1957 (66 anos)
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
Nacionalidade brasileiro
Alma mater Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
Prêmio(s) ver lista
Cônjuge Michael Christian Bieler
Profissão jornalista, editora, ativista

Rosângela Berman Bieler (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro - 31 de outubro de 1957)[1][2] é uma jornalista, editora e ativista brasileira na área dos direitos das pessoas com deficiência e atual Assessora Sênior Global em Infância e Deficiência do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) [3]. Foi uma das fundadoras do Movimento pelos Direitos das Pessoas com Deficiência e do Movimento de Vida Independente (MVI)[4] no Brasil, país que representou na Disabled People's International (DPI) [5]. Foi Vice-Presidente para América Latina, da Rehabilitation International (RI)[6] e consultora para o Banco Mundial[7] e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Rosângela também é fundadora e Diretora do Instituto Interamericano sobre Deficiência e Desenvolvimento Inclusivo (iiDi), uma Organização não governamental (ONG) criada para promover os direitos e o empoderamento sócio econômico e político das Pessoas com Deficiência na região latino-americana, bem como nos países de língua portuguesa.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Infância e educação[editar | editar código-fonte]

Bieler nasceu na cidade do Rio de Janeiro. Sua mãe era argentina com ascendência turca e seu pai era brasileiro com ascendência russa. É a mais velha de dois irmãos. Na infância frequentou uma escola judaica, foi jogadora de vôlei, violonista e apreciadora de música e de arte. Na década de 1970 cursou Comunicação e Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Além de jornalista, Rosângela é mestre em Inclusão Social das Pessoas com Deficiência pela Universidade de Salamanca, Espanha.

Juventude e início do ativismo[editar | editar código-fonte]

Aos 19 anos de idade, no primeiro ano da faculdade, Bieler sofreu um acidente de carro que a deixou tetraplégica. O tratamento médico que recebeu na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR)[8], foi fundamental para seu processo de reabilitação, possibilitando adaptar-se à nova situação. Durante o tratamento conheceu pessoas que se tornaram amigas e companheiras de ativismo, como Lilia Pinto Martins, Flávio Wolf, Sheila Bastos Salgado, José Carlos Morais, Celso Lima, Izabel Maria Loureiro Maior, Maria Paula Teperino, Carmen Galassi, Paulo Roberto Guimarães Moreira, Maruf, Elaine Aride, entre outras. Foi também durante a reabilitação, em 1977, que começou a militar e atuar como relações públicas do Clube dos Amigos dos Deficientes Físicos (CLAM/ABBR). Nesse mesmo ano, compôs o grupo que fundou e atuou como relações públicas da Associação dos Deficientes Físicos do Estado do Rio de Janeiro (ADEFERJ). Em 1983, foi uma das fundadoras e a primeira coordenadora nacional e editora da Organização Nacional de Deficientes Físicos (ONEDEF)[9].

Carreira Profissional e ativismo[editar | editar código-fonte]

Fundação do Centro de Apoio à Vida Independente[editar | editar código-fonte]

No ano de 1988, após uma viagem aos Estados Unidos onde conheceu os Centros de Apoio à Vida Independente, fundou com Lilia Pinto Martins e Sheila Salgado, no Rio de Janeiro, o Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro (CVI-Rio)[10] que foi o primeiro no Brasil. É um movimento de inclusão social cujos princípios foram ditados pelas próprias pessoas com deficiências, que não aceitam ficar à margem da sociedade e à mercê das instituições, especialistas e familiares que tomam decisões por elas.

