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Gambá-de-orelha-branca | |||||||||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||||||||
Pouco preocupante | |||||||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||||
Didelphis albiventris Lund, 1840 | |||||||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||||||
Habitat natural do Gambá-de-orelha-branca
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O gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris) é uma espécie de gambá achado na Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai, e Uruguai.[1] É um animal generalista que vive em muitos habitats distintos, podendo apresentar comportamento predominantemente terrestre ou arboreal.[1][2]
Por algum tempo, essa espécie foi classificada junto ao gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita) dentro do táxon Didelphis azarae. De 1993 até 2002, essa espécie também incluía o Didelphis imperfecta e o Didelphis pernigra como subespécies.[3] O gambá-de-orelha-branca é considerado o maior dos marsupiais brasileiros.
É o mascote do Clube Náutico Capibaribe, um time de futebol brasileiro de Recife, Pernambuco.[4]
Descrição[editar | editar código-fonte]
Com um tamanho de pequeno a médio, o gambá-de-orelha-branca assemelha-se em dimensões a um gato e, quando adulto, pesa cerca de um quilo e meio a dois quilos.[5] A sua pelagem no dorso é grisalha, possuindo também uma mistura de pelos negros e brancos, na sua maioria. Sua característica marcante é apresentar suas orelhas pretas cobertas por uma fina camada de pelos brancos ao redor das mesmas, três listas pretas na cabeça, uma no centro da cabeça e duas ao redor dos olhos, que podem não serem perceptíveis. Seu corpo costuma ter até 70 cm de comprimento. A característica da sua cauda é apresentar o comprimento menor que a cabeça e o corpo. No entanto, nessa especies, essa coloração costuma variar no decorrer da vida, os mais velhos são mais claros, e os jovens são mais escuros. Ademais, sua cauda tem pelos apenas na região proximal ao corpo, é escamosa e preênsil. Essa característica faz com que o animal tenha a capacidade de se enrolar a alguma superfície, como em arvores.[6] Suas patas são curtas, tendo cinco dedos em cada uma, com garras. Nas patas traseiras, o primeiro dedo, chamado de hálux, possui uma unha no lugar da garra. Durante o período de cio, os gambás-da-orelha-branca liberam um líquido fétido das glândulas axilares, para atrair o parceiro.
Em relação a algumas particularidades anatômicas do gambá-de-orelha-branca, ele apresenta crânio normal, sua área facial é bem mais alongada e desenvolvida do que a região temporal. Não possui forame supraorbital e sua bula timpânica não se mostra muito desenvolvida ao longo de toda a linha evolutiva. O processo zigomático do osso temporal da especie é formado pelo arco zigomático, pelo processo zigomático da região maxilar e processo temporal do osso zigomático. A respeito dos outros ossos da especie, as pesquisas feitas até o momento indicam que o gambá-de-orelha-branca não desenvolveu diferenças significativas quando comparados a outros mamíferos semelhantes.
Sobre a sua morfologia, a ordem Didelphis possui características diferentes, podendo ser classificado em três grupos distintos: albiventris , pernigra e imperfecta. O Didelphis albiventris é identificado por possuir em sua maioria, a sua coloração na face dorsal é cinza, diferente das espécies pernigra e imperfecta, que geralmente apresentam o dorso do corpo na cor preta. O perniga também difere-se dos outros por possuir um terceiro dente pré-molar superior maior.Considerando o tamanho corporal, o gênero perniga é maior na maioria dos animais descritos.[7]
Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]
O gambá-de-orelha-branca é um animal muito versátil e seus habitats naturais são muito diferentes em termos de ocorrência de chuva, umidade, disponibilidade de água e temperatura[8]; vive em prados, montanhas, bosques, florestas, formações arbustivas, campestres, zona rural e são relativamente adaptados as áreas urbanas, podendo ser encontrado em ambientes próximos a áreas de reserva. Também possuem o hábito de utilizar o forro das residencias humanas como toca. Nos últimos anos, em decorrência das mudanças ambientais e da destruição da fauna e da flora, ocasionadas na maioria das vezes por ações humanas, o gambá-de-orelha-branca têm migrado para as áreas urbanas e rurais em busca de abrigo e oferta de alimentos. A espécie passa a viver em ambientes de convivência da população humana, a qual, por falta de conhecimento, acaba considerando o animal como uma praga. Por esse motivo, vários desses marsupiais acabam sendo vítimas da violência humana e são mortos por atropelamento, desalojamento, traumas, e envenenamento. [9]
É comumente encontrado na Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia e ocorre em praticamente todo o estado do Rio Grande do Sul, no Brasil.[10] Registros fosseis afirmam que a ordem dos gambás representa os mamíferos mais antigos que permanecem até a atualidade. Além disso, eles passaram pelo longo processo de evolução sem ocorrerem variações anatômicas significantes, sendo considerados como uma espécie de fosseis vivos distribuídos pelo planeta terra.
