Usuário:Maikê/Batalha Naval do Riachuelo

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Batalha do Riachuelo. Obra de Oscar Pereira da Silva.

Em abril de 1865 as tropas paraguaias invadem a provincia de Corrientes tomando a capital com uma soma extra de 3 000 soldados sob o comando de Robles, depois destes terem capturado dois vapores argentinos no trajeto, juntando-se a poderosa força de 27.000 homens que lá estavam estacionados. Ao mesmo tempo duas esquadras da Armada Imperial partem pelo rio Paraná em direção de Bela Vista. Logo em seguida o inimigo ameaça penetrar o território brasileiro, por Itapuá sob ordens do tenente coronel Estigarribia. A coluna principal avança sem dificuldades pelo interior do Rio Grande do sul alcançando São Borja, Itaqui e Uruguaiana. Uma segunda coluna avança pelo leito do outro lado do rio até chegar a Riachuelo, fortificando-a. Porém a coluna estacionada em Corrientes é derrotada pelo ataque aliado liderado pelo general argentino Paunero em conjunto com as forças navais sob o comando do Almirante Barroso no dia 25 de maio.[1]

Diante desses acontecimentos, dia 8 de junho, López embarca precipitadamente no vapor Taquary e inspeciona pessoalmente os preparativos de sua frota para o ataque a frota brasileira que ele supunha estar desprevenida e desguarnecida, escolhendo a data para o feito no dia 11. Aparentemente calmo, López organiza diversas atividades com o intuito de distrair os homens que estavam abatidos devido ao revés ocorrido em Corrientes, como jogar a culpa pela derrota a seus comandados, levando a execução de um deles. López estava confiante em um ousado plano de combate naval, que lhe daria vantagens sobre os aliados, do seu subordinado, o general Diaz. Tal confiança era tanta que o mesmo enviou o Coronel de Artilharia Bruguez que deveria fundar uma bateria de 32 canhões na margem direita da embocadura do Riachuelo, em auxílio da frota guarani. Este último aumentou o contingente militar na região por colocar um grupo de infantaria destinada não apenas ao auxílio nas abordagens dos navios brasileiros, mas também no fogo de fuzilaria. No local estavam escondidos cerca de 3.000 soldados paraguaios.[1]

As forças navais imperiais naquela altura somavam 2.287 combatentes sendo 1.113 imperiais marinheiros e 1.174 soldados do exército distribuídos entre os vapores Belmonte, Mearim, Beberibe, Ipiranga, Amazonas, Jequitinhonha, Parnaíba, Iguatemi e Araguari, com cerca de 50 bocas de canhão somados, esquadra comandada pelo Chefe de Divisão Francisco Manuel Barroso da Silva.[2] A frota imperial achava-se abaixo de Corrientes cerca de duas léguas de distância.[3] A esquadra paraguaia preparada para ação eram: Tacuary, Igurey, Marquez de Olinda, Salto, Paraguary, Iporá, Jujuy e Iberá, nesta ordem, sob o comando de Pedro Inácio Meza.[2] Tal esquadra parte de Humaitá a meia-noite do dia 11 de junho, porém um desarranjo nas máquinas do Iberá atrasa por um tempo o ataque.[1] Se os planos de López se concretizassem significaria o apoderamento dos navios brasileiros e a incorporação dos mesmo a sua esquadra. Isso permitiria uma possível expansão territorial do Paraguai dentro do Brasil, concretizando as pretensões de López de ter uma saída para o mar.[3]

As 9:00 horas da manhã, marinheiros imperiais avistam sinais de fumaça dos navios da esquadra paraguaia. Imediatamente ouve-se vozes do tipo Navio á proa! Em seguida, Esquadra inimiga á vista. Logo o almirante Barroso envia o sinal para sua frota: Preparar para combate! Rapidamente a tripulação dos navios apressam-se em preparação do combate, com municiadores indo em vindo do interior das embarcações com as balas dos canhões, cujo atiradores já estavam preparados. A esquadra paraguaia aponta a vista da esquadra imperial liderando o Paraguary, seguido de Igurey e depois Iporá, Salto, Pirabebé, Jujuy, Márques de Olinda e Tacuary. A missão era de abordar violentamente um ou mais vapores brasileiros sem medir sacrifícios, se necessário. O almirante Barroso que estava a bordo do Mearim, embarca na nau capitânia Amazonas que logo emite o seguinte sinal: O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever e, em seguida, este outro: Bater o inimigo que estiver mais próximo. A frota de Meza inicia o avanço em direção dos brasileiros, iniciando a batalha.[1]

Vapor brasileiro Parnaíba. Durante a Batalha do Riachuelo resistiu a tentativa de abordagem de três navios inimigos, assim como o Jequitinhonha.