Capa do livro “História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil” [11], publicado em 2010

Participação no Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil[editar | editar código-fonte]

Em 1984 houve uma reformulação total do Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil[12], com o término da Coalizão Nacional que reunia todas as condições de deficiências, ocorreu a substituição pelas federações nacionais por área de deficiência: Organização Nacional de Entidades de Deficientes Físicos (ONEDEF), Movimento Nacional de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (MORHAN)[13], Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos (FENEIS)[14], Sociedade Brasileira de Ostomizados (SBO) e a Associação de Paralisia Cerebral do Brasil (APCB)[15]. A partir de 1984, portanto, configurou-se no Brasil um movimento estruturado e organizado por área de deficiência, que tentou se articular num Conselho Brasileiro de Pessoas Portadoras de Deficiência, unindo todas essas representações, mas que não conseguiu colocá-lo em funcionamento:

Em nível internacional, as nossas organizações se filiaram à Disabled Peoples International (DPI), a organização mundial que reúne todas as áreas de deficiências. Os cegos estão filiados à União Mundial de Cegos e à União Latino-Americana de Cegos; os surdos à Federação Mundial de Surdos. A partir daí, passamos a nos articular internacionalmente, fortalecendo o movimento, levando o Brasil a um cenário mais amplo e participativo, começando pela atuação na região latino-americana (BIELER, 2010, apud LANNA JÚNIOR, 2010)[16].

A fundação oficial da Organização Nacional de Entidades de Deficientes Físicos (ONEDEF) aconteceu durante o 1° Encontro Nacional dos Deficientes Físicos, realizado em Brasília, de 13 a 16 de abril de 1984, quando a assembleia geral das organizações de deficientes físicos aprovou os estatutos e os principais focos de luta. O Rio de Janeiro foi escolhido para abrigar a Coordenação Nacional da ONEDEF cuja diretora era Bieler. Como presidente do Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro (CVI-Rio), em 1993, Rosângela escreveu o documento “História Nacional e Internacional do Movimento de Pessoas Portadoras de Deficiência” que traça a cronologia do movimento.

Perspectiva de gênero[editar | editar código-fonte]

No documento “História Nacional e Internacional do Movimento de Pessoas Portadoras de Deficiência", Bieler faz um relato sobre o papel exercido pelas mulheres com deficiência no contexto do movimento internacional. Em 1984 a Disabled People's International (DPI) realizou um congresso mundial no Canadá, quando pela primeira vez as mulheres com deficiência se manifestaram enquanto grupo que demandava ter voz no próprio movimento de deficientes. Até mesmo naquele contexto havia um sentimento de exclusão, pois as principais lideranças eram masculinas. Em decorrência deste contexto, foi criada a organização Disabled Women’s International, uma dissidência na DPI[17]. Além disso, os membros da DPI criaram um Comitê de Mulheres em sua estrutura organizacional, passando a garantir, ao menos formalmente, a participação interna de mulheres com deficiência. Em abril de 1992, o Brasil enviou ao Canadá uma delegação de 11 mulheres para participar do Congresso Mundial de Mulheres com Deficiência organizado pela World Coalition of Women with Disabilities. O evento foi resultado da Conferência das Nações Unidas sobre Mulheres e Deficiência, da qual Rosângela participou como especialista convidada. Foi a primeira vez que mulheres com deficiência foram consideradas como um grupo específico no âmbito internacional das mulheres vulneráveis, o que gerou recomendações igualmente específicas[18][19].

HIV e Deficiência[editar | editar código-fonte]

Entre 2008 e 2013, alguns trabalhos de Bieler focaram a interface entre deficiência e HIV que acabaram por contribuir para a visibilização de assuntos importantes como os direitos sexuais e reprodutivos das pessoas com deficiência, e a necessidade de disponibilizar informação e educação em formatos accessíveis e tratamento adequado para mulheres e homens com deficiência no mundo.

Aportes para a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência[20][21] (CDPD)[editar | editar código-fonte]

Rosângela teve uma atuação constante e estratégica durante todo o processo de articulação, desenvolvimento e aprovação da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD) da Organização das Nações Unidas (ONU). A elaboração do texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência caracterizou-se pela participação do movimento social organizado de todos os países membros da ONU. Na 8ª Reunião, o presidente do Comitê destacou a presença de 800 ativistas da sociedade civil, de todas as partes do mundo. De fato, as organizações não governamentais participaram ativamente da formulação deste tratado de proteção aos direitos humanos. As lideranças da sociedade civil se organizaram no International Disability Caucus (IDC)[22] ou Liga Internacional sobre Deficiência, uma rede de mais de 70 organizações internacionais, regionais e nacionais de pessoas com deficiência e de ONGs atuantes na área.

