Usuário:Hume42/Terra Indígena Aldeia Velha

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A Terra Indígena Aldeia Velha é um terra indígena localizada no distrito de Arraial d'Ajuda, Porto Seguro, no sul da Bahia e compreende uma área de 2000 hectares e 883 indivíduos da etnia pataxó em 2013.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Barra Velha, localizada em Caraíva, distrito de Porto Seguro, foi erguida como aldeamento indígena pelo Estado brasileiro na segunda metade do século XIX, no sentido de territorializar o povo pataxó. Pela antiguidade da sua criação, Barra Velha é conhecida ainda hoje pelos Pataxó como Aldeia Mãe, centro do território tradicional pataxó. No entanto, a atuação do Estado foi tímida e os Pataxó, que ali habitavam, ficaram praticamente esquecidos até a década de 1940, quando o governo Vargas decretou a criação do Parque Monumento Nacional de Monte Pascoal em pleno território indígena.[2] A partir da criação do Parque a pressão sobre os indígena não parou de aumentar, culminando no evento conhecido pelos indígenas como “Fogo de 51”. Em 1951, policiais militares dos municípios de Prado e Porto Seguro invadem a Aldeia Mãe e atacam os seus moradores, sob alegação de roubos e saques na vila vizinha de Corumbau, o que resultou na morte de indígenas. Esse episódio, também conhecido como “Revolta de Barra Velha”, marca profundamente a memória pataxó, até hoje, e também marca a diáspora da etnia pelo Extremo Sul da Bahia.[3] Os indígenas, então, passam a ser discriminados e seguem politicamente desarticulados até o começo da década de 1990. Nessa altura, os pataxó oriundos de Barra Velha unidos aos do Vale Verde, sob a liderança do cacique Ipê e com o apoio do Conselho de Caciques Pataxó, iniciam um amplo processo de retomada territorial. Em 1993, famílias da região de Arraial d’Ajuda, conscientizadas de seus direitos, se organizam e ocupam o território da denominada Aldeia Velha por um curto período de tempo, mas são forçados a sair da terra por força de uma liminar do juiz da comarca de Porto Seguro. Durante os cinco anos seguintes, o cacique Ipê busca apoio de diferentes movimentos indigenistas e, em 1998, tem lugar o segundo processo de retomada da Aldeia Velha.[4] Neste mesmo ano, em abril, inicia-se o processo de reconhecimento do território, com os primeiros estudos de identificação, para elaboração do relatório antropológico. Em seguida, em 2008, a Funai aprova o relatório e, finalmente, em 2011, a terra é declarada de posse permanente do povo pataxó, pela Portaria 4.221, 03/01/2011.[5] Atualmente, aguarda-se a homologação, pela Presidência da República, da demarcação do território, para posterior registro em cartório de imóveis da comarca do município de Porto Seguro e na Secretaria de Patrimônio da União (SPU).[1]

Característica da terra[editar | editar código-fonte]

É uma aldeia integrada ao distrito de Arraial d'Ajuda ao longo dos bairros periféricos, sem deixar de contar com uma considerável área florestal que cobre boa parte da aldeia.[4]

Referências

  1. a b «Terra Indígena Aldeia Velha». Instituto Socioambiental. Consultado em 15 de março de 2021 
  2. «Parque Nacional de Monte Pascoal (Parque Nacional e Histórico)». Unidades de Conservação no Brasil. Consultado em 15 de março de 2021 
  3. SILVA, VERA LUCIA DA (10 de setembro de 2013). «FOGO DE 51: UMA NARRATIVA DA DOR DO POVO PATAXÓ DA BAHIA». REVISTA ESCRITA (16). ISSN 1679-6888. doi:10.17771/pucrio.escrita.21939 
  4. a b Pedreira, Hugo Prudente da Silva. «Aldeia Velha, "nova na cultura": reconstituição territorial e novos espaços de protagonismo entre os Pataxó». Cadernos de Arte e Antropologia. Consultado em 4 de março de 2021 
  5. «Terra indígena na Bahia é declarada de posse permanente de índios pataxó». Agência Brasil. 3 de janeiro de 2011. Consultado em 15 de março de 2021 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

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