O gambá-de-orelha-branca frequentemente muda de habitat para acasalar. As populações geralmente são maiores em épocas mais úmidas, quando os filhotes começam a procurar por comida sozinhos. São geralmente solitários e nômades, mas às vezes vivem juntos em buracos, lixos e em estruturas humanas vazias (porões, garagens, armazéns etc.).[11] Esse gambá não é considerado perigoso para a vida do homem, desde que o mesmo não se sinta ameaçado.
Estudos de dinâmica populacional da ordem D. albiventris indicam um padrão de flutuação populacional da espécie em áreas florestais ou até mesmo em áreas agrícolas. A especie apresenta três picos populacionais, principalmente no mês de maio, que se encontra na estação seca. Em relação a questão etária, observa-se a presença de indivíduos mais velhos no período de julho a novembro. Já nos meses de dezembro a julho, encontram-se indivíduos mais jovens nas regiões de matas florestais. Essa dinâmica se da devido ao fato de que nesse período de dezembro a julho, ocorre um maior recrutamento e povoamento na área, atraindo animais mais jovens, realizando um recoloneamento da área pelos mesmos. Ocorrendo nos locais florestais, um maior movimento do gambá-de-orelha-branca. Em relação ao período de encontro de fêmeas com filhotes na bolsa, o período de marsúpio tende a ocorrer do inverno ao verão. [12]Essa especie possui um comportamento que tende ao deslocamento no decorrer das suas fases da vida. Tal característica é conhecida como flutuação populacional, tendo picos mais prolongados nos meses mais secos do ano , após um longo período de estação chuvosa e declínio imediato após o fim da fase de recrutamento dos gambás mais jovens.
Em relação a sua predação, nas grandes florestas costumam ser predados por animais carnívoros, serpentes e algumas corujas. Como forma de proteção, ao se deslocarem, usam suas glândulas das axilas e sua saliva para deixarem um rastro de odor, sendo ainda mais fortes durante o seu período de acasalamento, com o objetivo também de atrair as fêmeas. Durante esse percurso, além da busca por alimento e da necessidade da busca pelo parceiro, esses animais passam a ser considerados grandes dispersores de sementes de algumas arvores, que são eliminadas junto com suas fezes devido ao alimento que foi ingerido. Devido a essa capacidade de dispersão, sobem e andam em arvores com extrema facilidade[13]. Também são considerados animais muito pacíficos, no entanto, ao se sentirem ameaçados, abrem a boca, rosnam e mostram os dentes para conseguir se defender e mostrar força ao possível predador, intimidado dessa maneira o agressor. Além disso, é comum a espécie dos gambas, o ato de fingir-se de morto. Essa característica é chamada de tanatose e é utilizada para espantar o predador. Após o inimigo se afastar, o gambá-de-orelha-branca consegue desviar a atenção do inimigo e correr para um abrigo seguro, garantindo assim, sua sobrevivência.
Dieta[editar | editar código-fonte]
Os gambás-de-orelha-branca são animais onívoros, consomem invertebrados, pássaros, pequenos mamíferos, cobras, lagartos, anfíbios, frutas, cereais e praticamente qualquer coisa que seja comestível, consumindo lixo quando disponível.[14] Também se alimentam de sangue. Quando captura sua presa, o gambá-de-orelha-branca costuma romper o pescoço da mesma, com o objetivo de romper a veia jugular para ingerir seu sangue, que verte em abundância. Devido a esse hábito alimentar, esses animais são conhecidos como sanguinários. Os gambás-de-orelha-branca que se alimentam regularmente de frutas agem como dispersores, podendo-se encontrar várias sementes em suas fezes.[15] Também há registros de consumo de néctar floral em uma espécie de bromélia da Caatinga para a qual esse animal pode atuar como polinizador [16].
