Xenia Borisovna da Rússia
Xenia | |
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Czarevna da Rússia | |
Xenia ao lado do irmão e da mãe numa ilustração de autoria de Vasily Petrovich Vereshchagin. | |
Nascimento | 1582 |
Moscou, Czarado da Rússia | |
Morte | 30 de agosto de 1622 (40 anos) |
Mosteiro da Intercessão, Susdália, Czarado da Rússia | |
Sepultado em | Mausoléu Godunov em frente à Catedral da Assunção no Mosteiro da Trindade-São Sérgio |
Casa | Godunov |
Pai | Boris Godunov |
Mãe | Maria Skuratova-Belskaya |
Religião | Igreja Ortodoxa Russa |
Xenia Borisovna Godunova (em russo: Ксения Борисовна Годунова; Moscou, 1582 – 30 de agosto de 1622)[1] foi uma czarevna russa. Ela ficou noiva duas vezes, porém, não chegou a se casar. Após ser estuprada pelo Falso Demétrio durante a época turbulenta conhecida como Tempo de Dificuldades, foi forçada a tomar votos de freira, e viveu em mosteiros pelo resto da vida. Também é conhecida por alguns bordados que fez quando era freira.
Família
[editar | editar código-fonte]Xenia era filha do czar Boris Godunov e de sua esposa, Maria Skuratova-Belskaya.
Como filha de Boris, era um membro de uma família russa de origem tártara, que migrou do Canato da Horda Dourada para a cidade de Costroma, no início do século XIV.[2][3] Portanto, ela era descendente do príncipe tártaro Chet da Horda Dourada, que fundou o Mosteiro de São Hipácio em Costroma.[4]
Os seus avós paternos eram Teodoro Ivanovich Godunov, conhecido como "o Caolho" (Krivoy) e, Stepanida Ivanovna. Os seus avós maternos eram Maliuta Skurátov, um cortesão favorito do czar Ivã, o Terrível, e Matryona.
Ela teve apenas um irmão mais novo, o czar Teodoro II da Rússia.
Biografia
[editar | editar código-fonte]A santa Xenia de Roma (cujo nome de nascimento era Eusébia) era muito provavelmente a padroeira da czarevna. [5]
Xenia era descrita como muito bela e bem instruída, com uma altura mediana, um rosto branco e corado, emoldurado por negros cabelos ondulados e grandes olhos pretos. O seu pai lhe deu uma ótima educação, e Xenia aprendeu a ler e escrever, habilidades que poucas mulheres russas possuíam na época. Ela também tinha um pouco de treinamento musical, e gostava de cantar. O seu modo de falar era modesto e decoroso.[6]
O seu primeiro noivado foi com o príncipe Gustavo, filho legitimado do rei Érico XIV da Suécia. Ele chegou na Rússia em 1599, porém, o casamento foi cancelado pelo czar, devido à vida dissoluta que ele levava.[7]
Alguns anos depois, a czarevna ficou noiva do príncipe João, filho do rei Frederico II da Dinamarca, em 1601.[6] Em outubro de 1602, a família real visitou o Mosteiro da Trindade-Sérgio, onde Boris com sua esposa e filhos rezaram durante nove dias sobre o túmulo de São Sérgio, para que o céu abençoasse a união. O casamento serviria como uma aliança entre a Rússia e Dinamarca e Noruega. Porém, João adoeceu e morreu depois de chegar na Rússia, talvez envenenado pelos ministros de Boris.[6]
Xenia, então, permaneceu uma donzela até a morte do pai, em abril de 1605, quando o seu irmão se tornou o novo czar com o nome de Teodoro II. Apenas alguns meses depois, contudo, com o começo do Tempo de Dificuldades, a sua mãe, Maria, e o seu irmão, foram mortos por estrangulação sob as ordens do Falso Demétrio, em junho. Demétrio era o primeiro dos três impostores que alegavam ser o tsarevich Demétrio de Uglitch, o filho mais novo de Ivã IV, que havia morrido em 1591 com apenas 8 anos de idade.
