Usuário(a):NilaToledo/Testes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Fotolabor
NilaToledo/Testes
Vista pontual da fachada do Estúdio Fotolabor.
Fundação 1940 (78 anos)
Proprietário(s) Werner Haberkorn e Gerard Haberkorn

Fotolabor foi um estúdio e gráfica de cartões postais fundado pelos irmãos Haberkorn (Werner e Gerard), em 1940, na cidade de São Paulo em SP. O estúdio foi considerado um dos primeiros no Brasil a fabricar cartões-postais.[1] A grande maioria de seu repertório fotográfico é tido como histórico por conter registros de transições importantes da cidade de São Paulo,[2] mudanças como crescimento das edificações e automobilização, registrando o crescimento da maior cidade do país, São Paulo nas décadas de 40 e 50.[1][2][3][4],.

Sobre[editar | editar código-fonte]

A gráfica não atuou apenas na confecção de cartões-postais, também fez catálogos publicitários para grandes empresas da época, um dos exemplos é a fábrica de brinquedos Estrela. Por estarem localizados no centro da cidade de São Paulo, os trabalhos eram facilitados. A empresa fechou as portas em 1990 e a maior parte do seu acervo de negativos foi adquirido pelo Museu Paulista e um grande número de seus cartões postais faz parte de coleções particulares espalhadas pelo país[5][6].

O estúdio carrega uma carga de grande importância histórica no processo de registro das mudanças metropolitanas vividas pela cidade de São Paulo. Na época em que a capital estava passando por significativas mudanças estruturais, Werner Haberkorn fez registros de algumas dessas mudanças estruturais.  A importância é tão grande que foram reunidas no livro da Fotolabor, que conta um pouco sobre a história do estúdio, mas foca nas fotográficas de Werner. Lá estão registradas a grande maioria das fotos que forma tiradas para produzirem cartões-postais.[3]

Os anos de 1940 e 1950, São Paulo era verticalizada e automobilizada, esses acontecimentos não foram isolados na capital paulista, e sim faziam parte de uma tendência nacional de desenvolvimento que foi intensificada no do plano de desenvolvimento do país do então presidente Juscelino Kubitschek. A ideia do governo da época era acelerar o crescimento do país, tudo isso feito de forma extremamente rápida, tanto que o jargão do presidente era “50 anos em 5”, quando se referia ao seu plano de metas para o país. Com isso, as mudanças na maior cidade do Brasil eram necessárias, assim, com a economia sendo fortalecida, os prédios antigos foram sendo derrubados e dando espaço para novos que sustentassem a nova cara da cidade de São Paulo, juntamente veio a automobilização da cidade.[3] Essas duas mudanças centrais foram as mais marcantes e que geraram visuais novos para a cidade, e que foram registradas pelo fotógrafo e fundador da Fotolabor, Werner Haberkorn.[4]

Além de ter contribuído para o entendimento de como a cidade de São Paulo foi desenvolvendo e respondendo aos pedidos de mudanças evolucionais, os cartões-postais de pontos famosos da metrópole mostram também como a sociedade foi num todo se confirmando cada vez mais consumista[5], desde a própria produção de peças com imagens mais comerciais até a venda que respondia à essa demanda. O crescimento econômico também era acompanhado pelo desenvolvimento da economia que acelerava o crescimento de edifícios e aumentava o número de automóveis nas ruas, consolidando uma sociedade de consumo em diversas esferas[5].

História[editar | editar código-fonte]