Ao passar, havendo troca de tiros entre as frotas, os navios paraguaios rumam em direção do arroio Riachuelo, abrigando-se sob a proteção da artilharia costeira ali instalada. Em seguida os navios brasileiros iniciam a perseguição dos mesmos. O Jequitinhonha, ao se aproximar, é recebido com intenso tiroteio vindo das embarcações paraguaias e dos artilheiros de Bruguez fixados no alto do barranco do arroio, e encalha num banco de areia. Logo três navios paraguaios tentam dar abordagem do navio, sendo repelidos a muito custo pelos tripulantes, além de estarem sob constante fogo de artilharia da costa. Partes do vaso de guerra são reduzidos a estilhaços. No embate caem imediatamente 17 praças incluindo o comandante Lima Barros.[1]

Em seguida desce o Parnaíba que sofre abordagem pelos inimigos a bordo de três navios, assim como o Jequitinhonha. Este último é cercado a bombordo e estibordo depois de disparar contra o Paraguary obrigando-o a recuar do embate. Inicia-se um combate corpo a corpo no convés do Parnaíba, após o Marquês de Olinda vir em auxílio dos seus e abordá-lo com centenas de soldados paraguaios experientes, armados de sabres, machadinhas e revolveres. Diante da terrível carnificina em que se transformou o convés, vários oficiais deram a vida na tentativa de impedir a abordagem. Destaca-se Greenhalgh que consegue derrubar um oponente que tentava arriar o pavilhão, perdendo a vida logo em seguida. Pedro Affonso e Maia, defendendo-se, caem mutilados; Marcilio Dias mata dois de seus adversários, sendo morto a golpes de machadinha. Os paraguaios logram êxito inicial após um hora de combate, tomando o convés até o mastro grande. Os artilheiros, protegidos pelas próprias peças de artilharia, fuzilam-os incessantemente, apoiados pelo Mearim e Belmonte. Ao primeiro tiro dos navios os abordantes abandonam seus companheiros que haviam galgado o Parnaíba. Num certo momento da batalha o comandante Garcindo percebe que uma derrota é possível devido as constantes levas de reforços que incessantemente agridem o navio. Garcindo chega a sugerir a seu imediato Felippe Rodrigues Chaves atear fogo ao paiol, para fazer voar o navio em estilhaços junto com o inimigo, o que de fato iniciou a fazer. O escrivão Correa da Silva se voluntariou para tal tarefa, quando acendeu seu charuto. Porém o plano não se concretizou uma vez que a tripulação, reanimando-se, investiu contra os atacantes que em vertiginoso delírio se batiam á louca, aos gritos de - mata! degola!, enchendo o chão com seus cadáveres. Tentando ajudar seus companheiros, o Marquês de Olinda se aproxima do combate, porém é impedido pelo Amazonas, anteriormente bombardeando a artilharia costeira de Bruguez, que investe diretamente contra o mesmo, afundando-o. O mesmo acontece com o Tacuary que tentara fugir da nau capitânia, em vão, sofrendo o mesmo destino do Marquês de Olinda.[1]

Em auxílio do Amazonas no bombardeio a Bruguez estava o Ipiranga que avistando o Parnaíba em apuros, parte em socorro do mesmo avistando o Salto e, com tiros certeiros, atingem o costado e as caldeiras, obrigando a tripulação, em desespero, a pular na água, sendo metralhados logo em seguida. Imediatamente parte em perseguição do Paraguaryi deferindo-lhes rombos no casco com seus canhões. O Beberibe avança em perseguição dos navios inimigos. O jovem Gomes dos Santos assume o comando do Iguatemi após a morte do imediato Oliveira Pimentel que havia assumido o comando quando o capitão é levado para o interior após ferimentos em seu braço. Santos contribui na fuzilaria do inimigo. O Ipiranga e o Araguary voltam-se contra os navios que novamente atacavam o Parnaíba que eram auxiliados pelos Tacuary. Este último recua após os tiros do Ipiranga. Após a sangrenta batalha, já com os navios brasileiros despedaçados pelos canhonaços das chatas a lume d'agua, com o perigo de afundarem, avistas-se por entre densas nuvens de fumo, o vulto imponente de Barroso, que é o primeiro a bradar - Vitória![1]

A batalha custou cerca de 3.500 baixas em ambos os lados; o Brasil teve 216 baixas sendo 74 mortes e 142 feridos e o Paraguai 3250 entres mortos, feridos e capturados. A derrota paraguaia significou o impedimento dos mesmos em invadir a província argentina de Entre Rios, além de López passar a defensiva.[1] A esquadra paraguaia estava praticamente aniquilada e sua participação tornou-se irrelevante no decorrer do conflito. Sem o controle deste rio o Paraguai se viu isolado do resto do mundo, sem acesso ao mar para receber provisões, inclusive os couraçados que já haviam sido requisitados. Também comprometeu as operações das tropas em terra e, posteriormente, levou a guerra a território paraguaio.[4]

Referências

  1. a b c d e f g h Almeida.
  2. a b Borga 2015, p. 57.
  3. a b Marinha do Brasil 2017, pp. -3-4.
  4. Marinha do Brasil 2017, p. -3-5.