Viagem ao Tocantins

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Viagem ao Tocantins é o título do livro de 1945 do médico Júlio Paternostro, em que este procede a uma análise do sertão brasileiro sob a ótica da saúde pública e cultural.

Esta viagem foi feita no ano de 1935, embora o livro tenha sido publicado somente dez anos depois, a escrita deu-se ainda naquele ano.[1]

Foi publicado pela Companhia Editora Nacional de São Paulo, na Coleção Brasiliana, série 5, volume 248.[2]

Teve prefácio pelo também médico Edgar Roquette-Pinto.[2]

Análise da obra[editar | editar código-fonte]

Para o sociólogo Florestan Fernandes a obra retrata o contraste entre o sertão e o litoral, não apenas geográfica, mas sobretudo culturalmente. Segundo ele, os autores mostravam o interior brasileiro não muito diferente daquele quadro retratado em Os Sertões, de Euclides da Cunha[3]

A obra retrata os aspectos geográficos, culturais, étnicos e ainda as condições de saúde da população. A região fora, em 1912, visitada por outra expedição médica que resultou na publicação de influente artigo por Artur Neiva e Belisário Penna. Paternostro chegou a contatar o médico de Porto Nacional, dr. Francisco Aires da Silva, que anteriormente havia sido visitado pelos dois antecessores.[2]

Excertos[editar | editar código-fonte]

Os portugueses viram o Brasil apenas como uma terra de onde tudo se devia retirar: as vilas e caminhos que fizeram no sertão tinham caráter provisório. A história da colonização foi um ato de drenagem: os produtos vegetais e agrícolas e o ouro escoaram-se ininterruptamente do sertão para o mar. Os utensílios que da costa iam para o interior só serviam àquela drenagem. A marcha para o sertão representou destruição de florestas, esgotamento de jazidas em beneficio dos países estrangeiros ou quando muito do nosso litoral
— Citação, in:[4]
A maioria de nossos romances de índios, caboclos e curibocas, desde o fundador do 'gênero' - Bernardo Guimarães - pode conter belas e exatas descrições do meio geográfico, da civilização material, mas não corresponde à verdade do que se passou na vida afetiva dos habitantes do sertão
— Viagem ao Tocantins, p. 195
Deixando o automóvel, andei a cavalo nessas matas, onde os moradores contaram-me histórias clínicas de casos fatais e mostraram-me indivíduos restabelecidos duma 'febre' que, pelos sintomas descritos, se assemelhava à febre amarela. Assim fui dar em Jaraguá, onde encontrei o Dr. Paulo Alves.... Soubemos então que no local denominado fazenda Candongas, quatro léguas a nordeste de Jaraguá, havia uma mulher passando mal de febre
— Viagem ao Tocantins, 1945, p.330

Referências

  1. Mário Martins (29 de setembro de 2007). «Quem foi Júlio Paternostro?». Consultado em 1 de janeiro de 2010 
  2. a b c Nísia Trindade de Lima (abril de 2009). «Uma brasiliana médica: o Brasil Central na expedição científica de Arthur Neiva e Belisário Penna e na viagem ao Tocantins de Julio Paternostro». História, Ciências, Saúde-Manguinhos ISSN 0104-5970. Consultado em 1 de janeiro de 2010 
  3. FERNANDES, Florestan. Mudanças sociais no Brasil. 3.ed. São Paulo: Difel. 1979 - citado em LIMA, Nísia Trindade
  4. Lúcio Flávio Pinto (dezembro de 1981). «Carajás, o Ataque ao Coração da Amazônia». Consultado em 1 de janeiro de 2010 
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