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Época Comtemporânea[editar | editar código-fonte]

Vivencias de autores negros[editar | editar código-fonte]

INTRODUÇÃO

Dado o caráter interdisciplinar e plural das formas de se compreender e estudar história do conhecimento, está sendo proposto aqui um aprofundamento nos textos, conceitos e teorias propostas por autores negros, para pensar e auxiliar no entendimento de como funcionam as sociedades contemporâneas, ocidentais. O que se mostra de grande importância para o campo, uma vez que o que esses autores argumentam são conhecimentos que, via de regra, recebem pouca importância no decorrer das disciplinas acadêmicas. O conceito central de história de conhecimento pensado aqui é de que se trata de uma disciplina, plural, que busca compreender as diferentes formas de conhecimento e produção de conhecimento. E o que é proposto é que a disciplina seja pensada também de forma decolonial a fim de buscar outras interpretações não eurocêntricas, e que não partem de um viés hegemônico de poder e de produção. A importância de se estudar e destacar esses teóricos negros é de repensar as formas pelas quais as sociedades contemporâneas se organizam, e de enfatizar seu papel enquanto produtores e detentores do conhecimento.

Frantz Fanon

Frantz Fanon foi um médico, filósofo e ativista político de grande importância para a produção de conhecimento. Sua obra teve uma contribuição significativa para os estudos pós-coloniais e o pensamento antirracista. Como um homem negro vivendo em uma sociedade branca, Fanon vivenciou diversas situações que o levaram a refletir sobre a experiência de opressão enfrentada pelos negros.

As vivências de Fanon foram fundamentais para a formação de seu pensamento. O fato de ser um negro mergulhado em um mundo branco resultou em várias situações racistas em sua vida, inclusive durante seus estudos de psiquiatria e medicina na Universidade de Lyon. Em sua obra "Pele negra, máscaras brancas", publicada em 1952, Fanon evidencia a experiência do negro em uma sociedade dominada pela branquitude e mostra as consequências psicológicas do racismo nos indivíduos negros. Em sua obra "Por que Fanon? Por que agora?" o cientista político Deivison Mendes Faustino debate sobre como e quais caminhos o pensamento fanoniano tomou, bem como foi apropriado, desde sua chegada ao Brasil na década de 1950, destacando o impacto de sua obra "Os Condenados da Terra".[1] Essa obra de Deivison Mendes demonstra como a vivência de Fanon e seu conhecimento atravessou o seu tempo, bem como até hoje é notória sua importância nas diferentes formas de produção de conhecimento.

É clara a influência do pensamento de Fanon em movimentos anticoloniais e de libertação nacional. Sua influência pode ser percebida nos Panteras Negras, uma organização revolucionária fundada em 1966 nos Estados Unidos. Os Panteras Negras foram uma resposta ao racismo e à opressão sofrida pelos negros na sociedade americana, lutando por direitos civis, igualdade racial e justiça social. A organização defendia a autodefesa dos negros contra a violência policial e promovia programas socias para a comunidade negra. O pensamento de Fanon, com seu enfoque na descolonização e na resistência, influenciou ideologicamente os líderes e membros dos Panteras Negras.

Sueli Carneiro

    Sueli Carneiro é uma filósofa, escritora e ativista na luta antirracismo do movimento social negro brasileiro, fundou o GELEDÉS (Instituto da mulher negra) uma organização independente e voltada para questões de mulheres negras. Sueli é considerada uma das principais pensadoras do feminismo negro no Brasil, tem pós doutorado em educação pela USP e foi a primeira mulher negra a receber o titulo de doutora honoris causa da UnB.

  Ela ingressa no ambiente universitário em 1971, durante o  regime de ditadura militar e é nesse momento que alia- se aos movimentos negro e feminista . Assim como a vivência pessoal de Frantz Fanon o  influenciou em  suas produções o fato de Sueli ser uma mulher negra vai marcar suas  produções intelectuais, pois elas são voltadas para as relações raciais e de gênero na sociedade brasileira, uma produção com cerca de 150 artigos publicados e 17 livros.

Influenciada pelos conceitos de dispositivo e biopoder de Michel Foucault, e o de epistemicídio  cunhado pelo sociólogo Boaventura de Souza Santos( 1940-),busca tematizar a políticas públicas criadas e implantadas no Brasil que deixam a população negra na condição do Outro, do não- ser, do Ôntico e de como os saberes e construção deles por parte dos povos colonizados ou ex-colonos é apagada/ invalidada (o epistemicídio).

    Além de suas obras dialogarem com outras intelectuais feministas,negras e brasileiras, as criações de Sueli em um cenário mais amplo da experiência negra global também conversam com as obras de Fanon ( visto que são pós-coloniais) e com o camaronês Achille Mbembe (1957-), nos conceitos de necropoder e necropolítica em paralelo com o epistemicídio e dispositivo racial trabalhado por ela em Dispositivo da Racialidade (2023).

CONCLUSÃO

Em suma, percebe-se a importância de se analisar o campo de estudo de forma plural e se afastando de noções eurocêntricas e primordialmente brancas. Ao coletar informações acerca de autores decoloniais, como Frantz Fanon e Sueli Carneiro é possível analisar a experiência de pessoas negras no mundo branco e a importância do pensamento antirracista a partir do século XX. Além disso, o caráter muitas vezes revisor desses autores ao tomarem as rédeas da sua própria narrativa se tornou evidente e primordial para a atualização da história do conhecimento contemporâneo.

Referências https://www.geledes.org.br/[editar | editar código-fonte]

https://casasuelicarneiro.org.br/

https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/7123?show=full

https://journals.openedition.org/rccs/611

  1. Faustino, Deivison Mendes (3 de setembro de 2015). «"Por que Fanon? Por que agora?": Frantz Fanon e os fanonismos no Brasil». Consultado em 21 de julho de 2023