Werner Haberkorn - Av. Rangel Pestana S. Paulo Fotolabor

Os irmãos fundadores da empresa são de origem alemã, da cidade de Myslowice, hoje faz parte do território da Polônia. Eles tiveram a primeira visita ao Brasil no final da década de 1930, a trabalho para fotografar as paisagens brasileiras, visitaram São Paulo e o Rio de Janeiro. Foi nesse momento que Werner se apaixonou pelo cenário brasileiro e decidiu se mudar para o Brasil e junto com o seu irmão, foram para o país um ano depois e fundaram, pouco tempo depois, o estúdio fotográfico Fotolabor. Engenheiro por formação Werner Haberkorn, registrou a cidade de São Paulo em um dos seus momentos mais marcantes e históricos . A partir de suas imagens é possível comunicar e visualizar a verticalização e automobilização da capital paulista, tendo início entre as décadas de 1940 e 1950[6]. Os registros fotográficos dos irmãos Haberkorn não só mostram o desenvolvimento de uma grande capital econômica, em ascensão na época, como também mostram a disputa da concorrência. Para que a Fotolabor pudesse ser consagrada uma das maiores na época, Werner desenvolveu uma estratégia para vender mais cartões-postais. A ideia era fotografar os pontos que mais representassem a cidade de São Paulo, e assim, as vendas seriam maiores dos cartões-postais.[1].

Werner Haberkorn - Rua Conceição São Paulo - Brasil Fotolabor

Os pontos que mais foram fotografados por Werner foram o Vale do Anhagabaú, Viaduto do Chá, Viaduto Santa Ifigênia, por exemplo. Esses três locais estão situados na região central de São Paulo, conhecidos hoje 2018, como centro velho. Na época em que foram fotografados, esses pontos mencionados acima, eram de forte importância, tanto referencial como de aglomerado econômico. Lá, estavam localizados os maiores escritórios da cidade e estavam fisicamente perto de importantes referências jurídicas, como o Fórum João Mendes e o Tribunal de Justiça. O estúdio estava localizado na Avenida São João, 282, lá permaneceu por 40 anos, até a data em que encerraram suas atividades em 1990. A empresa estava localizada na parte central da cidade que vivia uma grande transformação urbana. Como o estúdio ficava no coração do centro de São Paulo, alguns dos pontos de maior movimentação da cidade foram fotografados por Werner. O fotógrafo, aparentemente, sem pretensão registrou o desenvolvimento de alguns dos pontos mais famosos da cidade, em um momento crucial de desenvolvimento imobiliário. Além da qualidade indiscutível das fotografias, a Fotolabor se preocupava em fotografar pontos urbanos, aqueles que rendessem cartões postais mais lucrativos, o Vale do Anhagabaú, localizado a 9 minutos à pé do endereço do estúdio[7], foi o mais fotografado por Werner, essa proximidade favorecia os constantes registros que forma feitos de inúmeros ângulos.

Importância histórica[editar | editar código-fonte]

A importância histórica dos registro[8]s de Werner Haberkorn é tão grande que serviu para ilustrar boa parte dos álbuns desenvolvidos para comemorar o IV Centenário da Cidade de São Paulo. Além do recente livro “Fotolabor, a fotografia de Werner Haberkorn”, de Bruna Callegari, Rafael Buose, Ricardo Mendes, Rubens Fernandes Juniro, Solange Ferraz de Lima.

Werner Haberkorn - Anhangabaú

A partir das fotos produzidas[9] por ele é possível observar o desenvolvimento urbano da cidade, que ficou marcado pelo crescimento do número de prédios que foram sendo construídos e também pelo aumento extremamente significativo do número de automóveis presentes nas vias da cidade[10]. A verticalização se tornou viável com o aumento dos edifícios e também  com a demolição de alguns deles para que pudessem dar lugar a prédios que fossem mais altos e modernos, dessa forma atendendo nova demanda da cidade de São Paulo, que era se tornar mais moderna, seguindo a demanda nacional dos anos 50, pautado pelo plano de metas do então presidente JK.

Grande parte dessa mudança pautada pelo governo vinha também do então prefeito Prestes Maia, com essa forte pauta de modernização o centro de São Paulo sofreu uma expansão. Um dos maiores registros foi o do Vale do Anhagabaú, que aparentemente sem pretensão Werner, registrou o desenvolvimento do local, na cronologia das fotografias é possível ver como o Vale se torna mais movimentado, em relação a número de carros presente nas fotos.[11]

Acervo[editar | editar código-fonte]