Nomes no Brasil[editar | editar código-fonte]
No Nordeste brasileiro é também conhecido como timbu ou cassaco, com exceção da Bahia, onde é chamado de sarigué, sariguê, saruê ou ainda sarigueia. Na região Sul, é denominado popularmente mucura, enquanto que no Paraguai e Mato Grosso é conhecido como micurê.[17]
O nome gambá tem origem na língua tupi-guarani, na qual gã'bá ou guaambá significa "mama oca", uma referência ao marsúpio, a bolsa ventral onde se encontram as mamas e onde os filhotes vivem durante parte de seu desenvolvimento.
Reprodução[editar | editar código-fonte]
O gambá-da-orelha-branca, da ordem Didelphomorphia se distingue dos inúmeros grupos de mamíferos pelo fato de possuírem a característica do nascimento dos fetos prematuramente. Nesses animais, o abdômen da fêmea apresenta uma bolsa de pele dotada de mamilos, na qual, a prole se fixa após nascimento, terminando ali, o seu desenvolvimento. O filhote nasce muito prematuro, com os olhos ainda fechados, sem a presença de pelos ou orelhas, possuindo somente os membros anteriores desenvolvidos, para que através desses membros, o filhote consiga escalar até a mãe no parto. Esse tipo de desenvolvimento se dá pelo fato de não existir placenta.
A espécie apresenta dois picos de nascimentos, e a estação produtiva vai do inverno ao verão. O período de gestação do gambá-da-orelha-branca é entre 11 e 12 dias e nascem entre 18 e 21 filhotes, que podem medir entre 10 e 15 mm de comprimento, aproximadamente. Após o parto, a prole faz sua migração para dentro da bolsa da mãe, se fixando nos mamilos e permanecendo ali por um período aproximado de 68 a 70 dias.
Os filhotes saem do marsúpio após o período de desenvolvimento completo e vão em busca de um novos alimentos e abrigo. É possível que haja perdas da prole ainda durante o momento da lactação, a quantidade de filhotes que permanecerá no marsúpio será definida pelo numero de mamilos funcionais da mãe. O trato reprodutor desse animal também se distingue dos demais mamíferos, pelo fato de possuir uma duplicidade em seus órgãos. A fêmea apresenta duas vaginas e presença do marsúpio. Já o macho possui glande bifurcada.
No seu sistema reprodutor, nos machos, ocorre a presença de um pênis bífido que se localiza em frente ao seu saco escrotal. Nas fêmeas, existem dois úteros (didelfia) e duas vaginas que se interligam com apenas um orifício externo. Possuem a capacidade de ser reproduzir em até duas vezes por ano, com uma média de 18 a 21 filhotes em cada uma das gestações, que costumam durar entre 11 e 12 dias. Durante o período de marsúpio, no qual o embrião termina sua fase de desenvolvimento no marsúpio da mãe, ocorre uma soldadura temporária da boca do filhote com a superfície do mamilo da mãe, onde permanecem por até 4 meses.
Importância na natureza[editar | editar código-fonte]
O gambá-de-orelha-branca é considerado uma espécie importante porque colabora no controle das espécies que são vistas como pragas, principalmente para a agricultura, como os roedores e insetos, já que são as principais presas desse animal. Esse gambá também é visto como um ótimo dispersor de sementes, que são distribuídas a partir dos rastros deixados pelas suas fezes.
No entanto, o gambá-de-orelha-branca também é considerado um grande propiciador de doenças ao homem e aos animais domésticos. Pesquisas indicam que a ordem D. albiventris são bastante susceptíveis a infecções. As fêmeas dessa espécie são comumente detectadas com doenças. Nos machos, esses números de infecção são menores, possivelmente pelo fato de que os machos apresentam a característica de se dispersarem e percorrem mais áreas do que as fêmeas, que se deslocam bem menos. Devido a esse grande deslocamento, os machos ficam mais suscetíveis a predação, não completando sempre o seu ciclo vital.
Esses animais também são considerados reservatórios silvestres de doenças graves como a Leishmania spp. (protozoário causador da leishmaniose), doença incluída na Lista nacional de doenças e agravos de notificação compulsória. Desse modo, quando o gambá-de-orelha- branca ocupa e se desloca entre as áreas urbanas, regiões de mata ou peri-domiciliares, essa doença se acomete de maneira rápida, e coloca em risco a saúde não só humana, mas de todos os animais ao redor.
Referências[editar | editar código-fonte]
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