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Ecotoxicologia: diferenças entre revisões

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* Estudo do ingresso e destino dos poluentes na [[biosfera]], enfatizando a contaminação das [[cadeia alimentar|cadeias alimentares]].
* Estudo do ingresso e destino dos poluentes na [[biosfera]], enfatizando a contaminação das [[cadeia alimentar|cadeias alimentares]].


== Marco da ecotoxicologia ==


A publicação do livro [["Primavera Silenciosa"]], de [[Rachel Carson]] em [[1962]] catalisou a separação da ecotoxicologia da [[toxicologia]] clássica. O elemento revolucionário introduzido por Rachel Carson foi a extrapolação dos efeitos sobre um único organismo para todo um ecossistema (Bazerman et al, 2006). <ref> Bazerman, Charles and René Agustin De los Santos. "Measuring Incommensurability: Are toxicology and ecotoxicology blind to what the other sees?</ref> Este estudo sistêmico é diferente da natureza antropocêntrica da toxicologia clássica, e, portanto, a ecotoxicologia é uma disciplina bem mais ampla, porque incorpora aspectos de [[ecologia]], [[toxicologia]], [[fisiologia]], [[biologia molecular]], [[química analítica]] e outras ainda para estudar os efeitos de [[xenobiótico]]s em um ecossistema. A finalidade desta abordagem é ser capaz de predizer os efeitos dos [[poluentes]], de tal forma que se um incidente ocorrer, será possível definir ações eficientes e efetivas para remediar os efeitos deletérios causados pelos poluentes. Em ecossistemas que já estão impactados pela poluição, estudos ecotoxicológicos podem informar qual é o melhor modo de ação para que o ecossistema seja capaz de recuperar seus serviços e funções.


== Marco da Ecotoxicologia ==
== Testes ecotoxicológicos ==
Testes ecotoxicológicos, também chamados de [[Bioensaio|bioensaios]], são realizados com intuito de detectar [[toxicidade]] de [[Efluentes líquidos industriais|efluentes]], úteis para conhecer o grau ou o efeito biológico que novos produtos químicos (por exemplo produtos farmacêuticos), que vem sendo cada dia mais lançados no meio ambiente, podem causar nos indivíduos, comunidades e populações, evitando crises epidemiológicas e afins. É realizado pelo método de comparação entre uma substância "genérica" já conhecida e a nova substância desconhecida, tentando identificar os efeitos que as mesmas causam quando inseridas no meio de cultura de células vivas. Mesmo porque, na atualidade, substâncias químicas desconhecidas são produzidos de forma intencional ou como subprodutos de determinadas atividades produtivas e necessitam de análise.

A publicação do livro [["Primavera Silenciosa"]], de [[Rachel Carson]] em [[1962]] catalisou a separação da ecotoxicologia da [[toxicologia]] clássica. O elemento revolucionário introduzido por Rachel Carson foi a extrapolação dos efeitos sobre um único organismo para todo um ecossistema (Bazerman et al, 2006). <ref> Bazerman, Charles and René Agustin De los Santos. "Measuring Incommensurability: Are toxicology and ecotoxicology blind to what the other sees?</ref> Este estudo sistêmico é diferente da natureza antropocêntrica da toxicologia clássica, e, portanto, a ecotoxicologia é uma disciplina bem mais ampla, porque incorpora aspectos de [[ecologia]], [[toxicologia]], [[fisiologia]], [[biologia molecular]], [[química analítica]] e outras ainda para estudar os efeitos de [[xenobiótico]]s em um ecossistema. A finalidade desta abordagem é ser capaz de predizer os efeitos dos [[poluentes]], de tal forma que se um incidente ocorrer, será possível definir ações eficientes e efetivas para remediar os efeitos deletérios causados pelos poluentes. Em ecossistemas que já estão impactados pela poluição, estudos ecotoxicológicos podem informar qual é o melhor modo de ação para que o ecossistema seja capaz de recuperar seus serviços e funções.


Dividem-se em AGUDOS e CRÔNICOS.
* AGUDO= "''estudos experimentais feitos com organismos-teste que determinam se um efeito adverso observado ocorre em um curto período de tempo (em geral até 14 dias) após administração de uma única dose da substância testada ou após múltiplas dosagem administradas em até 24 horas''"
* CRÔNICO= "''os organismos-teste são observados durante uma grande parte do seu tempo de vida, quando acontece a exposição ao agente-teste; os efeitos crônicos persistem por um longo período de tempo, e podem ser evidentes imediatamente após a exposição ou não"''<ref>{{Citar web|url=http://ecologia.ib.usp.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=143&Itemid=419|titulo=Ecotoxicologia|acessodata=2017-12-21|obra=ecologia.ib.usp.br|ultimo=Administrator|lingua=pt-br}}</ref>


