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O termo teologia do Holocausto se refere a um complexo de debate e análise teológica e filosófica que aborda o papel de Deus e do mal no mundo à luz da experiência histórica do Holocausto, no qual seis milhões de judeus foram vítimas de um genocídio. A teologia do Holocausto também é denominada como a teologia pós Auschwitz.

O judaísmo, o cristianismo e o islamismo tradicionalmente ensinam que Deus é onipotente (todo-poderoso), onisciente e onibenevolente (perfeitamente bom). Essas afirmações estariam em contradição com o fato de que há muito mal no mundo. Uma questão que os monoteístas enfrentam é em que medida a existência de Deus pode ser considerada compatível com o problema do mal. Em todas as religiões monoteístas, existem tentativas de resolver esta questão (teodiceias). Abalados pela maldade praticada durante o Holocausto, muitos teólogos e filósofos reexaminaram as visões clássicas desse problema e elaboraram um "conceito de Deus depois de Auschwitz".

Respostas judaicas[editar código-fonte]

Algumas das principais respostas dadas pelo pensamento judaico ao Holocausto, são:

  1. O judaísmo rabínico tem uma doutrina baseada nos livros dos profetas (Tanakh), segundo a qual: "por causa de nossos pecados, fomos punidos". Nos tempos bíblicos, quando os males afligiam o povo judeu, os profetas enfatizavam que o sofrimento é o resultado natural de não obedecer aos mandamentos de Deus, assim como prosperidade, paz e saúde são as consequências naturais de obedecer aos mandamentos de Deus. Portanto, alguns representantes da comunidade ortodoxa ensinaram que muitos judeus na Europa eram profundamente pecadores. Deste ponto de vista, o Holocausto seria um castigo justo de Deus.
  2. Eventos terríveis como o Holocausto são o preço que temos que pagar pelo livre arbítrio. De acordo com essa visão, Deus não pode e não quer interferir na história, caso contrário, nosso livre arbítrio, em certo sentido, deixaria de existir. O Holocausto apenas lança uma luz negativa sobre a humanidade, não sobre Deus.
  3. O povo judeu se tornou o "servo sofredor" de Isaías. O povo judeu sofre coletivamente pelos pecados do mundo. O rabino reformista Ignaz Maybaum sugeriu ver o Holocausto como a forma final de reconciliação vicária[1].
  4. Deus existe, mas Deus não é onipotente. Isso corresponde ao teísmo limitado. Todos os argumentos acima são baseados na premissa de que Deus é todo-poderoso e poderia ter evitado o Holocausto. E se não for esse o caso? Nesse ponto de vista, o Holocausto apenas lança uma luz negativa sobre a humanidade, porque não cumpriu sua responsabilidade moral para com o próximo, mas não para uma luz negativa contra Deus, que teria poderes limitados. Assim, Deus está praticamente absolvido com relação à questão da teodiceia a respeito do genocídio dos judeus. Muitos representantes do judaísmo liberal têm essa opinião, incluindo o filósofo judeu Hans Jonas e os rabinos Harold Kushner, William E. Kaufman e Milton Steinberg, que baseiam sua conclusões também em antigos rabinos como: Abraão ibne Daúde, Abraão ibne Esdras e Gersónides[2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10].
  1. The Face of God After Auschwitz. S. 35f.
  2. Michael, Martin. (1990). The Finite God Theodicy. In Atheism: A Philosophical Justification. Temple University Press. pp. 436-438.
  3. Dilley, Frank B. (2000). «A Finite God Reconsidered». International Journal for Philosophy of Religion. 47 (1): 29–41. JSTOR 40036433. doi:10.1023/A:1003838717365 
  4. Rabbi Kushner: An 'Accommodation' With God, em inglês, acesso em 29/04/2021.
  5. SYMPOSIUM ASKS WHY THERE IS EVIL UNDER GOD, em inglês, acesso em 29/04/2021.
  6. Q & A: Rabbi Harold Kushner, em inglês, acesso em 29/04/2021.
  7. EVEN IN BAD TIMES, GOD HAS A PURPOSE, EVANGELIST BELIEVES, em inglês, acesso em 29/04/2021.
  8. A virus that needs no divine intervention, em inglês, acesso em 29/04/2021.
  9. O conceito de Deus após Auschwitz: uma voz judia. Trad.: Lilian Simone Godoy Fonseca. São Paulo: Paulus, 2016. Resenha disponível na internet.
  10. NOSSOS RABINOS DE MEMÓRIA ABENÇOADA - IBN DAUD E A ESCRITA SEFARDITA DA HISTÓRIA (SÉC. XII)., acesso em 30/04/2021.