Apesar de ter tido a sua vida poupada, Xenia foi estuprada por Falso Demétrio, que a manteve no palácio como sua concubina durante cinco meses. Antes da chegada de sua noiva Marina Mniszech, Xenia foi enviada, provavelmente devido à pressão do novo sogro de Demétrio,[6] para viver no Mosteiro da Ressureição de Goritsky, e forçada a se tornar uma freira, onde recebeu o nome de Olga. [7]
Em seguida, a czarevna foi transferida para o Mosteiro da Assunção da Princesa na cidade de Vladimir. Segundo rumores, ela estava grávida, e deu a luz um filho de Demétrio.[7]
Em 1606, Xenia viajou para comparecer ao reenterro do seu pai no Mosteiro da Trindade-São Sérgio, onde marchou atrás do caixão dele.[7][6] Vestes que ela costurou quando era freira estão em exibição nesse mosteiro.
Em 1610, o mosteiro foi atacado por tropas de cossacos, e as freiras, inclusive Xenia, foram estupradas por eles.
Apesar da morte do Falso Demétrio em 1606, a sua vida não melhorou. Dez anos depois, em 1616, a czarevna foi, novamente, enviada para outro mosteiro, desta vez o Mosteiro da Intercessão de Susdália Pokrovsky, que possuía regras mais rígidas.[7]
Xenia faleceu no dia 30 de agosto de 1622, quanto tinha por volta de 40 anos. Ela foi enterrada ao lado da família no Mosteiro da Trindade-São Sérgio.[7] Há uma inscrição com o seu nome de freira, "Olga Borisovna", na cripta dos Godunov próximo a entrada da Catedral da Assunção no mosteiro.
Na cultura popular
[editar | editar código-fonte]- Xenia é uma personagem pequena na ópera Boris Godunov de Modest Mussorgsky.
- Ela também aparece na grand ópera Dimitrij do checo Antonín Dvořák, no qual o relacionamento dela com Demétrio é mostrado de maneira mais positiva. Na história, ela é assassinado sob as ordens de Marina Mniszech, no lugar de se tornar freira.
- Uma dramatização fictícia da vida de Xenia durante a crise aparece no filme russo de 2007, 1612, onde é interpretada por Violetta Davydovskaya.
Galeria
[editar | editar código-fonte]-
Tecido bordado por Xenia, presente no Museu de Sergiev Posad.
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Outra obra produzida por Xenia, presumivelmente, a costura foi feita na oficina da czarina Irina Godunova
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Anel de Xenia. O anel foi comprado especificamente para o Arsenal, na década de 1830, no Mosteiro de Intercessão, em Susdália.
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Um prato que possui a inscrição "Tarel da Czarevna Ksenya Borisovna". Juntamente com outros vasos de prata, foi depositado no mosteiro pelo parente dos Godunov, o boiardo Nikita Velyaminov, para comemorar a sua alma.
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Mausoléu dos Godunov onde o nome dela aparece como Olga.
Referências
- ↑ «RUSSIA». Foundation for Medieval Genealogy
- ↑ Vasilievich Pavlov, Platon (1850). On the Historical Significance of the Reign of Boris Godunov. Moscou: [s.n.]
- ↑ Mikhailivich Solovev, Sergyei (1897). History of Russia. São Petersburgo: [s.n.]
- ↑ Torke, Hans-Joachim (2005). Die russischen Zaren 1547 - 1917. Munique: [s.n.] p. 53 a 55. ISBN 978-3-406-42105-1
- ↑ Andrei Franklin, Susana Torres Prieto, ed. (2023). Medieval Rus’ and Early Modern Russia Texts and Contexts. [S.l.]: Taylor & Francis. 274 páginas
- ↑ a b c d e «Godunova, Xenia (1582–1622)». Encyclopedia.com
- ↑ a b c d e f Bloks, Moniek (19 de agosto de 2016). «The Rape of Tsarevna Xenia Borisovna of Russia»