Werner Haberkorn - Viaduto do Chá - São Paulo Fotolabor

Além do Vale do Anhagabaú, a Avenida Nove de Julho foi um dos pontos em desenvolvimento que foi intensamente fotografada pelo dono da Fotolabor. A avenida é um dos exemplos de crescimento da época, pois liga o centro da cidade de São Paulo com o bairro, sendo de grande acesso pelas duas áreas da metrópole. A expansão das vias é notável nas fotografias, assim o trânsito poderia ser escorrido, já que havia um aumento significativo de automóveis na região.[12]

O chamado “antes e depois” das regiões de São Paulo ficou registrado pela crescente demanda de cartões-postais a região foi sendo fotografa continuamente, dessa forma, Werner conseguiu registrar as mudanças que aconteciam ali, dando um ar de naturalidade a urbanização do ambiente.[13]

O Viaduto do Chá e Santa Ifigênia, foram igualmente fotografados e tiveram suas evoluções registradas. Um dos fortes pontos que podem ser observados nas fotografias é que na região do Vale há a condição “entre rios”, o Tamanduateí e o Anhagabaú, com a construção do Viaduto do Chá os rios foram completamente transpostos, registrando duas fortes mudanças na região. O Vale do Anhagabaú possui 163 registros na coleção de Werner Haberkorn, os viadutos do Chá e Santa Ifigênia, 100 e 68, respectivamente, registros fotográficos que em seguida se tornaram cartões postais para serem vendidos.[13]

Referências

  1. a b Prado, Daniela da Silva. «A recepção do 'novo romance' no 'Suplemento Literário' do jornal O Estado de São Paulo» 
  2. Prado, Daniela da Silva. «A recepção do 'novo romance' no 'Suplemento Literário' do jornal O Estado de São Paulo» 
  3. «Governo JK» 
  4. Krauss, V. W. A cultura visual além da imagem: fontes escritas e orais na compreensão da cultura visual.
  5. a b Krauss, Vivian Wolf. «Laboratório, estúdio, ateliê: fotógrafos e ofício fotográfico em São Paulo (1939-1970)» 
  6. «Fotolabor | Livro». www.fotolabor.com.br. Consultado em 28 de novembro de 2018 
  7. «Vale do Anhangabaú to São João». Vale do Anhangabaú to São João. Consultado em 24 de novembro de 2018 
  8. LIMA MENDES, MARINA. «COLETIVOS DE CULTURA: NOVAS FORMAS DE COMUM» 
  9. Makino, Miyoko; Silva, Shirley Ribeiro da; Lima, Solange Ferraz de; Carvalho, Vânia Carneiro de (2003). «O Serviço de documentação textual e iconografia do Museu Paulista». Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. 10-11 (1): 259–304. ISSN 0101-4714. doi:10.1590/s0101-47142003000100014 
  10. Gallao, Karl Georges; Cipiniuk, Alberto (dezembro de 2016). «A IMAGEM GRÁFICA NO OCIDENTE E A PRODUÇÃO DE SENTIDO NA HISTÓRIA DA CULTURA VISUAL DA ANTROPOLOGIA CRISTû. São Paulo: Editora Blucher. Blucher Design Proceedings. doi:10.5151/despro-ped2016-0034 
  11. Makino, Miyoko; Silva, Shirley Ribeiro da; Lima, Solange Ferraz de; Carvalho, Vânia Carneiro de (00/2003). «O Serviço de documentação textual e iconografia do Museu Paulista». Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. 10-11 (1): 259–304. ISSN 0101-4714. doi:10.1590/S0101-47142003000100014  Verifique data em: |data= (ajuda)
  12. Makino, Miyoko; Silva, Shirley Ribeiro da; Lima, Solange Ferraz de; Carvalho, Vânia Carneiro de (00/2003). «O Serviço de documentação textual e iconografia do Museu Paulista». Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. 10-11 (1): 259–304. ISSN 0101-4714. doi:10.1590/S0101-47142003000100014  Verifique data em: |data= (ajuda)
  13. a b Makino, Miyoko; Silva, Shirley Ribeiro da; Lima, Solange Ferraz de; Carvalho, Vânia Carneiro de (00/2003). «O Serviço de documentação textual e iconografia do Museu Paulista». Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. 10-11 (1): 259–304. ISSN 0101-4714. doi:10.1590/S0101-47142003000100014  Verifique data em: |data= (ajuda)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]