Saltar para o conteúdo

Usuário(a):Valstorres1988/Novo feminismo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Novo feminismo

[editar | editar código-fonte]

O novo feminismo é uma forma de feminismo cristão que não só enfatiza a complementaridade integral de homens e mulheres, em vez da superioridade dos homens sobre as mulheres ou das mulheres sobre os homens, mas também advoga o respeito às pessoas desde a concepção até a morte natural.

O novo feminismo, sendo uma vertente do feminismo da diferença, apoia a ideia de que os homens e as mulheres têm forças, perspectivas e papéis diferentes, ao mesmo tempo que advoga pelo igual valor e dignidade de ambos os sexos. Entre seus conceitos básicos está a relevância das diferenças biológicas, diferenças essas que não comprometem a igualdade sexual. Para o novo feminismo, as mulheres devem ser valorizadas em seu papel de procriadoras, tendo elas o mesmo valor que os homens; devendo, portanto, ser iguais nos aspectos social, econômico e legal, mas aceitando as diferenças naturais entre os sexos.

Origem do termo

[editar | editar código-fonte]
Helene Stöcker

O termo foi originalmente usado na Grã-Bretanha dos anos 1920 para distinguir as novas feministas do tradicional feminismo sufragista. Essas mulheres, também conhecidas como feministas do bem-estar social, preocupavam-se particularmente com a maternidade, tal como suas congêneres alemãs à época, Helene Stöcker e seu grupo Bund für Mutterschutz (Sociedade para a Proteção da Maternidade). As novas feministas eram favoráveis a medidas como o pagamento de abonos familiares diretamente às mães.

Também defendiam leis que protegessem as mulheres operárias em seu trabalho nas fábricas. Uma grande proponente dessas medidas foi Eleanor Rathbone, membro da National Union of Societies for Equal Citizenship, uma organização sucessora das sociedades pró-sufrágio feminino.

Eleanor Rathbone em campanha.

As novas feministas enfrentaram a oposição principalmente de mulheres mais jovens, em especial as integrantes do Six Point Group, no qual se destacavam Winifred Holtby, Vera Brittain e Dorothy Evans. Essas jovens ativistas consideravam o novo feminismo de suas irmãs defensoras da legislação protetiva um retrocesso em direção à ideologia das "esferas separadas" predominante no século XIX. Para elas, uma legislação teoricamente voltada à proteção das mulheres poderia voltar-se contra elas, impedindo-as de arranjar empregos mais bem-remunerados sob o pretexto da saúde e bem-estar das trabalhadoras.

Mais recentemente, a expressão foi adotada por feministas que responderam ao chamado de João Paulo II, em sua encíclica Evangelium vitae (1995), seção 99, por um "'novo feminismo', que sem cair na tentação de seguir modelos 'masculinizados', saiba reconhecer e exprimir o verdadeiro génio feminino em todas as manifestações da convivência civil, trabalhando pela superação de toda a forma de discriminação, violência e exploração"[1]. No Brasil, uma autora que se debruçou sobre essa questão, sob um ponto de vista favorável, foi Sueli Caramello Uliano, pedagoga e articulista.

O Papa João Paulo II em 2004


Em seu livro Por um novo feminismo, publicado em 1995 pela Editora Quadrante - ligada à Opus Dei -, Uliano faz um breve histórico do feminismo liberal, começando por Olympe de Gouges e o Marquês de Condorcet, até chegar a ativistas contemporâneas como Betty Friedan e Gloria Steinem. A autora encerra o livro com um capítulo intitulado "Maria, modelo do feminismo"

Em artigo intitulado "Diversidade e identidade: a 'marcha das vadias' e o feminismo", publicado originalmente na Gazeta do Povo e republicado no Blog do Carmadélio, ligado à Comunidade Católica Shalom, Uliano escreve:

"Detesto o viés feminista que vê o homem como um inimigo da mulher. Não deve ser assim. A mulher, para valorizar-se, não precisa – e no fundo não quer – armar uma batalha contra o sexo oposto. Isso é desgastante e faz o jogo do inimigo que se dedica a dividir ideologicamente a sociedade. Homem e mulher precisam ser parceiros, colaboradores, cada um contribuindo, com seu modo próprio de ser, na construção de uma sociedade mais justa, menos violenta, com direitos respeitados e sincero esforço por cumprir os deveres, como prioridade. Verdadeiro feminismo hoje é o que busca a conciliação. Homem e mulher precisam refletir juntos sobre como conciliar vida familiar e profissional. Precisam, em um exercício constante de criatividade, descobrir como articular sonhos e aspirações, muito unidos na diversidade e sem prejuízo da própria identidade. A família humana só tem a ganhar."[2]

Sendo uma forma de reconciliar a luta pela igualdade entre os sexos com os ensinamentos tradicionais da Igreja Católica Apostólica Romana, o novo feminismo pode ser classificado como um feminismo conservador. O teólogo estadunidense Robert Stackpole, anglicano convertido ao catolicismo, vê pontos em comum entre essa perspectiva - baseada na Bíblia, na Tradição e no Magistério da Igreja - e o feminismo liberal, mais especificamente o "feminismo da liberdade" proposto pela filósofa Christina Hoff Sommers em seu livro Freedom Feminism. Essa autora propõe sintetizar duas escolas clássicas do feminismo, por ela denominadas "igualitária" e "maternal".

  1. «Evangelium Vitae (25 de março de 1995) | João Paulo II». w2.vatican.va. Consultado em 21 de agosto de 2019 
  2. Disse, Iago (25 de julho de 2012). «* Diversidade e identidade. A "marcha das vadias" e o Feminismo.». Blog do Carmadélio. Consultado em 20 de dezembro de 2022