Criação do (iiDi)[editar | editar código-fonte]

Com a criação, em 2001, do Instituto Interamericano sobre Deficiência e Desenvolvimento Inclusivo (iiDi), Bieler passou a trabalhar com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, Banco Mundial e muitas agências de países interessados em influenciar globalmente os países para que tornassem suas políticas públicas mais inclusivas. Atualmente, o iiDi continua promovendo os direitos das pessoas com deficiência e o desenvolvimento inclusivo na América Latina, contribuindo especialmente para a criação de uma geração de jovens ativistas através da rede juvenil META.

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Bieler casou-se com Michael Christian Bieler, falecido em 2011, após 25 anos de casados. Sua filha, Mel, nasceu em 1986</ref>[23].

Lideranças e filiações[editar | editar código-fonte]

  • 2011 - 2022: Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Assessora Sênior Global em Infância e Deficiência e Chefe da Área de Deficiência.
  • 2004 - 2010: Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Consultora.
  • 1989 - atualmente: Ashoka Empreendedores Sociais, Empreendedora Social[24].
  • Década de 1980 - Década de 1990: Disabled People's International (DPI), Representante do Brasil.
  • Década de 1980 - Década de 1990: Rehabilitation International (RI), Vice-Presidente para América Latina.
  • 2001: Instituto Interamericano sobre Deficiência e Desenvolvimento Inclusivo (iiDi), Fundadora e Diretora.
  • 1988: Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro (CVI-Rio), Fundadora e Presidente.

Prêmios e reconhecimento[editar | editar código-fonte]

