Veronica Gorrie

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Veronica Gorrie
Veronica Gorrie
Nascimento 1971/1972 (52–53 anos)[1]
Ocupação escritora, agente da polícia
Prêmios
  • Victorian Premier's Literary Awards

Veronica Gorrie (às vezes, referida como Heritage-Gorrie, 1971/1972) é uma escritora aborígene australiana. É uma mulher krauatungalang gunai — filha de um homem gunai, pertencente ao clã krauatungalang.[2]

Seu primeiro livro, "Black and Blue: A memoir of racism and resilience" — um livro de memórias, que reflete sobre sua origem aborígene e a década que passou na força policial — foi lançado, em 2021, e ganhou o prêmio literário mais importante da Austrália, o Victorian Premier's Literary Awards, em 2022.[3]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Veronica Gorrie nasceu em 1971 ou 1972,[1] filha de John (um homem gunai do clã krauatungalang) e Heather (uma australiana branca de primeira geração).[4] John é um ex-oficial de ligação aborígene e trabalhava na proteção a crianças e foi o primeiro aborígene conhecido a receber uma Medalha de Serviço Público (MSP).[4]

Cresceu em Morwell, no estado de Vitória, e morou em vários locais na Austrália, incluindo Brisbane, Mount Isa, Toongabbie, Bundaberg e Biloela. Atualmente, mora em Vitória.[4] Tem três filhos: Nayuka, Paul e Likarri.[4] Nayuka é um escritor, ator e ativista que apareceu nos programas "Black Comedy" e "Q+A" da rede de televisão australiana ABC.[5]

Carreira[editar | editar código-fonte]

A partir de 2001, trabalhou como policial no Serviço de Polícia de Queensland. Se juntou à força querendo "ajudar a eliminar ou erradicar o medo e a desconfiança que as pessoas [aborígenes] têm em relação à polícia", já disse "testemunhar a brutalidade, o uso excessivo da força, as mortes de negros sob custódia e o racismo em curso" durante seu tempo na polícia.[4] Recebeu dispensa médica, em 2011.[6] Desde sua aposentadoria, criticou duramente a polícia australiana, alegando que eles são "principalmente brancos, dominados por homens e construídos com base no racismo sistêmico, misoginia, homofobia e bullying".[4]

Após sua aposentadoria do trabalho policial, embarcou em uma carreira de escritora, aparecendo nos Festivais de Escritores Emergentes de 2020 e de 2021 e no Festival de Escritores de Sydney de 2021.[7][8][9] Seu primeiro livro, "Black and Blue: A memoir of racism and resilience", foi publicado pela Scribe, em 2021. O livro é escrito em duas partes: "Black" — que se concentram em sua aborígeneidade — e "Blue" — no tempo na polícia. O livro recebeu críticas geralmente positivas. Meriki Onus na Australian Book Review chamou-o de "um livro cativante" e "uma bela história de sobrevivência e família",[10] e Jessie Tu no The Sydney Morning Herald declarou que "surpreende com seu grau de verdade, trauma e resiliência" e que "deveria ser material de leitura obrigatória para todos os policiais emergentes e atuais".[11] Enquanto isso, em uma crítica mais negativa em Kill Your Darlings, Fernanda Dahlstrom observou que "uma maior exploração de como ela chegou ao abolicionismo, e alguma sinalização de onde a história estava indo, teria fortalecido esse relato de sua luta contra o racismo e desvantagem de ambos os lados da lei".[12]

O livro ganhou o Prêmio Literário do Premier Vitoriano de Escrita Indígena (Victorian Premier's Literary Award for Indigenous Writing) e o Prêmio Vitoriano de Literatura (Victorian Prize for Literature) — o prêmio literário com a maior premiação da Austrália, com um valor de 100 mil dólares — em 2022.[13] Também foi indicado para o Prêmio do Premier vitoriano de Não-ficção (Victorian Premier's Prize for Nonfiction) daquele ano, mas perdeu para "The Mother Wound", de Amani Haydar.[14] O livro foi indicado para o Prêmio Douglas Stewart de Não-ficção (Douglas Stewart Prize for Nonfiction), no Literary Awards, do New South Wales Premier, de 2022.[15]

Sua primeira peça teatral, "Nullung" ("avó paterna" na língua gunai), baseada em um extrato de "Black and Blue" sobre sua avó, foi apresentada como uma peça de leitura pela Companhia de Teatro de Melbourne, em 2021, a primeira vez conhecida em que a língua gunai foi apresentada em uma performance de palco.[2]