==== EXEMPLOS DE BIOENSAIOS ====
* <u>Bioensaio com peixe paulistinha (''Danio rerio'')</u>
O peixe paulistinha (''[[Danio rerio]]''), atinge de 3 a 5 cm quando adulto, é de origem indiana e possui um ciclo de vida rápido, que se completa em 3 meses. Em laboratório é de fácil manutenção e produz uma quantidade de ovos translúcidos considerável, portanto de fácil observação sob lupa. A fêmea carrega os óvulos não fertilizados no abdômen e os deposita no fundo logo após o amanhecer. O macho por sua vez libera os espermas que fertilizam os óvulos, dando início ao [[desenvolvimento embrionário]].Quando se deseja a produção dos ovos, os peixes são estimulados na tarde do dia anterior, com a colocação de plantas artificiais. Os pesquisadores que manuseiam precisam colocar uma bandeja no fundo do aquário coberta por uma tela de tamanho suficiente para deixar que os ovos passem e os peixes fiquem já que essa espécie de peixe pode comer os próprio ovos. As fêmeas depositam os ovos no inicio do dia, ou com a luz se acendendo. Os machos liberam os [[Espermatozoide|espermas]] na água, e os ovos são fecundados, permanecendo no fundo.
* <u>Bioensaio de efluentes brutos e tratados gerados por uma fábrica de [[medicamentos veterinários]]</u><ref>{{Citar periódico|ultimo=Maselli|primeiro=Bianca de S.|ultimo2=Luna|primeiro2=Luis A. V.|ultimo3=Palmeira|primeiro3=Joice de O.|ultimo4=Barbosa|primeiro4=Sandro|ultimo5=Beijo|primeiro5=Luiz A.|ultimo6=Umbuzeiro|primeiro6=Gisela de A.|ultimo7=Kummrow|primeiro7=Fábio|data=August 2013|titulo=Ecotoxicidade de efluentes brutos e tratados gerados por uma fábrica de medicamentos veterinários|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1980-993X2013000200017&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Revista Ambiente &amp; Água|volume=8|numero=2|paginas=168–179|doi=10.4136/ambi-agua.1121|issn=1980-993X}}</ref>
Efluentes de indústrias farmacêuticas veterinárias são gerados principalmente durante a lavagem dos equipamentos usados para produção dos fármacos. O objetivo do trabalho realizado por estudantes do mestrado em ciências da natureza da Universidade Federal de Alfenas - MG, foi avaliar a toxicidade tanto aguda para ''Daphnia similis'' e quanto crônica para ''Ceriodaphnia dubia'', dos efluentes brutos e tratados gerados por uma determinada indústria farmacêutica veterinária. O sistema de tratamento de efluentes usado é composto por uma etapa de tratamento químico onde ocorre a coagulação-sedimentação forçada, seguida do tratamento biológico [[Respiração aeróbia|aeróbico]] (processo de lodos ativados).
== Ver também ==
== Ver também ==



Revisão das 19h28min de 21 de dezembro de 2017

O termo Ecotoxicologia foi cunhado por René Truhaut em 1969, que o definiu como sendo "o ramo da toxicologia preocupado com o estudo de efeitos tóxicos causados por poluentes naturais ou sintéticos, sobre quaisquer constituintes dos ecossistemas: animais (incluindo seres humanos), vegetais ou microorganismos, em um contexto integral" (Truhaut, 1977) [1]

A ecotoxicologia - um dos ramos da ecologia - estuda os efeitos e as influências de agentes tóxicos sobre diversos níveis de organização biológica: celular, individual, populacional, da comunidade e do ecossistema, compreendendo três áreas fundamentais de estudo:

  • Estudo das emissões e ingresso dos poluentes no ambiente, assim como sua distribuição e destino;
  • Estudos qualitativos e quantitativos dos efeitos tóxicos dos poluentes no ecossistemas e no homem;

Marco da ecotoxicologia

A publicação do livro "Primavera Silenciosa", de Rachel Carson em 1962 catalisou a separação da ecotoxicologia da toxicologia clássica. O elemento revolucionário introduzido por Rachel Carson foi a extrapolação dos efeitos sobre um único organismo para todo um ecossistema (Bazerman et al, 2006). [2] Este estudo sistêmico é diferente da natureza antropocêntrica da toxicologia clássica, e, portanto, a ecotoxicologia é uma disciplina bem mais ampla, porque incorpora aspectos de ecologia, toxicologia, fisiologia, biologia molecular, química analítica e outras ainda para estudar os efeitos de xenobióticos em um ecossistema. A finalidade desta abordagem é ser capaz de predizer os efeitos dos poluentes, de tal forma que se um incidente ocorrer, será possível definir ações eficientes e efetivas para remediar os efeitos deletérios causados pelos poluentes. Em ecossistemas que já estão impactados pela poluição, estudos ecotoxicológicos podem informar qual é o melhor modo de ação para que o ecossistema seja capaz de recuperar seus serviços e funções.