  • 2007: Prêmio Direitos Humanos do International Service na categoria Defesa dos Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência.
  • 2009: Prêmio Direitos Humanos na categoria Garantia dos Direitos das Pessoas com Deficiência. Essa é a principal outorga do Governo Brasileiro na área dos Direitos Humanos, tendo sido criado por Decreto Presidencial em 1995.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  • Voices on the Convention on the Rights of Persons with Disabilities[25]
  • Being a Disabled Mother: Parenting and Family Issues[26]
  • Brazilian activist awarded the International Service Human Rights Award[27]
  • Podcast episode ‘Leaving no one behind’, Rosângela Berman-Bieler[28]
  • Global Disability Summit: Leaving no one behind, Episode 8[29]
  • CVI do Rio: muita história para contar [30]
  • “Se o movimento não estiver pautado pelos direitos humanos, não gera o que tem que gerar”[31]
  • “A força de uma militante”[32]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. ORGANIZAÇÃO das Nações Unidas. Dia Internacional da Mulher: Rosângela Berman Bieler, conselheira-sênior do Unicef. mar.2018. Disponível em: [1]. Acesso em: 15 out. 2022.
  2. SYNERGOS. Network. Disponível em: [2]. Acesso em: 15 out. 2022.
  3. FUNDO das Nações Unidas para a Infância. Situação Mundial da Infância 2013 - Crianças com deficiência. New York: United Nations publication, 2012. Disponível em: [3]. Acesso em: 15 out. 2022.
  4. CORDEIRO, Mariana Prioli. Nada sobre nós sem nós: os sentidos de vida independente para os militantes de um movimento de pessoas com deficiência. 2007. 187 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: [4]. Acesso em: 15 out. 2022.
  5. DISABLED People’s International. Website. 2022. Disponível em: [5]. Acesso em: 15 out. 2022.
  6. REHABILITATION International. Website. 2022. Disponível em: [6]. Acesso em: 15 out. 2022.
  7. WORLD Bank. En Breve. n.167. mar.2011. Disponível em: [7]. Acesso em: 15 out. 2022.
  8. ASSOCIAÇÃO Brasileira Beneficente de Reabilitação. Website. 2022. Disponível em: [8]. Acesso em: 15 out. 2022.
  9. ORGANIZAÇÃO Nacional de Deficientes Físicos. Blog da Organização Nacional de Entidades de Deficientes Físicos no Brasil.
  10. CENTRO de Vida Independente do Rio de Janeiro. Website. Disponível em: [9]. Acesso em: 15 out. 2022.
  11. LANNA JÚNIOR, Mário Cléber Martins (Comp.). História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos. Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, 2010. Disponível em: [10]. Acesso em: 21 out. 2022.
  12. ALMEIDA, Késia Pontes de (2011). A gente quer é ser um cidadão. Disponível em: [11]. Acesso em: 15 out. 2022.
  13. MOVIMENTO Nacional de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase. Disponível em: [12]. Acesso em: 15 out. 2022.
  14. LIBRAS. O que é a WFD? Disponível em: [13]. Acesso em: 15 out. 2022.
  15. ASSOCIAÇÃO de Paralisia Cerebral do Brasil. Website. Disponível em: [14]. Acesso em: 15 out. 2022.
  16. LANNA JÚNIOR, Mário Cléber Martins (Comp.). História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos. Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, 2010.
  17. UNITED Nations, Department of Economic and Social Affairs. Getting Women with Disabilities on the Development Agenda of the United Nations. Disponível em: [15]. Acesso em: 15 out. 2022.
  18. ABILITIES. Independence 92. Disponível em: [16]. Acesso em: 15 out. 2022.
  19. BIELER, Rosangela Berman. História nacional e internacional do movimento de pessoas portadoras de deficiência. Rio de Janeiro, 1993.
  20. CONVENÇÃO Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. In: Wikipedia. Disponível em: [17]. Acesso em: 15 out. 2022.
  21. CONVENÇÃO INTERNATIONAL Disability Alliance. Rosangela Berman-Bieler, UNICEF. Disponível em: [18]. Acesso em: 15 out. 2022.
  22. UNITED Nations, Department of Economic and Social Affairs. International Disability Caucus. Disponível em: [19] ] Acesso em: 15 out. 2022.
  23. Singleton and Related Genealogy Pages. Michael Christian BIELER. Disponível em: [20]. Acesso em: 15 out. 2022.
  24. ASHOKA. Fellow. Disponível em: [21]. Acesso em: 15 out. 2022.
  25. THE CONVENTION on the Rights of Persons with Disabilities. Interviews: Rosângela Berman Bieler. Disponível em: [22]. Acesso em: 20 out.2022.
  26. NGAI, Karen. Being a Disabled Mother: Parenting and Family Issues. Asia & Pacific Journal on Disability, n.3, sep. 1998. Disponível em: [23]. Acesso em: 20 out. 2022.
  27. ASSOCIATION Pour le Progrès des Communications. Brazilian activist awarded with the International Service Human Rights Award. dez.2007. Disponível em: [24]. Acesso em: 20 out. 2022.
  28. ENABLING education Network. New podcast episode ‘Leaving no one behind’, Rosangela Berman-Bieler. 10 fev. 2022. Disponível em: [25]. Acesso em: 20 out. 2022.
  29. THE ATLAS Alliance. Episode 8: Global Disability Summit: Leaving no one behind. YouTube. 9 fev. 2022.
  30. CENTRO de Vida Independente do Rio de Janeiro. Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro. Revista Reação. Disponível em: [26]. Acesso em: 15 out. 2022.
  31. VILLON. Elsa. Rosangela Berman Bieler: “Se o movimento não estiver pautado pelos direitos humanos, não gera o que tem que gerar”. Instituto Paradigma. dez. 2021. Disponível em: [27]. Acesso em: 15 out. 2022.
  32. BIELER, Rosangela Berman. A força de uma militante. Bengala Legal, nov.2011. Disponível em: [28]. Acesso em: 22 out. 2022.