Referências

  1. a b Malik, Sarah (20 de abril de 2021). «Indigenous former police officer Veronica Gorrie writes of trauma and racism» [Ex-policial indígena Veronica Gorrie escreve sobre trauma e racismo] (em inglês). Special Broadcasting Service (SBS). Consultado em 13 de agosto de 2022 
  2. a b Davis, Rio; Irving-Guthrie, Amber (22 de maio de 2021). «Ancient Gunaikurnai language makes stage debut as nullung's story is revealed» [A antiga linguagem gunaikurnai faz sua estreia nos palcos quando a história de nullung é revelada] (em inglês). ABC News. Consultado em 13 de agosto de 2022 
  3. «Gorrie wins 2022 Victorian Prize for Literature» [Gorrie ganha Prêmio Vitoriano de Literatura 2022] (em inglês). Books+Publishing. 4 de fevereiro de 2022. Consultado em 13 de agosto de 2022 
  4. a b c d e f Gorrie, Veronica (30 de março de 2021). Black and Blue: a memoir of racism and resilience [Preto e azul: um livro de memórias de racismo e resiliência]. [S.l.]: Scribe. ISBN 978-1-92-593881-4 
  5. «Deadly Aboriginal Artists - Nayuka Gorrie» [Artistas aborígenes mortais - Nayuka Gorrie] (em inglês). Koori Curriculum. 16 de julho de 2021. Consultado em 13 de agosto de 2022 
  6. Valentish, Jenny (12 de abril de 2021). «'I had not one friend in the job to debrief with': life as an Indigenous police officer» [‘Eu não tinha um amigo no trabalho para conversar’: a vida de um policial indígena] (em inglês). The Guardian. Consultado em 23 de agosto de 2022 
  7. On, Thuy (13 de junho de 2020). «Emerging Writers Festival highlights» [Destaques do Festival de Escritores Emergentes] (em inglês). The Sydney Morning Herald. Consultado em 23 de agosto de 2022 
  8. «5 must-see events at the Emerging Writers' Festival 2021!» [5 eventos imperdíveis no Emerging Writers' Festival 2021!] (em inglês). Booktopia. 28 de maio de 2021. Consultado em 23 de agosto de 2022 
  9. «Veronica Heritage-Gorrie & Kathryn Heyman: 2021 Festival — Podcast Series» (em inglês). Sydney Writers' Festival. Consultado em 23 de agosto de 2022. Arquivado do original em 22 de março de 2022 
  10. Onus, Meriki (outubro de 2021). «Truth-telling: Veronica Gorrie's memoir of family and survival» [Contar a verdade: memórias de família e sobrevivência de Veronica Gorrie] (em inglês). Australian Book Review. Consultado em 23 de agosto de 2022 
  11. Tu, Jessie (30 de abril de 2021). «This former police officer wanted to create change. She endured cruelty and racism.» [Esta ex-policial queria criar mudanças. Ela suportou crueldade e racismo.] (em inglês). The Sydney Morning Herald. Consultado em 23 de agosto de 2022 
  12. Cregan, Ellen; Nguyen, Lieu-Chi; Dahlstrom, Fernanda; Varcoe, Rebecca (8 de abril de 2021). «Books Roundup: A Room Called Earth, The Committed, Black and Blue, The Believer» [Resumo dos livros: A Room Called Earth, The Committed, Black and Blue, The Believer]. Kill Your Darlings (em inglês) 
  13. Overington, Caroline (3 de fevereiro de 2022). «Veronica Gorrie wins Victorian Premier's Literary Award for Black and Blue» [Veronica Gorrie ganha o Prêmio Literário do Victorian Premier por "Black and Blue"] (em inglês). The Australian. Consultado em 23 de agosto de 2022. (pede subscrição (ajuda)) 
  14. «Victorian Premier's Literary Awards 2022» [Prêmios Literários da Premier Vitoriana 2022] (em inglês). The Wheeler Centre. Consultado em 23 de agosto de 2022. Arquivado do original em 23 de fevereiro de 2022 
  15. «NSW Premier's Literary Awards 2022 shortlists announced» [Anunciados os finalistas do Literary Awards 2022 do NSW Premier] (em inglês). Books+Publishing. 5 de abril de 2022. Consultado em 23 de agosto de 2022 

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