Testes ecotoxicológicos

Testes ecotoxicológicos, também chamados de bioensaios, são realizados com intuito de detectar toxicidade de efluentes, úteis para conhecer o grau ou o efeito biológico que novos produtos químicos (por exemplo produtos farmacêuticos), que vem sendo cada dia mais lançados no meio ambiente, podem causar nos indivíduos, comunidades e populações, evitando crises epidemiológicas e afins. É realizado pelo método de comparação entre uma substância "genérica" já conhecida e a nova substância desconhecida, tentando identificar os efeitos que as mesmas causam quando inseridas no meio de cultura de células vivas. Mesmo porque, na atualidade, substâncias químicas desconhecidas são produzidos de forma intencional ou como subprodutos de determinadas atividades produtivas e necessitam de análise.

Dividem-se em AGUDOS e CRÔNICOS.

  • AGUDO= "estudos experimentais feitos com organismos-teste que determinam se um efeito adverso observado ocorre em um curto período de tempo (em geral até 14 dias) após administração de uma única dose da substância testada ou após múltiplas dosagem administradas em até 24 horas"
  • CRÔNICO= "os organismos-teste são observados durante uma grande parte do seu tempo de vida, quando acontece a exposição ao agente-teste; os efeitos crônicos persistem por um longo período de tempo, e podem ser evidentes imediatamente após a exposição ou não"[3]

EXEMPLOS DE BIOENSAIOS

  • Bioensaio com peixe paulistinha (Danio rerio)

O peixe paulistinha (Danio rerio), atinge de 3 a 5 cm quando adulto, é de origem indiana e possui um ciclo de vida rápido, que se completa em 3 meses. Em laboratório é de fácil manutenção e produz uma quantidade de ovos translúcidos considerável, portanto de fácil observação sob lupa. A fêmea carrega os óvulos não fertilizados no abdômen e os deposita no fundo logo após o amanhecer. O macho por sua vez libera os espermas que fertilizam os óvulos, dando início ao desenvolvimento embrionário.Quando se deseja a produção dos ovos, os peixes são estimulados na tarde do dia anterior, com a colocação de plantas artificiais. Os pesquisadores que manuseiam precisam colocar uma bandeja no fundo do aquário coberta por uma tela de tamanho suficiente para deixar que os ovos passem e os peixes fiquem já que essa espécie de peixe pode comer os próprio ovos. As fêmeas depositam os ovos no inicio do dia, ou com a luz se acendendo. Os machos liberam os espermas na água, e os ovos são fecundados, permanecendo no fundo.

Efluentes de indústrias farmacêuticas veterinárias são gerados principalmente durante a lavagem dos equipamentos usados para produção dos fármacos. O objetivo do trabalho realizado por estudantes do mestrado em ciências da natureza da Universidade Federal de Alfenas - MG, foi avaliar a toxicidade tanto aguda para Daphnia similis e quanto crônica para Ceriodaphnia dubia, dos efluentes brutos e tratados gerados por uma determinada indústria farmacêutica veterinária. O sistema de tratamento de efluentes usado é composto por uma etapa de tratamento químico onde ocorre a coagulação-sedimentação forçada, seguida do tratamento biológico aeróbico (processo de lodos ativados).

Ver também

Referências

  1. Truhaut, R. Ecotoxicology: Objectives, Principles and Perspectives. Ecotoxicology and Environmental Safety, New York, v. 1, p. 151-173, 1977.
  2. Bazerman, Charles and René Agustin De los Santos. "Measuring Incommensurability: Are toxicology and ecotoxicology blind to what the other sees?
  3. Administrator. «Ecotoxicologia». ecologia.ib.usp.br. Consultado em 21 de dezembro de 2017 
  4. Maselli, Bianca de S.; Luna, Luis A. V.; Palmeira, Joice de O.; Barbosa, Sandro; Beijo, Luiz A.; Umbuzeiro, Gisela de A.; Kummrow, Fábio (August 2013). «Ecotoxicidade de efluentes brutos e tratados gerados por uma fábrica de medicamentos veterinários». Revista Ambiente & Água. 8 (2): 168–179. ISSN 1980-993X. doi:10.4136/ambi-agua.1121  Verifique data em: |data= (ajuda)
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